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História Universe School Arts - Interativa - Capítulo 14


Escrita por: Electric_Girl e schoolarts

Capítulo 14 - Capítulo 13: À noite dos clássicos - Parte 03


Valério Luan Solano. Nove sílabas e dezenove letras. Uma quantidade extremamente pequena levando em consideração os sentimentos que esse nome traz para quem o conhece -o que se resume a quase todo o USA. 


Mesmo assim, é difícil para qualquer um deles explicar o que exatamente faz com que Valério seja uma pessoa tão marcante na vida de todos. Alguns chutam ser seu carisma, enquanto outros dizem ser apenas resultado de sua popularidade por ser a principal estrela do atletismo, mas de alguma forma todos chegam à mesma conclusão: o sorriso. Aquele maldito sorriso solto que está constantemente estampado no rosto do nosso jovem mexicano que brilhava como uma farol no meio de todo aquela neblina que os cercavam gerada pela pressão estudantil e criativa que o USA exigia, já que além de manter um padrão alto de notas também existia a cobrança incessante em explorar os diversos talentos de seus alunos nas oficinas.


No entanto, Valério nunca parecia incomodado com seu desempenho, tanto na quadra quanto na sala de aula. Ele apenas andava por aí com uma bola de basquete nas mãos, cumprimentando todos no seu caminho perguntando como havia sido o seu dia ou pedindo desculpas por não ir assistir um filme que havia combinado um colega porque se distraiu e acabou esquecendo –e, qual é, com aquele rostinho, quem ficaria bravo com ele?


Mas, para Christian, Valério não era um farol. 


Valério recordava de uma cena que notará no primeiro verão que Chris passou em Veneza sem a companhia de sua adorável avó; Sentado na entrada do restaurante fechado diante do Grand Canal enquanto a noite caía e as mariposas rodeavam a luz da entrada que Ricardo havia deixado acesa presas em uma atração fatal, já que, obviamente, durante aquela longa e escura noite, uma a uma, elas superaqueceram e morreram queimadas.


As mariposas confundiam o invento de Thomas Edison com a lua e essa confusão as levava para o fim de sua existência. Mas a lâmpada permanecia lá acesa até que chegasse o sol e sua utilidade fosse dispensável. 


Valério era como aquela lua artificial que enganava aqueles tolos insetos noturnos fascinados e Christian iria fazer questão de manter distância ficando, assim, sã e salvo da luminosidade falsa que Solano irradiava. 


Tais pensamentos surgiram, enquanto observava o colega de time conversando com uma garota loira do outro lado da pista. Ela estava de costas para ele, impossibilitando que ele visse de quem se tratava. Mas desde que ela se aproximou, o mexicano tinha um sorriso alegremente congelado no rosto. A cada cinco palavras, em três ele estava sorrindo e isso era incrivelmente irritante. Como alguém poderia ser tão feliz? Ou melhor dizendo, como alguém poderia ser tão feliz o tempo todo? As bochechas dele não doíam de tanto sorrir?


O italiano revirou os olhos e desviou o olhar para outro lugar, observando o baile com atenção, procurando algo que o interessasse. Não que estivesse detestando tudo, mas estava acostumado com festas bem mais animadas, onde a bebida, o sexo e até mesmo as drogas deixavam tudo bem mais interessante. As pessoas se soltam com mais facilidade se possuem algo em seu sangue, elas ficam livres de seus preconceitos, de sua falsa moral, de suas amarras e empecilhos. O prazer fala mais alto, assim como a vontade de experimentar a merecida sensação de liberdade, mesmo que a curto prazo.


Suspirou entediado, enquanto discretamente tirava um cantil cheio de grappa, uma bebida alcoólica bastante tradicional em seu país natal, do bolso e discretamente misturou no copo de ponche que estava em sua mão. 


Somente um bom porre para me salvar disso aqui, Chris pensava antes de levar o copo aos lábios. Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de Pablo que havia se aproximado da mesa de bebidas, bem ao lado de onde o moreno estava.


Moretti olhou para o Mendes com um olhar predatório, como se fosse capaz de ver tudo o que o garoto escondia atrás daquelas roupas. Seus olhos castanhos brilhavam na mais pura malícia ao se imaginar tirando aquele vestido.


Christian estava bem impressionado com a ousadia do outro, afinal ele estava vestido de Alice! Com certeza, ele havia quebrado muitos tabus e isso estava bastante óbvio pela forma que ele chamava atenção por onde passava. Alguns cochichos eram inevitáveis por parte dos alunos; Alguns gostaram da escolha, já aqueles com a mente fechada viam aquilo como uma grande falta de respeito. Enquanto Christian, um amante do caos e da rebeldia, assumia silenciosamente ter adorado aquele tapa na cara dos ditos "certinhos" da Universe School Arts. Só por essa simples atitude, o desconhecido havia ganhado alguns pontos com ele. E, quem sabe, talvez ganhasse bem mais.


Ele andou na direção do loiro que se encontrava distraído, enchendo o próprio copo, quando Malena se aproximou dele, fazendo o italiano deter os passos, quando só faltavam apenas alguns centímetros para chegar no argentino.


— Pablo preciso que tire uma foto comigo agora. — A rainha da pista disse com seu habitual tom de voz autoritário, como se estivesse dando uma ordem a um súdito e não pedindo algo a um colega de equipe.


Pablo riu, antes de beber um pequeno gole de sua bebida e olhar para a italiana de sobrancelha erguida.


— Boa noite para você também, Lena, eu estou bem, muito obrigado por perguntar. — O argentino disse com uma gota de sarcasmo na voz, a mais baixa bufou impaciente.


— Minha mãe mandou que a equipe tirasse fotos para postar no perfil oficial do Thunder nas redes sociais. — Esclareceu. — É sempre bom manter nossos seguidores atualizados, isso chama a atenção.


— Ah, marketing. — O loiro disse, entendendo o que Malena deixou subentendido. — Será que nem mesmo em dias de festa, a Charlotte esquece um pouco a pista? 


Malena mordeu o lábio inferior, dando de ombros em seguida. Se Pablo soubesse que não havia outra coisa que interessasse a treinadora, como a pista ficaria surpreso. Desde que se lembrava, a vida da francesa girava em torno da pista de patinação. Seja no natal, réveillon, carnaval, páscoa, independência, ela estava pensando unicamente na pista. Por que em dias de festas escolares seria diferente?


A Camello poderia estar agora mesmo no escritório de casa, trabalhando com o notebook aberto e bebendo um delicioso darjeeling tea, mas fazia questão de que todas as suas ordens fossem prontamente atendidas por seus patinadores, seja onde estivessem. Ela não dormiria, enquanto Malena não cumprisse suas ordens e enviasse as fotos a ela. E Male havia aprendido a nunca contrariar a mais velha porque como diz o velho ditado popular: "Manda quem pode e obedece quem tem juízo".


— Apenas vamos tirar logo essa foto e acabar logo com isso para aproveitarmos a festa. — Disse, se colocando ao lado dele e posicionando a câmera em direção ao seus rostos. Ambos sorriram e a foto foi tirada. — Perfeito, só preciso tirar uma foto de corpo inteiro agora. — A garota vestida de rainha de copas disse, olhando para a selfie recém tirada.


— Posso cuidar disso. — Christian disse se aproximando, fazendo ambos os patinadores se virarem ao mesmo tempo para olhar em sua direção. — Se vocês quiserem, é claro.


A italiana arqueou uma sobrancelha ao olhar para ele, o medindo de cima a baixo com um olhar indecifrável. Não havia simpatia alguma ali, mas também não havia nenhum pouco de desdém e essa falta de exatidão incomodou o Moretti mais velho.


A patinadora estava pronta para dizer algo, quando Pablo se antecipou tirando o celular de suas mãos e entregando ao outro:


— É claro que queremos! — Ele abraçou Male pelos ombros e ela o encarou. — Vamos logo com isso, Lena, eu quero me divertir. — Explicou, a vendo revirar os olhos antes de sorrir e Chris tirar a foto. — Viu? Foi rápido e indolor, agora tchau para vocês. — Em um gesto atrevido e inesperado, ele deu um beijo rápido no rosto de Malena que revirou os olhos e limpou a face beijada pelo amigo/rival, o fazendo rir. — Até mais, majestade! E tchau para você também, príncipe das trevas! Obrigado pelo favor. — Se despediu, indo embora em seguida.


Agora sozinhos, Malena observava a foto tirada, enquanto Christian olhava para ela fixamente. Ao sentir o olhar dele, ela ergueu o olhar em sua direção e sem dizer uma palavra, saiu em seguida. Sem nem mesmo dizer um obrigado. Isso não incomodou o adolescente, apenas o fez ter ainda mais certeza que sua meia-irmã era mais parecida com ele, do que ele poderia imaginar. E isso poderia ser uma vantagem, ao mesmo tempo que também poderia ser um grande problema no futuro.


O barulho de algo caindo chamou sua atenção, o fazendo olhar para trás de si, onde uma garota havia acabado de esbarrar em um objeto de decoração, o deixando cair. Mas ao invés de se preocupar, a jovem de cabelos castanhos riu, como se aquilo tivesse sido a coisa mais engraçada do mundo. Ela estava nitidamente ofegante, como se tivesse saído de uma maratona e ao lado dela, estava um garoto ruivo que parecia estar no mesmo estado: Rindo, como se algo tão banal fosse engraçado. 


O italiano ergueu uma sobrancelha, confuso com aquela cena. Logo, ele desviou o olhar para dois garotos que se aproximavam da mesa de ponche meio cambaleantes e igualmente rindo de algo desconexo. Assim que pegaram a bebida, eles beberam rápido demais, como se algo ali precisasse desesperadamente ser saboreado por seus lábios. Naquele momento, a mente experiente do Moretti não demorou a entender o que estava acontecendo:


— Drogados. — Sussurrou para si mesmo. — O ponche foi batizado! — A surpresa durou poucos segundos, pois logo um sorriso divertido surgiu em seus lábios.


Agora sim, as coisas iriam ficar bem mais animadas por ali.


.


A música estava alta, mas ao mesmo tempo parecia extremamente lenta para ela. Ainda sim, ela se movia ao ritmo da música, deixando a melodia de Chandelier chegar aos seus ouvidos, enquanto movimentava seu corpo de forma frenética. O suor já escorria por sua pele e molhava todo o vestido, fazendo com que ele valorizasse seu corpo quase que de forma indevida. Seus pés doíam, devido ao salto, denunciando que estava dançando a algum tempo, mas a quanto tempo? Ela não sabia dizer. 


Havia ido para a pista com seu primo, Gael estava alegre, um pouco cambaleante quando ele lhe ofereceu um pouco de ponche e ela aceitou. Eles beberam juntos e ela não se lembrava do que aconteceu depois disso. Onde estava Gael? Para onde ele foi?


As luzes pareciam bem mais brilhantes, a música lenta aos seus ouvidos foi ficando cada vez mais distante, seus batimentos cardíacos estavam tão altos que ela julgava poder ouví-los melhor do que ouvia a música e, mesmo ofegante, Rosalind ria para o nada, parecendo se divertir pelo fato de ver tudo turvo. Eram apenas flashes de luz à sua volta, sua percepção de espaço havia ido embora, ela nem mesmo sabia dizer onde estava e se havia alguém por perto. O copo já estava ficando vazio e sua garganta queimava por mais, seu corpo implorava desesperadamente por mais daquilo, como se fosse um líquido precioso e ela estivesse morrendo de sede. Mas aquele já era seu quinto copo… Ou seria sexto? Ela já não sabia dizer. 


A verdade é que Rosalind não sabia que um simples ponche poderia ser tão bom assim. Ela nunca havia experimentado uma sensação tão forte de liberdade e euforia desde que Bianca havia ido embora. Bianca… Pensar na melhor amiga fez surgir uma dor muito grande em seu peito, como se tivesse um enorme buraco ali e que nunca seria tapado.


A euforia foi dando lugar à melancolia e enfim a tristeza. Lágrimas surgiram nos olhos escuros da Lykaios, quando as lembranças daquele fatídico dia insistiram em invadir sua memória e a torturar com aquela imagem de Bianca pálida e já sem vida na sua frente. A dor foi sentida na mesma intensidade que na primeira vez, como se estivesse acontecendo agora, ali mesmo e naquele momento.


Rose cambaleou, se sentindo tonta de repente. O chão havia desaparecido, seus dedos ficaram frios e ela fechou os olhos por um momento, tentando fazer com que sua visão voltasse ao normal. No entanto, ao abrir os olhos novamente, sua alma quase saiu do corpo, quando ela viu Bianca Ioannou, sua antiga amiga, do outro lado da pista, a observando com um de seus sorrisos dignos de seu humor exótico. Ela estava exatamente igual, as mesmas roupas daquele dia, o mesmo penteado, a mesma maquiagem como se o tempo não tivesse passado e ela não tivesse sido enterrada a quase um ano.


Uma pessoa fantasiada passou na sua frente, bloqueando a visão de Rosalind por alguns segundos e quando conseguiu voltar a olhar, ela não estava mais ali. Todavia, aquela imagem a deixou completamente atordoada ao ponto da ruiva sair correndo do baile, olhando para trás como se estivesse sendo seguida. No entanto, ela se descuidou e pisou na barra do vestido longo de Clarisse Dalloway e caindo no chão frio do corredor vazio e escuro. O vestido acabou rasgando na borda, assim como seu joelho acabou ralando e seu lábio acabou cortando devido a queda.


A grega chorou quando sentiu o joelho arder e o gosto de sangue nos lábios, se encolhendo em um canto. Ela só queria que aquela dor passasse e nem mesmo era a dor física causada pela queda, mas a dor que dominava seu peito a meses e que ela julgou passar, quando se mudou para a Argentina. Todavia, existem males que nos acompanham e nos perseguem, como monstros que vivem embaixo da nossa cama. Você pode mudar de casa, de cama, mas os monstros continuarão lá porque existem dentro da sua mente.


Assim eram os traumas da patinadora, ela poderia se mudar para quantos lugares quisesse, mas enquanto não tirasse essa dor de dentro dela, ela jamais poderia seguir em frente, como todos fizeram.


Rose sentiu uma mão tocar o seu cabelo em um carinho suave e ela ergueu o olhar assustada, mas igualmente feroz, como um felino que acaba de ser ferido e mesmo sentindo dor está pronto para se defender de um possível novo ataque. Rapidamente, ela se levantou mesmo que se apoiando na parede para isso.


— Ei, calma! — Daniel disse erguendo as mãos em sinal de rendição e também em sinal de paz. — Eu não vou te machucar, fica tranquila. — A tranquilizou. — Apenas te vi encolhida aí no canto e pensei que pudesse estar passando mal. — Justificou. — Você 'tá bem?


Rosalind o olhou ainda desconfiada, não respondendo ao questionamento do rapaz. Hoffmann desceu seu olhar, procurando algum possível ferimento, já que pelo menos à primeira vista, não parecia haver nada de errado. Até que viu o vestido rasgado e finalmente notou que seu joelho estava ralado. E chegando um pouco mais perto, ele conseguiu ver um pequeno corte no canto esquerdo do lábio inferior dela que se não fosse cuidado poderia muito bem ficar inchado no outro dia.


— Como se machucou? — Indagou preocupado, mas ela continuou calada o observando. O alemão suspirou. — Eu quero te ajudar, mas para isso, preciso que me diga o que aconteceu. — Segurou as mãos dela com delicadeza, dando um pequeno e sutil aperto para que ela sentisse confiança. — Me ajude a te ajudar.


Rosalind suspirou. Sua cabeça voltou a girar e mais uma vez, o chão pareceu desaparecer debaixo de seus pés e ela perdeu o equilíbrio, quase caindo, mas sendo rapidamente amparado pelo garoto de traços asiáticos.


— Está tudo bem, eu te peguei. — Disse, vendo que ela deitou a cabeça no seu ombro. Ela, com toda certeza, não estava nenhum pouco bem. — Olhe para mim. — Pediu e a Lykaios o olhou. — Suas pupilas estão dilatadas, você está claramente tonta e te sinto gelada e trêmula. Seus lábios estão ressecados. — A mirou tanto preocupado, quanto desconfiado quanto ao seu estado. Ela mal compreendia o que ele  estava dizendo, a voz dele estava ficando distante e um pouco lenta como se estivesse robotizada. — Muito bem. Pode me dizer quantos dedos tem aqui? — Questionou, mostrando cinco dedos a ela, enquanto a outra mão estava firme em sua cintura para que não caísse, vendo a grega fazer um esforço para poder ver, mas estava tudo bem confuso e embaralhado.


Ela riu.


— Acha mesmo que sou burra? Obviamente, você tem quinze dedos aí! — Respondeu, convicta do que dizia.


— É, você 'tá completamente chapada! — Observou, vendo a garota brincar com seus cabelos ainda rindo. — Ou você bebeu muito ou se drogou.


— Eu não bebi! Quer dizer, apenas uns copinhos de ponche de frutas vermelhas. Estava uma delícia, você provou? — Justificou, como uma criança que rapidamente tenta arrumar uma desculpa para se livrar da bronca. — Eu quero mais.


— Oh, porra! — Disse, entendendo rapidamente o significado do que Rosalind havia acabado de dizer. — Diese Motherfucker nannten den Punsch! — Exclamou em alemão, antes de respirar fundo para se manter calmo. Um ponche batizado era o menor dos seus problemas naquele momento. — Olha, eu vou te pegar no colo agora, tudo bem? Não se preocupe, eu só quero te ajudar. 


— Um tarado diria isso. — Murmurou e dessa vez ele riu, a pegando no colo em seguida. Ela não era pesada, mas ele também não diria que era leve, no entanto se uma coisa servia a dança e a patinação é que seus músculos acabam se adaptando bem a algumas situações, como salvar jovens sobre o efeito de drogas, por exemplo.


— Fica tranquila. A fruta que você come, eu como até o caroço! — Piscou para ela, a vendo olhá-lo confusa e tentando raciocinar o significado daquelas palavras. — Ih, esquece! Vamos cuidar desses machucados e amanhã, você volta ao seu estado normal. 


.


Gael caminhava a passos lentos em direção ao refeitório vazio. Se sentia um tanto quanto tonto, mas estava inacreditavelmente feliz. Não se lembrava o momento exato que deixou o baile, tudo estava um pouco confuso em sua mente.


Se lembrava de estar com o pessoal da oficina de música, quando Zach, um de seus colegas, chegou eufórico e os incentivou a beber um pouco do ponche que, segundo ele, estava sensacional. Nas palavras dele, aquele era o melhor ponche que havia experimentado na vida! 


Zach estava nitidamente fora de si e Gael percebeu isso, mas Zach não falava nada que fosse de fato lógico e que pudesse justificar o seu estado. Alguns disseram que ou ele estava chapado ou estava drogado, todavia o chileno discordava. Zachary tinha apenas quinze anos, era de uma família tradicionalmente católica e abominava a ideia de ir contra os princípios religiosos que seus pais lhe ensinaram. Havia sido um grande sacrifício convencê-lo a ir ao baile, não fazia sentido ele ter ingerido alguma substância ilícita escondido. 


Dávilla não teve tempo de pensar muito à respeito, pois o garoto de fios negros tanto insistiu que conseguiu convencer seus colegas a experimentar o ponche, os chamando de medrosos por evitarem um pouco de diversão. Infelizmente, Gael só se deu conta do que aquilo queria dizer, quando já havia bebido todo o líquido em seu copo. E quando sentiu o sabor daquilo pela primeira vez, ele imediatamente quis experimentar mais. Afinal, aquilo era somente um ponche de frutas, não havia nada de errado nisso. Ele só precisava de um pouco mais. 


E após o primeiro copo, ele perdeu a noção de quantos mais vieram depois. Perdeu a noção de quanto tempo havia se passado e para onde os seus colegas foram. Ele não se lembrava nem se realmente esteve com seus colegas ou se estava imaginando coisas. Tudo estava ficando um pouco confuso na sua mente, ele jurava ter visto um dragão verde batendo as gigantes asas de morcego perto da mesa do DJ. Ele tinha certeza que havia visto um dragão ali, mas não sabia dizer quem havia o deixado entrar.


Ele já estava no seu sétimo copo, quando deixou Rosalind dançando na pista como se não houvesse um amanhã. Agora, ele andava com um sorriso enorme nos lábios, se sentindo incrivelmente feliz, mas sem entender exatamente o motivo para se sentir assim. O chileno apenas se sentia leve e livre como uma pena, andava como se estivesse flutuando pelo chão e era assim que se sentia e como via as coisas.


Aos olhos de Gael, o chão havia se transformado em nuvens e ele estava pisando nelas. À noite havia se tornado um dia lindo, com um sol brilhante e uma brisa fresca. Ele andava tomando cuidado para não cair lá embaixo, de braços abertos e como se estivesse andando em uma corda bamba. Ainda sim, o jovem Romeu sorria diante a sensação de estar desafiando as leis da gravidade e talvez até mesmo da lógica.


Entrando no refeitório, não muito longe ele viu uma jovem de cabelos castanhos que caíam ondulados por suas costas, como uma cascata. Ela usava um vestido longo vermelho com mangas bufantes com detalhes no busto e na saia. A jovem estava sentada em cima da mesa, de pernas cruzadas e com um baralho de cartas em mãos. Ela as embaralhava bem devagar, mas ainda sim era nítido a sua habilidade em fazê-lo. 


O som de passos fez a jovem Serrano erguer o olhar na direção de Gael e sorrir, pois finalmente teria alguma companhia. Ao seu lado, ela tinha cerca de dois copos vazios de ponche. Ainda não estava fora de si, mas também não estava em seu juízo perfeito. Diferente do chileno que jurava estar pisando em nuvens.


— Finalmente! Achei que iria morrer de tédio aqui. — Sofia disse e isso fez o moreno erguer uma sobrancelha por um momento. De onde ela havia surgido? — O que foi, Romeu?


— Julieta? O que faz aqui? — Dávilla se aproximou de olhos arregalados. — Você deveria estar morta! Shakespeare te matou em Verona!


— Você também. — Seu sorriso aumentou. — Vai ver estamos mortos. 


— Isso não faz o menor sentido. — Gael disse confuso e a mais nova riu. 


— Nada está fazendo sentido hoje. — Deu de ombros, antes de voltar a embaralhar as cartas. — Vamos apenas aproveitar esse momento de liberdade, pois não sabemos quando a realidade chata pretende voltar a nos atormentar. — Com o pé, ela empurrou o músico levemente e o fez cair sentado na cadeira atrás de si. — Quer brincar, Romeu?


— Do que? — Olhou para as cartas nas mãos dela. — Pôquer? — Sorriu malicioso.


— Fácil demais, comum demais. Gosto de tentar coisas novas. — Ela mordeu o lábio inferior. — Como jogos sensuais, por exemplo. — Voltou a embaralhar as cartas, quase que inconscientemente e mantendo seus olhos castanhos feito o chocolate fixos no chileno. —  Que tal criarmos o nosso próprio jogo?


— Julieta, Julieta, tome cuidado. — Alertou em um tom de voz baixo, mas ela conseguiu ouvir, a encarando quase sem piscar. — O que você tem em mente pode ser bastante perigoso. Quem brinca com fogo, pode acabar se queimando!


A argentina tombou a cabeça de lado e sorriu provocante, antes de descer da mesa lentamente como se estivesse gostando da sensação de ter o olhar do jovem nela.


— Eu não me importo. — Se aproximou dele, chegando por trás passando a mão no ombro dele suavemente, fazendo Dávilla sentir arrepios. Sofia se abaixou e aproximou os lábios avermelhados do ouvido dele, antes de sussurrar: — Porque eu sempre gostei de brincar com fogo. 


Sedutora. Sofia Serrano era uma garota inegavelmente sedutora que mesmo parcialmente drogada, ainda sabia exatamente como conduzir as coisas da forma que ela queria. Porque, no final, tudo precisava ser do jeito dela ou não tinha jeito nenhum. Para o orgulho de Alfonso, Sofia era uma perfeita cópia sua.


— A julgar pelo o seu atual estado, precisamos de algo simples e de fácil compreensão. — Ela fez um biquinho adorável, enquanto ficava pensativa. — Que tal darmos uma ação para as cartas do baralho? — Ao ver o olhar confuso dele, ela o olhou maliciosa. — Nós escolhemos uma função para cada uma. — Se levantou, voltando a se sentar na mesa e na frente dele. — Se você tirar um rei, eu faço carícias em você. — Sofia tirou os sapatos com os pés mesmo e os deixou caírem no chão. Logo em seguida, ela usou o pé esquerdo para fazer carícias sutis no peitoral do jovem.


Gael a olhava com um olhar brilhando em empolgação. Ele segurou o pé dela e ergueu um pouco a saia do vestido, distribuindo alguns beijos suaves na pele exposta. Sofi sorriu, antes de o empurrar para o seu lugar de novo.


— Se tirar qualquer dama, você faz carícias em mim. — Ela continuou. — Mas não pode retribuir. — Acrescentou e ele a olhou decepcionado, mas nada disse contra, aceitando o desafio. — Valete?


— Um beijo! — Exclamou, desesperado por sentir o gostinho daqueles lábios pequenos e rosados que pareciam testar o que restava de sua sanidade mental. — Por favor.


— Acabei de descobrir que gosto quando você implora. — Sussurou. — Fechado! Valete vale um beijo. — Concordou. — Ah, o Ás é a minha carta favorita. 


— Dizem que é a carta da sorte. 


— Nesse caso, seu valor deve ser mais alto. — Ela embaralhou as cartas de novo. — O que você sugere, Romeu?


Gael ficou pensativo por longos minutos, devido ao seu atual raciocínio lento. A argentina não pareceu se importar, na verdade, Sofia era muito paciente. Gostava de tudo feito com calma, pois as melhores coisas deveriam ser apreciadas com tempo para que pudessem ser melhor aproveitadas. 


— Os três juntos. — Finalmente respondeu e a garota o olhou aprovando a escolha. Em seguida, ela colocou o baralho em cima da mesa, a uma distância perfeita dos dois. — Primeiro as damas. — Indicou para ela começar.


Sofia virou a primeira carta, se decepcionando ao ver um Seis de Paus. Logo foi a vez do chileno que não teve nem tempo de mostrar sua empolgação ao ver a carta de um Rei de Ouros. Sofia foi ágil como uma gata ao descer da mesa e lhe tirar a parte de cima da fantasia, a jogando no chão, enquanto puxava a camisa social para fora da calça e levava uma das mãos para o abdômen dele, ao mesmo tempo que levava a outra para a parte interna de suas pernas, fazendo um carinho suave ali. Seus lábios foram ao pescoço dele depositando beijos e leves mordidas. As mãos habilidosas de Sofia exploraram tudo: Pernas, braços, abdômen, virilha… E por onde passavam, Gael sentia um novo arrepio, ao mesmo tempo que não conseguia evitar um longo suspiro de prazer. Até que ela parou e voltou para o seu lugar, virando a próxima carta: Cinco de Espadas.


— Julieta… — Tentou dizer, mas ela levou um dedo aos seus lábios, o silenciando.


— Calma, Romeu. — Sussurrou. — O jogo só está começando. — É sua vez de jogar.


Ele estava trêmulo, não sabia dizer se era efeito do ponche ou do prazer que a Serrano estava lhe proporcionando. Dávilla só sabia que em hipótese alguma queria que aquele jogo acabasse. Então, virou uma carta suspirando frustrado ao ver um Quatro de Copas.


— Julieta. — Choramingou. Ela sorria maliciosa, o fazendo ficar paralisado. Não suportava a sensação de tê-la tão perto, mas, ao mesmo tempo, tão longe. A morena virou uma carta e para a alegria dele era um Valete de Paus.


A argentina se sentou no colo do chileno e dessa vez, ele foi mais rápido e tomou a iniciativa, quebrando aquela maldita distância ao beijá-la, calando assim o seu desejo em sentir o sabor daqueles lábios que pareciam gritar por ele.


O beijo desde o primeiro segundo foi intenso, cercado de um desejo mútuo. Ao mesmo tempo, ele era lento, como se ambos quisessem explorar cada canto da boca um do outro. Conhecer, se aventurar e experimentar em um território novo e único. Quando o ar se fez necessário, eles se afastaram em um selinho demorado. Os lábios estavam vermelhos, devido a intensidade e o batom que um dia esteve na boca da jovem. 


Com os olhos brilhando em desejo, ele virou a próxima carta: Oito de Espadas.


— Isso vai ter fim? — Ele indagou e ela virou a próxima carta.


— Agora vai. — Disse, vendo o Ás ali. Rapidamente Gael se levantou, deixando a cadeira cair devido a rapidez e beijou a aspirante a dançarina novamente com a mesma intensidade de antes.


Eles se tocaram com urgência. Como Sofia estava sentada na mesa, ela foi se deitando e o puxando para vir junto, enquanto abria os botões de sua camisa. Rapidamente, ele parou o beijo e a olhou ofegante:


— Alguém pode chegar.


— Então é melhor você ser rápido. — Provocou, o puxando para o beijo novamente e tratando de terminar de tirar a sua camisa.


.


Fora de controle. Essa era a definição perfeita para falarmos da atual situação que se encontrava os adolescentes no baile. A maioria dançava freneticamente na pista, enquanto a outra metade estava espalhada por todo lugar ou até mesmo pelo colégio. Eles conversavam, riam de coisas desconexas, esbarravam em objetos e pessoas. Ainda sim, o baile continuava, mesmo que sob a total atenção dos professores que buscavam entender o que estava acontecendo e aguardavam o menor sinal de catástrofe para encerrar a festa mais cedo.


Enquanto isso, em um canto isolado, Dante procurava um certo grego de fios claros por toda parte. Ele não conseguia evitar pensar no jovem intrigante e misterioso que conheceu na livraria e com quem teve uma conversa extremamente atraente. O italiano gostaria de repetir a dose, ele precisava de um pouco mais do que algumas palavras, ele precisava de mais ação.


O copo com o ponche estava cheio em sua mão. Havia bebido apenas alguns goles, quando notou o estado dos outros alunos. Dante não era nenhum pouco idiota, ele já havia visto pessoas embriagadas e drogadas antes. Já esteve em algumas festas adolescentes em Florença e sabia identificar quando uma pessoa estava fora de si. A julgar pelo fato de que no baile não havia bebida alcoólica, a única explicação para aquilo era que haviam batizado o ponche. Rapidamente, ele parou de beber, impedindo que a droga afetasse o seu cérebro.


Chioccola negou com a cabeça. Primeiro o trote, agora batizam o ponche; Eles não estavam brincando. Os alunos da Universe School Arts jogavam pesado e não davam descanso a ninguém, definitivamente a frase: "Esse lugar não é para os fracos" deveria está incluída no site de inscrição. Em menos de uma semana, o loiro havia vivido mais emoções do que todos os seus dezessete anos de vida.


Um barulho chamou sua atenção e ele olhou para trás, vendo a porta que dava para o jardim dos fundos aberta. Sua intuição foi forte, então deixou o copo em cima da mesa e seguiu até o local, desviando de algumas pessoas que estavam dançando e esbarrando em si no caminho. 


Ao chegar, o italiano ficou surpreso ao ver cinco garotos mascarados tentando agredir um outro garoto que estava usando uma fantasia de Frankenstein. E mesmo em total desvantagem, o coreano não estava nenhum pouco intimidado e mesmo com a roupa já parcialmente rasgada e um corte na sobrancelha direita, ele ainda estava de pé e em posição de defesa sorrindo debochado para os outros cinco.


Michael jamais imaginou que sua noite iria terminar daquela forma. Em algum momento da festa, ele e Daniel havia seguido caminhos opostos e o Hwang encontrou sua irmã em um canto, mas para a sua raiva, Irene estava sendo importunada por um garoto da equipe de natação que insistia em lhe passar cantadas baratas e tentar avanços mesmo com ela dizendo que não estava interessada.


Aquilo irritou o patinador profundamente. Irene era sua irmã, a pessoa mais importante da sua vida e ninguém mexia com ela. Então, guiado por seu instinto de irmão super protetor, ele rapidamente se aproximou dos dois e puxou a garota para trás de si. O rapaz claramente não gostou da intromissão e já meio alterado pela droga em sua corrente sanguínea, começou a discutir com Mike. Irene puxou o braço do gêmeo na tentativa de fazê-lo parar e ir embora com ela, mas ele não lhe deu ouvidos.


E a situação se tornou pior, pois quatro amigos do nadador se aproximaram para o desespero de Irene. Michael, no entanto, encarou os cinco sem medo e ainda debochou da situação ao dizer:


— Bem que dizem que todo jumento anda com a sua burricada! 


Aquilo foi o suficiente para o garoto ser arrastado pelos fundos, sobre os gritos e protestos da morena que correu para chamar algum responsável, temendo pela integridade física de Michael.


Já nos fundos, ele foi jogado no chão e recebeu o primeiro soco. Mas se havia algo bom que seus pais já fizeram por ele era tê-lo colocado nas aulas de boxe, quando era mais novo. Ele poderia até apanhar, mas estava disposto a derrubar pelo menos três antes disso. O coreano aplicou um jab no garoto da esquerda, o fazendo cambalear, enquanto um outro vinha e era recebido por um cruzado de direita, caindo no chão. Infelizmente, Mike não conseguiu evitar um chute no estômago por parte de um dos garotos, o fazendo levar a mão ao local. Em seguida, ele recebeu um soco.


Mesmo sentindo dor, o Hwang riu para a irritação dos demais.


— É só isso? Cara, minha irmã bate mais forte do que isso. — Debochou.


Dante não era conhecido por ser bom de briga, mas não iria deixar tamanha covardia acontecer bem ali, diante dos seus olhos e ele não fazer nada para evitar.


— Ei! — Gritou, chamando a atenção dos seis garotos. — Por que não o deixam em paz? — Ele não sabia de onde havia tirado tanta coragem, mas agradecia aos céus por sua voz ter saído firme e não denunciando o quanto estava nervoso. — Cinco contra um? Isso é covardia!


— E o que você tem haver com isso? — Um deles indagou irritado. — Quer apanhar também, cara? 


— Posso até apanhar, mas não vou deixar esse ato covarde acontecer bem na minha frente. — Disse, tirando o chapéu que usava da fantasia de Julien Sorel e o jogando na grama, ao mesmo tempo que se colocava ao lado do patinador, imitando sua posição de defesa e erguendo os punhos para a frente do corpo.


Seu subconsciente gritava que ele estava fazendo a maior burrice de sua vida. Tentava o puxar para a razão, o alertando do perigo que era entrar naquela briga estando em minoria. Seu instinto o mandava correr e procurar ajuda, mas agora era tarde. Se fugisse, seria um covarde e ele não suportava se imaginar sendo chamado assim.


— É sério que estão dando uma festa privada e não me chamaram? — Uma voz masculina e um tanto quanto rouca surgiu das sombras. — Estou um pouco ofendido.


Stefan Galanis se aproximou, já tirando o paletó branco da fantasia de Jay Gatsby e o colocando na grama, ao mesmo tempo que puxava as mangas da camisa social para cima e as dobrava até a altura do cotovelo. Seu olhar estava fixo nos cinco brutamontes que se sentiram intimidados por sua presença e, principalmente, pelos seus olhos azuis severos.


O novato havia chegado a pouco tempo, mas o sobrenome Galanis tinha um forte peso na hierarquia escolar do colégio. Afinal, esse era um dos sobrenomes do rei da pista e Rafael já foi visto com o primo algumas vezes naquela semana. Encostar um dedo em um Galanis, inevitavelmente significava declarar uma verdadeira guerra contra o outro. E o capitão do Thunder poderia ser tão ruim quanto Malena quando o assunto era mostrar quem de fato mandava naquela escola.


Além disso, Stefan por si só já era intimidante o suficiente. Havia algo no seu olhar, na sua forma de falar, no seu tom de voz e até mesmo no seu andar que denunciava que mesmo sendo quieto em seu canto, ele poderia sim ser bastante perigoso. Afinal, a natureza felina acompanhava a essência de sua família. Aparentar ser calmo e inofensivo até o momento que se sente ameaçado e precisa mostrar as garras afiadas e as presas em nome da própria sobrevivência. Tefin conhecia formas diferentes de ferir alguém, não necessariamente dependendo da força bruta. Até porque já foi comprovado que danos mentais podem ser infinitamente mais dolorosos do que danos físicos. Havia um leque de possibilidades para acabar com alguém, usando somente a inteligência em seu favor. 


Dante mordeu o lábio ao olhar para Stefan. Ele estava absurdamente sexy com aquela roupa e com aquela expressão séria. Estava de tirar o fôlego! Todavia, decidiu afastar tais pensamentos ao se dar conta da situação em que estavam. Não era hora de maliciar nada, mesmo que a tentação estivesse bem diante os seus olhos.


— Cinco contra três me parece um pouco melhor. — O greco-espanhol disse olhando para a face de cada um dos seus adversários. — E então, brutamontes? Quem vai começar a sessão de pancadaria primeiro? — Se colocou em posição de defesa.


No entanto, antes que as agressões começassem, Irene apareceu na companhia de dois seguranças do colégio e ao notarem a chegada dos mais velhos, os cinco correram depressa, sendo seguidos pelos funcionários. Para o alívio dos três, pois se Mike ao menos sabia lutar, os outros dois não se garantiam assim.


— Hyunnie! — Irene disse correndo para o abraçar. Lágrimas foram inevitáveis naquele momento porque sentiu um grande medo de perdê-lo. — Você 'tá bem? O que esses abutres fizeram com você? — Indagou depressa, procurando ferimentos e se assustando ao notar o corte na sobrancelha dele. — Você 'tá sangrando! Precisamos cuidar disso imediatamente.


— Eu estou ótimo. Deveria ter visto como ficaram os outros caras. — Brincou, enquanto ria, mas a dor no estômago devido ao chute o fez parar e gemer de dor. — Pensando bem, uns cuidados não fariam mal a ninguém.


— Vamos para o meu quarto. Tenho um kit de primeiros socorros no armário do banheiro. — Respondeu, levando um braço dele por cima de seu ombro para que ele tivesse apoio ao andar.


Irene olhou para os outros dois que observavam a cena em silêncio.


— Muito obrigada. — Agradeceu sinceramente.


— É, muito obrigado. — Foi a vez de Michael dizer. — Por um instante, achei que ia aproveitar a festinha sozinho. — Disse, recebendo um cutucão da irmã como forma de repreensão. — Ei! Essa doeu! — Protestou, olhando para a gêmea.


— Você poderia ter se quebrado todo! O que tinha na cabeça? — Irene o repreendeu e ele revirou os olhos.


— Ninguém mexe com a minha irmã e sai ileso. Somos os gêmeos Hwang, lembra? Cuidamos um do outro desde sempre. — Se defendeu e ela suspirou, não tendo nada a dizer contra aquilo.


— Você vai ficar bem? — Dante indagou, observando o estado do coreano.


— Claro! Tenho a melhor enfermeira desse mundo! — Olhou para a Hwang que revirou os olhos, mas acabou sorrindo. — Mais uma vez, muito obrigado.


— Não foi nada. Só tome mais cuidado da próxima, caras desse tipo, além de andarem em grupo, costumam até mesmo carregar armas brancas. — Stefan aconselhou e o moreno o olhou de cima a baixo com um sorriso malicioso, finalmente percebendo os atributos físicos do Galanis.


— Wow, alguém chama a polícia porque esse moreno acabou de roubar o meu coração. — Michael assobiou admirado, fazendo Tefin sorri. — Ah, se eu não tivesse quebrado. — Sorriu. — Quem sabe na próxima? Vejo vocês por aí!


A coreana negou, já puxando o irmão para ir embora com alguma pressa, deixando o italiano e o greco-espanhol sozinhos.


— Pelo visto, você tem feito um grande sucesso por aqui. — Dante comentou em um tom divertido fazendo o outro olhar para ele. 


— É o meu karma. — Deu de ombros, antes de recolher o paletó do chão e passar a mão nele para tirar alguma possível sujeira. — Foi muito corajoso da sua parte encarar cinco caras para defender alguém que você sequer conhece. — Observou.


Dante também se abaixou para pegar o chapéu passando a manga da camisa no acessório para tirar qualquer sujeira, ao mesmo tempo que dizia:


— Apenas não suporto covardia. — Colocou o chapéu na cabeça. — E apesar de não ser bom de briga, eu jamais deixaria eles fazerem o que quiserem com ele. É um princípio meio suicida, eu sei.


— Eu acho corajoso. — Galanis interrompeu. — Muitas pessoas não fariam isso por alguém que sequer conhece, mas você fez. — Se aproximou do loiro que prendeu a respiração ao senti-lo tão perto. — É uma pessoa admirável, Dante.


— E você é uma pessoa fascinante, Stefan. — Sussurrou. — Até demais.


— E isso é bom?


— Me diz você. — Se aproximou mais, olhando fixamente para os lábios do garoto. — O que eu devo esperar de você?


Tefin levou a mão ao rosto do italiano, fazendo um carinho suave em sua bochecha. A pele de Dante era macia e delicada ao toque, como se ele estivesse tocando em uma bolinha de algodão. Os olhos dele eram azuis como as águas das praias de Atenas, seus lábios eram delicados como um botão de uma flor e seu perfume era suave como a brisa do campo. Tudo em Chioccola era extremamente atrativo, ele não poderia negar.


Sem dizer mais nenhuma palavra, Stefan respondeu a pergunta do jovem ator saciando o desejo que compartilhavam. Ele beijou Dante e se sentiu incrivelmente aliviado, quando sentiu que era correspondido com a mesma intensidade.


.


O que seria a raiva? Segundo o dicionário, a raiva é uma emoção negativa e prejudicial ao ser humano. Segundo a psicologia, a raiva define-se como um sentimento de protesto, insegurança, timidez ou frustração, contra alguém ou alguma coisa, que se exterioriza quando o ego se sente ferido ou ameaçado. A intensidade da raiva, ou a sua ausência, difere entre as pessoas.


Mas para Malena, a raiva naquele momento era como um combustível. Uma emoção mais do que perfeita para definir o que a italiana estava sentindo naquele momento ao vê-lo abraçado com ela. A forma como seus braços estavam em volta dela e como sorria estava lhe embrulhando estômago. 


Malena observava Valério e Aurora como se a qualquer momento eles pudessem virar pó. Sua real vontade era de ir até lá e arrastar o mexicano para longe da argentina, mas ela jamais faria isso. Apesar de tudo era uma rainha e jamais se prestaria a uma cena tão patética por causa de um motivo tão frívolo. 


Olhando para a loira, a morena buscava motivos para todo mundo adorar a doce Aurora Hidalgo. Quer dizer, o que ela tinha de tão especial? Era incrivelmente distraída e atrapalhada ao ponto de esbarrar nos outros, perder suas coisas ou viver tropeçando. Apesar de inteligente, não era nenhum gênio e suas notas variavam muito entre média e alta. Seu talento para a patinação era inegável, mas faltava experiência e técnica, coisa que Malena tinha de sobra. E a beleza que tinha nela claramente não faltava nenhum pouco na outra, Male julgava ser até mesmo mais bonita do que ela.


Então, por que todo mundo era tão fissurado nela? Por que Valério se divertia tanto com ela? Por que Rafael perdia o foco por causa dela? Por que Mariano corria atrás dela feito um cachorrinho? Por que sua mãe não falava de outra coisa, se não no talento de Aurora? Até mesmo Alyssa, a quem já considerou sua amiga um dia, parecia ter caído nos encantos da argentina ao ponto de até mesmo lhe emprestar seu figurino favorito para ela poder patinar! Será que todos haviam ficado malucos?


Braços em volta de sua cintura fizeram a jovem se sobressaltar por um momento, mas logo relaxou ao reconhecer o perfume de Rafael. Claro, só poderia ser ele. Ninguém mais possuía intimidade o suficiente com a Moretti para tal gesto. Após o susto inicial, Male relaxou, deixando suas costas repousarem no peitoral do loiro.


— 'Tá tudo bem? — Indagou em um tom suave e ela olhou para ele. Metade de seu rosto estava coberto por uma máscara branca, graças a fantasia de Erik, o fantasma da Ópera.


— É claro. Por que não estaria?


— Você parece um pouco tensa. — Observou e ela desviou o olhar para a frente, se aconchegando mais nos braços dele.


— Estava pensando na competição. — Mentiu e ele revirou os olhos. — A solista está chegando e eu preciso… — Ele a interrompeu.


— Você sabe que entre nós as mentiras não fazem o menor sentido, não sabe? — Questionou, fazendo Malena se calar. Ele a virou gentilmente, fazendo com que ela ficasse de frente para ele e o olhasse nos olhos. Seus braços continuavam em volta dela. — Antes de ser seu parceiro na pista ou o seu rei, eu sou seu amigo, Mal. Somos cúmplices em tudo, você sabe que pode confiar em mim. — Levou uma mão ao rosto dela, fazendo um carinho suave em sua bochecha. — Eu não gosto quando você mente para mim, mas também não gosto de te obrigar a nada. Sei que tem algo te incomodando e quando se sentir confortável em me dizer, eu estarei aqui. Eu sempre vou estar aqui. — Disse, antes de depositar um beijo em sua testa.


Male era conhecida por ser uma ótima atriz, uma manipuladora de marca maior que sabia fingir sem esforço algum. Mas com Rafael não, ela nunca conseguiu ou precisou fingir com ele. Eram parecidos, ambos quebrados em pedaços diferentes, mas tais pedaços se encaixavam perfeitamente. Por isso gostava tanto dele, as coisas com Rafa eram livres de qualquer complicação.


Na pista, se entendiam com apenas um olhar. E na vida, se davam bem sem precisar de nenhum esforço ou rótulo. Gostava dele porque ele lhe fazia bem, a entendia, sempre ficava ao seu lado e não a julgava ou a obrigava a fazer algo que não queria. A relação deles era perfeita e por isso, temia profundamente que algo, ou melhor dizendo, alguém estragasse isso.


Ela nada disse, apenas o abraçou com força. Rafael correspondeu na mesma intensidade, sentindo que ela estava mesmo precisando daquilo. Após se recompor, ela se afastou e o puxou pela mão em direção a pista de dança. Precisava se distrair e esquecer esse pequeno momento de vulnerabilidade.


— Quero dançar! — Anunciou e ele sorriu.


— Seu desejo é uma ordem, majestade. 


Ao pisarem na pista, a melodia de Downtown começou a tocar e ambos trocaram olhares. Malena começou a movimentar seu corpo, hipnotizando Rafael por um momento. Ele se aproximou, a puxando pela cintura e movimentando seu corpo sensualmente junto com ela. Ela se virou, ficando de costas para ele e movendo seu quadril para cima e para baixo, descendo até o chão e voltando, o fazendo sorrir malicioso.


Os movimentos de ambos eram sincronizados e carregados de sensualidade, como se um tivesse um magnetismo que puxava o outro. Por um instante foi como se o resto do mundo tivesse desaparecido e tivesse restado apenas os dois ali. 


O que, de certa forma, aconteceu. Todos os que estavam na pista saíram para dar lugar ao casal mais popular do colégio, deixando assim todo o protagonismo para eles. Assim, todos os olhares estavam neles, os que ainda estavam sóbrios ou não totalmente drogados, observavam e comentavam admirados entre si a inegável química dos reis da pista 


E dentre esses telespectadores estavam Valério e Aurora que observavam a cena com clara tristeza no olhar. Um gosto amargo estava nos lábios de cada um, tornando insuportável continuar assistindo aquilo. Doía demais aquela cena, sendo o mais próximo de uma sessão de tortura para o coração dos dois. 


Lágrimas surgiram nos olhos verdes de Hidalgo; Ela já deveria estar acostumada com esse tipo de cena. Desde que entrou no colégio, quantas vezes Rafael não ficou com outras garotas na sua frente? Era uma garota nova a cada dia, como se ele tivesse prazer em fazê-la sofrer e pagar pelos seus atos. Se fosse qualquer uma ali, talvez não estivesse doendo tanto. Mas não era qualquer uma, era Malena Moretti. A única que de fato poderia ser considerada sua rival, se é que Aura poderia dizer que estava competindo pelo coração do espanhol. Male ocupava um lugar que um dia foi dela e que ela deixou escapar por entre seus dedos, como areia. E agora, mesmo que oficialmente eles não tenham nada, o Dominguez poderia ter mil e uma mulheres, pois Malena sabia que no fim ele voltava para ela. E constatar isso, tornava tudo bem pior para Aurora. A italiana era importante para ele, ela significava algo para ele. E quanto a ela? O que ela significava, se não a razão pelo qual ele tem seu coração partido e o título de rei da pista e também do USA?


Ao seu lado, Valério precisou desviar o olhar e respirar fundo para tentar se acalmar, mas não surtiu muito efeito. De novo, Rafael tinha de Malena toda sua atenção e um pouco mais. Nem se vivesse mil anos, ele poderia um dia entender porque com ele, ela colocava mil e uma barreiras, mas com o loiro não tinha barreira ou dificuldade alguma. Tudo para Rafa era mais fácil, mais simples e para ele era uma constante luta. Malena o machucava o afastando e o puxando de volta, como um ioiô. Queria entrar na sua mente sem confronto, ajudá-la e ser seu apoio, seu abrigo, mas ela não permitia que ele fizesse isso. Enquanto com Rafael, as coisas simplesmente aconteciam sem ele precisar fazer muito e isso o deixava profundamente frustrado. Desde que o espanhol chegou, ele sentiu que perdeu e ainda perde um pouco da italiana a cada dia que se passa. E constatar isso fazia o coração do Solano ficar em pedaços. 


Ele não suportou ver aquela cena por muito tempo, jogando seu copo com ponche no chão e saindo irritado, esbarrando nas pessoas no processo e sequer se dando ao trabalho de ao menos pedir desculpas. Enquanto Aurora permaneceu no mesmo lugar, levando uma mão aos lábios.


Uma mão em seu ombro, a fez olhar para trás, vendo que se tratava de Martín. Ele a olhava com uma falsa preocupação no olhar:


— Eu não acreditava no que diziam sobre eles serem um casal perfeito. — O espanhol começou. — Mas olhando desse ângulo, eles se merecem. — Comentou, dando uma rápida olhada para os patinadores que dançavam na pista.


— Olha, se você veio até aqui para tripudiar, vou logo avisando… — Ele a interrompeu.


— Calminha, Aurora! — Pediu com alguma gota de sarcasmo na voz. — Vim em missão de paz.


— Como você sabe meu nome? — Questionou confusa e o olhou de sobrancelha erguida.


Ortiz sorriu com deboche.


— Todo mundo conhece a bela e atrapalhada Aurora Hidalgo, a grande pianista do Starlet, uma das mais belas vozes da oficina de canto. — Deu uma volta ao redor dela, enquanto falava. — A ex-namorada do rei do colégio e a patinadora que promete roubar o trono do mito, da lenda, da pior vadia de todas.


A argentina suspirou.


— Eu não quero tomar o trono de ninguém.


— Sério? — Fingiu surpresa. — Então, alguém tem que avisar a rainha do mal sobre isso. Quem sabe assim, ela para de te sabotar. — Disse, levando a mão aos lábios e arregalando os olhos, como se tivesse acabado de dizer algo importante sem querer. — Essa não.


Aurora o olhou ainda mais confusa e igualmente intrigada. Como assim Malena havia a sabotado?


— Do que está falando? 


— Esqueça o que eu disse. — Tentou se consertar, ao mesmo tempo que tentava sair, mas Aura segurou em seu braço. Martín fazia um grande esforço para não demonstrar a sua satisfação.


— Agora que começou, termine! — Seu tom de voz foi firme, apesar de que por dentro com certo receio em saber a resposta.


Martín respirou fundo, como se estivesse tentando adquirir coragem para dizer algo, deixando Aura ainda mais curiosa. Ele, devagar, se soltou do aperto da jovem e a olhou nos olhos.


— Foi ela, Aurora. — Pôs fim ao suspense. — Foi a Malena que estragou o seu figurino no dia do festival. 


Notas Finais


*Glossário*
Diese Motherfucker nannten den Punsch! = Esses filhos da puta batizaram o ponche!

🔱 Alô, alô galera de cowboy! Adivinhem quem voltou? Como vocês estão? Todo mundo vacinado? Eu espero que sim.

🔱 Eu não tenho muito o que dizer nesse momento. Eu, literalmente, acabei de escrever o capítulo, então se tiver algum erro ortográfico, me perdoem. Eu revisei, mas sempre tem um risco de algo ter escapado.

🔱 Avisinho: O próximo capitulo será a última parte do baile e ele deve sair até o fim desse mês, prometo!

🔱 Não se esqueçam de comentar. É muito importante para sabermos o que vocês estão achando da história e se estão gostando da forma como estamos trabalhando com seus personagens.

🔱 Feliz Páscoa atrasado! Beijos e nos vemos no próximo capitulo!

🔱Links importantes:

[https://docs.google.com/document/d/1ZZjZXUCB55lT7Cckek-QIuWagv-pwFlXsZcY7rcbedw/edit?usp=drivesdk] - Aceitos

[https://docs.google.com/document/d/16JiykEDn8Mf0deBWgUhuIXS_0w9ECjUpvSZrLgHJldY/edit?usp=drivesdk] - Recorrentes citados até o momento.

[https://docs.google.com/document/d/1joeI1P67Wz3_AXKB7zwU6pddD96TX5lLbP6ZF8-l1dw/edit?usp=drivesdk] - Figurinos e Decoração do baile.

[https://chat.whatsapp.com/K80j4QP8XoIGIczsFafxwV] - Grupo da fic.


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