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História Universe School Arts - Interativa - Capítulo 12: À noite dos clássicos - Parte 02


Escrita por: Electric_Girl e schoolarts

Capítulo 13 - Capítulo 12: À noite dos clássicos - Parte 02


A Euforia (do grego εὐφορία, "poder de perseverar facilmente") é um sentimento reconhecido como uma condição mental e emocional na qual uma pessoa experimenta sentimentos intensos de bem-estar, elação, felicidade, entusiasmo e alegria. Tecnicamente, a euforia é um afeto, mas o termo é muitas vezes usado coloquialmente para definir uma emoção combinando um estado intenso de felicidade transcendente com uma esmagadora sensação de contentamento.


Não havia palavra melhor para definir as emoções daqueles adolescentes, se não euforia. Um sentimento contraditório, repleto de significados que podem variar de acordo com a situação. A euforia pode ser benéfica, ao mesmo tempo que pode ser completamente destrutiva. E naquela noite, tal sentimento estava destinado a ser uma faca de dois gumes: Seria uma bênção para uns e o princípio do caos para outros.


Já fazia algum tempo que o baile havia começado. Alguns alunos atrasados ainda estavam chegando, enquanto a maioria já se encontrava espalhada por todo o lugar. Alguns estavam sentados nas mesas, tendo conversas paralelas com outros alunos, sem se importarem com idade, nacionalidade ou a que oficina pertenciam. Naquele momento, todos se sentiam tão à vontade que nada mais parecia importar.


A outra parte estava dividida entre tirar selfies e dançar na pista ao som de Cheap Thrills. Marisol e Leona faziam parte desse grupo, ambas se jogando de corpo e alma na batida da música, dançando juntas, entregues ao momento de diversão que estavam compartilhando ali e atraindo algumas atenções de quem observava a pista.


— Acho que tem um carinha te observando. — A mexicana disse no ouvido da catalã para que ela pudesse escutar, já que o som alto impedia. Leona a olhou intrigada, fazendo o sorriso da morena aumentar. Com um gesto discreto, Gallego indicou o tal garoto, vestido de Zorro do outro lado da pista, observando Ventura com claro interesse nos belos olhos castanhos por detrás da máscara preta.


Leo olhou por cima do ombro, o avaliando rapidamente e mordendo o lábio inferior.


— Não é de se jogar fora. — Confessou, fazendo a outra patinadora rir.


— E aí? Vai cair dentro? — A malícia era clara feito água no tom de voz e no sorriso da mais nova. A outra morena, no entanto, riu e se aproximou dela para dizer em seu ouvido.


— Quem sabe? — Indagou, dando de ombros. — Aqui vai uma liçãozinha básica sobre homens, Mari, eles são como cachorrinhos. Se você tratá-los sempre dando aquilo que eles desejam, eles fazem o que querem com você. Agora, se você mostrar quem manda desde o início, eles latem, mas sempre abanam o rabinho. — Se afastou para olhar nos olhos escuros de Gallego. — Maltrate um pouquinho e você verá que eles sempre voltam por mais. É o desafio que os movem e fazem com que eles corram atrás do que desejam desesperadamente. 


Marisol estalou a língua, concordando com um aceno positivo.


— E o que pretende fazer?


— Pegar um ponche e sentar um pouco com as meninas. — Indicou Antonela e Aurora sentadas em uma mesa, não tão distantes da pista. Ambas sorriam para a câmera do celular, focadas em tirar algumas selfies. 


Por se encontrar com o pé ainda enfaixado, Tone preferiu ficar sentada e Aurora decidiu fazer companhia a ela, a entretendo com uma conversa sobre a nova linha de maquiagem que a Beauty, a empresa de cosméticos que pertencia a família materna da Hidalgo, lançaria em algumas semanas.


Sendo dona de um grande bom gosto e de uma elegância invejável, Portilla não escondeu a animação por saber que a amiga era sobrinha da proprietária de sua marca de cosméticos favorita.


Ela fazia inúmeras perguntas e Aura respondia às que poderia responder. Afinal, o lançamento ainda era um segredo até mesmo para a Hidalgo. Então, o pouco que ela sabia e poderia dizer, ela compartilhava com a colombiana.


— Ficou perfeita. — Antonela disse, observando a selfie tirada. — Fico feliz que tenha recuperado o celular. 


Aura suspirou contente, antes de guardar o aparelho.


— Estava com Diego. Eu deixei cair quando nos esbarramos no festival e ele guardou para mim. — Olhou para a outra loira. — Ainda bem, pois tenho certeza que levaria a bronca do século da minha tia, se perdesse mais um celular. Diego salvou minha pele! — Suspirou ao se lembrar do espanhol que, no momento, se encontrava na Itália.


— Ah, você não me contou que fim levou a história do figurino. — Tone se lembrou. — Acharam o culpado ou a culpada? — Ela mirou Aura com os olhos verdes brilhando em curiosidade.


Ao ouvir a pergunta, a argentina suspirou frustrada, antes de negar.


— Nada! Seja lá quem fez isso, sabia que não teria como descobrir quem foi. — Bufou. — Eu conversei com a Alyssa e ela ficou bastante indignada com o que fizeram. Não tiro sua razão, afinal, era o figurino dela. 


Portilla levou a mão ao queixo pensativa.


— Tem certeza que não foi ela mesma que rasgou o figurino e se fez de inocente para que você não desconfie dela? — Hidalgo a mirou e a aspirante a atriz deu de ombros. — É uma possibilidade.


— Aly não teria motivos para me prejudicar. 


— Ela é do Thunder. — A lembrou. — Isso parece ser motivo suficiente para querer, não te prejudicar, mas toda a equipe. — Alcançou o seu copo com ponche e bebeu lentamente, antes de prosseguir: — A rivalidade entre as equipes parece ser de longa data. Bom, pelo menos foi isso que me disseram.


A patinadora novamente negou.


— Sendo do Thunder ou não, eu tenho certeza que Alyssa jamais faria isso. Tudo bem que nunca fomos amigas ou muito próximas, mas nos damos muito bem. Acredito nela. — Assegurou.


Portilla olhou para a colega de quarto em silêncio, a analisando melhor. Aurora, claramente, era um tanto quanto ingênua e buscava sempre o melhor nas pessoas. Isso poderia ser uma qualidade admirável, se não fosse motivo de sobra para preocupação. Já que da mesma forma que atraímos pessoas boas para as nossas vidas, pessoas ruins também se aproximam e sendo Aura, uma garota que irradia luz, facilmente alguém poderia querer usar isso contra ela.


— Bom, no fim, eu paguei o estrago no figurino. Era o mínimo que eu poderia fazer, já que ela estava me fazendo um favor e por minha causa, ela perdeu a roupa. — Foi a vez da Hidalgo dar de ombros. — Seja lá quem fez isso, não teve o que conseguiu. Graças a Leona e a Marisol, eu consegui um novo figurino bem a tempo de me apresentar. 


Naquele momento, as duas morenas chegaram e se juntaram a elas na mesa, ouvindo somente a parte final da conversa.


— Ainda não acredito que vocês tiveram a cara de pau de invadir o camarim do Starlet e roubar o figurino de alguém. — A colombiana disse fazendo as outras sorrirem inocentes.


— Roubar é uma palavra muito forte. — Leona começou, bebendo um pouco de ponche.


— Nós apenas pegamos emprestado por algumas horas. — Marisol deu continuidade. — Devolvemos inteirinho depois para o mesmo lugar. Além disso foi por uma boa causa, o nosso raio de sol aqui precisava brilhar. — A mexicana que estava sentada ao lado esquerdo da argentina, a abraçou de lado e deitou a cabeça em seu ombro, recebendo um rápido carinho no cabelo e um sorriso doce como resposta. — Isso, continue. Adoro quando me fazem carinho no cabelo. — Sussurrou, fazendo a loira rir.


— Vai bagunçar o seu cabelo. — Avisou.


— Foda-se, isso 'tá muito bom. — Disse, recebendo mais cafuné da outra.


— Foi muito arriscado. — Antonela disse, vendo Ventura abrir um sorriso travesso.


— Viver é um risco constante, Barbie. — Recebeu um revirar dos olhos como resposta da outra pelo apelido e risadas das duas mais novas. — Qual é, até parece que não gosta do apelido. — Provocou.


— Eu adoro, Killer Frost. — Devolveu a provocação com um sorriso igualmente provocativo. Foi a vez da Ventura revirar os olhos, mesmo que continuasse sorrindo. — O que? Culpe a Firework aqui… — Apontou para Gallego. — e suas iguarias.


— Eu sei que vocês me amam — murmurou, fazendo as outras rirem.


Uma amizade inusitada era o mínimo que poderia se dizer da relação daquelas quatro. Aparentemente, não tinham nada em comum, mas naquela semana elas haviam descoberto que tinham uma sintonia inacreditável. 


Como Mari mesmo havia dito naquela semana, elas haviam criado o grupo perfeito, cada uma com sua qualidade destacável: Inteligente, leal, admirável e compassiva. E, ironicamente, elas estavam sentadas nessa ordem, começando por Leona, seguindo por Marisol, Antonela e por último Aurora.


— 'Tá faltando alguma coisa nesse baile. — Mari murmurou novamente. — Estou vendo a diversão e o agito, mas onde estão os casais se pegando, o romance, os triângulos amorosos? No folheto dizia entretenimento completo. — Reclamou no ombro da argentina e olhando para as outras.


— O baile ainda está no início. — Aura disse, fazendo a outra bufar.


— Eu sou mexicana, linda, gosto de acompanhar um bom drama de novela desde o início! — Se levantou, puxando Aurora para fazer o mesmo. — Vamos!


— Para onde? — Indagou, confusa.


— Vamos começar essa novela! — Respondeu de forma simples, puxando a colega de equipe para mais adentro da festa e deixando as outras duas na mesa.


Antonela e Leona se entre olharam com expressões preocupadas:


— Quais são as chances delas colocarem fogo em tudo? — A catalã indagou e a colombiana suspirou.


— Eu diria que bem grandes.


.


Música, dança, um ritmo frenético e uma energia contagiante por toda parte. Não havia definição melhor para a jovem definir aquele cenário, se não "estou em casa".


Alyssa sempre foi conhecida por ser uma garota energética, de personalidade cativante e também forte. Gostava de dançar, de sentir o ritmo da música, de se jogar de cabeça nos momentos que a vida tinha a lhe proporcionar. Afinal, a vida pode passar num estalar de dedos e ela não queria envelhecer, sem ter ótimas recordações de uma juventude vivida com tudo o que se tinha direito.


A loira dançava na pista ao som de cool of the summer. Se entregava de corpo e alma ao ritmo, deixando seu corpo falar por si mesma em movimentos alegres e, ao ver de quem observava, com alguma sensualidade.


Ela ainda não havia se dado conta dos olhares que estava chamando para si mesma. A Serrano estava lindíssima com aquele vestido que mesmo carregado em elegância, ainda valorizava cada mísera curva do seu corpo devido ao espartilho. A maquiagem suave deixava seu rosto angelical mais evidente e o cabelo preso só valorizava ainda mais seus traços faciais.


Dentre as pessoas que a observavam com atenção estava uma certa escocesa que se encontrava em uma mesa com alguns colegas do clube de robótica. Eles conversavam sobre algum assunto que Bonnie havia deixado de prestar total atenção, quando percebeu a presença da argentina na pista. Seus olhos verdes estavam fixos nos movimentos dela, não deixando nenhum detalhe passar despercebido. 


Um sorriso intrigante surgiu em seus belos lábios rosados, graças ao batom. Ela percebeu que Aly usava o vestido que ela havia escolhido e que também havia seguido a dica que ela havia lhe dado. Aquilo fez a ruiva se sentir satisfeita, pois sabia que havia acertado em cheio ao escolher o vestido. Ele havia valorizado a pele da jovem, assim como o espartilho havia valorizado as curvas da loira.


E que curvas, Bonnie pensou maliciosa antes de beber um pouco do ponche. Um suspiro desanimado escapou por seus lábios ao se lembrar que, para o seu desapontamento, a filha do diretor era hetero. O que era uma pena, pois sua mente já havia criado mil e um tipos de cenários diferentes onde em todos, elas se divertiam muito juntas. 


Desde que se encontraram na loja naquela tarde, Woodward não conseguia tirar a Serrano de seus pensamentos. Havia ficado atraída pela patinadora de olhos castanhos. No entanto, saber da orientação sexual da garota havia lhe roubado a empolgação em tentar algo novo.


Ao notar que o copo estava ficando vazio, ela se levantou para buscar mais. Bonnibelle caminhava a passos confiantes até a mesa principal, chamando a atenção de alguns garotos para si. Alguns até mesmo a elogiavam na tentativa de ter sua atenção e assim iniciar uma sessão de flertes, mas apesar de sorrir de uma forma altamente sedutora ao ouvir os elogios, ela não respondia e continuava a caminhar em direção ao seu destino.


Ao chegar à mesa, Bonnie estendeu o copo a uma das cozinheiras que estavam servindo e agradeceu com um gesto da cabeça, quando ela lhe devolveu o copo o cheio. Quando se virou para ir embora, a escocesa teve que recuar um passo quando seu corpo quase colidiu com o de Alyssa que, ao sentir sede, deixou a pista para buscar um pouco de ponche. Ainda bem que os reflexos da ruiva eram bons, caso contrário ambas estariam completamente sujas de um líquido vermelho naquele momento.


A argentina sentiu suas bochechas corarem, ao se dar conta do atrapalhamento. Ao erguer o olhar, seu rosto ficou ainda mais vermelho ao perceber que se tratava da ruiva de mais cedo.


— Me desculpe. — Sussurrou e se não estivesse tão perto, a escocesa provavelmente não teria ouvido por causa da música alta.


—  Tudo bem. — A tranquilizou e a loira desviou dela, indo pegar uma bebida para si sentindo o olhar dominante da europeia em suas costas e a deixando inesperadamente nervosa. — Você está linda. — O elogio repentino fez a patinadora paralisar onde estava. 


Serrano se virou devagar e olhou nos olhos tão verdes quanto duas pedras de jade. 


— Obrigada. — Sorriu. — Você está deslumbrante. — Elogiou, fazendo Bonnie a olhar surpresa, porém satisfeita com elogio. — Mas provavelmente você deve ter ouvido isso de muitas pessoas. — Disse, dando uma rápida olhada por cima do ombro dela e percebendo os olhares de alguns garotos e até mesmo garotas para a ruiva à sua frente. 


Bonnibelle deu de ombros, se mostrando indiferente a esse fato. Tinha consciência que sua beleza chamava a atenção, não iria fingir que não sabia dos seus atrativos físicos; A falsa modéstia não combinava com ela.


— Nenhuma delas é você. — Disse, antes de levar o copo aos lábios e, ainda sim, não desviando o olhar da loira que pareceu bastante surpresa com suas palavras.


Aly paralisou, sem saber o que dizer. Aquilo havia sido um flerte ou será que estava imaginando coisas? Ela mordeu o lábio inferior pensativa e tal gesto não passou despercebido pela outra que suspirou e disse no impulso:


— Não morda o lábio assim. 


Alyssa a olhou confusa, antes de questionar:


— Por que?


— Porque isso me deixa louca e desperta pensamentos impróprios. — A voz de Bonnie saiu rouca e a outra sentiu cada pêlo do seu corpo se arrepiar, ao mesmo tempo que sentia seu rosto ficar corado novamente. Bonnie quis se aproximar mais, mas ao notar o olhar confuso e perdido da adolescente, achou melhor não fazer nada. Talvez, estivesse sendo ousada e até mesmo estivesse assustando a outra com seu jeito direto, então, no impulso e sem dizer mais uma palavra, ela foi embora e deixou Alyssa ali, parada olhando a direção pela qual ela se foi.


.


Finalmente o baile havia começado para o total prazer do espanhol que se encontrava em um canto, próximo a mesa de bebidas observando ao seu redor com atenção e estudando bem o seu alvo: A mesa onde eles estavam servindo ponche para os alunos.


O baile em si poderia está sendo divertido para os outros alunos, mas para Martín, aquilo só começaria a ser, de fato, divertido quando ele colocasse o seu plano em prática. O primeiro alvo já estava localizado, saber que serviriam ponche tornou tudo melhor e mais fácil: Bastava misturar e pronto. 


Para isso, ele precisou estudar o revezamento dos funcionários que estavam servindo. A cada trinta minutos, a senhora Iglesias, uma das cozinheiras do refeitório do colégio, saía para ir lá fora fumar um cigarro, deixando a responsabilidade de servir os alunos para Gustavo, um atrapalhado assistente de cozinha que se distraía facilmente com os acontecimentos à sua volta. Ele só precisava esperar a senhora Iglesias sair para assim colocar tudo em prática.


Seu olhar desviou da mesa e procurou seu segundo alvo, localizando a loira perto da mesa do DJ, na companhia da garota que Ortiz reconheceu como sendo aquela que ele encontrou no banheiro naquele dia.


Um sorriso atrevido surgiu nos seus lábios ao notar o quanto Marisol estava bonita. Ele não tinha ideia de qual personagem ela estava representando, mas seja lá qual fosse, ela soube valorizá-lo em cada detalhe. Mesmo sendo marrenta, a mexicana era inegavelmente atraente e isso fez o patinador deixar anotado em sua nota mental a se aproximar dela em algum momento. Gostava de garotas com um temperamento difícil, elas eram bem mais divertidas de se lidar.


O garoto as olhava fixamente, ficando confuso ao vê-las conversarem com o DJ que não deveria ter mais do que vinte e sete anos. Quer dizer, a Gallego conversava, enquanto a Hidalgo apenas olhava de um para o outro até o momento que Mari disse algo que fez Aura rir em incredulidade e negar com a cabeça, enquanto o DJ sorriu, demonstrando ter gostado do que ouviu. 


Aquilo despertou a curiosidade do espanhol. O que será que aquelas duas estavam aprontando?


— Não mesmo! — Aurora disse, cruzando os braços e negando. — Na, na, ni, na não!


Marisol revirou os olhos.


— Qual é, Aurora? Vai ser divertido! 


— Vamos ser vaiadas.


— Por cantar? — Arqueou uma sobrancelha. — Tenho certeza que o pessoal vai amar. 


— Alfonso vai nos matar! Você sabe que ele odeia, quando algo sai do planejado dele. — Tentou argumentar, mas nem isso pareceu fazer a mexicana mudar de ideia.


— Ele nem 'tá aqui. E outra, uma música não mata ninguém. Além disso, o nosso Fred aqui, garantiu que 'tá tudo certo para a gente entrar depois dessa música. — A morena deu dois tapinhas no ombro do DJ que havia voltado a sua função, mas mandou um joinha com o polegar para as duas, mostrando que havia ouvido o que elas disseram. — Vamos! Não seja medrosa. Ih, é a nossa deixa, vamos mostrar para eles o que é um show de verdade. — Disse, entregando um microfone a outra. — Confia em mim?


— É claro que sim!


— Ótimo, então acredite no que eu digo sobre não ter como isso dar errado. 


Aurora a olhou por longos segundos, antes de suspirar e se dar por vencida. Seja o que Deus quiser, pensou antes de seguir com a amiga para cima do pequeno palco montado para o DJ, onde seriam facilmente vistas por todos.


Quando a música terminou, elas trocaram um olhar e a Gallego assumiu a frente na explicação, antes que começassem as queixas sobre terem cortado o som:


— Boa noite, Universe School Arts! — Mari disse empolgada, recebendo alguns aplausos e assobios da maioria dos alunos, enquanto outros apenas as encaravam curiosos e confusos. — Vocês devem estar se perguntando: "O que essas duas malucas estão fazendo ali?".


— Ah, meu Deus. — Antonela disse ainda sentada ao lado de Leona, ambas observavam as amigas. — O que elas pretendem aprontar agora?


— Conhecendo a Marisol, algo ousado e meio maluco. Pela cara que a Aura 'tá fazendo, deve ser exatamente isso. — A catalã respondeu, arqueando uma sobrancelha.


— A resposta é: Estamos garantindo uma experiência inesquecível para vocês. Afinal, o que é um baile com pessoas belíssimas, sem um bom flerte e um possível romance no ar? Concordam? — Marisol voltou a dizer, recebendo respostas positivas dos alunos. — Então, eu e a minha amiga Aurora, a qual vocês já devem conhecer… — Indicou a loira ao seu lado e Aura sorriu, antes de acenar. — Vamos cantar para vocês essa noite. Espero que os nossos amados professores não nos matem e se quiserem dá uns pontos extras, eu não iria reclamar. — Brincou, fazendo os demais rirem, incluindo o corpo docente. — E esperamos sinceramente que vocês gostem. Fred, manda ver! — Finalizou, sendo aplaudida. 


Atendendo ao pedido da aluna, o DJ soltou a melodia de uma música conhecida por praticamente todos os que estavam ali. A mexicana tomou a frente, iniciando a música:


Sentir sua falta é minha necessidade, vivo sem esperanças desde que você foi embora


Aurora entrou em seguida, fechando os olhos e sentindo toda a emoção que a música lhe transmitia, junto com todas as lembranças que ela trazia.


Sobrevivo por pura ansiedade com um nó na garganta. É que não deixo de pensar em você


Alguns alunos se aproximaram da pista de dança, já com seu par e iniciando uma dança à dois. Ver aquilo pareceu ser a deixa perfeita para Joseph, vestido de Príncipe Hamlet da Dinamarca da tragédia Hamlet, escrita por William Shakespeare entre 1599 e 1601, se aproximar de Angélica que se encontrava vestida de Capitu, a personagem mais discutida e mais famosa de Machado de Assis no livro "Dom Casmurro". Angélica estava sentada em uma mesa na companhia de Carmen, vestida de Chapeleiro Maluco. 


— Senhorita Flores, senhorita Rodríguez. — Saudou ambas com um cumprimento formal.


— Joseph. — Disseram juntas, cada uma ao seu modo. Enquanto Carmen tinha um sorriso divertido nos lábios e ainda acenou para o colega, Angelica apenas deu um pequeno e simpático sorriso.


— Me daria a honra dessa dança? — O britânico indagou a mexicana de cabelos loiros, estendendo a mão em direção a professora de canto. Seu coração batia de forma frenética pelo nervosismo que sempre o atingia quando estava na frente dela, apesar de aparentar estar calmo por fora.


— Com todo o prazer. — A professora respondeu para o alívio do Armstrong, antes de pegar em sua mão e irem em direção a pista.


— Caramba, até mesmo a Angélica desencalha e eu continuo aqui. Do jeito que todas as mulheres desse colégio estão desencalhando com a mesma facilidade que respiram, se eu perder a Angélica, eu vou ficar sozinha! — Disse para si mesma, olhando em volta e vendo Melissa aceitar o convite de Valentim e se juntar aos demais casais que dançavam, enquanto Letícia fazia o mesmo com Sánchez. — Eu deveria ter ficado em casa porque se fosse para ficar na fossa, eu ficava comendo pizza e assistindo Grey's Anatomy. Isso que dá vir na festa para comer de graça!  


Pouco a pouco, o coração vai perdendo a fé


Marisol cantou e olhou para Aurora que a olhou de volta e ambas sorriram, antes de formarem uma só voz:


Perdendo a voz (Salva-me do esquecimento) Salva-me da solidão (Salva-me do tédio) Estou à sua disposição (Salva-me do esquecimento) Salva-me da escuridão (Salva-me do tédio) Não me deixe cair jamais


Miranda engoliu em seco ao ouvir a música. Aquela canção lhe trazia recordações de um passado distante, mas que insistia em se fazer presente nos seus pensamentos e, às vezes, no seu coração.


" — Você é completamente maluco, Gabriel! — Miranda disse, assim que emergiram das águas da piscina de lazer do colégio. Enquanto lá dentro acontecia o baile anual do dia dos namorados, os dois haviam dado uma fugidinha e o Serrano havia tido a brilhante ideia de pular com ela na piscina de roupa de gala e tudo.


— Pode até ser, mas você ama esse maluquinho aqui. — O garoto disse com um sorriso convencido e se aproximando dela. Miranda revirou os olhos e bateu em seu ombro.


— E ainda por cima é convencido. Deus, por que me mandou esse garoto como namorado? — Olhou para o céu rindo, enquanto sentia ele a puxar pela cintura para que ficasse mais próxima a ele. — Agora posso saber como vamos voltar ao baile? Estamos ensopados!


— Não vamos voltar. 


— Gabriel, nós precisamos voltar.


Ele negou e levou a mão ao rosto dela, fazendo um carinho suave e gentil. Miranda fechou os olhos ao sentir o toque dele em sua pele.


Tudo o que eu preciso e quero nessa vida está bem aqui na minha frente."


— Mamãe, você está bem? — Sofia indagou ao se aproximar da mais velha, a tirando de seus pensamentos. A morena mirou a filha caçula e forçou um sorriso tranquilizador.


— Estou, querida, não se preocupe. É apenas uma dor de cabeça, mas eu tenho um comprimido no meu armário lá na sala dos professores. — Mentiu, vendo a mais nova concordar. — Eu vou até lá e já volto. Comporte-se! — Avisou, dando um beijo na testa da Serrano, antes de sair dali às pressas, na tentativa de fugir daquela música e, acima de tudo, das lembranças.


Me esforço tanto para seguir em frente, mas o amor é a palavra que, às vezes, tenho dificuldade de esquecer


Mariano sequer piscava ao olhar para Aurora. Um sorriso bobo estava em seus lábios, enquanto olhava a amiga de infância cantar. O olhar dela cruzou com o dele e seu sorriso aumentou, ela abriu um pequeno sorriso, antes de continuar a cantar.


Paixão era um sentimento engraçado ao ver do argentino. Você fica meio idiota, quando está apaixonado e cada mísero momento ou ação da pessoa amada se torna algo único e memorável. É como se a pessoa fosse perfeita aos seus olhos e cada ação dela fosse digna de toda a sua atenção.


Por exemplo, a poucos minutos, Nano estava flertando com uma garota da oficina de robótica e agora havia dispensado a jovem para poder admirar a Hidalgo. Ele não queria perder nenhum segundo da apresentação dela.


Ele não sabia quando exatamente havia se apaixonado por ela. Eles cresceram juntos, suas famílias eram amigas e, por isso, ele passou uma boa parte de sua infância na companhia dela. Eram insuperáveis, ela era sua melhor amiga. Mais do que isso, ela era a sua primeira paixão. Ele sabia que era especial para ela também e se o destino não tivesse sido tão injusto, eles teriam ficado juntos. Mas além do fato de Rafael existir para atrapalhar tudo, a morte precoce dos pais da loira fez com que nunca tivessem tido a chance de, pelo menos, tentar.


Todavia, após tantos anos, eles haviam se reencontrado e justamente no mesmo avião que os traziam de volta a cidade que tudo começou. Aquilo não era uma simples coincidência, era um sinal do destino avisando que ele agora poderia ter uma nova chance com ela. Sem Rafael, sem distância e sem mais nenhum empecilho.


Sobrevivo por pura ansiedade com um nó na garganta. É que não deixo de pensar em você


Valério se aproximava do Rodríguez com um sorriso divertido nos lábios, percebendo que Mariano estava tão atento a Hidalgo que sequer notou sua presença. E, como o bom amigo que era, ele pegou o copo que segurava e levou para de baixo do queixo do jogador:


— Opa, deixa eu colocar isso aqui antes que a baba ensope esse chão e o povo comece a escorregar. 


Mariano revirou os olhos e afastou o copo.


— Muito engraçado! — Disse com um sorriso debochado. — Estou morrendo de rir!


Valério riu e ficou ao lado dele, encarando o palco onde a amiga se apresentava.


— E então? Será que esse ano, você sai do zero a zero ou vai continuar aí idealizando um amor perfeito? 


— Olha só quem fala! — Nano olhou para o mexicano com uma sobrancelha erguida. — Macaco olha o seu rabo! Você também 'tá no zero a zero com a Malena a anos.


Valério suspirou.


— É mais complicado do que parece. A Male criou barreiras profundas em volta de si mesma, como forma de se proteger do mundo. Por mais que eu sinta que ela me deixa ter acesso a parte vulnerável dela, ainda não é o bastante para deixar todas as barreiras dela caírem para mim. — Solano tirou o chapéu de mosqueteiro e passou a mão no cabelo. — Você tem mais chances do que eu. — Indicou a argentina com a cabeça e Nano negou.


— Aura não é muito diferente da Male. Ela também criou barreiras profundas em volta de si mesma depois da morte dos pais e conviver com uma tia fria e distante, enquanto se mudava constantemente fez com que ela criasse um sistema auto-imune. — Pegou o copo de ponche que tinha esquecido que segurava e bebeu um pouco. — Elas são tão parecidas que chega a ser assustador. Digo, olhando por fora, parecem totalmente opostas, mas quando se olha por dentro...


— Percebe-se que são idênticas. — O moreno completou. — Eu percebi isso desde o dia que vi Aurora pela primeira vez. Seriam boas amigas.


Nano concordou.


— Aurora é e, ao mesmo tempo, não é a mesma garota de anos atrás. Antes dela namorar o idiota do Dominguez, eu lembro que ainda sentia nela aquela luz que ela sempre teve. Mas desde esse termino, essa luz parece que se apagou. — Comentou, não escondendo o seu desgosto em pronunciar o sobrenome do rei da pista. — Eu não entendo como ela ainda pode insistir nele, depois de tudo o que ele fez para ela.


O capitão do time de basquete encarou o argentino por longos segundos. Compartilhava com ele, o mesmo sentimento de incompreensão. Não somente por Aurora, mas também por Malena. O que o espanhol tinha de tão especial que conseguia ter da italiana, o que ele tanto lutava para ter?


— Essa história é mais complicada do que parece, cara. — Brincou com a borda do próprio copo. — E por mais que eu não goste do Rafael, eu imagino que não foi fácil para nenhum dos dois. 


— Valério, eu gostaria muito de entender o que se passa na cabeça dela. Afinal, se foi ela quem terminou com ele, por que ela não segue em frente? Por que insiste em ficar atrás dele?


O moreno o olhou pelo canto dos olhos, antes de dar de ombros. Haviam coisas que somente Aurora poderia explicar, ela tinha seus motivos e ele havia prometido a ela nunca revelar nenhum deles a alguém.


Porque ele não perdoou ela e, muito menos, ela consegue se perdoar, Valério pensou consigo mesmo.


Pouco a pouco, o coração vai perdendo a fé, perdendo a voz (Salva-me do esquecimento) Salva-me da solidão (Salva-me do tédio) Estou à sua disposição (Salva-me do esquecimento) Salva-me da escuridão (Salva-me do tédio) Não me deixe cair jamais


Quando a senhora Iglesias finalmente saiu e deixou Gustavo, novamente, sobre a responsabilidade das bebidas, Martín sorriu e se aproximou sorrateiro como uma víbora. O pobre auxiliar estava perdido; Queria desesperadamente ir ao banheiro, mas não poderia deixar a mesa sozinha.


O Ortiz, se aproveitando do fato de que estava usando uma máscara graças a fantasia de Don Juan, parou na frente do jovem de cabelos loiros e olhos castanhos. Gustavo era um pouco mais velho, deveria estar na casa dos vinte dois ou vinte e três anos.


— E aí! — Martín cumprimentou, antes de entregar o copo vazio para que fosse servido e assim o jovem o fez. — Obrigado. Ei, 'tá tudo bem aí, cara? — Indagou, notando que o mais velho estava com uma face tensa.


— Sim! Quer dizer, não, as coisas não estão nada bem por aqui. — Disse, fazendo o outro arquear uma sobrancelha, como quem diz "explique". — A senhora Iglesias teve que sair e me deixou sobre a responsabilidade de servir os alunos, mas eu estou desesperado para usar o banheiro.


Ouvir aquilo foi como ouvir os sinos do paraíso para o patinador que teve que se segurar para não abrir um sorriso enorme. Vai ser mais fácil do que tirar doce de um bebê, pensou completamente satisfeito com o rumo das coisas.


— É muito urgente? — Indagou, fingindo preocupação. — Se for, eu posso assumir o seu lugar, enquanto você se alivia. 


— 'Tá falando sério? — Gustavo perguntou surpreso.


— É claro que sim. E se você for rapidinho, acho que a senhora Iglesias sequer vai notar. — Seu tom de voz era completamente amigável e bastou isso para convencer o argentino.


— Muito obrigado, cara! Te devo uma! — Disse, antes de sair praticamente correndo para o banheiro mais próximo, deixando Martín no seu lugar. Ortiz sorriu malicioso ao tirar os pacotinhos com LSD do bolso.


— Eu é quem devo te agradecer, otário. — Disse para si mesmo, antes de olhar em volta e ter certeza que ninguém estava olhando, enquanto misturava a droga em todas as vasilhas com ponche e mexia até ela se dissolver completamente. 


Ele sabia muito bem o que viria a seguir, afinal o LSD é um alucinógeno, ou seja, é uma substância capaz de alterar a percepção daquele que faz seu uso. Essa alteração faz com que o usuário seja capaz de ver, sentir e ouvir coisas que não são reais. 


Martín usou quase toda a droga ali, sem receio algum. Guardando somente um pouco especialmente para a segunda parte do seu plano, no qual já havia separado dois copos com líquido não batizado. Ao ver que todo o serviço estava feito, agora era só esperar o caos começar. Quando Gustavo voltou, Martín se afastou com um sorriso enorme, enquanto segurava os copos. 


(Salva-me do esquecimento) Salva-me da solidão (Salva-me do tédio) Estou à sua disposição (Salva-me do esquecimento) Salva-me da escuridão (Salva-me do tédio) Não me deixe cair jamais (Salva-me do esquecimento)


Quando as duas patinadoras terminaram, todos aplaudiram para elas, fazendo ambas sorrirem e se abraçarem, antes de deixarem o palco. Enquanto eram cumprimentadas pelos demais, Fred colocou how deep is your love para tocar, fazendo com que muitos alunos voltassem à pista para dançar animadamente o sucesso de Calvin Harris.


— Eu disse que a galera ia amar! — A mexicana disse, enquanto puxava a argentina para a pista. 


— Você tinha razão! — Hidalgo concordou, elevando um pouco o tom de voz para que Mari pudesse ouvir devido a música alta. — Não sei porque, mas estou com a sensação que essa noite vai ser inesquecível!


— Tomara que seja mesmo!


Ironicamente, esquecer será tudo o que a maioria vai desejar depois daquela noite. Martín pensava animado, enquanto observava as duas, ao mesmo tempo que via os primeiros alunos serem servidos com a bebida batizada. À noite seria bem animada!


Notas Finais


🔱Olá, amores! Tudo bem? Como foi o réveillon e o carnaval de vocês? Bom, como prometido, aqui está o primeiro capítulo do ano de 2022!

🔱Avisinho rápido: Como vocês sabem, nós temos 19 personagens no elenco principal e para conseguir trabalhar com todos e ao mesmo não deixar os capítulos gigantes e cansativos de se ler, nós dividimos os grandes acontecimentos de USA em partes, então, uma parte do elenco aparece nesse capítulo e a outra vai aparecer na parte três (o próximo capítulo). Em capítulos normais, todos irão aparecer de forma regular. Todo mundo vai ter o seu destaque, entendido?

🔱Eu sei que o ritmo de postagem por aqui é meio lento e eu sinto muito por isso. No entanto, eu e a Larissa somos de estados diferentes, temos um fuso horário diferente e uma rotina intensa que envolve trabalho e estudos. Todavia, nós amamos demais essa interativa e por mais que ela demore para ser atualizada, nós não vamos desistir. Acredite, assim como vocês, nós sabemos o quanto é ruim se dedicar tanto a uma ficha e o autor desistir, às vezes sem sequer dá uma explicação para a desistência, simplesmente apagando e sumindo. Então, por mais que a atualização demore, ela sempre vai vir!

🔱Aqui estão alguns links importantes:

[https://youtu.be/lmOeSdYiTpg] - Música cantada por Marisol e Aurora.

[https://docs.google.com/document/d/1ZZjZXUCB55lT7Cckek-QIuWagv-pwFlXsZcY7rcbedw/edit?usp=drivesdk] - Os aceitos

[https://docs.google.com/document/d/1joeI1P67Wz3_AXKB7zwU6pddD96TX5lLbP6ZF8-l1dw/edit?usp=drivesdk] - Figurinos dos alunos e a decoração do baile.

[https://chat.whatsapp.com/K80j4QP8XoIGIczsFafxwV] - Grupo da fic.


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