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História Universo em conflito - Pois o seu cérebro irá ferver


Escrita por: Mallagueta

Notas do Autor


Leiam as notas finais, por favor. É importante.

Capítulo 18 - Pois o seu cérebro irá ferver


Apesar do choque inicial, Cebola andava de um lado para outro servindo os convidados e com os olhos e ouvidos atentos.

- Olá Cebola. – O diretor do colégio cumprimentou servindo-se de um copo d'água. Era só o que tinha para tomar além de um suco ralo e sem doce. – Como vai?

- Estou bem, senhor diretor.

O diretor foi conversar com outras pessoas e Cebola teve de novo a sensação de que o conhecia de algum lugar, sem saber de onde no entanto. Era como ter a resposta de algo na ponta da língua e não conseguir se lembrar.

- Está indo tudo bem lá? – Rosália quis saber quando Cebola entrou na cozinha para pegar outra bandeja.

- Sim, tá tranqüilo.

Ele voltou a servir os convidados enquanto prestava atenção à toda conversa que podia. Tonhão veio se servir de um salgado.

- Como vai... é Cebola não é? Sempre te conheci como cobaia. – O outro falou com um pouco de veneno na voz.

- Tô bem, Tonhão. E você?

- Para sua informação, meu nome é Antônio. Nunca se esqueça disso. – o sujeito fez aquela cara de quem ia puxar sua cueca e Cebola achou melhor concordar e ficar quieto. Ele precisava estar atento às conversas ao redor e não tinha tempo para se preocupar com aquele brutamonte.

- Mais um colégio da cidade foi anexado a nossa organização...

- Nosso candidato tem grandes chances de vencer as eleições em Poserlândia do Norte ano que vem...

- Conseguimos afastar aquele delegado enxerido e colocar um que nós indicamos...

Aquela organização era como vários tentáculos que iam tomando conta de tudo e Cebola viu que era mesmo para estar preocupado. Quando foi servir a anfitriã da festa e o Sr. Malacai, seus ouvidos pescaram mais uma conversa que fez seu cérebro ferver.

- Como andam as coisas no colégio do Limoeiro, Boris? – a mãe da Srta Duister perguntou.

- Tudo bem, mãe. Os alunos estão na linha e seguindo as regras.

“Boris? Fala sério! Não tô acreditando!” Finalmente uma luz se acendeu e ele lembrou de onde conhecia aquele sujeito. Sua mente viajou até o dia do aniversário de quinze anos da Marina, quando o gato comparsa da Viviane invadiu a festa usando a forma humana. Cebola olhou o diretor novamente e não teve dúvidas. Apesar de seu rosto ser mais sério e das roupas formais, aquele era o mesmo Boris que Viviane tinha transformado em gato.

“Hum... faz sentido... se a Viviane morreu muitos anos atrás, então ela não o transformou em gato. Peraí! Ele é irmão da caretona? Não tô entendendo mais nada!”

Alguns minutos depois, Sr. Malacai chamou a atenção dos convidados para fazer um anúncio importante. Do seu lado direito, estava a Srta. Duister. Do lado esquerdo, os pais dela.

- Senhoras e senhores, nós estamos reunidos aqui hoje porque é um dia muito importante. Como sabem, o Sr. e a Sra. Duister trabalham a favor da nossa organização com muito afinco e empenho há mais de três décadas.

Ele tomou fôlego e continuou a falar.

- Mas hoje é dia de passar essa tocha adiante, meus companheiros, e agora a filha deles, Agnes Duister, tomará seu lugar com a mesma competência e tenho certeza de que ela não irá nos decepcionar.

Cebola ficou paralisado na mesma hora. Aquele velho falou “Agnes”? Sério mesmo?

Ele nem prestou atenção ao discurso de Agnes porque seu cérebro entrou em pane com tantas informações transitando entre seus neurônios de uma só vez. Se tivesse mais uma revelação daquelas, era arriscado sua cabeça explodir. Os presentes bateram palmas discretamente e a festa continuou.

- O que você tem? – Rosália perguntou ao ver que ele estava um tanto pálido.

- Não é nada não, tô de boa. Ainda tem mais daqueles sanduichinhos? O pessoal tá pedindo. E suco também.

- Vou encher a bandeja e você leva.

De volta à festa, as pessoas continuaram conversando e Agnes contava a eles seus planos de ajudar Sr. Malacai a estabelecer a ordem na cidade. Nada de importante foi dito e por volta das cinco da tarde a festa acabou, mas ele ainda teve que ficar até as oito da noite junto com Rosália para limpar tudo porque aquele casal de velhos neuróticos insistiam em ver sujeira onde não existia.

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A casa estava escura e seus pais já estavam dormindo, aqueles dois fardos que só atrasavam sua vida. Agnes descia as escadas procurando fazer o mínimo de barulho possível. Se bem que ultimamente o sono dos seus pais estava cada vez mais pesado e eles já não acordavam com a mesma facilidade de antes.

Sem nenhum incidente, ela foi até o porão da casa. As gaiolas vazias penduradas no teto eram lembranças de um tempo em que ela podia colecionar pássaros para ouvir seu canto. Aos quinze anos, seus pais lhe tiraram esse prazer porque achavam que uma moça direita não podia se ocupar com nenhum tipo de futilidade. Como ela os odiava!

O lugar estava em total escuridão e ela levava só uma lanterna. Quando chegou no fundo do porão, ela se ajoelhou e tirou do bolso o estojo que Penha tinha lhe dado de presente, já com um espelho novo. Ainda assim tinha a lembrança da sua mãe o quebrando com a ponta da bengala e isso era difícil de esquecer.

Ela olhou seu reflexo no espelho e analisou bem seu rosto. Pele bonita, jovem e saudável. Mas toda sua beleza era ofuscada por causa das roupas horríveis que seus pais lhe obrigavam a usar. E aquela tintura nos cabelos era um desastre deixava sua pele mais pálida do que de costume.

De vez em quando Penha lhe dava algo de presente. Ela não podia usar e era obrigada a esconder tudo muito bem para que a bruxa da sua mãe não destruísse.

- Um dia serei livre. – ela falou em voz baixa olhando para o espelho. – Farei o que eu quiser e ninguém irá me impedir!

Sombras ao seu redor pareceram se mexer. Ela deu um sorriso e guardou o espelho no bolso. Uma vela a sua frente acendeu sozinha, ela apagou a lanterna e falou com a voz baixa.

- Eu estou aqui, conforme vocês ordenaram.

Graças a luz da vela, as sombras ao redor ficaram ainda mais negras devido ao contraste e pareciam se mexer de uma forma sinistra. De olhos fechados, Agnes não via nada, apenas sentia as palavras brotando em sua mente, frias e silenciosas.

- Aquele rapaz, sobrinho da empregada Rosália. Tem algo diferente nele. Você o conhece?

Ela ficou em silêncio mais uma vez e ficou surpresa.

- Ele vai mesmo nos ajudar? Como?

Mais palavras foram surgindo em sua mente.

- Se ele está mesmo fazendo isso, pode estragar nossos planos! Não? Por quê? Hum... entendo... O que devo fazer com ele então?

As sombras ao redor se mexeram apesar de a chama da vela não ter feito nenhum movimento.

- Ele pode mesmo nos ajudar a encontrar a... Sim? Que bom!

Mais sussurros e ela balançou a cabeça concordando.

- Como queira. Eu vou esperar e confiar. A vitória será nossa!

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Já era para ele estar dormindo, porém o sono não chegava de jeito nenhum. Antônio pensava no estranho encontro com o Cebola durante a festa. Que engraçado... Durante meses ele imaginou como ia amassar a cara daquele miserável até não sobrar nada. Quando eles se encontraram, contudo, ele não sentiu vontade de lhe dar um soco sequer. Afinal, Sr. Malacai o salvou e lhe colocou no bom caminho. Pessoas de bem não saiam por aí quebrando a cara dos outros.

O mais irônico naquilo tudo era que ele devia toda sua mudança exatamente ao Cebola. Se não tivesse impedido seu assalto na casa da Carmem, ele estaria agora à caminho de alguma penitenciária ou talvez morto. A vida era mesmo estranha...

O rapaz virou para o lado e lembrou-se de quando Sr. Malacai o colocou sob sua tutela. Foi muito difícil inicialmente, mas com o tempo aquele bom homem o ensinou a ser uma pessoa decente. Se bem que ele já estava tão cansado de tudo, tão quebrado por dentro que nem teve como opor resistência. O diretor daquele colégio tinha razão quando lhe falou que ele ia ser quebrado se não aprendesse a se curvar. Ele foi quebrado e juntar os cacos não foi nada fácil.

- Como será que tá o resto da gangue? – ele perguntou em voz baixa. Antes de ver o Cebola, ele nem pensava mais nos antigos colegas. Sabia somente que Titi estava morto e nada mais.

Não que ele sentisse falta dos velhos tempos, nada disso. É que ver o Cebola despertou certa curiosidade em vê-los e saber como estavam. Será que também tinham mudado de vida ou continuavam no mau caminho? Quem sabe ele não podia até ajudá-los como Sr. Malacai os ajudou? Poderia ser interessante reencontrá-los.

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Cebola era outro que não conseguia dormir. Não depois de tantas revelações bombásticas num mesmo dia. Ele pegou um caderno para anotar as descobertas que tinha feito e procurou raciocinar. Os nomes Boris e Agnes não eram estranhos, pois ele se lembrava de ter visto duas crianças nas memórias do Feio com esses nomes. Seriam as mesmas pessoas?

Se sim, o que teria acontecido com a Agnes original uma vez que ele nunca ouviu falar dela? E por que os cabelos do duplo dela estavam pretos sendo que nas memórias do Feio ela era loira? Eles podem ter escurecido com o tempo ou então ela os tingiu.

Também tinha outra coisa que o intrigava. No mundo original, a Casa de Asclépio acabou porque o Capitão Feio atraiu insetos que deixou todo mundo doente no orfanato, inclusive o Sr. Malacai. Só que naquele mundo isso não tinha acontecido. Por quê? O que teria acontecido com o Feio?

- Eu preciso descobrir mais sobre eles. Deixa eu ver... – ele fez uma lista. O primeiro item era saber o que tinha acontecido com o Capitão Feio alternativo e por que a centopéia não apareceu para ele.

Teria aparecido para outra pessoa? Não, ele teria percebido caso houvesse algum vilão desmiolado querendo sujar o planeta. E por que a Centopéia não apareceu? Ele precisava descobrir isso de algum jeito.

Assim que Paradoxo o visitasse novamente, ele pretendia ir a biblioteca do bairro das Pitangueiras para fazer aquela pesquisa. Ele precisava saber se aquele deslizamento aconteceu de verdade e se possível, acessar o nome das vítimas. Isso poderia lhe dar uma pista do que aconteceu com o Feio alternativo. 

Como estava tarde, ele resolveu dormir, pois tinha muito trabalho no dia seguinte. Apesar de tantos mistérios e enigmas, seu último pensamento antes de dormir foi para a Mônica. Ele só não sabia se era para a original ou para a alternativa.

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Primeiro dia de aula, dia de tristeza para os alunos que teriam de suportar a disciplina quase militar do Colégio Limoeiro. Um rapaz andava pelos corredores olhando ao redor com muita atenção.

“Até que mudou bastante!”. Pensou vendo todos os alunos de uniforme, falando baixo e andando encurvados. O clima ali estava bastante sombrio, diferente de quando ele estudava ali e tudo era mais alegre. Sr. Malacai sempre dizia que a alegria era um desperdício de tempo, que todos deviam ser sérios, não rir, nem se ocupar com futilidades. E ele confiava em seu benfeitor, apesar de parte dele achar isso estranho.

No dia anterior, Sr. Malacai lhe disse que ele ia trabalhar no colégio Limoeiro como um teste. Se seu desempenho fosse bom, ele poderia ser promovido a inspetor.

- Se você se esforçar e mostrar competência, subirá nessa organização. Aqui nós recompensamos a dedicação e o trabalho duro. – o velho tinha dito e o rapaz não podia ter ficado mais feliz, pois era exatamente para onde ele queria ir.

Ele também recebeu uma lista de regras e foi instruído a vigiar os alunos.

- Se você ver alguém quebrando ao menos uma delas, mande para a diretoria. Ao fim do dia Boris me dará um relatório e saberei se você trabalhou direito ou não. 

Basicamente, seu sucesso dependia de quantos alunos ele ia mandar para a diretoria, por isso ele ficou bem atento a qualquer irregularidade. Como ainda era bem cedo, ele decidiu ir para a cantina onde os inspetores costumavam se reunir para tomar café antes do trabalho. Talvez os mais velhos pudessem lhe dar algum conselho.

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Enquanto isso, Magali esperava em frente à casa do Cascão, pois tinha medo de ir a escola sozinha por mais que não quisesse admitir. Como os outros alunos iam recebê-la? Com violência? Piadinhas? Gozações? Como lidar com isso sem quebrar o nariz de ninguém?

- E aí, tá pronta? – Cascão perguntou saindo de casa. Engraçado, era impressão sua ou ele estava menos sujo que de costume? Até os cabelos ele tinha cortado!

- Estou. Vamos senão a gente atrasa.

Eles encontraram Cebola no meio do caminho e em pouco tempo os três chegaram a escola. Ela teve que reunir toda sua coragem para não sair correndo. Podia ser um semestre muito complicado.

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- Está bem disposta para o seu primeiro dia de aula? – Luiz perguntou quando a filha desceu para tomar o café da manhã.

- Mais que disposta, pai!

- Você parece mesmo cheia de energia! – Luiza observou feliz ao ver como sua filha estava se recuperando. Felizmente a fase ruim tinha passado.

Quando terminaram o café, Mônica se despediu do seu pai e foi para a escola junto com a mãe de carro, como sempre. Seu coração batia acelerado pensando que aquele semestre ia ser muito emocionante. 

E ela gostava muito de emoções fortes.

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Na escola, cinco alunos conspiravam de forma sinistra.

- A gente vai fazer isso no pátio? E se nos pegarem? – DC não parecia preocupado.

- Nessa hora os inspetores costumam ficar tomando café na cantina e ninguém vai ser doido de nos dedurar. Olha eles lá! Tá pra nós!

Os cinco foram em direção ao grupo como predadores indo caçar sua presa. Aquele semestre ia começar muito bem!

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Magali viu DC e seu grupinho se aproximando e logo percebeu que iam ter complicações, pois conhecia muito bem aquela postura de quem estava a fim de briga.

- Gente, problemas! – ela murmurou para os rapazes.

- Olha só, os três patetas! – DC falou em tom de deboche. – E parece que a Magaléfica voltou. E aí, mocréia, tá mais feia que antes, viu?

Os outros alunos perceberam a movimentação e murmuraram entre si quando DC denunciou a presença da antiga valentona.

- Ninguém aqui tá querendo confusão. – Magali falou tentando sair dali e os três foram cercados pelos capangas do DC.

- Mas a gente quer porque eu ainda devo uma boa surra pro cobaia. E você também vai apanhar um bocado, magrela!

Antes que ela reagisse, Cebola deu um passo à frente e falou desafiando o rival.

- Quer brigar? Então vai ser só você e eu! Deixa meus amigos fora, isso é entre a gente!

- Hahaha, querendo ser o herói mascarado de novo, é? Nem vem, seu mané. Vocês vão levar uma surra e vai ser agora! – ele virou para os comparsas e ordenou. - Juca, Marcão e Rodrigo, vocês pegam o imundo e a magrela. Cacá e eu vamos dar um jeito no cobaia aqui.

Cascão e Magali se colocaram em guarda e Cebola se preparou para levar uma tremenda surra quando uma voz de garota falou no meio da pequena multidão.

- Covarde como sempre, né? Por que não encara alguém do seu tamanho?

A surpresa foi geral quando Mônica avançou e ficou frente a frente com DC.

- Sai daqui, isso não é da sua conta!

- Seu tosco! Fica aí se achando o machão, mas precisa de capanga pra encarar suas brigas! Você não é de nada, ouviu?

Vários assovios, risadas e gozações correram pela platéia, deixando DC furioso. Já Cebola acompanhava tudo com um sorriso no rosto. Sua Mônica estava de volta. 

- Vou falar pela última vez, sai logo daqui!

- Me obrigue!

Ele não era louco de enfrentá-la cara a cara, por isso chamou dois dos seus amigos mais fortes.

- Marcão, Rodrigo, tira essa chata daqui.

Eles tentaram segurá-la, um em cada braço, o que foi um erro.

- Tirem a mão de mim agora mesmo! – ela rosnou dando a rasteira em um deles e torcendo o braço de outro com um movimento rápido. Confusos, eles ainda tentaram atacá-la e cada um levou um grande soco no olho, para deleite da Magali. Aquela garota sabia bater muito bem!

Quando viram que dois deles foram tirados da jogada, Cacá e Juca fugiram deixando DC sozinho e apavorado. Mônica avançou até ele e o levantou pela gola da camisa com uma mão até seus pés balançarem no ar. Os queixos do Cascão e Magali caíram na hora juntamente com vários de outros. Já Cebola não se abalou nem um pouco.

- Vou te falar pela última vez: deixa o Cebola em paz. Deixa meus amigos em paz, entendeu? ENTENDEU? – ela o sacudiu como se fosse um boneco de pano.

- Entendi, entendi! Por favor, bate em mim não! Eu vou contar pro meu tio!

- Para de enfiar seu tio no meio que isso é entre a gente! Se não consegue encarar suas brigas, então fica quieto no seu canto e não mexe com ninguém!

DC chorava e implorava várias vezes, sendo vaiado por todo mundo. Por fim, Mônica o jogou no chão e falou mais uma vez.

- Se eu souber que você mexeu com algum amigo meu, qualquer um, meu punho vai ter uma conversa muito séria com a sua cara!

Sob aplausos e assovios, ela voltou-se para os três que ainda olhavam tudo sem esboçar reação e falou.

- Vamos pra sala, turma, senão os inspetores vão implicar com a gente. – e saiu dali de queixo erguido, confiante e poderosa.

Cebola a seguiu sem hesitar e após uma breve olhada para trás, incentivou Magali e Cascão a fazerem o mesmo e os quatro rumaram para a sala tendo Mônica na liderança. Pela primeira vez em muito tempo, isso não incomodou Cebola nem um pouco.

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Boris estava preenchendo alguns papéis e lamentando por mais um dia chato de trabalho quando a secretária lhe chamou.

- Senhor, é a Srta. Duister no telefone.

- Já vou atender. – o homem falou aborrecido, pois falar com a sua irmã era a melhor forma de estragar o seu dia.

Após os cumprimentos iniciais, mera formalidade, eles conversaram um pouco e no fim Boris falou.

- Quarta-feira da semana que vem? Não tem problemas, você sabe que pode vir o quanto quiser.

- Quero conversar mais com os alunos, sei que eles precisam de orientação para esse semestre que inicia.

- Certo. Faça como quiser. – e desligou o telefone lamentando muito por aqueles jovens.

Quando Agnes ia ao colégio, levava consigo uma nuvem escura que ficava ali durante dias e os alunos demoravam a se recuperar das suas visitas. Todo colégio que ela visitava era a mesma coisa. Como ele queria evitar isso! Mas não havia nada que ele pudesse fazer.

- Eu detesto mesmo esse trabalho! – exclamou desanimado quando olhou para sua mesa e viu uma pilha de papéis com problemas para resolver.

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Felizmente Magali tinha ficado na mesma sala que Mônica, Cebola e Cascão. Seria mais fácil para ela ter os amigos por perto para lhe dar apoio. A recepção não foi lá muito boa, embora não tão ruim quanto ela esperava.

As meninas cochichavam aqui e ali.

- Viram só? Primeiro dia e já tava arrumando briga! – Cascuda falou.

- Que droga, por que ela tinha que voltar? – Marina também não estava nem um pouco feliz.

- Agora vai infernizar a gente que nem no ano passado! – Keika também não estava feliz e Cascuda voltou a falar.

- Coitada da Denise, olha como ela tá apavorada! Eu também estaria no lugar dela!

Elas ficaram fofocando antes da aula começar e logo pararam quando Mônica se aproximou delas com as mãos na cintura e cara de brava.

- Coisa mais feia ficar falando dos outros, viu?

- Falando de quem? A gente não tava falando de ninguém não, é que... er... – Cascuda gaguejou e as meninas ficaram sem jeito.

- Se querem falar algo, falem na cara. Vocês sabem que detesto fofoca.

Ela voltou ao seu lugar perto da Magali e a aula começou logo, encerrando toda a conversa paralela.

- Você tá bem? – ela sussurrou bem baixo quando o professor virou as costas. A amiga fez um sinal de jóia e sorriu de volta. Até que o início não tinha sido tão ruim quanto ela pensou.

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Cebola tentou não ficar desanimado com a forma como as garotas receberam Magali. Óbvio que elas não iam ficar nem um pouco felizes com a chegada de alguém que as atormentou por anos. Mas também não foi tão ruim quanto ele temia. Ele tinha esperança de que as coisas se ajeitassem com o tempo.

- C-com licença. – alguém deu pancadinhas na porta aberta e os olhos do Cebola ficaram arregalados.

- Você está atrasada. Nesse colégio não toleramos atrasos de nenhum tipo! – o professor repreendeu severamente.

- S-sinto muito senhor, é que eu demorei pra encontrar a sala. Sou nova no colégio e...

- Deixarei passar somente dessa vez. – ele interrompeu. – na próxima, você irá para a sala do diretor. Agora sente-se e nada de conversas!

A falta de calor humano naquele colégio era espantosa. O professor nem se preocupou em saber qual era o nome da nova aluna! Mas claro que Cebola já sabia quem era: Sarah, a garota que no mundo original lia cartas de Tarô.

“Rapaz, como ela tá diferente!” a Sarah alternativa tinha cabelos castanhos e amarrados num rabo de cavalo, como era regra da escola e sem nem um traço do seu estilo gótico. Será que ela também lia cartas de tarô? Uma nova idéia surgiu.

Se aquele duplo tivesse o mesmo talento que o original, então seus problemas podiam estar resolvidos! Ela podia consultar as cartas e achar informações sobre o desequilíbrio para ele. Ele só precisava arrumar um jeito de se aproximar dela e pretendia fazer isso com o tempo. Ele não podia deixar passar essa chance.

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De um lugar mais afastado, Denise observava Magali com o olhar cheio de rancor. Justo quando sua vida tinha mudado para melhor, aquela magrela resolveu voltar para estragar tudo? E se ela resolvesse transformá-la em seu capacho de novo? Ela não ia deixar de jeito nenhum!

Bem, ela podia não ter força física, mas tinha algo ainda mais poderoso: o poder da fofoca e maledicência. Se dependesse dela, aluno nenhum daquele colégio ia fazer amizade com a Magali.

“Ela vai ver só uma coisa! Vou acabar com a vida dela aqui e ela vai ter que mudar de colégio de novo!”


Notas Finais


E aí? Ficaram surpresos ou já estavam desconfiados? Imagino que já estavam ficando desconfiados por causa das pistas que fui semeando. Mas a maior pista de todas está no sobrenome Duister. Eu não sei o sobrenome dela nas histórias, então tive que criar um porque não queria revelar a identidade dela assim logo de cara.

Daí veio a idéia de usar a palavra “tenebrosa”, que é tipo seu cartão de visitas. Só que colocar essa palavra ia dar muito na cara, né? Então fui procurando no Google tradutor por palavras de língua estrangeira que significassem “tenebrosa” e que ao mesmo tempo se parecessem com um sobrenome na nossa língua. Então escolhi Duister, que significa tenebrosa em holandês.

Tem uma coisa que eu queria saber de vocês, é o seguinte: quando escrevi essa fanfic, vi que tinha ficado super longa e precisei tirar muitas coisas. Mesmo assim ela ficou originalmente com quase 120 capítulos. Atualmente ela tem 60 (61 se eu resolver fazer um capítulo especial sobre a história da Srta. Duister).

O problema é que os capítulos ficaram longos como vocês já devem ter percebido. Infelizmente não dá para tirar mais nada sem comprometer a história, senão muita coisa vai ficar sem sentido. Então eu queria saber de vocês o seguinte: vocês preferem que eu deixe como está para manter a história nos 60/61 capítulos ou prefere que eu divida os próximos capítulos para que fiquem menores e assim a leitura não fica tão cansativa?

Aos leitores fantasmas, vou pedir para que comentem ao menos só dessa vez para me dizerem o que pensam.


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