- Que horas ele vêm? - Peter perguntou logo depois de entrar em casa com sacolas de compras nas mãos.
- Ele disse para mim que viria às sete - estou sentada no sofá assistindo TV.
- Não vai se arrumar? - Ele sentou-se ao meu lado.
- Vou.
Entreguei o controle da TV para meu pai e levantei, arrependi-me de não ter contado o que aconteceu para Peter. Eu converso normalmente com Castiel, mas ele ainda não me contou e eu estou prestes a explodir.
Escolhi uma roupa e fui tomar banho, demorei o máximo possível, coloquei um vestido azul rodado de usar em casa mesmo já que Castiel já é parte da família considerado pelo meu pai, sequei o cabelo no secador e passei um perfume. Desci as escadas e fui até a sala.
- Você realmente se parece muito com a sua irmã... Idênticas... - Meu pai disse ao me ver na sala.
Minha irmã e eu somos gêmeas, mas gêmeas idênticas, possuímos a mesma marca de nascença, bem estranha por sinal, um símbolo muito estranho, nunca o vi e nem tenho curiosidade de saber se existe.
- As vezes eu me olho no espelho e penso ver ela em minha frente, mas depois percebo que é só meu reflexo - abaixei a cabeça, meu pai se aproximou para um abraço e a campainha tocou, disfarcei os olhos lacrimejados, o que não deu muito certo e abri a porta.
Castiel estava lá, lindo como sempre, o cabelo solto, uma jaqueta e jeans preto acompanhando a camisa vermelha do Winged Skull.
- Oi - ele disse com um sorriso no rosto e me abraçou.
Ainda me sinto estranha com isso.
- Oi, entra - o soltei e dei espaço para que passasse.
Ele entrou sorrindo e cumprimentou meu pai - de um jeito bem estranho.
- Quanto tempo cara - Peter disse retribuindo o cumprimento.
Os dois parecem adolescentes quando se vêem, vai ser bom até porque eles vão se distrair com a conversa deles e eu vou poder ficar sem me preocupar.
Sinceramente acho que ele não irá contar nada e eu terei que jogar as cartas na mesa e ver no que irá dar.
- Então, porque não tem aparecido por aqui? - Peter perguntou oferecendo biscoitos para e mim e Castiel, ele aceitou, eu não.
Meu pai também assume o papel como mãe, as vezes eu acho engraçado.
- É que... - Castiel olhou pra mim. - Bom...
- Brigaram? - Peter ergueu a cabeça e olhou pra mim e depois pra ele.
- É... - Ele respondeu inseguro.
- Angel nunca fala o que acontece com ela, não que eu queira me intrometer, mas... Eu sou o pai.
Agora fico pensativa sobre falar minhas dúvidas ou não.
- Eu entendo, mas acho que já está tudo bem - Castiel disse, olhou pra mim e sorriu, retribuí timidamente.
- Que bom - Peter sorriu. - Angel, você pode me ajudar aqui na cozinha?
Balancei a cabeça positivamente e o ajudei a fazer um macarrão que minha mãe costumava fazer em datas especiais.
- Enfim... Está pronto! - Eu disse alertando Castiel que estava viajando por algum outro mundo.
Ele "acordou" e sentou-se à mesa, ele ficou ali parado conversando enquanto fazíamos a comida.
- Vai dormir aqui esta noite, não? - Peter perguntou servindo seu prato.
- Não...
Bem que eu tinha estranhado o fato de ela não trazer nenhuma roupa.
- Por quê? - Peter perguntou deixando o sorriso de lado.
- Eu... é que... Minha mãe voltou de uma viagem e como o senhor sabe, ela quase nunca está em casa.
- E seu pai?
- Vêm semana vem... - Disse baixo.
Sei que ele está mentindo, pois sua mãe só irá vir no próximo mês e seu pai no mesmo dia.
- Eles mudaram de ideia sobre vir mês que vem? - Perguntei e ele engoliu em seco, apenas assentiu.
Talvez seja verdade.
- Posso vê-la? - Perguntei segurando a mão dele.
- É... Logo mais ela irá viajar de novo e só voltará mês que vem...
Então é mentira.
Jantamos, depois Castiel e Peter ficaram conversando, saí sem que eles vissem e fui para o jardim, deitei-me na grama e fechei os olhos.
- O céu está bonito - ouvi uma voz masculina conhecida dizer.
Abri os olhos e virei o rosto para o lado, Castiel estava deitado ali, eu dormi?
- Há quanto tempo está aqui? - Perguntei e passei as mãos no rosto.
- Alguns minutos, acho que você dormiu pois não notou minha aproximação.
- Também acho... Você mentiu, não é mesmo? - Perguntei, por fim.
- Eu? Menti o que? - Ele virou o rosto para mim, sua expressão é assustada.
- Sua mãe ainda está viajando... - Encarei o céu.
- É...
- Então porque mentiu? Poderia ter dito que não queria ficar! - Sentei na grama e ele fez o mesmo.
- Eu quero, mas percebi que você não quer!
- Quando que eu demonstrei isso?! - Perguntei indignada e o encarei.
- Faz dias... Você vem agindo estranho e quase não temos o mesmo contato que antes - ele disse com o olhar triste.
O pior de tudo é que você não assume seus erros! - pensei.
- É sim, eu ainda não perdoei, mas por isso não quer dizer que eu não te queira aqui - respirei fundo e contei até três.
- Eu fico.
- E vai dizer o que ao meu pai?
- Que eu liguei para a minha mãe.
Não sei porque mas sorri com isso, ele se aproximou e me beijou, um beijo diferente dos outros, não sei explicar.
Ele passou as mãos pela minhas costas e eu entrelacei meus braços em seu pescoço, o beijo estava ficando cada vez mais intenso, mas fomos atrapalhados pelo barulho de um caminhão que parou na frente da casa vizinha, comecei a rir e Castiel também.
Levantei e fui até o portão por curiosidade, Castiel me seguiu.
- Mudança? Pelo o que eu sei só fazem isso durante o dia - olhei confusa para Castiel que retribuiu com a mesma expressão.
- Estranho, mas enfim... - Castiel colocou as mãos em minha cintura e começou a me beijar.
Retribuí no mesmo instante, ele desceu os beijos para o pescoço e eu virei o rosto para a casa vizinha. Saindo de um carro, um garoto de cabelos negros e roupas pretas me olhou e sorriu, do outro lado saiu um garoto de cabelos azuis que no mesmo instante me fez lembrar Alexy, eles olharam para nós e depois entraram na casa. Os homens dentro do caminhão começaram a descarregar os móveis.
- Vamos entrar - eu disse fazendo com que Castiel se afastasse, com dificuldade ele se afastou.
- Vamos.
Entramos em casa e meu pai já estava no quarto. Castiel me seguiu até o meu quarto. Eu fui ao banheiro e troquei de roupa, me sinto insegura por dormir com ele, de todas as vezes que já dormimos juntos... Agora o sentimento é outro.
Assim que deitei na cama, Castiel começou a me beijar.
- Não Castiel, vá dormir, por favor.
Dito isso fomos dormir, no outro dia meu pai nos olhou estranhamente, Castiel explicou que tinha ligado para a mãe e ele entendeu.
- Viu os novos vizinhos? - Perguntei para meu pai.
- Sim, mas desde quando?
- Ontem a noite, eram dois garotos, estávamos lá fora - eu disse.
- Estranho...
- Preciso ir - Castiel disse, nos despedimos e ele saiu.
O dia foi extremamente etendiante, eu estava comendo uma colher de doce de leite quando alguém toca a campainha. Meu pai estava deitado, abri a porta e dei de cara com o rapaz de cabelo escuro da noite anterior.
- Boa tarde, senhorita - ele fez uma reverência para mim, estranho, mas...
- Boa tarde, posso ajudar em algo? - Perguntei e percebi a presença do outro garoto ali que acenou.
- Claro - O garoto de cabelos azuis deixou um sorriso enorme no rosto. - É que vimos você ontem aqui e pensamos em conhecer os vizinhos.
- Ah claro - olhei para trás para ver se meu pai estava acordado, não. Saí da frente e dei espaço para que eles entrassem. São altos. - Como vocês se chamam?
- Meu nome é Nevra, ele é o Ezarel - O garoto de cabelos negros falou apontando para si e depois para o outro. - E você?
- Nomes... Diferentes... Me chamo Angel - estendi a mão para eles, depois de um tempo se olhando eles também, um pouco hesitantes, estenderam as mãos. - Algum problema?
- N-não, nenhum... Estuda? - Nevra perguntou recolhendo a mão.
- Em uma escola enorme do Centro.
- Se for a que eu estou pensando é a mesma a qual iremos estudar, tem grandes portões vermelhos? - Ezarel perguntou ainda sorrindo.
- Sim, essa mesmo. Vocês são de onde? - Perguntei.
- É... - Os dois se olharam. - De um lugar bem distante, digamos assim... - Nevra concluiu.
- Ah bom...
- Bom, melhor irmos embora, se for a sorte nos vemos na escola - Ezarel disse e piscou, meu pai apareceu na entrada da sala.
- Os novos vizinhos?
- Sim, pai esse é Nevra e Ezarel - apontei para cada um.
Meu pai fez uma cara estranha, provavelmente quis rir dos nomes.
- Bem vindos, novos vizinhos - e sorriu.
- Obrigado... - Nevra disse querendo saber o nome dele.
- Peter.
- É... Já estamos de saída - Ezarel disse puxando Nevra que mantinha o olhar fixo em mim.
Assim que saíram, Peter começou a rir.
- É feio isso, sabia? - Falei fechando a porta.
- Os nomes... - Ele não parava de rir, eu não havia achado graça. - Desde quando estavam aqui?
- Ficaram poucos minutos, disseram que queriam conhecer os novos vizinhos - eu disse e andei até a cozinha, coloquei a colher na pia.
- Acho que gostaram de você pra ser sincero.
- Não me conhecem.
Ezarel P.O.V
A vi ontem a noite, mas não sabia que ela já amava alguém, Nevra agiu estranho, ele não é assim. Digamos que ele sempre é ousado com as garotas, mas hoje... Foi diferente. O que deu nele? Eu não sei. Assim que entramos em casa, fechei a porta e decidi conversar com ele.
- O que achou da garota? - Perguntei sentando-me em sua frente.
- Ela é uma gata - ele disse e mordeu o lábio.
O que está acontecendo com você?! Estava daquele jeito e agora... Voltou ao normal?! Quê?!
- Você estava estranho - coloquei a mão no queixo, pensativo.
- Temos que agir como humanos, não como somos acostumados a agir - ele disse em tom sarcástico.
- E como vamos saber que é ela? Só poderemos saber se vermos a marca de nascença, Miiko não nos descreveu ela e simplesmente nos mandou pra cá - levantei e comecei a andar de um lado para o outro.
- Eu sinto que é ela.
- Eu também, mas como vamos ver a marca para ter certeza? - Perguntei.
- Miiko disse que não éramos para fazer nada, simplesmente achá-la. Se nós dois sentimos que é ela, precisamos levá-la até Miiko. Até porque ela é muito parecida com a...
- É verdade - tive que concordar.
- E não há sombra de dúvida que seja ela.
- Pode ser qualquer um com a marca, só porque são parecidas não quer dizer nada - Falei e Nevra me encarou.
- Precisamos esperar um tempo, não podemos simplesmente capturá-la - ele levantou.
- Por quê? - Eu já estava ficando indignado.
- Temos que dar confiança para ela, depois a convidamos para uma viagem entre amigos e puff - ele bateu uma das mãos na mesa acompanhando o "puff".
- Seja como você quiser - me joguei no sofá novamente. - Espero que ela não traga problemas.
- Vai ser difícil com o namorado junto - Nevra juntou os punhos em frente aos lábios.
- Por quê? - Revirei os olhos, têm mais isso!
- Ele não deixaria a namorada ir em uma viagem sozinha com amigos que recém conheceu - ele tem razão.
- Até lá pensamos melhor - o acalmei, já raciocinei o problema dele.
- Tenho que admitir que você ficou melhor de cabelo curto e sem as orelhas pontudas - ele disse e joguei uma almofada nele.
- Espero que Miiko devolva minhas características quando voltarmos - ele riu. Encerramos o assunto ali.
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