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História Unstoppable - XI - Interrompidas...


Escrita por: Spinel_

Capítulo 11 - XI - Interrompidas...


P.O.V Pérola~
Acordar com o sol explodindo meu rosto não era nada agradável, pois isso doía meus olhos por serem claros demais. A cada ano que passava, eu sinto que perdia mais a visão do meu olho direito, uma vez que o esquerdo já estivesse completamente cego. Apesar de saber ler o braille desde muito pequena, eu tinha medo de perder a visão de ambos os olhos pelo trauma do bullying que eu sofri quando criança e até nos dias de hoje, mas eu sabia que um dia isso aconteceria eu querendo ou não. Minha cegueira sempre foi um desafio pra mim em vários sentidos; em me aceitar, em me amar, o próprio bullying e eu cheguei a um ponto em que eu não tinha ao menos coragem de sair de casa por conta disso. Até eu conhecer Espinela eu era totalmente paranóica com isso, até que eu vi que ela não se importava nem um pouco com esse detalhe, mesmo o percebendo desde quando me viu entrando pela porta da sala de aula. Confesso que até hoje eu não estou totalmente satisfeita em aceitar que eu sou assim e não posso fazer nada para mudar, mas com o amor, aceitação e apoio de Espinela eu me sinto muito melhor sobre isso.
Com o sol invadindo apenas o meu lado da cama pela janela, começo a me sentir desconfortável e me viro, afundando meu rosto nos cabelos de Espinela e ficando assim por mais alguns minutos antes do despertador tocar e atrapalhar meu sono. O desliguei o mais rápido que pude para Espinela não acordar, pois hoje eu deixaria que ela tivesse um dia de folga por conta de tudo o que se passou e está se passando. Eu não podia acreditar que aquilo havia acontecido com ela, e eu queria seriamente que ela estivesse mentindo, mas eu conheço ela o bastante pra saber que não. Nem ao menos temos certeza se ela está ou não está grávida, mas se estivesse, teria todo o meu apoio em qualquer decisão que tomasse. Ela não tem físico e muito menos psicológico pra aguentar isso sozinha, porém tudo o que posso fazer por ela agora é apoiá-la e mostrar que tudo pode não parecer estar bem, mas está e vai ficar melhor. Eu não reclamaria se tivéssemos uma criança; eu simplesmente amo crianças e bebês, a pureza infantil é a coisa que eu mais aprecio no mundo onde vivemos. O jeito que as crianças veem o mundo, o jeito que elas repetem as coisas sem ao menos saberem o significado, eu acho que isso é a prova de que elas devem ser protegidas de todo o mal que existe e que existirá no mundo. Dinheiro e tempo não nos falta e mesmo sendo duas adolescentes completamente problemáticas, ela daria o seu melhor para ser uma boa mãe mesmo não gostando muito de crianças, e eu logicamente faria o mesmo. Até o ano passado, eu cuidava do meu irmão literalmente todos os dias sozinha desde o nascimento dele e garanto que não é uma tarefa fácil, mas não é impossível, e é uma das melhores experiências que eu passei até hoje. Não existe sensação melhor do que receber abraços puros de um ser que te ama incondicionalmente, que você cuida e dá a sua vida em troca para vê-lo crescer, progredir e aprender coisas novas, e isso tudo é adorável.
Eu sei que não deveria criar expectativas e sobrecarregá-la sobre isso, mas se ela escolhesse ter esse bebê eu seria a 'mamãe' mais feliz do mundo. Por outro lado, criar um filho fruto de estupro é uma das tarefas mais difíceis de se fazer, tanto para o psicológico da pessoa quanto para o tratamento que ele provavelmente receberia se não fosse bem-vindo na vida dessa pessoa, e eu entendo e apoiarei caso ela escolha abortá-lo.
Perdida em meus pensamentos, não percebo que o tempo está passando e me levanto rapidamente para preparar algo na cozinha caso Espinela acordasse cedo. Eu decidi fazer panquecas com calda de morango e amora, já que ela adorava esse tipo de alimento e não hesitaria em comer. Enquanto eu fazia a panqueca, o meu telefone tocou do outro lado do balcão e eu desliguei o fogo para atender, mas quando o peguei na mão vi que era um número desconhecido que estava me ligando desde o dia em que fomos para o parque abandonado, e aquilo estava me irritando e me deixando bastante desconfortável. Eu não atendi e voltei a cozinhar, pois precisava dormir mais um pouco para ir na aula de balé. Por sorte, eu só trabalhava de terça a quinta e mesmo assim eram poucas horas, contudo as vezes eu fazia hora extra só para ligar para a Espinela para que ela fosse lá para que eu pudesse vê-la brigando com a Yelp. Tenho certeza que Espinela a odeia.
Após terminar as panquecas, o cheiro das caldas tomou conta de toda a casa, o que naturalmente fez Espinela descer as escadas procurando pela origem do cheiro. Ela se sentou na mesa onde as panquecas já estavam no prato e não esperou ao menos esfriar para comer, o que achei que resultaria em queimaduras na boca e língua dela, mas parece que ela nem se importou com a temperatura.
- Como você está?
Eu perguntei a ela, com esperança de que ela tocaria no assunto da gravidez para que pudéssemos chegar a algum tipo de acordo, mas sem pressioná-la.
- Mesmo se eu estiver horrível, quando te vejo fico mais do que bem.
Ela respondeu isso com as bochechas avermelhadas, dando um sorriso tímido e puxando meu avental para que eu me inclinasse e a beijasse.
Sinceramente eu amava quando nós nos beijávamos, pois eu conseguia sentir o gosto de cigarro misturado com menta. O perfume que ela usava era uma mistura de rosas com morango e leite, e como eu amava ficar abraçada nela só pra sentir isso.
De qualquer jeito, eu precisava perguntar a ela se ela gostaria que eu comprasse um teste pra ela fazer, torcendo para que ela não achasse que eu estava a pressionando, pois não estava.
- Você está bem para falar sobre aquilo?
- Acho que sim.
- Quer que eu traga um teste da farmácia para você?
- Você pode descansar, P. Eu vou comprar três de uma vez, só pra ter certeza do resultado.
- Não quer que eu vá para você?
- Não precisa, mas se quiser, pode vir comigo.
- É claro que vou.
Saímos de casa e caminhamos em direção a farmácia, que ficava praticamente a 2 ou 3 ruas da nossa casa. Quando estávamos quase chegando, pude avistar a mesma silhueta de quem eu havia visto caminhando com outras pessoas no parque, uma mulher adulta com o cabelo longo e tingido de rosa claro, com a pele branca e batom rosa-choque. Eu nunca tinha visto ela por aqui, mas também não perguntei para Espinela quem era ela, já que ela não tinha visto essa mulher. Entramos na farmácia e eu pude observar a mulher de um ângulo melhor: ela estava fumando em um beco, sentada em um carro quebrado na companhia de outros dois homens fortes e altos e... o Ronaldo?
Confesso que na hora eu congelei, mas parecia que eles estavam negociando algo com o Rony, o que me fez tremer mais ainda de medo. Eu odiava o Ronaldo com todas as forças que eu poderia ter, prezando sempre por estar longe dele e dos amigos que são como ele. Eu tinha razão para odiá-lo, e 80% desse ódio era por conta do que ele possivelmente havia feito com Espinela.
Voltando a prestar atenção no que estávamos fazendo primeiro, o caixa nos perguntou se iríamos mesmo levar três testes, e nós dizemos que sim. Ele nos questionou sobre sermos um casal e até chegou a perguntar se alguma de nós não era "mulher de verdade" o que nos deixou desconfortáveis e Espinela irritada o suficiente para ter de se controlar para não xingá-lo ou usar a violência física. Dois dos melhores amigos que Espinela tinha eram transgêneros, então qualquer palavra de ódio direcionada a eles ou a quaisquer outras pessoas de gêneros expansivos era como uma flechada de veneno em Espinela, que ficava puta até quebrar a cara de quem dissesse algo ruim.
Nós saímos da farmácia e fomos direto para a casa, abrindo a porta e nos sentando no sofá-cama com os testes em mãos.
- Você vai fazê-los quando?
- Um hoje, e os outros dois amanhã.
- Boa. Vai fazer agora?
- Vou. Estou com medo.
- Ei, não precisa ficar com medo. Eu estou aqui, está tudo bem.
A abracei e dei-lhe um beijo na testa, desamarrando seus pigtails e a deixando de cabelo solto, pois eu a achava linda e fofa assim (e de qualquer outro jeito).
Depois de alguns minutos, ela voltou e me deu o teste para que eu esperasse pra ver o resultado, pois ela não queria.
- Já saiu?
- Não.
- E agora?
- Ainda não.
- Agora?
- Espinela, querida, está me irritando.
- Desculpa.
Quando o resultado saiu, eu mostrei a ela e ela parecia confusa pois não sabia o significado das hastes.
- Deu o que?
- Você não ficará feliz com o resultado... mas deu positivo.
- Sério?
Nesse mesmo instante, a expressão dela mudou e ela parecia bem mais vazia e preocupada, mudando de novo para um sorriso quase imperceptível.
- Olha, P... eu quero que saiba que se estiver pronta pra lidar com isso, eu posso ter esse bebê. Por você. Eu sei que você ama crianças e cuidará muito bem dela ou dele, ou o que se sentir. Eu vou dar o meu máximo para ser uma boa mãe e tentar mudar meu comportamento, também por você.
- Espinela, você não precisa fazer isso. É lógico, eu adoraria! Eu amaria criá-lo com você! Mas se você não se sente bem, você definitivamente não precisa fazer isso só porque eu gostaria disso.
- Eu também gostaria. Eu ouço as suas histórias sobre seu irmão e como você teve de cuidar dele por tanto tempo, fico fascinada e amo o jeito que você é tão compreensiva e amorosa com crianças - e comigo também. Eu vou fazer os outros dois testes amanhã e, se der mesmo positivo e eu estiver de fato grávida, eu vou fazer o máximo por ele, vou fazer o máximo por você, por que eu te amo.
- Oh, querida... eu te amo muito. Muito mesmo, você não imagina.
- Sim, eu imagino, pois eu amo na mesma intensidade.
Comecei a enchê-la de beijos e carícias, a fazendo deitar no sofá-cama. Com muita delicadeza e leveza prendi seus braços com minha mão acima da sua cabeça, a fazendo corar e me beijar com mais intensidade, quando tivemos que separar por falta de ar. Com minha outra mão, desabotoei sua camisa e passei levemente a ponta dos meus dedos sobre sua barriga, a fazendo tremer. Parei com os dedos na sua virilha, não descendo mais abaixo e voltando para desabotoar o seu sutiã, que o fecho se situava na frente.
- Odeio sutiã assim. - eu disse, o retirando.
- Eu gosto, é mais fácil de tirar. - ela me retrucou, com um sorriso tímido no rosto.
Eu estava acostumada a ver os seios de Espinela todos os dias, mas eu me sentia muito mais atraída quando eu estava frente a frente com eles. Eu não comecei direto com minha boca mas sim com meus dedos, acariciando seus mamilos até que ela soltasse um gemido baixo, o que me fez continuar o trabalho.
Com minha língua, fiz movimentos circulares ao redor de um mamilo o excitando com a ajuda do piercing, a fazendo soltar gemidos abafados. Caí de boca no seu outro seio e, como não era grande, eu conseguia quase mordê-lo todo de leve, chupando seu mamilo e ouvindo seus gemidos não muito baixos. Com a ponta da língua eu desci pela sua barriga e deixei alguns chupões no local, apenas para que ela se lembrasse depois. Depositei alguns beijos suaves na sua barriga e desci com a mão para desabotoar sua calça, quando fomos interrompidas por uma ligação no meu celular.
Rapidamente soltei os braços de Espinela e ela colocou as duas mãos no seu rosto todo avermelhado.
- Alô, Pérola?
- Sim, Bloop?
- É, sou eu. Desculpa se interrompi algo, só queria perguntar se está tudo bem com a sua namorada. Vocês saíram correndo ontem, como se estivessem assustadas, aconteceu algo? Não querendo ser intrometida.
Por um momento olhei para o rosto de Espinela e ela estava corando, com um sorriso fofo olhando para mim.
- Sim, ela está bem. Não aconteceu nada demais, eu acho. Obrigada por se preocupar, Bloop. É que estávamos no meio de uma transa...
- Meu Deus, me desculpe por interromper! Sinto muito, podem continuar. Tchau, P!
- Tchau, Bloop.
Eu desliguei a chamada e olhei para Espinela, que por algum motivo estava rindo em um tom baixo. A olhei com uma sobrancelha levantada e fiquei confusa.
- Por que está rindo?
- É que eu broxei, aí to rindo.
- Rir depois de broxar é algo que precisa ser estudado por cientistas.
Lhe dei um beijo e me levantei, pois só agora havia percebido que minha aula de balé seria em 35 minutos.
- Pérolaaaaa... você não vai continuar? Por favor...
Eu não podia ouvir aquela voz manhosa de jeito nenhum, se não eu me derretia de amor. Mas eu preferia continuar na cama, quando chegasse em casa.
- Não posso, preciso ir. Você vem comigo?
- Estou cansada...
- Que pena, não vou poder te fazer gozar depois.
- É claro que vai! Para isso não estou cansada, ok?
- Então tá, né? Mas eu preciso mesmo ir hoje. O professor vai ensinar novos passos para os novatos e-
Antes que eu pudesse terminar a fala, fui interrompida por Espinela.
- Chata.
- Eu sei que você me ama, querida.
Me inclinei para beijá-la e abraçá-la, uma vez que ficaria fora por uns 40 ou 50 minutos. Beijinhos são muito importantes.
Arrumei meu cabelo, coloquei a minha roupa de balé e saí quase que atrasada, mas cheguei lá a tempo da aula iniciar.



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