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História Unknown (Jikook) - O n e


Escrita por: sonyeondream

Notas do Autor


Então... Eu nunca escrevi uma Jikook antes, então espero que não seja super ultra mega decepcionante. Espero que gostem ♥

Capítulo 1 - O n e


Dor e confusão, é tudo o que eu sinto nesse momento. É como se eu tivesse tomado um porre daqueles na noite passada. Não que eu já tenha tomado um porre antes; aliás, eu nem tenho certeza se sei o que é um porre. Essa comparação apenas surgiu em minha mente, então eu suponho que ele não esteja de todo errada. Droga, minha cabeça dói. É como se alguém tivesse tentado parti-la ao meio com um machado e deixado o serviço incompleto.

Tateio à minha volta e sinto algo macio e um tanto frio entre os dedos. Pouco a pouco tomo consciência dos sons à minha volta, uma mistura de sussurros horrorizados e algo parecido com uma sirene ao longe. Abro os olhos, piscando-os lentamente para desembaçá-los. A luz alaranjada do pôr-do-sol fere a minha vista, mas eu me mantenho alerta. Sobre mim um círculo de cabeças se fecha, nas expressões uma mistura incomum de medo e curiosidade, quase como uma criança observando um inseto pela primeira vez. Acho que meu cérebro precisa parar de estabelecer essas comparações; para que eu mesmo esteja me chamando de inseto, algo deve estar errado.

-Hum... –Alguém pigarreou do meu lado esquerdo. Virei a cabeça rapidamente em direção ao som; talvez tenha sido rapidamente demais, já que todos à minha volta se afastaram de um salto, as expressões mais assustadas que nunca. O dono do pigarro era um homem de meia idade, um tanto baixinho e com os cabelos começando a rarear. Torcia as mãos nervosamente, e eu pude ver o momento exato em que uma gota de suor deslizou de sua têmpora até o queixo, evidenciando ainda mais o nervosismo. Meu cérebro absorveu tudo isso em milésimos de segundo, antes que ele voltasse a falar. –Você... Você... Hum... –Ele pigarreou, numa tentativa falha de tornar sua voz mais imponente. –Quem é você?

Eis aí uma pergunta interessante. Quem diabos sou eu, afinal?

Vasculho minha memória em busca de algo que possa responder essa pergunta; não há nada. Está tudo em branco, como uma folha de papel pronta para ser preenchida. Aish, cérebro, pare de comparar as coisas, por favor.

Viro os olhos para o senhor, que parece ainda mais nervoso com a minha relutância. Encaro-o diretamente, sem medo, e pisco devagar. –Eu não faço a menor ideia, senhor.

O som da minha voz pareceu aterrorizá-lo ainda mais. Ele estremeceu da cabeça aos pés, e seus olhos se tornaram fendas desconfiadas. Talvez eu devesse sair dali, antes que fosse linchado. Mas sair para onde? Essa era a questão.

-Querido? O que está acontecendo aí? –Uma voz suave chamou de algum lugar atrás do homem que estava me interrogando. Uma mulher jovem surgiu, os cabelos presos em um coque e um pano nas mãos, como se tivesse acabado de sair de dentro da cozinha. Os olhos dela se arregalaram minimamente quando seu cérebro finalmente processou a cena à sua frente: um menino bonito vestindo uma túnica longa que outrora fora branca, caído no chão do seu jardim e parecendo mais confuso que todos ali. A senhora devia ser realmente muito forte, para não ter esboçado nenhuma reação naquele momento. A cena, afinal, era no mínimo incomum. –Quem é esse?

-Ele disse que não sabe. –O homem, que devia ser o marido, respondeu, temeroso. Ele já pressentia o que estava por vir.

A senhora teria falado mais alguma coisa, não fosse o som escandaloso da ambulância que se aproximava rapidamente do final da rua. O circulo de curiosos se desfez, deixando passar os homens de uniforme segurando a maca nas mãos. Ao constatar que não havia nada importante quebrado, amarraram-me na maca e me enfiaram dentro daquela coisa parecida com um caminhão de frigorífico.

-Eu vou com ele. –A senhora se pronunciou, deixando todos à sua volta surpresos, inclusive eu.

-Mas, querida... –O marido tentou argumentar, sem sucesso.

-Não se preocupe. Eu ligo se acontecer alguma coisa. –Ela disse, entregando o pano que ainda segurava nas mãos do marido e desfazendo o coque frouxo dos cabelos. Subiu com agilidade na ambulância, e sinalizou para que o motorista tomasse seu caminho.

O silencio estava incomodo. Parecia que todos estavam trancando a respiração, à espera que algo acontecesse. Eu me remexia a cada poucos segundos, incomodado por estar amarrado àquela cama dura e desconfortável.

-Então... Qual é o seu nome? –A mulher perguntou, a voz suave e tranquilizadora.

-Nome? –Eu não me lembrava de ter um nome, então só pude olhá-la com confusão.

-Ok, sem nome... –Ela respondeu, respirando fundo. –Não precisa ficar com medo de mim, tudo bem? Eu sou terapeuta, e o seu caso não me é estranho. Por Deus, cada dia mais crianças aparecem com essas marcas nos corpos... Os pais estão passando dos limites.

Olhei para o meu próprio corpo, me perguntando do que ela estava falando. Meus olhos deslizaram das minhas mãos sujas de terra até o meu braço, e se arregalaram quando constatei a quantidade absurda de hematomas que maculava minha pele. Olhei para ela, que sorriu com compaixão, como se entendesse minha dor. O problema é que nem eu mesmo entendia, então como outra pessoa poderia entender? As pessoas são muito confusas.

O silencio se instaurou novamente, preenchendo todos os cantos do carro apertado. Depois do que pareceu um século, as portas finalmente se abriram. Me levaram por corredores intermináveis, enquanto eu observava tudo que se passava à minha volta. Aquele lugar tinha cheiro de morte, e eu não gostava nada disso.

Me enfiaram num cubículo, ocupado apenas por uma cama e uma cadeira, e separado dos outros cubículos por cortinas azuis. A mulher ainda me observava atentamente, como se esperasse alguma reação de minha parte. Aquilo me deixava constrangido.

-Então... –Um homem alto, de cabelos grisalhos e óculos quadrados entrou, afastando as cortinas. –Paciente sem ficha... Escoriações pelo corpo todo... Nenhuma memória... Como vai, rapaz?

-Vou? Para onde? –Eu não conseguia entender qual a lógica da pergunta do doutor. Eu havia acabado de chegar.

-Deixa para lá. –O homem respondeu, rindo baixinho. –Quero que olhe fixamente para a luz, para que eu possa examiná-lo. Tudo bem?

Ele falava pausadamente, como se eu fosse retardado, e aquilo me tirava do sério.

-Tudo bem. –Eu disse, falando tão pausadamente quanto. Se ele podia me irritar, eu podia fazer o mesmo. O médico revirou os olhos, apontando uma luz excessivamente forte para os meus olhos, fazendo-me lacrimejar.

A sessão de tortura levou no máximo dez minutos, mas para mim pareceram dez horas. Ao final, tudo continuou exatamente como estava. Já não era nenhum segredo que eu tinha amnésia, mas todos pareciam surpresos com isso.

-Tudo bem, a senhora já pode leva-lo para casa. –O médico disse, suspirando.

-Para casa? Mas eu não... –A senhora tentou dizer, mas o homem já afastava as cortinas e se dirigia rapidamente para outro cubículo à esquerda. Ela virou os olhos para mim, e me pegou no flagra observando-a curiosamente. Senti meu rosto esquentar e, embora não soubesse muito bem porque isso tinha acontecido, desviei o olhar e murmurei um pedido de desculpa, arrancando-lhe um sorriso compadecido.

-Venha, vamos para casa. Você consegue andar?

-Acho que consigo. –Disse, levantando-me com calma e firmando os pés no chão. Conclui que estava suficientemente bem para andar um pouco. Sorri para ela, e recebi um sorriso contagiante em troca. Eu definitivamente gostava daquela senhora.

***

O percurso de carro foi definitivamente o momento mais constrangedor daquela noite. O marido da senhora, cujo nome eu ainda desconhecia, me olhava nervosamente pelo espelho do carro, como se esperasse que eu tirasse uma arma de algum lugar. A senhora, por outro lado, o olhava feio toda vez que ele fazia isso, fazendo-o se encolher no banco como se quisesse se fundir com o couro e desaparecer. As coisas se resumiram a isso nos quase 20 minutos de percurso.

Quando chegamos na casa, algumas pessoas ainda passavam ali pela frente, esticando os pescoços, tentando descobrir o que tinha acontecido. Pude perceber vários pares de olhos observando curiosamente pelas janelas quando eu desci do carro, acompanhando o casal, e se arregalando quando eu segui-os para dentro da casa. Definitivamente, era uma vizinhança intrometida.

-Mão? Pai? O que acontec-... –Um garoto vinha descendo as escadas aos saltos. Ele era jovem e um tanto baixinho, com bochechas fartas e olhos pequenos, que se arregalaram quando me viram parado no meio de sua sala. Ele se equilibrou precariamente no ultimo degrau, a surpresa dominando sua expressão. –CARALHO!

-Park Jimin! –Sua mãe ralhou, fazendo com que ele se encolhesse. –Isso é jeito de falar na frente de um desconhecido? Não foi assim que eu lhe ensinei!

-Desculpe mãe... –Ele se encolheu, corando, de uma forma um tanto quanto... fofa. Essa era a palavra. Ele era fofo. –Mas... Quem é esse?

Eu desgrudei meus olhos do garoto, percebendo enfim que o estava observando por tempo demais, e baixei a cabeça, sentindo o rosto esquentar pela segunda vez naquela noite.

-Ei... –A senhora disse, pousando a mão levemente sobre o meu braço. –Não precisa sentir vergonha. Venha, sente aqui. –Ela me puxou até o sofá e se sentou ao meu lado, com uma expressão pensativa.

-Nós não sabemos quem ele é, Jimin. Ele apenas apareceu aqui. Ele não tem ninguém. –A mãe disse, olhando no fundo dos olhos do filho que a observava estupefato. Sabia das tendências estranhas da mãe, mas não pensava que ela chegaria ao ponto de abrigar um completo desconhecido sob o seu teto. –Espero que entenda, filho. Ele... Ele é um caso do meu interesse. –Ela disse, olhando de soslaio para mim, como se sentisse culpada por algo. Eu não conseguia decifrar a mensagem que seus olhos passavam.

-Ok, me deixa ver se eu entendi... –O menino chamado Jimin disse, respirando fundo e se sentando no ultimo degrau da escada, segurando os cabelos entre as mãos. –Esse cara -ele disse, apontando para mim –é um completo desconhecido, que caiu do céu no nosso jardim, e então a senhora simplesmente decidiu adotá-lo, porque é um caso do seu interesse? –A expressão dele se tornava mais indignada a cada palavra.

-Sim, é isso mesmo. –A mãe o olhava, como se o desafiasse a contradizê-la. O pai, que até esse momento se mantinha em silêncio, finalmente interveio.

-Não questione uma decisão da sua mãe, Jimin. Se é assim que ela quer, é assim que vai ser.

Jimin olhava do pai para a mãe, e em seguida para mim, esperando que alguém gritasse que tudo não passava de uma grande brincadeira. Ninguém fez isso, é claro, então ele subiu as escadas, e foi possível ouvir a porta do seu quarto batendo mesmo no andar de baixo.

-Desculpe por isso. –A senhora disse, curvando-se, aparentando extremo cansaço. –Nosso filho não é uma pessoa ruim...

-Tudo bem, ele não está errado. –Eu disse, estendo minha mão e tocando relutantemente a dela. –Se vocês quiserem, eu posso ir embora. –Eu disse, embora não tivesse muita certeza de para onde ir se saísse dali.

-O que? –A senhora arregalou os olhos para mim, como se eu tivesse acabado de declarar que comia cachorrinhos no café da manhã. –Eu não vou te largar pelas ruas de Seul sozinho, sem família e sem memória! –A voz dela assumiu um tom agudo, fruto da indignação.

-Me desculpe, eu só... Não quero incomodar. –Eu disse, constrangido. Todas as atenções estavam voltadas para mim, e eu não sabia como agir.

Ela respirou fundo, soltando o ar pela boca, e olhando para algum lugar à sua frente. Seguindo o seu olhar, vi um porta-retratos pendurado sob a lareira. Nele, uma moça e um rapaz jovens se abraçavam, rindo de algo desconhecido, completamente alheios a tudo.

-Escute, aquele homem ali –ela disse, apontando para o porta-retratos –era o meu irmão. O nome dele era Jungkook. Você gosta desse nome?

Era o irmão dela? Eu queria perguntar o que tinha acontecido, mas não tive coragem o suficiente. O nome, afinal, soava muito agradável aos meus ouvidos. E, mesmo que não soasse, eu não estaria em posição de exigir grande coisa.

-Eu gosto. –Disse, sorrindo levemente para ela.

Ela pareceu feliz quando, enfim, se levantou do sofá, alegando que eu precisava de um banho e de roupas se quisesse ficar por ali. Enfiou-me no banheiro e só me deixou sair de lá quando não restava mais nenhum resquício de terra embaixo das minhas unhas. Aliás, eu nem ao menos sabia por que havia terra embaixo das minhas unhas, mas entre tantas coisas que eu não entendia, aquilo não me prendeu muito.

Só percebi o quanto estava exausto quando me deitei no colchão macio do quarto de hóspedes, que fora rapidamente preparado para que eu pudesse dormir. Estava prestes a deslizar para a inconsciência quando uma batida fraca soou na porta.

-Olá? –Apenas a cabeça do menino chamado Jimin apareceu na fresta que ele abrira na porta. –Você está acordado?

-Estou. –Eu disse, levantando-me parcialmente apoiado nos cotovelos.

-Eu... Eu... –Ele baixou a cabeça e mordeu o lábio inferior nervosamente. –Eu queria pedir desculpas por... Você sabe... –Ele deixou a frase pairando incompleta no ar, torcendo para que o sentido fosse corretamente compreendido.

-Está tudo bem, você não estava errado. –Eu respondi, deitando-me novamente e apoiando a cabeça nas mãos.

-Ah, então... Ok... –Ele disse, já puxando a porta. –Aliás, –ele a abriu de novo de supetão, quase me matando de susto. –qual foi o nome que você escolheu?

-Jungkook. Meu nome agora é Jungkook.

-Então... Seja bem vindo, Jungkook. –Ele disse, finalmente deixando o meu quarto. Se eu não tivesse dormido quase imediatamente após isso, teria percebido que, por uma mini fresta ainda aberta da porta, Jimin permaneceu por alguns minutos me observando. Ele era, afinal, muito mais perceptivo do que parecia. Seu coração já pressentia o que estava por vir.


Notas Finais


E ENTÃÃÃÃÃO??? Eu to muito empolgada com essa fic, e em nome da santa sehuna eu vou terminar essa, juro KJSDHFKJHASKDJFHASF
Espero que tenham gostado, e vou deixar no ar a série em que eu me inspirei pra fazer esse começo. Se alguém souber, pode comentar ♥


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