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História Universo em conflito - Mentirinha do bem


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 41 - Mentirinha do bem


Na segunda-feira, bem cedo, Agnes imprimia diversas cópias de uma carta que tinha digitado no computador. Normalmente Sr. Malacai escrevia a mão, mas quando tinha que enviar o mesmo conteúdo para um número muito grande de pessoas ele mandava imprimir porque já não tinha mais disposição e punho para escrever tantas cartas.

Todas as cópias foram impressas em papel timbrado com o logotipo da organização. Depois veio a parte mais delicada. Usando uma caneta tinteiro, ela assinou cada cópia imitando com perfeição a assinatura do Sr. Malacai. Tinha que ser perfeito nos mínimos detalhes ou não ia conseguir enganar ninguém.

- Está ótimo! – ela disse em voz baixa após assinar a última carta. O passo seguinte foi dobrar cada uma com capricho, colocar num envelope e fechar usando selo de cera derretida com o brasão da Vinha.

Eram cartas para todos os membros do conselho e demais pessoas influentes na organização. Cerca de quarenta e cinco ao todo. Algumas cartas tinham que ser mandadas usando o serviço especial de correio. Outras iam ser entregues pessoalmente. Inicialmente ela queria se vingar somente daquele velho asqueroso. Então lhe ocorreu uma idéia brilhante: por que não se livrar de todos aqueles imbecis de uma vez? Com todos eles fora do seu caminho, ela ia ter muito mais sossego. 

Quando terminou de selar todas as cartas, ela procurou o secretário do Sr. Malacai que trabalhava no escritório preenchendo alguns documentos e requisitou.

- Antônio, eu preciso que você envie algumas cartas. Essas aqui devem ser mandadas pelo serviço de correio da organização. As demais você irá entregar pessoalmente.

- Sim senhorita.

Ele saiu para cumprir as ordens e ela voltou ao seu trabalho imaginando a surpresa que aqueles malditos iam ter em breve.

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- Ela fez isso mesmo?

- Que traíra!

- Isso não foi certo!

As garotas conversavam no pátio da escola e pareciam indignadas. Quando Mônica e Magali chegaram, vários olhares hostis se voltaram para elas.

- O que tá acontecendo aqui, gente? – Mônica quis saber e Marina respondeu apontando para Magali.

- Pergunta pra essa sua “amiga” aí!

- Eu?

- Isso mesmo, sua traíra! – Keika respondeu.

- Tá, para com isso agora mesmo e expliquem o que aconteceu!

Cascuda respondeu indignada.

- E aí, tá feliz com o seu Cascãozinho? – Magali não se alterou, pois esperava por isso mesmo.

- Ele não era seu namorado. – ela falou friamente.

- Você sabia que eu gostava dele, até falou que eu podia ficar com ele que tava tudo bem!

- Eu achei que...

- Achou nada, sua vaca! Você não devia ter feito isso comigo!

Mônica levantou a voz.

- Olha a baixaria! Se é pra ser assim, então a gente não tem que falar mais nada! – Magali voltou a falar.

- Eu achei que Cascão quisesse ficar com você, por isso decidi deixar o caminho livre mesmo gostando dele.

- Ah, tá! Vem com essa!

- É verdade, Cascuda. – uma voz falou e as garotas viraram para Cascão que chegava junto com o Cebola. – Eu pensei bem e vi que é da Magali que eu gosto de verdade. Já tinha falado isso pra você, pra que tudo isso agora?

- Eu pensei que você fosse ficar comigo!

- Eu ia conversar com você antes da aula, mas agora tá fazendo esse espetáculo todo aí?

A moça ficou com o rosto vermelho de vergonha e Denise veio ao seu socorro.

- A Magali não tinha nada que ficar com o Cascão sabendo que a Cascuda gostava dele!

- E você não tinha nada que ir soprar nossa conversa no ouvido dos outros! – Magali falou indignada. – Então vai ser sempre assim? Toda vez que uma menina te falar algo, você vai sair espalhando pra meio mundo?

Ela calou-se trincando os dentes com raiva e tremendo sob olhares acusadores das amigas.

- Além do mais, eu não tirei namorado de ninguém, ouviu? O Cascão tava solteiro.

- Não vem se fazer de santa não! Você aprontou muito no passado! – Cascuda acusou raivosa.

Magali deu de ombros e saiu dali calmamente.

- Eu não fiz nada de errado. O cascão ficou comigo porque quis, eu não forcei a nada. – disse antes de ir embora com Cascão atrás dela. As meninas ainda continuaram falando mal dela quando Mônica interveio.

- Que coisa feia, gente! A Magali não fez nada de errado!

- Mas ela ficou com o Cascão e... – Cascuda tentou se defender e Mônica fechou a cara.

- Cascuda, eu posso falar só com você? Em particular?

- Por que não fala aqui na frente de todo mundo? – a moça desafiou.

- Vai por mim, é muito melhor a gente ficar sozinha mesmo. Vamos.

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Magali enxugava as lágrimas, sendo consolada pelo Cascão.

- Poxa, fica assim não linda!

- Droga, eu custei a ficar de bem com as meninas, aí acontece isso?

- Não foi culpa sua. Foi da Denise, aposto que ela ficou enchendo a cabeça da Cascuda e das meninas. Droga, eu devia ter ficado de olho nela!

- Ela queria se vingar de mim e conseguiu. Agora é que eu fico sem amiga nenhuma!

- Ô, peraí! Você tem a Mônica, tem eu, o Cebola... e quer saber? Se essas garotas vão virar a cara pra você só por causa de picuinha, então você não precisa de amigas assim.

Ela sorriu, pois sabia que era verdade. Ainda assim era doloroso.

- A Cascuda me odeia e com razão. Eu peguei muito no pé dela quando a gente era criança. Acho até que estraguei o namoro de vocês.

- Não foi isso, fica tranqüila. Ela terminou porque eu não queria tomar banho de jeito nenhum e os pais dela estavam pressionando. Mas vem cá... por que você tinha tanta birra da Cascuda? Essa eu nunca entendi.

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Ela saiu puxando a moça que mesmo protestando, se deixou levar. Quando viu que ninguém estava ouvindo, Mônica colocou a mão na cintura e falou zangada.

- Eu esperava mais de você, Cascuda! Tô muito decepcionada!

- Mas... eu gosto do Cascão!

- E ele gosta da Magali. Ninguém é obrigado a ficar com ninguém e você sabe disso. O Cascão quer ficar com ela e você devia respeitar ao invés de ficar fazendo birra!

- Mas ela sabia que eu gostava dele, falou pra Denise que...

- Não interessa o que ela disse. Quem escolhe é o Cascão e ele escolheu ficar com ela.

- Ainda assim foi errado! – Mônica acabou perdendo a paciência.

- Errado foi você beijar o Cascão e dar de cima dele mesmo tendo namorado! Que direito você tem de falar da Magali depois disso? Ela não traiu ninguém. Já você...

Cascuda chorou de vergonha.

- Por favor, não conta isso pras meninas.

- Eu não vou contar, foi por isso que te trouxe pra cá. Mas olha, não fica implicando com a Magali desse jeito. Eu sei que ela errou, mas já pediu desculpa e tá tentando fazer as pazes. É certo fazer isso por causa de um rapaz que nem quer ficar com você?

Ela enxugou as lágrimas.

- Não, eu não sei o que deu na minha cabeça. Mas não sei se consigo aceitá-la.

- Se não quer ser amiga dela, pelo menos não coloque as meninas contra ela.

- Eu não vou fazer mais isso, foi mal.

O sinal tocou e elas foram para a sala de aula. As outras garotas lhe consolaram e ainda estavam zangadas com a Magali, mas a raiva foi diminuindo com o tempo. No fundo, elas sabiam que Cascuda não tinha razão para ficar tão furiosa assim.

Denise sentou-se ainda morrendo de raiva pelo que Magali tinha lhe falado porque isso fez com que as garotas ralhassem com ela sobre sua língua grande. Ótimo, depois dessa as meninas não iam confiar nela de novo.

“Essa magrela vai me pagar, ah se vai!”

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Cascão sentou-se no seu lugar pensando no que Magali tinha lhe falado. A culpa lhe corroia, pois no fundo ele foi responsável pela birra que ela tinha tomado da Cascuda durante a infância. Quando desse o intervalo, ele ia dar um jeito de resolver aquilo de uma vez.

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Com a ausência do Sr. Malacai, Agnes resolveu voltar para casa mais cedo, pois detestava ficar naquela organização. Foi quando ela resolveu dar a notícia para sua hóspede.

- Ele conseguiu mesmo a chave de ossos? – Berenice perguntou incrédula.

- Isso mesmo. Nossas chances aumentaram muito.

- Por que não pega a chave dele? Poderíamos abrir a porta nós mesmas.

Agnes deu um sorriso complacente.

- Se fizéssemos isso, não poderíamos sair novamente porque fizemos o pacto e vendemos nossas almas. O Cebola não. E é ele quem vai reequilibrar a barreira. Não sabemos como fazer isso.

- Acha que ele será capaz? Sem isso não vamos conseguir nada.

- As sombras dizem que sim.

- E o quarto de nós?

- Virá no momento certo, não se preocupe. Agora, você precisa se preparar para o dia da reunião. Será cansativo porque parte dos seus poderes estão bloqueados por causa da barreira. Acha que dará conta?

- Por favor, assim você me ofende! Sim, eu sei que vai ser trabalhoso, mas é claro que eu dou conta! 

- Ótimo. Quero que eles sofram o máximo possível.

- Nem precisa me falar isso!

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Era hora do recreio e Cascão andava com Cascuda no pátio da escola, entre algumas árvores. Os inspetores estavam de olho, mas eles não pretendiam fazer nada impróprio.

- Eu devia ter conversado com você, foi mal. É que aconteceu muita coisa.

- Achei que tivesse alguma chance.

- Você tem namorado.

- Eu ia dispensá-lo pra ficar com você.

Aquilo parecia meio cruel porque Cascão sabia que o rapaz gostava mesmo dela.

- Mas você quer ficar com a Magali apesar de tudo...– ela parou com a cara feia que ele tinha lhe feito.

- Sabe, vocês sempre falam de tudo o que a Magali fez, mas nunca no que o Cebola e eu fizemos com ela. Acha mesmo que ela ficou assim de graça? Sem motivo nenhum?

- Ah, que exagero! Vocês só zoavam um pouco com a cara dela.

- Um pouco? Cascuda, nós já demos até sanduíche de minhoca pra ela comer, vivíamos xingando, humilhando. A gente pegava pesado com ela. Só que agora vocês agem como se só ela fosse a ruim, mas nós também erramos. Isso tudo foi culpa minha e do Cebola.

A moça ficou em silêncio, pois não imaginou que os garotos fossem tão cruéis assim.

- Eu fiquei de mal porque ela te acusou de ter comido os biscoitos que ela roubou. Ela te chamou de ladrão!

O rapaz respirou fundo, torceu para que Cebola fosse capaz de entender aquilo e falou.

- Cebola e eu fomos ladrões mesmo. Nós fizemos com que ela roubasse o pacote de biscoitos. – a moça ficou chocada.

- Como é?

- Nós pegamos o gato dela como refém e falamos que íamos raspar todo o pelo dele. – diante do olhar indignado da moça, ele logo consertou. – a gente não ia fazer isso de verdade, é sério, mas a Magali acreditou e roubou os biscoitos pra gente.

- Que horror! – por pouco ela não lhe deu uma bofetada. – Cascão, eu briguei com ela por causa disso, você lembra! Todas as meninas ficaram de mal!

- E viraram as costas pra ela. Tem noção de como isso foi horrível? E ela nunca tinha feito nada de mal pra vocês, caramba!

- Mas... ela roubou e...

- Mesmo que tivesse roubado sozinha, vocês não deviam ter feito isso com ela.

Cascuda abaixou a cabeça. Cascão estava certo, as meninas viraram as costas para Magali no momento em que ela mais precisava. Tudo por influência dela, que tinha ficado revoltada por ela ter acusado o seu namorado. Sozinha, sem amigos e sendo atormentada pelos meninos, Magali não teve muita escolha.

- Eu nem sei o que dizer, que coisa horrível vocês fizeram com a pobrezinha!

- Agora que você sabe a verdade, não fica atacando a Magali tá bom? Deixa ela em paz e tenta conversar com as meninas.

- P-posso falar isso pra elas? Aí todo mundo vai ficar contra você e o Cebola!

- Todo mundo sempre foi contra a gente mesmo, não vai fazer diferença.

Por fim ela concordou, já vendo a ex-valentona com outros olhos. Era incrível como as pessoas julgavam as outras sem conhecer sua história e seu passado. Estava na hora de mudar isso.

- Eu ainda não sei o que fazer com o meu namoro...

- Você falou que ele é um cara muito legal.

- E é mesmo, só que...

- Tenta conversar com ele e diga como se sente. Não fica esperando ele adivinhar não porque ninguém tem bola de cristal. Se a garota não falar, o cara nunca vai saber o que ela quer. – a moça sorriu. Era tão óbvio, por que ela não tentou isso antes?

- Farei isso. Obrigada, de verdade. Espero poder ser sua amiga.

- Tranqüilo. Tá na hora mesmo de seguir em frente.

Os dois foram para o refeitório sentindo-se mais leves. Cascão sabia que tudo ia melhorar dali por diante.

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Enquanto Mônica fazia companhia para Magali, Cebola quebrava a cabeça tentando resolver aquele enigma. Ele tinha levado uma das páginas para a escola mesmo sabendo dos riscos, pois não podia perder tempo. Pesquisar na internet estava fora de questão porque ele podia estar sendo rastreado.

“Pode ser alguma língua morta ou muito antiga.” Os rabiscos não pareciam com nada que ele conhecesse. As letrinhas pareciam quebradas, fragmentadas, ele não sabia dizer. Se não era de nenhum idioma, o que seria? Talvez um código? Era o mais provável. Sendo assim, não tinha como ele desvendar aquele enigma.

- Conseguiu alguma coisa? – Mônica perguntou chegando junto com Magali.

- Nada. Caramba, eu nem sei o que é isso, como vou entender alguma coisa?

- A gente até podia mostrar pra tia Nena, mas tem o perigo daquele pessoal pegar.

- Melhor não, Magali. A gente não pode correr nenhum risco.

As garotas sentaram perto dele, cada uma de um lado, para também poderem estudar aquelas letras estranhas quando viram muitas meninas xingando o Cascão enquanto Cascuda tentava acalmá-las. Magali levantou-se imediatamente para defender o namorado, Mônica e Cebola foram atrás.

- O que tá pegando aqui? – ela perguntou segurando rapaz pelo braço.

- Nem devia defender esse sem vergonha, ele não merece! – Aninha falou. Os três olharam para o Cascão pedindo respostas.

- Foi mal, Cebola... é que eu falei a verdade pra Cascuda.

- Hein? Verdade do quê?

- Sobre o pacote de biscoitos.

Cebola pensou rápido e entendeu o que o amigo queria dizer.

- Ahhhh... o pacote de biscoitos... O que tem?

- Eu contei pra elas que a gente obrigou a Magali a roubar, ela nem queria, mas se não fizesse isso a gente ia raspar o pelo do Mingau todo.

Se não fosse sua habilidade em mentir, Cebola teria dado a maior bandeira. Na mesma hora ele percebeu as intenções do amigo e por isso confirmou.

- Pois é... a gente não tinha juízo mesmo... mas olha, ninguém ia machucar o gato não!

- Foi o que eu falei pra elas! Se a Magali não tivesse roubado, a gente acabaria devolvendo o gato!

As meninas olhavam para ele com as mãos na cintura e com cara de que iam iniciar um linchamento. Magali olhou incrédula para os rapazes, mas entendeu o que estavam tentando fazer por ela e não desmentiu. Mônica também tinha entendido tudo e procurou acalmar os ânimos.

- Gente, eles pediram desculpas pra Magali, tá? Agora somos todos amigos e ninguém guarda mágoa de ninguém. Por favor, vamos parar com tanta briga que isso não leva a nada!

- A Mônica tá certa. – Cascuda apoiou. – Chega disso. A vida nesse colégio já é ruim, não vamos piorar mais ainda.

O sinal tocou e o grupo foi se dispersando. Magali notou que as meninas a olhavam com mais simpatia. Mesmo detestando que sentissem pena dela, a moça procurou não reclamar. Antes de entrarem na sala de aula, ela agradeceu aos rapazes com um sorriso. Finalmente ela ia poder reatar as antigas amizades.

Só Denise não estava satisfeita com tudo aquilo. Foi muito trabalhoso colocar as meninas contra Magali e aqueles dois palhaços resolveram colocá-la como vítima? Sem falar que ela não acreditou nem um pouco no que aqueles dois falaram. Ela se lembrava de Magali ter falado que roubou os biscoitos e os meninos comeram. Deve ter sido por isso que todos acabaram acreditando no que Cascão tinha falado porque ninguém tinha lembranças claras do que aconteceu. Mas ela se lembrava bem e em momento algum Magali falou que os dois tinham lhe obrigado a roubar.

“Eles mentiram pra limpar a barra dela, mas eu vou provar isso e aí quero ver como eles vão ficar!”



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