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História UnKiss Me - Suga BTS - Desastre Natural Ambulante


Escrita por: Kesey_ecc

Notas do Autor


LEIAM AS NOTAS FINAIS POR FAVOR

Capítulo 28 - Desastre Natural Ambulante


Fanfic / Fanfiction UnKiss Me - Suga BTS - Desastre Natural Ambulante

- Ei menininha – chamo assim que ela atende o telefone no segundo toque.

- Oi tigrão – sua voz soa serena do outro lado da linha – está tudo bem?

- Uhum... tudo normal

Alguns segundos em silêncio.

- Estou com saudades... – comento simplesmente.

- Também sinto sua falta – ela suspira com a boca próxima do aparelho.

- Está ocupada hoje?

- Tenho que terminar um projeto de cem páginas.

- Caramba! – arregalo os olhos - Eu já teria me matado.

- É, eu sei. Mas amanhã tenho um tempinho livre.

- Amanhã tenho uma reunião importante e mais uns ajustes em alguns trabalhos.

Comprimo os lábios bagunçando levemente alguns fios do meu cabelo enquanto ouvia sua respiração de completo desapontamento.

- A gente podia passar um tempinho juntos no domingo.

- Você não precisa acordar cedo?

- Nem que seja só um tempinho...

Era do que vivíamos no último mês, um mísero “tempinho” juntos.

- Tudo bem, eu ligo pra você menininha.

- Tigrão?

- Oi – respondo com um meio sorriso que ela não poderia ver.

- Eu te amo. 

- Idem...

- Yoongiii... – chama meu nome arrastado como um protesto e me arranca uma risada.

- Eu também te amo Julia.

- Boa noite – responde baixinho, mas dava pra sentir o sorriso em sua voz antes de desligar.

Respiro fundo guardando o celular no bolso da calça e pegando a carteira no porta luvas do carro. Aquela ligação era a dose de coragem que eu precisava. Assim que saio do veículo aciono o alarme enquanto olho pra fachada do restaurante que parecia remotamente movimentado. Deve ser porque nem 10% da população de Seul têm dinheiro pra pagar uma refeição ali. Aliso minha camisa social numa tentativa falha de desamassá-la e sem muita escolha adentro o local.

- O senhor Lee está me esperando – falo sem muita paciência com o recepcionista idiota.

Apesar de me dirigir um olhar azedo ele não precisava perguntar o meu nome, em silêncio e completamente contra a vontade, ele me leva até a uma mesa reservada.  A iluminação ali era um pouco mais escassa e amarelada, umas plantas maiores adornavam os cantos deixando tudo mais restrito e pessoal. É, ele não queria mesmo ser visto com o Min marginal. Ao me olhar chegando perto faz um gesto rápido pra que o recepcionista se retire e me aponta a cadeira a sua frente.

- Tomei a liberdade de já pedir o jantar – o pai da Julia anuncia frio.

- Eu não vou ficar para o jantar. Só quero saber o que o senhor precisa falar comigo.

- Facilita então – entorta levemente os lábios antes de deslizar um envelope fechado sobre a mesa – Creio que você já sabe o estrago que fizeram levando a público nosso acordo – dei de ombros como resposta, esperando que continuasse – Esperei pacientemente que os boatos se dissipassem e que vocês dois desistissem dessa ideia idiota de “relacionamento de verdade”. Tenho avisado a Julia todos os dias que não gosto nada dessa historia, mas já que estou sendo ignorado resolvi te fazer uma outra proposta.

Pego o envelope sobre a mesa e abro sem o menor interesse. Dentro havia páginas e mais páginas de letras pequenas que eu não entendia, algumas clausulas bem detalhadas.

- Vamos encerrar da mesma forma que começamos. Saia de vez da vida da Julia e em troca você assina um contrato com uma das melhores gravadoras do país.

- Isso só pode ser brincadeira – rio incrédulo folhando o tal contrato.

- Vamos deixar de melodrama – apóia os cotovelos sobre a mesa – É simples e direto.

- Primeiro me força a casar com a sua filha e agora quer me forçar a sair da vida dela? Qual o sentido disso? 

- Antes eu tinha como controlá-lo por causa da cadeia e da fiança. Não podia imaginar que a minha filha seria tão ingênua pra cometer o mesmo erro duas vezes depois de me fazer acreditar no divórcio de vocês. Chega de você trazendo problemas para ela e para os meus negócios.

- O que minha relação com a Julia tem a ver com os seus negócios?

- Tudo. Assim como seus problemas afetam seus pais, minhas relações pessoais e as pessoas que me cercam afetam diretamente a minha reputação como empresário. Não quero meu nome envolvido em escândalos. 

- Quem causou o escândalo foi você com o primeiro acordo – aperto os papeis com força entre meus dedos – O lema é “fazer a sujeira sempre por debaixo dos panos”? Tenho certeza que um contrato de casamento é o menor dos escândalos sob o seu nome.

Pela primeira vez vejo-o trincando o maxilar e perdendo levemente a compostura fria diante de mim. Ao contrario da satisfação pessoal que eu deveria sentir a raiva cresce ainda mais.

- Você está insinuando...

- Estou afirmando que com certeza você não construiu seu império tão honestamente assim. Meu relacionamento com a sua filha deveria ser a menor das suas preocupações.

Daquela vez as mãos do senhor Lee que tremem e se fecham em punhos a minha frente, mas eu não estava com a menor paciência. Se aquela conversa continuasse era capaz de acabar indo para a cadeia pra sempre dessa vez. Me sentia pior do que me senti quando perdi a cabeça e destruí aquele quarto de hotel de merda, se acabasse quebrando as coisas por aquele restaurante ou a cara do Sr. Lee eu não teria nem direito a fiança.

- Simples e direto não é? – pergunto ironicamente. Ajeito os papeis dentro do envelope mais uma vez e largo sobre a mesa – Meu amor pela Julia não está à venda.

Sem esperar qualquer resposta ou ouvir qualquer protesto raivoso me levanto afim de sair dali o mais rápido possível. Passo pelas mesas ignorando os olhares sobre mim ao mesmo tempo em que tentava controlar a raiva por aquela proposta ridícula. Deslizo uma mão pelo meu cabelo e de relance tenho a impressão de ver Yesung sair apressado de uma das mesas, mas ignoro completamente. Eu não queria ter que lhe dar com mais de um babaca na mesma noite. Ao sair do restaurante entro apressado no meu carro e a primeira coisa que faço é esmurrar o volante pelo menos umas três vezes seguidas.

Era tudo que eu precisava! Uma conversa idiota com o pai da Julia pra disparar o gatilho e trazer de volta todos os problemas que me atormentavam. Tudo que eu queria alcançar e não conseguia. Tudo que eu queria ser e falhava. Tudo que eu achava que era e o que a minha família pensava de mim. Acima dos pormenores, tudo o que eu havia feito a Julia passar por causa da minha cabeça fodida.

O pior era pensar, lá no fundo, que ele poderia estar certo...

(...)

Assim que entro no prédio chamo a atenção do porteiro que parecia estar distraído com alguma coisa sob o balcão.

- Sr. Min – me cumprimenta quando o chamo – Tenho que anunciá-lo a essa hora.

O idoso estava prestes a pegar o interfone.

- Não, tudo bem. Ela já está me esperando – sorrio levemente e sem resistência ele me deixa subir.

Aquilo era ótimo pra mim, mas sinceramente ele era um perigo naquela portaria. Me escoro completamente na parede de aço do elevador e penso pela milésima vez em como poderia fazer isso com ela e comigo mesmo. Como fazer dar certo se não tinha nada certo nas nossas vidas agora? Fecho os olhos por um instante, tentando controlar alguns calafrios involuntários. Minhas mãos já estavam começando a suar, frias como gelo. O nervosismo me engolindo. A caixa metálica da um tranco e como um robô programado eu sigo até sua porta, aperto a campainha algumas vezes seguidas e espero.

Pela fresta debaixo da porta posso ver que as luzes já estavam acesas, mas ela demora um pouco para abrir. Quando enfim apareceu estava com os cabelos um pouco bagunçados e algumas marcas no rosto, como se tivesse apoiado em algum lugar por muito tempo.

- Tigrão, o que veio fazer aqui essa hora? - Julia sorri de cenho franzido e me puxa pra dentro rapidamente – Eu tava terminando o trabalho, só que acabei pegando no sono em cima do notebook.

Não consigo evitar uma leve risada só de imaginá-la naquela situação, mas sua pergunta não me deixa menos apreensivo.

- Eu precisava te contar uma coisa que aconteceu hoje.

Ela me olha preocupada arrumando os cabelos atrás da orelha por um segundo antes de segurar minha mão. Seu toque era quente e ela se assusta com a minha pele fria. 

- O que aconteceu? Você está bem?

Afirmo que sim com um aceno, mas meus olhos grudam no chão.

- Seu pai me chamou pra um jantar hoje. Ele queria me oferecer outro acordo, só que dessa vez pra ficar longe de você.

- Como é que é? Meu pai enlouqueceu de vez? Da onde ele tirou essa ideia maluca? O que foi que ele disse? Era algum tipo de brincadeira de mau gosto? Só pode ter sido...

- Infelizmente não – volto a encará-la enquanto escolho bem as palavras a seguir – Ele queria que eu sumisse da sua vida e em troca me ajudaria a assinar um contrato com uma gravadora grande.

Os olhos dela imediatamente se abrem arregalados. Completamente surpresa num primeiro momento, mas rapidamente furiosa no momento seguinte.

- ELE PIROU? Maluco! Só pode. Ele não pode fazer isso. Quem pensa que é? Quem pensa que eu sou pra controlar minha vida assim? – Julia anda de um lado pro outro – Isso não pode ficar assim, vou falar com ele...

Faz menção de pegar seu casaco ao lado da porta, mas eu seguro sua mão trazendo-a pra perto.

- Você quer sair a uma da manhã pra falar com seu pai? – pergunto de cenho franzido – Eu já recusei menininha, não te trocaria por nenhum contrato no mundo.

Ela me encara séria, analisando meu rosto daquele jeito que um dia já chegou a me incomodar, mas que agora só me deixava melancólico. Suas mãos seguram meu rosto com delicadeza, seu polegar fazia um carinho vagaroso na minha bochecha, seu olhar penetrava minha pele.

- Mas você vai me deixar mesmo assim...

Naquele instante eu descobri como crateras eram formadas na terra, porque uma havia aberto bem no meu peito.

- Tigrão, o que foi que ele disse? – pergunta baixinho – O que quer que tenha sido você não tem que levar em consideração, esquece isso.

- Seu pai é um idiota, nunca ouço nada do que ele diz – suspiro segurando uma de suas mãos, sentindo seu choque quente mais uma vez – Só que... eu não sei... as coisas parecem tão fora do lugar, de ordem.

- Eu sei que a gente mau ta conseguindo se ver, mas eu ainda to aqui tigrão.

-Você conseguiu acalmar aqui Julia – faço um gesto rápido em direção ao meu peito – mas minha cabeça continua uma bagunça.

- Você sente falta da sua família, não é?

Afirmo que sim com um aceno.

- Eu sinto falta de mim. De me sentir completo – suspiro levemente umedecendo meus lábios secos - Parece que eu nunca posso ter tudo. Ou é você, ou minha família ou a música.

Os olhos dela imediatamente se inundam e eu sinto que o buraco no meu peito poderia chegar ao centro da terra. De alguma forma inexplicável eu sentia que em poucos minutos ficaria difícil de respirar. Era a decisão mais difícil de toda a minha vida, mesmo que eu não soubesse o que viria pela frente eu tinha certeza de que tudo iria se resumir entre “antes e depois” dela.

- Tenho que me reconstruir e pra isso não posso começar do meio, entende? – continuo – Eu tenho que cumprir a promessa que fiz pra você, mas acho que agora... assim... não vou conseguir.  Eu sei que você vai falar que ninguém consegue nada sozinho...

- E você vai responder que algumas coisas ninguém pode fazer por você.

Um longo período de silêncio se faz presente, onde nossas mãos se entrelaçavam com força.

- Eu disse que meu sonho era ver você realizar o seu... mesmo que eu não faça parte de tudo.

- Você é meu objetivo Julia. Fazer valer a pena. Eu só preciso tentar, pra no final da nossa vida eu não te encher o saco reclamando de tudo que eu não consegui. Reclamando que eu não fiz nada do que queria fazer. Eu quero te dizer que eu fiz tudo que eu pude, sem arrependimentos – deslizo minha mão livre até sua nuca, colando nossas testas – Cada passo que eu der é por nós menininha. Eu juro que vai ser um passo pra mais perto de você. 

Ela sorri, deixando algumas lágrimas escorrerem por suas bochechas coradas.

- Eu confio em você tigrão. Sei que você vai conseguir.

Com um biquinho fofo ela deposita um beijo na ponta do meu nariz. A minha menininha de sempre. Meus olhos queimam por um segundo e eu tenho que piscar várias vezes para afastar aquela sensação. Era melhor sair dali o mais rápido possível antes que eu desmoronasse. Ao soltar nossas mãos e tentar me afastar, porém, Julia envolve meus ombros e pede baixinho:

- Fica comigo hoje Min Yoongi. Não me deixa... só por agora... não vai não.

Um tsunami me atinge sem aviso prévio, me levando pro fundo do oceano com um monte de cacos e bagunças que formavam o que eu era por dentro. Meu corpo tinha virado um desastre natural ambulante por causa dela.

- Eu nunca vou te deixar Julia.

Rapidamente selo nossos lábios. Ela se desfaz do meu casaco antes de me puxar as cegas para o seu quarto. Meus braços envolvem a cintura dela num abraço apertado e forte, onde eu depositava a esperança de fundi-la a mim pra sempre.


Notas Finais


As vezes as coisas que nós queremos e os caminhos que escolhemos acabam nos afastando das pessoas que nós amamos. São caminhos que muitas vezes temos que trilhar sozinhos, não há ninguém que faça por nós. Mas é ai que descobrimos o quanto somos capazes de amar alguém. O tempo é a maior prova de amor.

Espero que tenham entendido o porque da decisão de separá-los de novo. Eles precisam aprender separados agora. A Julia tem que crescer sem o egoísmo dela. E os dois tem que buscar seus próprios objetivos.

Eu tinha a intenção de fazer mais um capítulo de amorzinho deles antes desse, mas parece que vocês não curtiram muito essa fase dos dois então o capítulo foi cortado kkkkk.
AVISO: RETA FINAL DE UKM.
teremos mais uns 4 ou 3 capítulos no máximo.
obrigada por ler <3

ps: ~LYN_JOPLIN espero que não tenha te decepcionado a maneira como eu incorporei sua ideia a história ^^


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