1. Spirit Fanfics >
  2. UNKNOWN (JIkook) >
  3. Família maior

História UNKNOWN (JIkook) - Família maior


Escrita por: evyamaze

Capítulo 61 - Família maior


JIMIN

Estar grávido está sendo bem tranquilo. Ainda tenho medo, é óbvio, mas talvez, desta vez, tudo dê certo.

ㅡ Segura minha mão. ㅡ Jungkook pede enquanto está deitadinho sob a maca hospitalar.

Hoje, é o nosso primeiro ultrassom.

E juntos.

Eu sorrio e busco sua mão, vendo o modo em como seus pezinhos agoniados balançam de um lado a outro, totalmente nervosos.

ㅡ Será que estará tudo bem? Será mesmo que tem um bebê em mim?

É essas suas dúvidas constantes e diárias. Eu somente assinto, vendo a porta do consultório ser aberta pela doutora que nos atenderá.

ㅡ Olá, boa tarde. ㅡ ela entra sorrindo.

Respondemos em uníssono, sinto o modo em como os dedos de Jungkook se intensificam no aperto com a minha mão.

ㅡ Podemos começar logo, doutora? ㅡ ele pergunta aflito.

A mulher assente, sentando-se próxima a Jungkook.

ㅡ Pode levantar a camisa um pouco?

Ele assente, erguendo-a.

ㅡ É o seu primeiro ultrassom? ㅡ ela pergunta enquanto organiza o equipamento.

ㅡ Sim, ainda não sei se tem um bebê aqui mesmo, a senhora pode ver, não é?

ㅡ é para isso que estamos aqui, amor. ㅡ digo sorrindo.

ㅡ Ele também doutora, a senhora pode ver se tem um bebê nele também, não é? Eu fiz, sabe, mas eu não sei se tem.

ㅡ Jungkook-ah! ㅡ brigo, fazendo-o calar a boca.

A doutora somente sorri, pedindo licença para depositar o líquido sobre a barriguinha dele, e eu o vejo se encolher todo, sorrindo.

Um neném.

Quer dizer, dois. Porque assim que ela deposita o equipamento sobre a barriga dele, o pequeno bebezinho aparece na tela, me fazendo sentir o peito comprimir, mas logo explodir.

ㅡ Isso é mesmo um bebê? ㅡ Jungkook pergunta assustado, vendo tudo numa tela bem à frente.

Desta vez sou eu quem aperta com mais força sua mão, olhando em seus olhos para ver o modo em como eles já se enchem de lágrimas.

A doutora segue o exame, mostrando e explicando cada coisinha.

Ela conta em como a gravidez é delicada, e como a nossa requer mais cuidado. Eu garanto a ela, para o que depender de mim, Jungkook e esse bebê ficaram quietinhos e bem.

Ela mostra como seus membros já estão se formando bem, e mostra como ele já está grande.

ㅡ Seu bebê mede de três centímetros e meio a quatro e pesa em torno de cinco gramas.

ㅡ Tão pequeno. ㅡ digo ainda vendo-o ainda quietinho na tele.

ㅡ É sim. ㅡ ela diz sorrindo. ㅡ Os membros parecem bem desenvolvidos também, e vê isso? ㅡ ela passa a seta por cima da imagem. ㅡ é o cordão umbilical, ele já está levando seus nutrientes até o bebê, então precisa tomar bastante cuidado com o que ingere de hoje por diante, tudo bem?

ㅡ Eu tomo muito café, faz mal? Eu li na internet que faz...

ㅡ Bom, o legal é reduzir, tomando em torno de duas a três xícaras por dia. Mas isso seria bom conversar com seu médico, após passar por um nutricionista, tudo bem?

Jungkook assente, ainda olhando bobo para a imagem do pequenino bebê.

ㅡ Dá para saber o sexo agora? Temos um menino, mas eu acho que teremos outro. Jimin acha que é uma menininha.

Eu sorrio da forma em como ele fala tudo abertamente, como se conhecesse a mulher de tempos.

Porém, ela nega, mas não deixa de sorrir.

ㅡ Ainda não conseguimos, talvez no segundo trimestre, em torno da décima sexta semana. O senhor está agora com dez semanas, não demorará muito.

ㅡ Tudo bem, eu aguento até lá. ㅡ Diz calmo.

ㅡ Gostaria de ouvir o coraçãozinho?

Jungkook arregala os olhos, e meu sorriso logo aumenta. Ele assente, freneticamente, e então o som vem.

Ligeiro, cheio de vida.

ㅡ Woah... ㅡ Jungkook deixa escapar, de boca aberta. ㅡ Jiminie...

ㅡ É o nosso amor, Kook-ah. O nosso amor em forma de vida.

Eu me atrevo e me aproximo dele, juntando nossas testas, permitindo que nossos corações entrem em sintonia. O som dos três.

ㅡ Está tudo bem com o seu bebê, senhor Jeon. ㅡ a médica finaliza.

ㅡ Muito obrigado, doutora. Mas agora a senhora pode ver o do Jiminie? Eu nem consegui dormir direito pensando nisso.

Eu nego, acariciando seu rosto e vejo a mulher assentir.

Quando enfim Jungkook se ergue e se junta a mim, ela pede para esperarmos um pouco ao lado de fora, já que precisa ser feita a troca do material de higiene necessário para o próximo exame.

Após cerca de dez minutos, somos encaminhados de volta, e desta vez, minha mão até treme.

ㅡ Você teve um aborto recentemente, certo?

ㅡ A mais ou menos sete meses. ㅡ digo aflito, deitando na maca hospitalar. ㅡ Tive que realizar uma Salpingectomia. Tive uma gestação heterotópica, o bebê no útero sofreu um aborto espontâneo, e o da tuba...

ㅡ Ele não se desenvolveu, imagino. ㅡ a mulher disse calma, fazendo-me assentir. ㅡ isto é bastante raro.

ㅡ Eu soube... Mas, isso pode fazer mal a esta gestação? Minha primeira gestação também tive o desprendimento da placenta no início do segundo trimestre, tenho medo de que algo aconteça agora, eu não suportaria...

ㅡ Fique calmo amor. ㅡ Jungkook diz, buscando minha mão e depositando um beijo sobre.

ㅡ Quanto tempo desde a sua primeira gestação?

ㅡ Quase um ano. ㅡ digo olhando-a.

ㅡ Certo. Pode erguer a camisa?

Assim como Jungkook, eu ergo, respirando o mais fundo que posso quando sinto-a depositar o líquido sobre minha pele.

Jungkook tem seus olhos atentos a tela, e eu estou num impasse de encará-la também ou fechar meus olhos até ter a certeza de algo.

Mas prefiro mantê-los abertos, vendo-a iniciar o exame que diferente do de Jungkook, não evidencia muita coisa.

ㅡ Mas onde está o bebê? ㅡ Jungkook pergunta.

Eu sinto o bolo que se forma em minha garganta, mas olho para doutora, vendo-a mexer em alguns dos botões a sua frente, aproximando a imagem.

ㅡ Eu não estou grávido? ㅡ pergunto controlando minhas lágrimas.

Jungkook se aproxima, deixando um beijo sobre minha testa.

ㅡ Mas é claro que está. ㅡ a doutora diz, fazendo-nos olha-lá logo. ㅡ essa pequenina bola de células, é o seu bebê.

ㅡ Isso é o bebê? ㅡ Jungkook pergunta franzindo o cenho. ㅡ mas, onde estão as perninhas, os braços ou a cabeça? Ele não se parece com o bebê que vimos.

ㅡ É porque ainda é bem pequeno. ㅡ ela diz em tom de riso. ㅡ Pelo tamanho, julgo que está entre quatro e cinco semanas apenas.

ㅡ Mas então, eu tenho mesmo um bebê dentro de mim?

ㅡ Claro que tem senhor Park. Ainda é um pequeno embrião, mas sim, o senhor está grávido.

ㅡ Podemos ouvir o coração? ㅡ Jungkook pergunta sorrindo.

ㅡ Irei tentar. Ainda é bem cedo.

Nós assentimos, mesmo que a doutora esteja muito concentrada na tela. Demora minutos, e eu apenas espero, mas, para nossa infelicidade, ainda era mesmo bem cedo.

- Como te disse, não se preocupe, certo? Ao que parece seu bebê está bem, então pode ficar tranquilo. Talvez no próximo ultrassom consigamos ver o sexo do bebê do senhor Jeon e ouvir o coração do seu bebê. Mas, como te disse, mantenham tudo com muito cuidado, certo? Os dois.

ㅡ Sem extrapolações. ㅡ Jungkook repete o que a médica havia nos ditos antes, fazendo-a rir e assentir. ㅡ até mais doutora.

Saindo do consultório, eu podia sentir a euforia de Jungkook nos passos. Ele caminhava firme, mas alegre. Seu sorriso não se desmanchou por um só segundo até chegarmos ao carro, e isso fez me sentir bem.

ㅡ Tenho certeza que são mais dois meninos. ㅡ Ele comentava enquanto dirigia.

ㅡ Eu acho que você carrega uma menininha, e eu sim, um menino.

ㅡ Sei não hyung, não dizem que a gente sente essas coisas? Eu sinto, sabe?

ㅡ Em breve sanaremos essa dúvida que nos mata, mas por enquanto...

ㅡ O quê?

ㅡ Podemos ir até a cafeteria? Eu queria muito comer uma torta de creme.

ㅡ Na Jeon's? Eu posso pedir para entregarem em casa, não está cansado?

ㅡ Não. Eu queria poder sair e ficar um pouquinho de casal com você sabe...

ㅡ Mas hyung, e Jiwan?

ㅡ Jiwan está se divertindo, amor, tenho certeza.

O que acontecia era o seguinte: Além do nervosismo para o nosso primeiro ultrassom, juntos, nós dois decidimos que Jiwan poderia visitar por alguns dias a escolinha apenas como teste.

Já havíamos ido lá, Jungkook fez questão de ir comigo e verificar se o lugar era seguro e limpo. Ganhamos as senhas das câmeras e o convite para deixar Jiwan junto aos demais, contando com Jennie, Jisoo e Jongin, que participavam da mesma turminha.

Jungkook a princípio foi bem duro, dizendo que não deixaria, mas conversamos sobre isso e chegamos a um consenso.

Após deixá-lo na salinha repleta de brinquedos educativos e com três pessoas responsáveis, o qual nos garantiu cuidar bem dele, Jungkook permaneceu no cantinho, às espreitas.

Ele ficou no mesmo lugarzinho por minutos, e sorria a cada vez que Jiwan parecia se enturmar e brincar com os outros bebês.

Então, hoje foi o terceiro dia dele na escolinha. Mesmo sabendo que ele está bem, e podendo ver ele através das câmeras, seu lado protetor ainda fala bem alto.

ㅡ Então, podemos? ㅡ pergunto o olhando e até faço beicinho, louco para que ele amoleça.

ㅡ Tudo bem. ㅡ nega suspirado. ㅡ eu também tenho fome, mas depois, iremos direto para lá porque já está bem próximo da hora de sair.

ㅡ Ele sai às seis, Kook-ah, ainda são duas e meia.

ㅡ Como eu disse, próximo.

Eu nego, deixando de lado porque não adianta discutir quando se trata de Jiwan para ele, decidindo ligar o som do carro num volume brando até que estejamos finalmente estacionados em frente à cafeteria dele.

ㅡ Que saudade de vir aqui. ㅡ ele diz ao descer. ㅡ faz tempo que não venho a uma...

ㅡ As coisas estão bem normais, não é? ㅡ pergunto caminhando a seu lado, em direção à porta principal.

ㅡ Sim, estou conseguindo cuidar de todas direto de casa, mas é sempre bom voltar a uma.

ㅡ Então... ㅡ digo tomando a frente e abrindo a porta para dar-lhe passagem. ㅡ Entre, por favor.

Jungkook me agradece com mais um sorriso, e passa por mim, logo cumprimentando alguns de seus funcionários.

ㅡ Uma torta de creme, e uma de frutas, por favor, e dois sucos de laranjas.

Eu ouço-o fazer o pedido, e pagá-lo logo em seguida, pois mesmo sendo o dono, ele diz que tudo é bem contabilizado. Então tomo a frente, buscando uma mesa mais no cantinho.

ㅡ Frutas? ㅡ pergunto quando ele senta à minha frente.

ㅡ Preciso tomar cuidado, ouviu a médica?

ㅡ Era pra me deixar com a consciência pesada? Porque se sim, parabéns.

ㅡ Estou brincando, é apenas porque se tornou uma das minhas favoritas, desde que meu pai enviou a receita de Busan.

ㅡ E por falar no meu sogro, como faremos para contar sobre os bebês a ele e a todos?

ㅡ Estava pensando nisso, mas antes, preciso saber se você pensou em algo para o aniversário de um ano de Jiwan.

ㅡ Eu pensei, mas realmente, acho que prefiro algo menor.

ㅡ Eu pensei em chamá-los para vir até Seul, mas não muitos, não sei onde colocaríamos. ㅡ ri.

ㅡ E para quê?

ㅡ Porque pensei em usar a ideia de uma festa para Jiwan, e trazê-los para cá, e assim, contar.

ㅡ Seria um tanto complicado para hospedar todos. Na nossa casa há apenas três quartos livres, Kook-ah.

ㅡ Não são poucos, mas na ocasião, são insuficientes...

ㅡ E se fôssemos para Busan?

ㅡ Comemorar lá?

ㅡ Sim, Jin, Nam, Tae, Hobi e Yoon, poderiam ficar no hotel. Ye, Hyun e Chae também. Se for para termos uma festa, quero todos.

ㅡ Mas seriam horas de viagem com bebês para todos, hyung. Tae e Chae estão grávidos. Jin hyung tem dois bebês pequenos também... Você imagina isso dando certo?

ㅡ Eu não sei mesmo o que faremos Jungkook.

ㅡ Eu também não, mas primeiro vamos comer. ㅡ ele diz, e no mesmo instante um dos garçons deixa os pratos sobre a mesa, colocando nossos sucos em seguida.

ㅡ Obrigado. ㅡ agradeço-o e sou rápido em comer um primeiro pedaço. ㅡ Woah... Está divino!

ㅡ Era um desejo? ㅡ Jungkook pergunta sorrindo enquanto separa um pedaço da sua.

ㅡ Como se fosse. ㅡ mastigo mais um pedaço, o que mais parecem nuvens se derretendo em minha boca.

ㅡ Quero realizar todos, então não pense duas vezes em me pedir.

ㅡ Eu também quero. ㅡ respondo tomando um pouco do suco.

ㅡ Mesmo que seja tipo, hm, peixe com chantilly?

ㅡ Credo, Kook-ah, eu não te deixo comer isso não.

ㅡ Estou brincando.

Durante nossa pausa, eu consigo arrancar algumas risadas bobas de Jungkook, fazendo-o esquecer até um pouco de Jiwan e a escolinha.

Eu disse um pouco.

Porque assim que saímos, em torno de três e quinze da tarde, travamos outra briga até que eu vença e dirija direto para o centro.

ㅡ E se ele estiver sentindo saudade?

ㅡ Porque não olha na câmera e vê como ele está sentindo saudade de ficar em casa brincando conosco.

Jungkook faz bico, ficando automaticamente chateado. Ele diz que suas brincadeiras com Jiwan são mais legais do que com diversos bebês em sua faixa etária, mas eu acho bem difícil.

ㅡ Olha chimmy. ㅡ ele diz animado, estendendo o celular para mim no momento em que paramos em um sinal vermelho. ㅡ estão brincando de encaixar.

Eu sorrio para a imagem que vejo. Jiwan está com algumas crianças ao redor, numa espécie de roda. Jongin está bem ao seu lado, o que não me surpreende, já que eles se dão muito bem.

Os bebês brincando com encaixes, em formatos e cores diferentes.

ㅡ Está vendo? Ele está bem.

ㅡ Ele está crescendo tão rápido, não é? ㅡ Jungkook diz suspirando, ainda olhando a imagem de nosso filho.

ㅡ Está sim. ㅡ falo notando o sinal verde, e seguindo para o centro.

ㅡ Sabe o que venho pensando... Eu sei que somos quase casados, e que devemos falar sobre tudo, certo?

ㅡ Mais do que certo. ㅡ respondo-o

ㅡ Será que um dia, ele pode me negar?

ㅡ Como assim? ㅡ franzo o cenho.

ㅡ Digo, ele saberá que eu não sou pai biológico, e se ele um dia simplesmente disser que eu não sou.

ㅡ Jiwan nunca faria isso, Jungkook. Principalmente com você. Você é quem mais tem apreço e apego por ele, dentre nós três. Hyun e eu somos sim, de sangue, mas você é também, mas no coração, o que torna tudo ainda mais intenso e verdadeiro.

ㅡ Poxa... Não me faz chorar. ㅡ ele diz pousando o celular em suas coxas e secando as lágrimas que ameaçam cair. ㅡ Eu não sei o que faria ou sentia se um dia ele falasse algo assim. Eu o amo demais, chim...

ㅡ Ele não irá, bebê. ㅡ toco-lhe na mão. ㅡ te prometo, certo?

Ainda carregando seu semblante choroso, mas respira fundo diversas vezes, até que esquece e começa a rir das peripécias de Jiwan e Jongin, que tentam ficar de pé.

Jongin até fica, e já se arrisca a dar alguns passinhos, mas Jiwan tenta imitá-lo e sempre cai de bundinha no chão. Então Jongin tenta ajudá-lo e ensiná-lo, mas tudo volta a acontecer vez atrás de vez, divertindo de forma absurda Jungkook.

Quando enfim chegamos ao centro, eu tento ser rápido. Preciso apenas de mais algumas telas novas, e pincéis também. Então vou direto à loja onde faço minhas encomendas, pedindo algumas das melhores que há, para que minhas pinturas não fiquem borradas ou com tonalidades diferentes das que sempre ponho.

ㅡ Woah, eu não fazia ideia de que eram tão caras assim. ㅡ Jungkook diz enquanto a atendente separa a nota.

ㅡ É que são importadas. Faço o pedido agora, e eles nos entregam em alguns dias.

Ele assente, brincando com a diversidade de pincéis que há à nossa frente. Alguns que escolhi na própria loja e já resolvi levar.

ㅡ Casa? ㅡ pergunto quando saímos, mas Jungkook nega, e junta seus dedos aos meus, me puxando pela rua. ㅡ Para onde quer ir?

ㅡ Numa loja de artigos para bebês.

ㅡ Mas ainda nem sabemos os sexos.

ㅡ E desde quando isso importa para Park Jimin? ㅡ ele sorri e aponta para a loja, me puxando até lá. ㅡ são aqueles hyung.

Eu olho para o conjunto à mostra. São diversos, mas vejo no rosto de Jungkook que ele mira apenas um.

E é justamente o que se destaca.

Nas cores azul-escuro com bege, de calça e casaco se completa com uma manta, com alguns bicos e babados discretos, deixando que tudo fique com o jeito mais neutro, porém chique.

ㅡ Ele é muito bonito, Kook-ah.

ㅡ Não é? Eu o vi na internet, então liguei para a loja hoje pela manhã e eles disseram que tinha. Podemos levar?

ㅡ Com licença ㅡ Um senhor de idade fala, se aproximando. ㅡ olá. ㅡ ele sorri.

ㅡ Olá, o senhor trabalha aqui? É que gostaríamos de levar aquele ali. ㅡ Jungkook aponta. ㅡ e se tiver numa outra cor também.

ㅡ Oh, não trabalho aqui, vim apenas comprar algo para um de meus filhos que está à espera de uma linda menininha. ㅡ ele sorri e é até estranho, pois seu rosto me soa familiar. ㅡ vocês podem me ajudar?

ㅡ Oh claro. ㅡ Jungkook responde rápido, olhando para as mãos do homem.

O senhor ergue um pequeno vestidinho, na cor lilás, e com alguns babados.

Meu coração pulsa forte.

ㅡ É lindo, senhor.

ㅡ Você gostou, filho?

ㅡ Sim.

ㅡ É realmente muito lindo mesmo. ㅡ Jungkook responde.

ㅡ Então levarei. Meu filho sofreu muito, e essa garotinha trará de volta a luz para ele.

ㅡ O que aconteceu? ㅡ pergunto, curioso.

ㅡ Muitas coisas já aconteceram, algumas muito ruins... ele perdeu um bebezinho ainda muito cedo.

ㅡ Sinto muito. ㅡ falo, sentindo aquela dor que infelizmente sei que somente quem passa, sabe que nunca desaparecerá.

ㅡ Tudo bem. Mas acho que ele ficará feliz com o presentinho. Obrigado pela ajuda de vocês.

ㅡ Tudo bem, foi um prazer.

O senhor se afasta, indo até o balcão para fazer o pagamento, e tanto eu quanto Jungkook ainda ficamos o observando e o meu peito vibrava.

ㅡ Ele é tão simpático... Não sei por que, mas lembrou-me alguém.

ㅡ Tive essa mesma sensação. ㅡ o digo, mudando o olhar.

ㅡ Deve ser coisa de idosos, eles todos se parecem.

ㅡ Que bobagem. ㅡ eu rio negando e olho novamente para o conjunto que Jungkook havia escolhido.

ㅡ Com licença, desculpa a demora, posso ajudá-los?

E novamente Jungkook toma a frente, mostrando a mulher e explodindo de felicidade quando ela o mostra outro igual numa cor diferente.

Segundo ele, nossos bebês serão como gêmeos.

[...]

Aguardando o horário de saída de Jiwan em frente a escolinha, Jungkook e eu ouvimos uma música calma no carro.

Eu sinto sono, o que me faz pedir para que Jungkook nos guie de volta para casa.

Ele, diferente de mim, não cede a calma que temos ao ambiente, abrindo ainda mais os olhos quando vê o portão principal ser aberto, o que nos permite entrar.

ㅡ Vamos Jimin, vamos.

Jungkook me cutuca no braço, fazendo com que reclame e o veja sair rápido do carro.

Eu caminho ao seu lado, o que é até difícil, já que Jungkook vai eufórico. Ele adentra o lugar, caminhando direto para a salinha que Jiwan fica, e assim que para a porta, se abaixa.

Eu paro a seu lado também, e vejo como Jiwan nos vê e sorri, engatinhando rápido no nosso encontro.

ㅡ Oi filhão. ㅡ Jungkook diz, pegando-o no colo e se erguendo. ㅡ como foi o dia? Gostou da escolinha?

Jiwan se embola em seu pescoço, e eu agradeço uma das professoras que vem e me entrega a bolsa de Jiwan.

Voltando, Jungkook toma a direção do carro, mas conversa a todo o momento com o bebê, a espera talvez ele lhe dê uma resposta. Jiwan cantarola a musiquinha baixa que toca no monitor à sua frente, e eu apenas tento afastar o sono enorme que me vem.

Mas, assim que chegamos a casa, eu deixo com Jungkook a tarefa de alimentar e dar banho em Jiwan e vou direto para nosso quarto, me jogando na cama e apagando no mesmo segundo.

[...]

Não sei quanto tempo dormir, mas acordo com o som forte de minha barriga roncando e assim que me ergo, sinto o cheiro de manteiga e leite que adentra a porta aberta.

Ainda caminho sonolento, até chegar à sala. Vejo Jiwan brincando e ouço o cantarolar baixo de Jungkook.

Caminhando até a cozinha, enfim percebo de onde vem o cheiro gostoso.

ㅡ Woah, você quem fez? ㅡ pergunto olhando a bandeja que ele acaba de colocar sobre o balcão. A fumaça indica a temperatura quente, mas os formatos me deixam completamente bobo.

Corações.

ㅡ Sim, são biscoitos. E ó, eu provei a açúcar antes de colocar, então estão uma delícia.

ㅡ Tenho certeza que sim. ㅡ respondo o abraçando por trás e deixando um beijo sobre seu pescoço. ㅡ Pensei em algo.

ㅡ O quê? ㅡ pergunta retirando-os com cuidado para pôr numa travessa.

ㅡ Vamos à Busan. Hoje.

ㅡ Hoje? ㅡ ele se vira e me encara. ㅡ como assim?

ㅡ Vamos à Busan, ora. Eu não aguento mais guardar segredo sobre os bebês, Kook-ah. Eu quero contar pra todo mundo.

ㅡ Mas Jiminie, não iríamos contar para todos de uma só vez?

ㅡ E isso não mudou. Eu disse ao Jinie que queria fazer uma pequena comemoração de um ano para Jiwan, e ele tomou a frente e já criou um grupo junto à Taehyung. Os dois já me deram várias ideias, e acho que essa semana mesmo já conseguimos arrumar tudo. Estou sem trabalho no momento, e Busan é só há algumas horas daqui... Pensei em irmos, e convidarmos todos, talvez passar o fim de semana lá também, o que diz?

ㅡ Eu acho legal, mas você me pegou totalmente desprevenido, chim. Hoje eu iria passar em algumas cafeterias, e ver de perto como anda tudo, entende?

ㅡ Eu não quero te atrapalhar. Se não der, tudo bem.

Não está tudo bem, eu quero muito ir à Busan e matar a saudade de todos. Mas realmente, não quero atrapalhar Jungkook, e o que digo é verdade. Mas talvez o bico em que ponho no lábio é favorável, pois Jungkook me encara por segundos e bufa, assentindo.

ㅡ Tudo bem, eu remarco então.

ㅡ Mesmo? Não te atrapalha?

ㅡ Não, tudo bem. Semana que vem eu vou...

ㅡ Obrigado amor. ㅡ agarro-me em seu pescoço, fazendo-o rir e se equilibrar para não derrubar o que tem nas mãos.

ㅡ Certo. Mas você terá que me ajudar.

ㅡ Como?

ㅡ Separe nossas malas. Eu ainda tenho que lavar a louça, estamos sós hoje, lembra-se?

ㅡ Tudo bem. Eu arrumo sim.

Beijo-o ainda animado e passo pela sala, buscando Jiwan e o levando para o quarto comigo.

[...]

ㅡ Tem certeza que pegou tudo? Tem tão pouca coisa...

ㅡ É claro que peguei Jungkook, são dois dias apenas.

ㅡ Pegou mamadeiras? E leite? A aveia para o mingau? E fraldas?

ㅡ Tudo isso tem na nossa casa em Busan, ou você já esqueceu-se?

ㅡ Depois de todos esses meses já não deve há mais nada que preste, chimmy.

ㅡ Passamos num mercado antes, mas não há necessidades de levarmos. Agora vamos, Jiwan está chamando.

ㅡ Não está nada. ㅡ Jungkook sorri e aponta para o bebê já dentro de meu carro, completamente quietinho, olhando o céu.

Eu sorrio e adentro o carro, tomando o volante e não tardando em dar partida no carro.

Jungkook também faz o mesmo, pondo o cinto de segurança, mas ainda conferindo se Jiwan está bem preso.

Com tudo devidamente correto, nosso rumo é certo. Eu sorrio sentindo meu corpo ansiar para que cheguemos logo, mas movo o carro numa velocidade moderada, já que a segurança sempre estará acima de tudo conosco.

A viagem toda Jungkook devaneia, sobre como será contar, sobre as reações e até sobre alguns planejamentos sobre a primeira comemoração de vida de Jiwan.

Eu anoto mentalmente cada coisa nova que ele diz, mas já tenho uma base certa do que fazer.

Ao chegarmos à primeira parada, o hotel de mãe, Jungkook tenta ficar calmo respirando fundo diversas vezes, mas prende as mãos em punhos e as aperta a cada novo passo que damos.

ㅡ Calma, você não pode dar na cara, Jungkook. ㅡ falo segurando seu braço, entrelaçando ao meu.

Ele assente, ajeitando melhor Jiwan em seu braço, mas arregala os olhos assim que adentramos e vemos que ela está parada bem ao lado de Suly na recepção.

ㅡ Meu Deus, que dor de barriga. ㅡ ele diz fazendo carretas.

Eu sorrio e busco Jiwan de seus braços.

ㅡ Fica calmo, e oh, não fala nada ainda.

Ele assente, continuando a caminhar a meu lado, e então quando já estamos próximos, Suly sorri e aponta em nossa direção.

Eu vejo minha mãe olhar, a primeiro momento não entendendo, mas segundos depois sorrindo e vindo rápido em nossa direção.

ㅡ Chimmy! ㅡ ela grita mesmo já estando bem à nossa frente e me abraça forte, apertando junto Jiwan.

ㅡ mãe. ㅡ sorrio e tento abraçá-la de volta. ㅡ tive saudade...

ㅡ Quanto tempo meu anjo. ㅡ ela se afasta e toca meu rosto. ㅡ está mais corado, fico feliz. ㅡ Eu sorrio e assinto, logo vendo Jiwan estender o braço para ela. ㅡ Meu amor, que saudade.

Vendo-a agora com ele, eu me aproximo de Jungkook que ainda carrega o semblante de completo choque. Eu toco sua mão, passeando meus dedos por ela, e trago sua atenção para mim.

ㅡ Tudo bem?

Ele assente, desviando o olhar para minha mãe novamente.

ㅡ O que trouxeram vocês aqui?

ㅡ Viemos passar o fim de semana e matar um pouco a saudade.

ㅡ Mas sem avisos?

ㅡ Foi uma surpresa. ㅡ digo puxando sutilmente Jungkook para ainda mais perto. ㅡ não foi, amor?

ㅡ S-Sim.

ㅡ Está tudo bem?

Eu vejo o modo em como Jungkook engole em seco e assente, fazendo com que ela franza o cenho, ainda analisando.

ㅡ Não podemos demorar. Ficamos de passar na casa de minha sogra, e ainda temos que ir ao mercado. ㅡ digo o abraçando, tentando fazer com que ele fique menos tenso. ㅡ viemos te convidar para jantar conosco hoje.

ㅡ Hoje?

ㅡ Sim, se puder claro. Às oito.

ㅡ Claro que posso chimmy, eu irei sim.

ㅡ Minha mãe também irá. ㅡ Jungkook diz, tomando a frente. ㅡ eu soube que vocês se tornaram boas amigas...

ㅡ É, pode-se dizer que sim. Bo-ram e eu temos muito assunto em comum.

ㅡ Fico extremamente feliz que vocês tenham se dado bem. Sei que no futuro isso será ainda mais intenso.

ㅡ Como assim? ㅡ ela franze o cenho e eu abro os olhos.

Puts.

ㅡ Porque somos uma família, noona, e isso é sempre bom, sabe?

ㅡ Ah, claro. ㅡ ela sorri assentindo. ㅡ E por falar em família, chimmy, eu fui visitar a Heejin. Acho que seria bom se você fosse lá também...

ㅡ E como ela está? E Jun-ho? E Yuna? Eu não tenho conseguido falar com eles.

ㅡ Isso porque seu irmão era o único com celular, mas soube que quebrou, e a situação lá... Não está legal.

ㅡ Estão passando necessidades?

ㅡ Heejin não quis dizer, mas eu sei que sim. Querendo ou não, já fomos amigas, e eu sei quando ela diz a verdade... E ela não estava falando.

ㅡ Eu passarei lá. Senão hoje, passarei amanhã. Irei ajudá-los, é minha família também.

ㅡ Faça isso, anjo. Talvez falando diretamente com Jun-ho você consiga saber mais.

ㅡ Tudo bem, eu falarei. Agora temos que ir, mas te espero a noite, certo?

Ela assente, demorando em devolver Jiwan, pois o enche de beijos.

Quando enfim saímos, Jungkook é quem dirige, não tardando em ir direto para a casa de Bo-ram.

ㅡ Eu não sei se consigo mentir para a mamãe, chim. ㅡ ele dizia enquanto descia do carro. ㅡ ela me pariu, ela sabe quando eu minto.

ㅡ Só fique quieto, e tudo ocorrerá bem. ㅡ digo tocando a campainha, vendo-o puxar o ar com força, enchendo os pulmões para em seguida soltar com vagareza, tentando se acalmar.

Não demora até que abram a porta e é Junghyun quem o faz. Seu sorriso grande e surpreso nos recepciona.

ㅡ Olha só. ㅡ ele diz vindo até nós, e vai primeiro em Jungkook, o abraçando. ㅡ quem é vivo sempre aparece, não é?

ㅡ O-onde está a mamãe? ㅡ Jungkook pergunta trêmulo. Eu reviro os olhos, sorrindo para Junghyun quando ele vem até a mim e me cumprimenta com um abraço leve.

ㅡ O que aconteceu? ㅡ ele pergunta analisando Jungkook.

ㅡ Viemos passar o fim de semana em Busan. ㅡ respondo e ouço o barulho das crianças brincando. ㅡ Podemos entrar?

ㅡ Ah, claro, desculpe-me os modos.

Eu nego e adentro a casa quando me é dada permissão. Junghyun vem atrás junto com Jungkook.

ㅡ TIO JI!

O grito em uníssono é dado por Enddy e Jonny, que correm e me abraçam com toda a força.

ㅡ Cuidado. ㅡ Junghyun diz, e estende o braço. ㅡ posso?

Jiwan, assim como fez com minha mãe, se joga para as mãos dele, sorrindo para os pequenos que agora brincam com ele.

ㅡ Onde está Sky? ㅡ pergunto a ele e o vejo suspirar.

ㅡ Trancada no quarto de visitas.

ㅡ Será que depois eu poderia falar com ela?

ㅡ Você soube?

ㅡ Por alto. Ela não me explicou nada.

ㅡ Nem a mim. ㅡ Ele diz olhando para Jungkook, que se abaixa e abraça as crianças, diferente de seu habitual que já estaria com ambos nos braços, girando. ㅡ Eu tentei conversar com ela, mas ela não quis me falar. Só disse que terminou com o rapaz.

ㅡ Eu ainda tenho que conversar com ele. ㅡ Jungkook fala se aproximando. ㅡ eu o avisei.

ㅡ Fica quieto, Kook. ㅡ digo sorrindo.

ㅡ Kook-ah? ㅡ Ouço a voz de minha sogra e viro-me para vê-la vir até nós já de braços abertos.

Jungkook é o primeiro a ser abraçado, tendo suas bochechas amassadas, e eu vou logo em seguida, sorrindo mais uma vez vendo o quando ela me aperta também.

ㅡ O que fazem aqui?

ㅡ Nós viemos passar o fim de semana em Busan. ㅡ digo mais uma vez, livrando Jungkook de suas palavras gaguejadas. ㅡ Passamos aqui para convidar a todos para um jantar.

ㅡ Tudo bem, mas está tudo bem? ㅡ ela pergunta franzindo o cenho e olhando para Jungkook. ㅡ está doente?

ㅡ N-Não. ㅡ ele diz negando.

ㅡ Ele só está cansado, sogra, disse que está exausto, sabe?

Minha sogra assente, mas ainda continua a olhar Jungkook, que desvia o olhar para os próprios pés.

Ainda perdemos mais alguns minutos somente ali, na parte da frente da casa, e até cumprimentamos o avô de Jungkook aos gritos, mas minha curiosidade me faz desviar dos assuntos e seguir pela casa que ainda não conheço muito bem, mas que sei que acharei o que quero na última porta.

Eu bato sobre a madeira algumas vezes antes de abri-la.

ㅡ Sky? ㅡ pergunto ainda sem ter visão total do quarto.

ㅡ Tio Ji? ㅡ eu ouço sua voz e logo o som de seu corpo se movendo sobre a cama, então tomo a liberdade de adentrar.

Assim que meu corpo passa pela porta, sinto Sky se jogar sobre mim, me abraçando forte e encostando a cabeça em meu peito.

Ainda sem entender eu apenas a abraço, e demora alguns segundos, até que o primeiro fungar vem.

ㅡ Ei. ㅡ chamo-a erguendo seu rosto e vendo seus olhos cheios de lágrimas. ㅡ não chore.

Limpo sua bochecha e seguro sua mão, levando-a até a cama para sentar junto a mim.

ㅡ O que aconteceu?

ㅡ O Chany, tio... ㅡ ela lamenta. ㅡ ele me machucou...

ㅡ O que ele te fez? ㅡ pergunto baixo, trazendo-a para mim e a vejo assentir. ㅡ ele tocou em você sem você permitir?

ㅡ Não foi assim, tio… Se fosse, eu mesmo matava ele. Ele me machucou no coração, quebrou ele em pedacinhos... ㅡ ela funga mais uma vez, enxugando as lágrimas que escorrem por sua bochecha.

ㅡ Meu anjo... ㅡ toco-a sobre os cabelos, afagando.

ㅡ Ele sabe que meu sonho é ser dançarina, assim como o dele é ser médico… Mas ele me machucou quando disse que eu não posso ser dançarina, porque isso é ser vulgar. Ele disse que não pode namorar alguém vulgar.

ㅡ E vocês terminaram por isso? ㅡ pergunto vendo-a se afastar minimamente para respirar fundo e erguer o queixo.

ㅡ Sim. Eu achava que eu o amava, mas é assim. Quando ouvi aquilo, meu coração partiu e ele já não era como eu o via. Não vou largar algo que é meu sonho desde sempre porque ele acha vulgar... Se continuássemos assim, onde iríamos parar?

ㅡ Num relacionamento ruim. ㅡ suspiro ao vê-la assentir mais uma vez. ㅡ mas você fez o que foi melhor, Sky. Você agiu certo. Na sua idade eu jamais pensaria assim, eu pensaria apenas no relacionamento.

ㅡ Eu não poderia seguir com algo assim, tio. Primeiro Chany sempre falava em casar e filhos, e eu não queria nada disso. Depois, ele pediu para que eu mostrasse minha dança, e me ofendeu, quando disse que o corpo de uma mulher pertence apenas ao homem que a comanda. Ele foi machista, me pôs para baixo, dizendo que se eu quisesse mesmo ficar com ele, teria que arrumar outra coisa com profissão, que a dança seria somente um hobby usado para nós dois.

ㅡ Eu fico triste que um garoto que parece ser tão inteligente para algumas coisas, seja tão burro para outras.

ㅡ Ele foi um grande de um panaca. ㅡ ela faz um bico e fica quase idêntica à Jungkook, o que faz meu coração se partir. ㅡ ele perdeu uma futura mulherona...

ㅡ Futura? Meu anjo, você é uma mulherona. Uma mulherona! ㅡ exclamo sorrindo e a vejo sorrir também. ㅡ estou muito orgulhoso de você, sabia? Eu te apoio a ser quem você quiser ser. E nunca, jamais, deixe que um homem ou qualquer outra pessoa te diminua, somente porque é preconceituoso demais. Tudo bem?

ㅡ Tudo, tio. ㅡ ela funga e assente, fazendo-me puxa-la para um abraço forte.

ㅡ Agora vamos lá para fora, Jiwan está morrendo de saudade de você, e seu tio também.

ㅡ Me dê só um minuto, pode ser?

ㅡ Tenho todo o tempo do mundo, meu anjo. ㅡ digo deixando por fim um selar em sua testa e me ergo, vendo-a fazer o mesmo e ir até o banheiro. Possivelmente lavar seu rosto vermelho, lavado por lágrimas.

Quando retorno para a sala, vejo Jungkook sorrindo para Jonny e Enddy, que falam animadamente sobre seus feitos na escola e sobre como eles tiraram nota máxima no exame. Minha sogra está logo ao lado, babando em Jiwan junto à Junghyun, e não demora muito para que Sky se junte a nós, ainda um pouco envergonhada.

ㅡ Vocês conversaram? ㅡ Junghyun pergunta baixo, olhando para a filha que brinca com Jiwan.

ㅡ Sim, não foi nada de mais. ㅡ respondo baixo. ㅡ Sky é uma menina brilhante, tem sonhos incríveis.

ㅡ Ele não tocou nela, não é? Ela não me conta nada, e não fala muito com Hyejin...

ㅡ Não, pode ficar tranquilo que se fosse algo assim, você saberia.

ㅡ Ufa... Eu já estava imaginando formas de matar aquele moleque.

ㅡ Você e Jungkook são idênticos. ㅡ sorrio. ㅡ mas se me permite dizer... Deixe que Sky sonhe e viva, ela brilha quando fala.

ㅡ Diz da dança?

ㅡ Sim. Permita que ela vá.

ㅡ Eu não sei se consigo Jimin. Não conseguirei viver longe dela. Não depois do modo em como perdi a Sara.

ㅡ Se não quer que ela vá sozinha para Seul, vá com ela também. Iremos nos mudar, e a casa ficará livre.

ㅡ Jungkook me falou sobre mudarem, mas, eu não conseguiria pagar o preço que pedem, e tem o hospital.

ㅡ É apenas uma sugestão. Se quiser, vá. Jungkook jamais cobraria de você, o valor da nova casa não necessita daquela. E o hospital de Seul é tão bom quanto o de Busan, não?

ㅡ Melhor. ㅡ Junghyun diz sorrindo, observando os filhos. ㅡ Eu não quero impedi-la, mas precisaria pensar um pouco.

ㅡ Tenha seu tempo, cunhado. Como disse, é apenas uma sugestão. Saiba que se confiar, eu e Jungkook cuidaremos bem dela, caso a envie. Eu sei que quer o melhor deles.

Junghyun sorri, ainda olhando os pequenos e sua jovem/adulta. Seus olhos exalam amor, mas também mostram orgulho.

Após perdemos mais um pouco de nosso tempo ali, saímos no fim da tarde, indo até à casa de Heejin.

ㅡ Não irei me demorar. ㅡ aviso a Jungkook ainda dentro do carro.

Ele permanece lá, já que Jiwan agora dorme em sua cadeirinha, então apenas eu desço e caminho em direção ao pequeno portão que dá passagem para o arrumado jardim.

Crio um pequeno impasse quando penso se devo chamar de onde estou ou adentrar. Mas adentro mesmo assim, caminhando pelo estreito caminho de pedra, até para de frente com a porta.

Eu bato fraco algumas vezes, e ouço passos até que a porta seja aberta.

É Yuna quem abre, encarando-me debaixo e demorando até dar um sorriso tímido.

ㅡ Lembra-se de mim? ㅡ pergunto me abaixando.

Ela assente, pondo as mãos para atrás de seu corpo, envergonhada.

ㅡ É o Jimin-oppa...

ㅡ Seu irmão. ㅡ digo sorrindo e limpando sua bochecha suja de farinha branca. ㅡ estava fazendo bolo?

ㅡ Biscoitos...

ㅡ Yuna, quem é?

Eu me ergo assim que a porta é aberta mais, e Heejin apareça limpando as mãos no avental que usa.

ㅡ Oh, Jimin? O que faz aqui, querido?

ㅡ Estou de passagem em Busan, e passei para ver como estão. ㅡ digo um pouco acuado, não tendo tanta intimidade com a mulher.

ㅡ Estamos bem. ㅡ ela sorri. ㅡ Jun-ho está lá em cima, posso chama-lo, caso queira.

ㅡ Na verdade... Eu gostaria de entrar, conversar um pouco com você. ㅡ falo sentindo minhas mãos formigarem devido a meu nervosismo. ㅡ não quero tomar muito de seu tempo, apenas cinco minutos.

Ela me encara por segundos, até assentir, comprimindo os lábios em um sorriso.

ㅡ Pode entrar. ㅡ dar-me passagem à porta, caminhando à frente. ㅡ só não olhe muito a bagunça, tudo ainda está um pouco sem ordem...

Eu assinto, não querendo mesmo reparar, mas se torna difícil quando se tem caixas espalhadas por todo o lugar.

ㅡ Estamos de mudança. ㅡ ela diz sentando ao sofá. Eu faço o mesmo.

ㅡ Irão para longe? ㅡ pergunto.

ㅡ Não muito. Só estamos ajustando os custos mesmo, entende?

ㅡ Entendo. ㅡ assinto vendo Yuna correr até o balcão da cozinha. ㅡ Mas, Heejin, eu vim mesmo saber como estão.

ㅡ Estamos bem... A morte de Jung-su ainda dói, mas estamos aprendendo a lidar.

ㅡ Eu entendo, também tenho enfrentado a saudade. ㅡ lamento, não evitando a pontada que me vem ao peito, junto às lembranças. ㅡ Mas, eu quero que saiba que mesmo depois de tudo, ainda somos uma família. E família se ajuda.

ㅡ Nós não devemos e nem queremos incomodá-lo, Jimin. Eu não sei como você não me odeia por tudo o que já aconteceu, mas fico feliz por te receber aqui.

ㅡ Vocês jamais me incomodariam, Heejin. Mas falo de coração, diga-me, posso te ajudar em algo?

Ela prensa o lábio, negando, mas os passos que vem da escada logo ao lado faz com que desviemos o foco, e logo Jun-ho nos percebe.

ㅡ Jimin-hyung! ㅡ ele exclama alto.

Eu me ergo, indo até ele e sendo recebido por um abraço apertado.

ㅡ O que faz aqui?

ㅡ Vim visitar vocês, saber como tudo está.

ㅡ Jun-ho, faça companhia a Jimin, preciso ver os biscoitos.

Meu irmão assente, caminhando de volta ao sofá comigo.

ㅡ Hyung, estou feliz em te ver. ㅡ ele diz sentando.

ㅡ Também estou, tentei te ligar, mas não consegui...

ㅡ É, meu celular teve um problema, não funciona mais.

ㅡ E não há outro? ㅡ pergunto.

ㅡ Não... Até perguntei à mamãe se ela poderia ajeitá-lo, mas ela não está mais trabalhando... Depois do papai, muita coisa mudou.

ㅡ Aceita biscoitos, oppa? ㅡ Yuna pergunta baixo, se aproximando com alguns ainda quentes na bandeja.

Eu assinto, recolhendo-a e pondo sobre meu colo.

ㅡ Não posso me demorar muito, Jungkook está lá fora com Jiwan.

ㅡ Ele não quis entrar?

ㅡ Na verdade, Jiwan dormiu, ele só não quis acordá-lo.

ㅡ Nós entendemos, Jimin. ㅡ Heejin diz da cozinha, sorrindo simpática. ㅡ Criança pequena sempre tira sonequinhas mesmo...

ㅡ Como ele está, hyung? Está grande? Já sabe andar?

ㅡ Mais ou menos. Já balbucia algumas palavras, e ameaça andar, mas nada ainda.

ㅡ Jung-su ficaria muito orgulhoso da pessoa que você é, Jimin, principalmente o pai que é. Tenho certeza disso.

ㅡ É hyung, você fala cheio de orgulho.

Eu sorrio tímido, vendo o modo em como eles me recepcionam bem.

ㅡ Mas então, Eu quero convidar vocês para um jantar hoje, lá em casa.

ㅡ Hoje? ㅡ Jun-ho pergunta animado. ㅡ Podemos ir, mãe?

ㅡ Toda a minha família estará, e vocês também fazem parte dela. ㅡ digo olhando-a.

ㅡ Não incomodaremos?

ㅡ De maneira nenhuma.

ㅡ Então, podemos ir? ㅡ Jun-ho torna a perguntar, e exala um sorriso enorme quando vê a mulher assentir.

ㅡ Ótimo, então espero vocês lá, certo? Às oito.

ㅡ Iremos. ㅡ ela sorri.

ㅡ Agora preciso ir, ainda passarei no mercado. ㅡ digo me erguendo, colocando a bandeja sobre o móvel de centro.

ㅡ Mas você não comeu nem um, Hyung. ㅡ Jun-ho lamenta, olhando a bandeja.

Eu sorrio sem jeito, e experimento um, provando do biscoito que derrete em minha boca.

ㅡ Minha nossa. ㅡ não me seguro e falo ainda de boca cheia. ㅡ isso é ótimo.

ㅡ É uma receita minha.

ㅡ É uma delícia. ㅡ respondo buscando mais um, e outro para Jungkook.

ㅡ Deixe-me separar alguns para que você leve. ㅡ a mulher diz buscando a bandeja.

Eu poderia negar, dizer que não precisava, mas assinto, ainda mastigando os biscoitos, vendo-a separar todos os da bandeja num pequeno pote, para em seguida colocá-lo numa sacola de papel e me entregar.

ㅡ Você já vendeu essa receita? ㅡ pergunto quando já estou com o pacote em mãos, tendo uma súbita ideia.

ㅡ Não, não acho que alguém compraria...

ㅡ O quê? São ótimos, e digo de verdade, venderiam muito.

Ela sorri contida, e nega abaixando o olhar. Eu sorrio e termino os biscoitos que tenho em mãos, deixando para que Jungkook experimente apenas quando cheguemos a casa.

Eu me despeço por final, caminhando junto a Jun-ho até a porta.

ㅡ Foi muito bom te ver, hyung. Mesmo.

ㅡ Vá me visitar em Seul, Eu faço questão de pagar para que vá. E leve Heejin e Yuna, eu adoraria recebê-los lá.

ㅡ O convite é bom, hyung. Mas acho que não daria. Mamãe anda muito ocupada, e eu preciso sair para tentar algumas entrevistas de emprego.

ㅡ Emprego? ㅡ paro olhando-o. ㅡ Mas você ainda estuda!

ㅡ Mas é o que a situação pede, hyung. A mamãe diz que está tudo bem, mas não está.

ㅡ Espere. ㅡ falo ajeitando a sacola no braço e puxo minha carteira do bolso.

ㅡ Hyung, não precisa. ㅡ Jun-ho nega, mas eu nem sequer ligo, retiro todas as notas que há em minha carteira e estendo-as.

ㅡ Fique. Compre o que quiser.

Ele olha para minha mão, fitando as diversas notas, e as busca envergonhado.

ㅡ Jun-ho, entenda, você é minha família. Heejin e Yuna também. Eu não quero que passem nada de ruim na vida.

ㅡ Mas hyung, é muito dinheiro. ㅡ ele diz baixo, abaixando a cabeça.

ㅡ Entregue a Heejin então, ela saberá o que fazer melhor, e sério, me deixem ajudar. Temos o mesmo sangue, saeng. O sangue do papai está em nós.

Jun-ho permanece com o olhar baixo, então me aproximo e o dou um abraço forte, muito apertado, sentindo-o retribuir no mesmo momento e intensidade.

ㅡ Obrigado, hyung... Isso vai nos ajudar tanto. ㅡ ele diz atrapalhado, fungando quando seus olhos ameaçam transbordar.

ㅡ Não chore. ㅡ digo-o olhando. ㅡ Eu te amo, ok?

ㅡ O papai não mentia quando dizia que você era como um anjo, hyung. Você é mesmo.

ㅡ Eu serei seu anjo da guarda então, certo? Não esconda nada de mim.

Jun-ho comprime os lábios em um sorriso envergonhado, mas assente. Eu o abraço mais uma vez, e me despeço de vez, indo até o carro, onde Jungkook assistia a um filme, totalmente alheio a tudo.

ㅡ E então? ㅡ ele pergunta quando adentro o carro e ponho a sacola sobre as pernas, apenas para fechar meu cinto de segurança. ㅡ o que é isso?

ㅡ Biscoitos.

ㅡ Posso provar um? ㅡ Assinto, retirando um e o entregando. ㅡ meu deus. ㅡ diz abrindo os olhos.

ㅡ Bons, não é?

ㅡ Maravilhosos. ㅡ responde de boca cheia.

ㅡ A Jeon's iria adorar ter algo assim lá... ㅡ Eu solto a ideia que tive momentos antes, no ar, e vejo como Jungkook me olha.

ㅡ Você está pensando em...

ㅡ Sim. Vamos comprar a receita, o que acha?

ㅡ Eu acho que podemos conversar. ㅡ sorri, buscando mais um da sacola. ㅡ Mas são realmente bons.

ㅡ São sim. ㅡ fecho a sacola não o deixando pegar mais nenhum. ㅡ Agora vamos. Precisamos passar no mercado e fazer um jantar enorme, pois receberemos muitas pessoas hoje.

Ele limpa os lábios e assente, dando partida no carro para enfim irmos.

[...]

ㅡ Anda Jungkook, me passa a salpica. ㅡ digo atordoado, mexendo a panela com o molho no qual usarei na carne que já está no forno.

ㅡ Calma, estou procurando.

Eu o olho e vejo o modo em como ele revira os milhares de temperos diferentes que compramos, lendo cada um dos fracos até erguer um com um sorriso vitorioso no rosto.

ㅡ Aqui. ㅡ me entrega.

Eu coloco pitadas, provando a cada segundo, até que a quantia desejada já esteja certa, desligando o botão do fogão e deixando o molho reservado.

ㅡ Como está a sobremesa? ㅡ pergunto a ele, que embala cada bolinho que fez questão de fazer.

Uma típica receita de meu sogro.

ㅡ Estão quase prontos.

ㅡ Você provou para ver se não pôs sal no lugar do açúcar?

Eu prendo o riso ao ser encarado com tédio por ele, mas dou de ombros, vendo-o após minutos, provar a massa ainda desconfiado.

ㅡ Ufa, não está.

ㅡ Você é uma graça, Kook-ah. ㅡ me aproximo para deixar um selar rápido em seu lábio e vou até à sala, apenas para ver como Jiwan está.

E eu o encontro quietinho, focado no desenho que ensina sobre os números.

Então aproveito e vou até à mesa, limpando-a e organizando cada uma das cadeiras.

ㅡ Enfim essa mesa gigante vai servir de algo. ㅡ brinco passando por Jungkook para ir até o armário. ㅡ temos pratos suficientes?

ㅡ Tenho um conjunto que comprei do Japão, que ele serve vinte e quatro pessoas. Está lá no fundo do closet do quarto.

ㅡ Para quê você comprou um conjunto para vinte e quatro pessoas, Kook-ah?

ㅡ Não sei. ㅡ responde simples. ㅡ mas estão na parte debaixo, eu busco.

ㅡ Não, continua aí, eu vou.

Novamente corro, indo até o closet e fuçando cada caixa lá, não tardando em ir até ele.

ㅡ É pesado. ㅡ comento voltando e vejo Jungkook correr, para buscá-lo de meus braços. ㅡ Kook-ah, você não pode pegar todos os pesos.

ㅡ Você está grávido, amor.

ㅡ Você também está. ㅡ reclamo e o vejo deixar sobre a mesa. ㅡ ou você esqueceu?

ㅡ Não esqueci não, Chimmy. ㅡ diz deixando um beijo em meus lábios e voltando para a cozinha.

Eu nego, e começo a desembalar os pratos, limpando cada um, antes de iniciar a montagem da mesa.

ㅡ Chim. ㅡ Jungkook chama arrastado, e eu sorrio, já achando que é uma das suas brincadeiras, mas quando me viro, vejo-o apoiado sobre o balcão.

ㅡ O que foi? ㅡ pergunto rápido, indo a seu encontro, e recolhendo seu corpo ao meu.

ㅡ Foi só uma forte tontura... ㅡ reponde. ㅡ acho que já estou bem, hyung.

Eu caminho com ele até a mesa, pondo-o sentado.

ㅡ Viu? Você está se esforçando demais.

ㅡ Eu só queria te ajudar.

ㅡ Me ajude ficando bem. ㅡ respondo tocando em seu rosto. ㅡ cuide de si e do serzinho dentro de você. Eu cuidarei de mim e do pequeno que carrego.

ㅡ Promete? ㅡ ele ergue o rosto, um pouco corado.

ㅡ Prometo, mas acho que você está com febre. ㅡ digo tocando-o sobre a testa. ㅡ deixe que eu busco o termômetro.

Não espero sua resposta, apenas caminho rápido até o quarto de Jiwan, encontrando facilmente numa das caixas de socorros, um lá.

Eu meço Jungkook, e vejo que de fato, ele está um pouco febril. Sua temperatura é 37,8°, o que não é muito alto, mas me preocupa.

Então eu faço-o ficar de pé, tomando cuidado para que não nos machuquemos, e o levo até nosso quarto.

ㅡ Consegue tomar banho sozinho? ㅡ pergunto. Vejo-o assentir com a cabeça. ㅡ tem certeza? Não é perigoso?

ㅡ Tomarei cuidado. ㅡ responde.

ㅡ Deixe-me trazer Jiwan e te ajudo.

Jungkook retira suas roupas, enquanto eu volto à sala e pauso o desenho que passa à TV, caminhando com Jiwan em meus braços.

Quando retorno ao quarto, eu já o ouço no banheiro, e quando adentro o cômodo, o vejo com os olhos fechados sobre a água fria.

Seu corpo está encolhido, o que me causa certa aflição.

Ele é breve no banho, secando-se e sorrindo para mim, quando o sigo até o closet.

ㅡ Como se sente?

ㅡ Estou bem, chim. ㅡ sorri vestindo apenas uma calça. ㅡ posso voltar e te ajudar.

ㅡ Não Jungkook. Tome um remédio e descanse um pouco, eu termino. Eu separei um que você pode tomar e não fará mal ao bebê.

ㅡ Eu amo tanto você. ㅡ ele diz manhoso e se aproxima, abraçando a mim e Jiwan juntinhos. ㅡ obrigado por cuidar de mim.

ㅡ Cuidarei sempre, bebê. ㅡ respondo tocando seus fios molhados. ㅡ agora deite-se, eu te cubro.

Jungkook sorri, mas faz exatamente o que pedi. Ele deixa a cama, buscando Jiwan para cima de si, e me permite cobri-lo até a cintura.

Eu ainda fico alguns minutos com ele, fazendo carinhos até que seus olhos relaxem e seu corpo apague.

Quando volto, ponho Jiwan sobre o mesmo lugar na sala, vendo-o apontar para a TV, pedindo para que eu faça seu desenho continuar.

Quando enfim volto a organizar a mesa, minhas mãos trabalham em tudo, mas minha mente apenas pensa em todas as possibilidades que tenha acarretado a causa da súbita febre dele.

Talvez o nervosismo, talvez o cansaço... Mas não minto, meu medo é grande, por já ter passado por coisas ruins, e não querer que ele passe pelo menos.

O tempo passa, e somente o som do forno avisando que a carne já está pronta, me faz despertar.

Eu caminho e termino tudo o que falta lá, deixando todo o jantar pronto e vendo que ainda me sobra muito tempo. Então fico um pouco com Jiwan na sala e assisto seu desenho, indo checar Jungkook a cada minutos e sempre o vendo dormir quieto, encolhido.

Quando o relógio aponta às sete da noite, eu me apresso a dar o mingau de Jiwan, para em seguida dar-lhe banho, e por um de seus pijamas quentes.

Minha mãe é a primeira a chegar, roubando o bebê de meus braços e me permitindo ir tomar um banho.

Eu adentro o quarto, vendo Jungkook remexer-se sobre o colchão e me aproximo, com medo de que seu estado tenha piorado, mas vejo seus olhinhos abrirem e seu sorriso bonito logo aparecer, assim que ele me vê de pertinho.

ㅡ Como se sente? ㅡ pergunto sentando a seu lado.

ㅡ Bem. ㅡ responde respirando fundo e se espreguiçando. ㅡ acho que só estava muito cansado...

ㅡ Precisa pegar leve, entendeu? ㅡ acaricio sua pele, vendo-o assentir. ㅡ se sente-se bem, venha tomar um banho comigo. Minha mãe já está aqui e ficou com Jiwan.

Ele boceja, demorando alguns minutos ainda sentado sobre a cama olhando para o nada, até que sua coragem vem e ele se ergue, me abraçando calmamente quando já estou sem roupa.

ㅡ Estou preocupado com você. ㅡ digo a verdade, virando-me para abraçá-lo pela cintura e encostar a cabeça em seu peito. ㅡ vamos iniciar tudo o mais rápido que puder, está bem?

ㅡ Assim que voltarmos para Seul. ㅡ responde deixando um beijo em minha testa.

ㅡ Quero cuidar de vocês. ㅡ toco a pequena barriguinha, que sim, eu já sinto.

ㅡ Tudo bem. ㅡ ele diz, tocando minha bochecha para erguer meu rosto e me beijar calmamente.

Eu sinto-o no momento, juntando nossas línguas num ósculo lento, suspirando quando sinto-o descer as mãos gélidas e tocar minha cintura desnuda.

Não temos intenções além de nos tocar, aproveitando o tempo a sós e a calma.

Eu o ajudo a retirar a única peça que veste, ligando o chuveiro no quente, para segurando em sua mão, adentrar juntinhos.

Jungkook ainda está lento, sonolento e manhoso, então sou eu quem o banha, passando sutilmente a esponja em sua pele, espalhando o sabonete por ali.

Seus cabelos caem sobre os olhos, e ele ri quando eu os afasto e no mesmo momento eles voltam. Eu me divirto com sua risada e me esguio para deixar um beijo sobre seu sorriso, sentindo-o voltar a me apertar, fazendo com que a água caia sobre meus cabelos também, mas não sendo capaz de nos separar.

Suspiramos juntos quando nos afastamos, e permanecemos nos olhando em silêncio, sem que nada a mais precise ser dito.

É puro amor.

[...]

Quando saímos do quarto já arrumados, eu ouço o som de vozes se misturando a de minha mãe, e não tardo a perceber quem são.

Junghyun está sentado no sofá junto à esposa, Bo-ram, Jaeyun, Sky e minha mãe.

Enddy, Jonny e Jiwan brincam sobre o tapete, e incrivelmente estão quietos e em silêncio.

ㅡ Os pombinhos apareceram. ㅡ minha sogra diz, e Jungkook vai rápido para seus braços, o que faz mais uma vez ela franzir o cenho. ㅡ o que há Kookie?

Ele me olha de lá, e eu dou de ombros, não sabendo mais como não controlar a notícia.

ㅡ Nós temos algo para contar, mãe... ㅡ ele diz baixo, novamente olhando para mim.

Eu me aproximo, sentando ao lado da minha mãe, tocando-a sobre as mãos.

ㅡ Minha nossa senhora, que suspense todo é esse? ㅡ ela pergunta me encarando.

Antes que eu possa responder, nossa campainha toca, e sou eu quem vai atender.

Heejin, Jun-ho e Yuna são quem encontro, então os recebo com abraços, os guiando para dentro, até a sala onde todos estão.

Heejin ainda parece bem deslocada, mas cumprimenta cada um ali, conhecendo os familiares de Jungkook, e se juntando à conversa.

Jungkook ainda me encara, então busco meu celular e procuro o número do meu melhor amigo.

ㅡ O que vai fazer, hyung? ㅡ Jungkook pergunta.

ㅡ Ligar para Kim Seokjin. Eu não quero apanhar depois.

Jungkook sorri, mas ele sabe que eu falo sério, então aguarda até que Seokjin atenda, e assim, se reúna com Namjoon.

ㅡ Certo, prestem atenção, ok? ㅡ falo. ㅡ Jungkook vem pra cá.

Eu o vejo vir, deixando com que todos nos encarem, assim como Seokjin, que está bem posicionado em nossa direção.

ㅡ Todos vocês sabe o que eu e Jungkook passamos, certo? ㅡ olho para cada rosto ali, e vejo o modo como assentem.

Até Heejin, que ainda não fazia parte de minha vida, mas fiz questão que soubesse dos meus traumas, junto ao papai ainda no hospital.

ㅡ Jinie, está me ouvindo bem?

ㅡ Sim, e você está me deixando nervoso. ㅡ responde arisco, como sempre é. ㅡ diz logo o que aconteceu!

ㅡ A mim também. ㅡ minha mãe responde, olhando bem para meu rosto.

ㅡ Certo. Continua... ㅡ Jungkook diz baixo, segurando forte minha mão, controlando sua euforia.

ㅡ Então, recentemente, eu e Jungkook viemos tendo algumas "coisas" ㅡ faço aspas, vendo o modo como eles franzem os cenhos. ㅡ de diferente.

ㅡ Como assim? ㅡ meu sogro pergunta, mostrando preocupação.

ㅡ Calma, pai. ㅡ Jungkook pede com as mãos, me fazendo rir baixo.

ㅡ Nós saímos para jantar, e acabou que nesse dia, nós dois passamos muito mal. Mas não foi nada grave... ㅡ sorrio quando já percebo os semblantes curiosos. ㅡ a verdade é que, estamos mais que bem agora. Todos nós.

ㅡ Não enrola tanto, hyung. ㅡ Jungkook diz num sussurro, sorrindo.

Eu assinto, respirando fundo.

ㅡ Mãe, sogro, sogra... Família. Gostaríamos de informar que teremos mais pessoas entre nós num futuro bastante próximo. Eu e Jungkook estamos grávidos.

No segundo seguinte ao meu anúncio, um completo silêncio se instala. Todos os olhares são direcionados a nós, e isso me deixa aflito porque todos estão surpresos.

Até que um deles grita e grita muito alto.

E é claro que esse é Kim Seokjin.

Eu olho para meu melhor amigo que para de gritar no mesmo instante em que o choro de bebê vem e Namjoon revira os olhos.

ㅡ Que história é essa, Park Jimin? ㅡ ele pergunta baixo, vendo Namjoon retornar com um pacotinho azul-marinho.

ㅡ Estamos grávidos.

ㅡ Você está grávido, chimmy? ㅡ minha mãe pergunta com a mão sobre a boca, os olhos completamente marejados.

ㅡ Na verdade... Nós estamos. ㅡ digo.

ㅡ Eu e ele. ㅡ Jungkook completa, apontando de mim a ele.

Então a bagunça começa. São todas as vozes que ouvimos, e os choros também.

Minha mãe e sogra são as que mais choram, junto está Seokjin, que com certeza dará a Namjoon trabalho para aturar choro duplo.

Minha sogra se aproxima para um abraço e Jungkook se junta a nós. Em seguida, é minha mãe quem nos abraça, tocando com delicadeza sobre minha barriga, para em seguida, direcionar sua outra mão até a de Jungkook.

ㅡ Dois?

ㅡ Sim. ㅡ respondo olhando em seus olhos e já sentindo os meus arderem. ㅡ fizemos o ultrassom, mãe. Há mesmo dois bebês para chegar.

ㅡ Meu deus. ㅡ novamente ela cobre a boca, olhando para nós dois e liberando mais lágrimas, para por fim, nos abraçar novamente.

Eu sorrio e vejo Jungkook secar suas próprias lágrimas.

Um a um vem até a nós e nos parabenizam. A casa vai se tornando ainda mais barulhenta quando as perguntas começam a ser feitas.

Há quanto tempo já sabíamos, quais os nomes já em mente, e até se já sabíamos os sexos.

Jungkook parece se deliciar com cada pergunta feita, sempre pondo a mão sobre a barriga para respondê-las, e às vezes, tocando a minha.

Eu acaricio sua mão, juntando nossos dedos para selar o dorso.

ㅡ Bom, então vamos comemorar. ㅡ ele diz ao ficar de pé, e vai até à cozinha. ㅡ Hora de comer.

Eu vejo todos ficarem de pé, nos ajudando no que precisa, e até sorrio quando Heejin e Bo-ram elogiam um dos bolinhos de Jungkook, dizendo o quanto estão bonitos.

Vendo como nossa casa está cheia, eu tenho a certeza de que estamos mais que completos.

Estamos em família.

Continua..



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...