1. Spirit Fanfics >
  2. Unguarded, In Silence - Reimagined New Moon >
  3. Thirteen

História Unguarded, In Silence - Reimagined New Moon - Thirteen


Escrita por: Azrael_Araujo

Capítulo 15 - Thirteen


Durante duas semanas inteiras eu abri os olhos todos os dias pela manhã me perguntando como ainda estava viva. Nos últimos dias eu podia dizer que Charlie havia voltado ao estágio de preocupação constante com a minha saúde mental — ele achava que eu não percebia que ele sempre ficava me observando pelo canto do olho enquanto eu zanzava pela casa.

Ele provavelmente culpara a repentina ausência de Riley Biers da minha rotina, uma vez que ela nunca havia me ligado e eu sentia sua falta. Sentia falta ridiculamente.

A questão é: a essa altura, Laurent já havia encontrado James e contado que eu estava sozinha e desprotegida. Já era ruim que Charlie estivesse no quarto ao lado todas as noites, onde poderia ser facilmente pego por James depois que ele terminasse comigo... Ir até Riley implicava em talvez levá-lo até ela. Eu estava disposta à assumir esse risco?

Considerei essas questões por vários minutos na manhã de sábado, sentada no Tracker ainda com a porta do motorista aberta.

E se James já estivesse à espreita? Eu não queria admitir que seria mais seguro para Riley que ela ficasse longe de mim nesse momento. Já era ruim o suficiente que eu não conseguisse pensar numa forma de salvar Charlie.

Essa preocupação estava cavando um buraco no meu estômago. Em breve eu teria buracos que se combinavam adoravelmente.

Naquela noite, refazendo meu dever de Cálculo pela simples necessidade de me manter ocupada, minha cabeça estalou. 

Estúpida, estúpida, estúpida!

Puta merda, eu sabia o que estava acontecendo.

Era Samantha Uley.

O que quer que estivesse acontecendo com os adolescentes da reserva havia saído das sombras e capturado a Biers. Ela foi levada para a gangue de Samantha.

Eu corri até a porta de casa, descendo rapidamente pela varanda apenas para começar a caminhar em círculos na frente de casa. 

O que eu devia fazer? Eu pesei os perigos um contra o outro.

Se eu fosse procurar por Riley, eu arriscava a chance de que James ou Laurent me encontrassem com ela.

Se eu não fosse até ela, a Uley puxaria-a ainda mais pra dentro daquela coisa, para aquela gangue compulsiva. Talvez fosse tarde demais se eu não agisse agora.

Já haviam se passado duas semanas e nenhum vampiro havia vindo procurar por mim ainda - era tempo mais que suficiente pra eles terem voltado, então talvez eu não fosse uma prioridade.

Seria mais provável, então, que eles viessem procurar por mim à noite? As chances de eles me seguirem até La Push eram tão altas do que as minhas chances de perder Riley pra Sam?

Bem, valeria a pena o perigo de me embrenhar naquelas pistas cercadas de floresta. Essa não seria uma visita qualquer pra ver como estavam as coisas. Essa era uma missão de resgate. Eu ia falar com Riley - sequestrá-la se fosse preciso.

Mas, pensei por um segundo. Só para descartar qualquer possibilidade impossível, eu corri até o andar de cima e peguei meu celular.

Bonnie atendeu depois de dois toques.

— Alo?

— Oi, Bonnie — eu meio que rosnei. Dane-se. — Será que você teria notícias da Riley?

— Riley não está aqui.

Que surpresa. — Você sabe onde ela está?

— Ela saiu com os amigos. — a voz dela era cuidadosa.

— Ah, é? Alguém que eu conheça? Tipo a Samantha?

— Não — Bonnie disse devagar. — Eu não acho que ela esteja com Sam hoje.  

— Bem, peça pra ela me ligar assim que ela chegar, está bem?

— Claro, claro. Sem problema. — desligou.

— A gente se vê em breve, Bonnie — eu murmurei para o telefone mudo.

Dirigi pela cidade com inúmeras questões martelando minha mente. Menos tempo do que eu esperava a vizinhança familiar começou a surgir preguiçosamente enquanto eu diminuía a velocidade. A oficina estava fechada quando estacionei à alguns metros.

Eu parei na frente da casa de Riley, desligando o motor e abrindo as janelas. Era um dia mormacento, sem brisa. Eu coloquei os meus pés no painel e me preparei pra esperar.

Um movimento me chamou a atenção pela minha visão periférica e eu vi uma cabeça loira, relativamente baixa, esticando-se para me encarar com uma expressão adoravelmente confusa. A pequena Ally Biers abriu a porta com um pouco de esforço e andou até o Tracker, parecendo insegura como se com medo de ser pega fazendo algo proibido. Ela olhava sob o ombro a medida que se distanciava da casa, da porta que havia ficado entreaberta. Enquanto saía do carro e ia em sua direção pude notar como a criança parecia abatida - a expressão assustada permanecia em seu rostinho infantil apesar de eu ser uma pessoa conhecida para ela. As mãozinhas se apertavam no casaco de forma nervosa quando ela deu seu último passo e parou à minha frente.

— Oi, Bella — ela me cumprimentou sem vontade.

— Olá, Ally... Você está bem?

A criança parecia pensativa de uma forma que a testa estava enrugada de preocupação enquanto ela falava.

— Você viu a sua irmã hoje? — a pergunta escapou de mim quando ela não respondeu. Eu a olhei ansiosamente, esperando pela sua resposta. Ela olhou pelo ombro novamente por um instante.

— De longe — ela disse — Eu e ela não estamos nos vendo muito ultimamente.

— Bem, eu também não tenho visto ela e estou preocupada, sabe...

Allyson assentiu. — Minha mãe disse que ela está na reserva e que não posso vê-la por enquanto.

— E qual o motivo disso, querida?

— Eu não sei — a criança respondeu, os olhinhos ficando marejados — Será que ela nunca mais vai voltar pra casa?

— É claro que vai, Ally. Ela com certeza está com muitas saudades de você também.

— Você acha? — ela perguntou fechando a mãozinha em punho e enxugando algumas lágrimas. a cena era de apertar o coração.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa para confortar a garotinha, nós duas ouvimos um chamado estridente e irritado. a Sra. Biers estava com metade do corpo para fora enquanto acenava de forma rápida, a expressão nenhum pouco feliz.

— Acho melhor você voltar agora. — eu falei sem tirar os olhos da mulher. Allyson não disse mais nada — ela se virou e correu o máximo que podia com suas perninhas infantis, chegando rapidamente próxima da mãe que ficou em silêncio enquanto a filha entrava em casa. A sra. Biers me deu um último olhar duro e bateu a porta com força.

Me estiquei no banco do Tracker e peguei uma caneta no fundo da minha mochila. Comecei a fazer desenhos aleatórios no fundo de um velho panfleto de uma loja. Eu só tive tempo de desenhar uma fileira de diamantes quando houve uma batida aguda na janela da minha porta — pulei, olhando pra cima, esperando a rabugenta Sra. Biers, mas dessa vez era Riley.

— O que você está fazendo aqui, Bella? — ela rosnou.

Eu a encarei pasma de surpresa.

Riley tinha mudado radicalmente nas últimas semanas em que eu não a vi. A primeira coisa na qual eu reparei foi o seu rosto — suas feições pareciam ter endurecido subitamente, se apertado... Envelhecido. O pescoço e os ombros estavam diferentes também, de alguma forma, estavam grossos demais. As mãos dela, onde estavam agarradas na janela, pareciam enormes, com os tendões e as veias ainda mais proeminentes embaixo da pele suave.

Mas diferenças físicas eram insignificantes.

Foi a expressão em seus olhos o que a tornou praticamente irreconhecível. O sorriso aberto, amigável, havia desaparecido, a calidez dos olhos dela haviam sido substituídos por um ressentimento que era instantaneamente pertubador. Havia uma obscuridade em Riley agora.

— Riley? — eu sussurrei.

Ela me encarou, ainda parecendo tensa e raivosa.

Eu me dei conta de que não estávamos sozinhas. Atrás dela haviam quatro outras pessoas; todas altas e fortes, com o mesmo olhar de hostilidade em todos os pares de olhos.

Todos os pares menos um. Havia uma que era mais velha por muitos anos — Sam estava bem atrás, com o rosto sereno e seguro. Eu tive que engolir o ódio que me subia a garganta. Eu queria acabar com ela. Não, eu queria fazer mais que isso. Mais do que qualquer coisa, eu queria ser cruel e mortal, uma pessoa com a qual ninguém ousaria se meter. Alguém que assustaria até a escrota da Sam Uley.

— O que você quer? — Riley quis saber, a expressão dela estava ficando mais ressentida enquanto observava as emoções passando pelo meu rosto.

— Eu quero falar com você — eu disse com uma voz fraca. Eu tentei me focar, mas eu ainda estava lutando contra os tabus do meu sonho.

— Vá em frente — ela assobiou por entre os dentes. O olhar dela era violento. Eu nunca havia visto ela olhar pra ninguém daquele jeito, muito menos pra mim. Isso me machucou com uma intensidade surpreendente — uma dor física, uma dor na minha cabeça.

— Sozinha! — eu assobiei e minha voz saiu mais forte enquanto eu abria a porta do carro e descia.

Eu olhei pra trás dela, onde todos se viraram pra ver a reação de Sam que somente balançou a cabeça uma vez com seu rosto ainda despreocupado. Ela fez um breve comentário numa linguagem líquida, não familiar — eu só tinha certeza de que não era Francês nem Espanhol, mas eu imaginei que fosse a língua dos Quileute. Ela se virou e caminhou para a casa de Riley com os outros seguindo-na.

— Ok — Riley disse um pouco menos furiosa quando os outros tinham ido embora. O rosto dela estava um pouco mais calmo, mas também mais desesperançado. A boca dela parecia permanentemente curvada pra baixo.

Eu respirei fundo. — Você sabe o que eu quero saber.

Ela não respondeu, só olhou pra mim acidamente.

Eu a encarei de volta e o silêncio se prolongou. A dor em seu rosto me deixou enervada. Eu senti um caroço começando a aparecer na minha garganta.

— Eu não posso te contar, o que quer que queira sabe. — ela pontuou — Então sugiro que vá embora.

Minha mandíbula se comprimiu, e eu falei por entre os dentes. — Eu pensei que fôssemos amigas.

— Nós éramos — houve uma pequena ênfase no tempo passado.

— Mas você não precisa mais de amigos — eu disse acidamente. — Você tem a Sam. Isso é legal, você sempre gostou tanto dela.

— Eu não a entendia antes.

— E agora você viu a luz. Devo dizer aleluia?

— Não é como eu pensava que era. Isso não é culpa de Sam, ela está me ajudando como pode. — A voz dela se tornou frágil e ela olhou por cima da minha cabeça, passando por mim.

— Ela está te ajudando — eu repeti duvidosamente. — Naturalmente.

Mas Riley não parecia estar escutando. Ela estava respirando profundamente, de propósito, tentando se acalmar. Ela estava com tanta raiva que as mãos estavam tremendo.

— Riley, por favor — eu sussurrei. — Você não vai me contar o que aconteceu? Talvez eu possa ajudar.

— Ninguém pode me ajudar agora. — As palavras eram um gemido baixo; a voz dela se partiu.

— O que ela fez com você? — eu quis saber, as lágrimas se aglomeraram nos meus olhos. Eu tentei tocá-la, como já tinha feito antes, me movendo para a frente com os braços abertos.

Dessa fez ela se afastou, segurando as mãos pra cima num gesto de defesa. — Não me toque — ela sussurrou.

— Sam está olhando? — eu cochichei. As lágrimas estúpidas haviam escapado pelos cantos dos meus olhos. Eu as afastei com as costas da minha mão, e cruzei meus braços no peito.

— Pare de culpar Sam. — As palavras sairam rápidas, como um reflexo.

— Então quem é que eu devo culpar? — eu retorqui.

Ela deu um meio sorriso; era uma coisa vazia, torta.

— Querida, você não quer ouvir isso.

— Não quero é uma porra, Biers! — eu disparei. — Eu quero saber, e eu quero saber agora.

— Você está errada — ela disparou de volta.

— Não ouse dizer que eu estou errada, não fui eu quem sofreu uma lavagem cerebral! Me diga agora de quem é a culpa, se ela não é da sua preciosa Sam!

— Você pediu por isso, amor... — ela rosnou pra mim, seus olhos brilhavam duramente. — Se você quer culpar alguém, porque você não aponta o dedo para aqueles bebedores de sangue nojentos e fedorentos que você ama tanto?

Minha boca se abriu e minha respiração saiu com um som parecido com whooshing. Eu fiquei congelada no lugar, esfaqueada com as palavras dela. A dor atravessou meu corpo de uma forma já conhecida enquanto eu observava que não havia nenhum traço de indecisão no rosto dela. Só fúria.

Minha boca ainda estava escancarada.

— Eu te disse que você não ia querer ouvir — ela disse.

— Eu não entendo o que você quer dizer — eu cochichei.

Ela ergueu uma sobrancelha em descrença. — Eu acho que você entende exatamente o que eu quero dizer. Você não vai me fazer dizer, vai? Eu não gosto de te machucar.

— Eu não entendo o que você quer dizer — eu disse mecanicamente.

— Os Cullen — ela disse lentamente, sublinhando a palavra, estudando meu rosto enquanto falava isso.

Eu balancei minha cabeça pra frente e pra trás negando, tentando limpá. Como era que ela sabia disso? E como era que isso tinha alguma coisa a ver com o culto de Sam? Essa era uma gangue de odiadores de vampiros? Qual era a necessidade de se formar uma sociedade como essa se já não existiam mais vampiros em Forks? Porque Riley começaria a acreditar nas histórias sobre os Cullen agora, justo quando as evidencias haviam ido embora, pra nunca mais voltar?

Eu levei um segundo pra pensar na resposta correta. — Não me diga que você começou a acreditar nas histórias sem sentido de Bonnie agora — eu disse com uma fraca tentativa de ser divertida.

— Ao que parece, ela sabe mais do que eu pensava.

— Riley, fale sério.

Ela me encarou, os olhos críticos.

— Colocando as superstições de lado — eu disse rapidamente. — Eu ainda não vejo porque você está acusando os Cullen por isso. Eles foram embora a mais de meio ano. Como é que você pode culpar eles pelo que Sam está fazendo agora?

— Sam não está fazendo nada, Bella. E eu sei que eles foram embora. Mas as vezes... As coisas acontecem em cadeia, e então é tarde demais.

— O que diabos em cadeia? O que é tarde demais? De que porra você está falando?

Ela olhou de repente direto para o meu rosto, a fúria brilhando nos olhos.

— Por existir — ela assobiou.

Riley estava esfumaçando na minha frente, tremendo de raiva.

— Sabe o quê mais? Eu não vou discutir com você. De qualquer forma não importa, o estrago está feito.

— Que estrago?

Ela não se mexeu enquanto eu gritava as palavras no rosto dela.

— Não há mais nada a dizer.

Eu asfixiei. — Há tudo mais a dizer! Você não me disse nada ainda!

Ela deu as costas e começou a andar, voltando para a direção da casa.

— Espere!

— Vá pra casa, Bella. Eu não posso mais andar com você.

Essa dor boba, inconsequente era incrivelmente poderosa.

As lágrimas apareceram de novo. — Você está... terminando comigo? — As palavras eram todas erradas, mas elas eram as melhores nas quais eu conseguia pensar para frasear o que eu queria perguntar. Afinal, o que eu e Riley tínhamos era mais que um romance de escola. Era mais forte.

Ela comprimiu uma risada ácida. — Dificilmente. Se esse fosse o caso eu diria 'Vamos ser amigas'. Mas eu nunca poderia dizer isso.

— Riley... porque? Samantha não te deixa ter outros amigos? Por favor, Riley. Você prometeu. Eu preciso de você!

A solidão apertou minha garganta.

— Eu lamento, Bella — Riley disse cada palavra distintamente com uma voz fria que não pertencia a ela. — Não se culpe, não pense que é sua culpa. Isso é tudo minha culpa. Eu juro, não tem nada a ver com você.

Eu não acreditava que era mesmo isso que Riley queria dizer. Parecia que havia algo mais tentando ser dito através de seus olhos raivosos, mas eu não conseguia entender a mensagem.

— Não é você, sou eu — eu sussurrei. — Essa é boa.

— Eu falo sério, Bella. Eu não estou... — ela relutou, sua voz ficando ainda mais rouca enquanto ela lutava pra controlar suas emoções. Seus olhos estavam torturados. — Eu já não sou mais boa o suficiente pra você.

— O quê...? — eu a encarei, confusa e apática. Ela estava dando as costas pra mim.

— Eu lamento, Bella — ela disse de novo; dessa vez era um murmúrio partido. Ela se virou e quase correu para a casa.

Talvez isso não tivesse nada a ver com Sam, afinal. Talvez isso não tivesse nada a ver com os Cullen. Talvez ela só estivesse tentando se salvar dessa situação sem esperança. Talvez eu devesse dizer que ela fizesse isso, se isso era o melhor. Eu devia fazer isso. Era o certo.

Era o certo, não era?


Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...