História Until The Last Step - Min Yoongi (Suga) BTS - Consequences

Estou dormindo quando um barulho na porta me faz remexer na cama. Sem forças para abrir os olhos, apenas escuto alguém se aproximando e sentando no colchão, ao meu lado. Nesse instante, um toque leve acaricia meu rosto e eu me sinto obrigada a ver quem está me tocando, abro os olhos com rapidez e eu o encontro imediatamente.

— Precisamos conversar — Yoongi sussurra.

Afasto-me de seu toque enquanto uno as sobrancelhas. Depois do que houve mais cedo, não consigo encarar Yoongi da mesma forma. Na verdade, isso já acontece desde a confusão que houve  aqui mesmo, em seu quarto.
Mesmo, incomodada com sua presença, me sento na cama, pronta para ouvir o que ele tem a dizer, ou melhor, a desculpa da vez, já que ele sempre tem uma. Seu rosto encara as mãos com uma tensão que é quase comum para ele, enquanto espera alguma resposta minha.

— Pode começar. Eu quero saber de tudo — digo com os olhos fixos nele.

— Ótimo — Ele suspira — Por onde quer começar? — Seus olhos encontram os meus com nervosismo.

— Como me encontrou? — Pergunto séria — Como sabia onde eu estava e que precisava de ajuda?

— Essa é simples... — Ele ri fraco — Fui na sua casa e te encontrei saindo com aquele babaca. Não aguentei e fui atrás para saber onde vocês iam juntos — Ele dá de ombros — quando vocês começaram a correr eu os perdi de vista, então tive que dar a volta no quarteirão, até encontrar o beco onde vocês estavam.

— Eu não acredito que você estava me perseguindo! — Exbravejo indignada — Você não tem esse direito!

— É sério que é com isso que você vai se preocupar? — Ele ergue a sobrancelha.

Ele tem razão, isso é o de menos.

— O quê foi fazer na minha casa, então?

— Falar com você. Queria por a limpo alguns assuntos... — Ele responde e eu confirmo com a cabeça.

— Como conseguiu uma arma? Como você atira tão bem, se você disse que seu único contato com esse tipo de coisa era na caça esportiva? Você mentiu não foi? — Pergunto tensa com medo das respostas.

Por mais que os fatos me levem a crer que Yoongi está metido com coisas erradas, eu não consigo acreditar, ou não quero. Eu não posso simplesmente aceitar que me apaixonei por alguém de má índole. Mas necessito saber a verdade, por mais que ela me doa.

— Okay...vamos lá — Yoongi respira fundo — Eu tenho apenas essa pistola que você viu, acho que desde que fiz 19 anos. Tenho registro, é regulamentada e tudo mais — Yoon passa a mão pelos cabelos e cruza os braços em seguida — Ela ficava guardada no meu estúdio, mas eu preferi deixar no carro, para algum imprevisto... Como o de hoje. E eu não menti. Eu participava de várias caçadas com o Sr. Martin quando era mais jovem, e isso não tem nada a ver com eu ter comprado uma pistola. São coisas bem diferentes.

— Mas você atirou naquele homem, ainda deixou ele lá no beco sozinho! — falo nervosa ao me lembrar da cena.

— Elisabeth, aquele homem era um filha da puta. Ele queria te machucar. Eu não pensaria duas vezes para atirar!

— Você poderia ter matado uma pessoa!

— Ele não era uma pessoa, Lisie. Por que está preocupada com um cara que tentou te sequestrar?! — seu rosto está confuso e ao mesmo tempo, irritado.

— E-eu não sei... apenas tenho medo dessas coisas! Morte é algo muito sério.

— Não seja boba, ele não teria a mesma consideração por você. Tanto que te acertaram a cabeça! — Ele direciona seu olhar para minha testa — além disso, eu não queria matar ele, por isso atirei na perna. Eu só precisava de um tempo te tirar dali!

Suspiro com força. São tantas coisas passando pela minha cabeça. Mesmo com Yoongi explicando a procedência da arma, o porquê de ter atirado e como sabia onde eu estava, tudo ainda parece meio confuso.

— Eu sei que você está assustada. Mas por favor entenda que qualquer pessoa que se importasse com você faria o mesmo que eu fiz — sinto seu olhar sobre mim. Me encontro com ele e percebo como está intenso. Então ele quis dizer que se importa comigo? Depois de tudo? — E eu não me arrependo. Porque eu sei que se não tivesse feito nada, você não estaria mais aqui.

— E por quê você se importa? — O encaro com desdém.

— Como é?! — Ele arregala os exaltado.

— É isso mesmo que você ouviu! — arrasto meu corpo da cama e me levanto, saindo de perto dele a passos duros — Por que eu não consigo te entender.

— Está perguntando isso por causa do que houve naquela sexta? — Ele me pergunta já com a voz calma.

— Não somente, mas pelo o que aconteceu desde aquele domingo! — Respondo agitada enquanto balanço os braços nervosa — Você primeiro some, me deixa sozinha e não me dá uma explicação sequer — começo a dar voltas pelo quarto — Aí reaparece querendo falar comigo, como se nada tivesse acontecido. Depois vai até minha casa, fala um monte de besteiras e ainda agride meu hóspede...

— Hóspede o caralho, esse imbecil não é só seu hóspede! — Ele retruca ainda sentando na cama.

— Naquele momento era meu hóspede, e o que eu faço ou deixo de fazer com ele não te diz respeito algum, principalmente  a partir do momento em que você quis dar uma de difícil para cima de mim! — Respondo a gritos — Você não sabe como eu fiquei... — sinto meus ombros caírem e meus olhos começarem a me trair — Eu precisava de uma explicação, Yoongi... a menor que fosse. Eu pensei tanta besteira — uma lágrima solitária escorre pelo meu rosto e eu passo a mão para apará-la.

— Ah, Lisie... — Yoongi se levanta da cama e caminha até mim mas eu recuo — Eu sei que fui um babaca... mas  achava que seria melhor se eu ficasse longe de você, por isso me afastei.

— Melhor para quem? Para você, que queria continuar na sua vida boêmia enquanto eu era feita de boba? — indago grosseiramente.

Yoongi ri. Que filho da mãe, não há dúvidas que ele me vê como uma palhaça.

— Como eu queria que fosse mais fácil para você entender...

— Então explica! Ou ao menos confesse que você só quis me usar...

— Não repita isso — Yoongi exige seriamente.

— Por que não? — Ergo minha sobrancelha — Depois de tudo você quer que eu diga o que?

— Você não sabe de nada... — Ele me dá as costas e volta até a cama.

— Nunca sei de nada porque você me esconde tudo! — Vocifero — Mas eu já cansei — digo chamando sua atenção — Não vou ficar aqui para ser tratada como a idiota burra... Eu vou para minha casa

— Elisa — Yoongi se levanta rápido e segura meu pulso, mas eu o puxo de volta com força — Não faz isso. Você não vai estar segura lá.

— Eu estou cansada... primeiro você, e agora isso. Estou sendo perseguida e nem sei por quem! Eu não aguento viver assim, Yoongi. É torturante! — Meu corpo se inrrigesse e a tensão volta a me consumir.

— Eu sei... e eu sinto muito por isso... Por você estar passando por essa merda toda — Ele volta a segurar minha mão e dessa vez eu permito — Eu sei que errei, sou um completo filho da puta e não vou gastar seu tempo tentando desculpas. Mas eu prometo, Lisie. Eu vou te tirar dessa. Pode parecer que eu não me importo com você, principalmente por tudo o que eu fiz, mas eu quero que saiba, na nossa atual conjuntura, você é a pessoa que mais me importa. Eu não vou deixar nunca mais tocarem em você, mas para isso preciso que volte  a confiar em mim...

— Ah, tá — Rio — É bem fácil fazer o que você está me pedindo...

— Faça isso, por favor. E eu prometo que quando tudo estiver resolvido eu sumo da sua vida. Não vou mais te causar problemas — Yoongi me olha sério mas consigo perceber ele tremer depois de falar.

— Você não entende mesmo... — O coreano muda sua feição séria por uma confusa — Eu nunca quis que você sumisse, Yoongi. Eu infelizmente me apaguei demais, mesmo sabendo que não seria retribuída.

— Não fale assim... — Ele sussurra.

— É apenas a verdade — Respondo firme.

Depois de mais alguns instantes, o coreano se afasta e me chama para deitar. Ao perceber minha hesitação, ele se adianta em dizer que deixará sua cama para mim e que ele dormirá no sofá ao lado do móvel, apenas para que tenha certeza que eu esteja segura. Mesmo desgastando da ideia, não teimo, me entregando por exaustão. Deito na cama logo me cobrindo e Yoongi apaga as luzes do cômodo. Vejo sua silhueta passar por minha frente e se deitando no pequeno sofá cinza em frente às vidraças. O moreno se embrulha com a coberta e não demora muito até que esteja apagado, assim como eu mesma.
Na manhã seguinte, me acordo mais cedo que o habitual. Sento-me na cama e observo Yoongi ainda dormindo, todo encolhido naquele sofá que mal comportava seu corpo. Levanto em silêncio e caminho na ponta dos pés até o banheiro. Faço o que preciso fazer e vou até a pia para lavar o rosto e a boca. Nesse instante, escuto barulhos altos vindo do quarto e me assusto.

— Elisabeth! — A voz grave chama por mim — Porra, Lisie. Onde você está! — Nesse momento a maçaneta da porta do banheiro gira com força , indicando que alguém está tentando entrar.

— Relaxa! Estou aqui... — Respondo enxugando o rosto.

Destranco a porta e a abro, encontrando logo em seguida um Yoongi sério e emburrado.

— Caramba, por quê não respondeu logo?! — Ele pergunta sério.

— Estava lavando o rosto, não tinha como falar! — Respondo no mesmo tom.

— Achei que tinha ido embora... — seu semblante ameniza e ele respira fundo.

— Mas vou ter que ir — Digo passando pelo espaço entre ele e a porta — Não posso ficar aqui para sempre. Minha família pode estar em risco enquanto eu estou aqui me escondendo.

— Sim, mas precisa fazer isso com cuidado, Lisie... — Yoongi me adverte, virando seu corpo para mim.

— Eu só queria saber o motivo de estarem atrás de mim... eu nunca fiz nada a ninguém, nunca chamei a atenção de ninguém e... espera — Paro de falar assim que algo estala em minha mente — Eu acho que... não. Não seria possível.

— O quê não seria possível? — O coreano cruza os braços.

— Há alguns meses, enquanto eu ainda trabalhava na Paolinni's, eu tive o desprazer de conhecer um homem.

— Que homem? — Ele arqueia a sobrancelha curioso.

— Um homem que me assediou, até chegou me ameaçar... Mas não tenho certeza se pode ser ele. Eu só pensei nisso do nada.

— O quê ele fez? — O corpo do maior fica tenso e ele me encara com intensidade.

— Disse coisas obscenas, falou que se eu contasse para alguém, iria sofrer com as consequências... — entorto o rosto ao lembrar do dia.

— Isso já é alguma coisa — Yoon caminha até o centro do quarto, parando de frente para mim — Você lembra o nome dele?

— Alguma coisa Borrow... — Respondo enquanto tento relembrar — James, Josh... não. Não é nenhum desses...

— Jason? — Ele pergunta com a voz grossa — O nome dele seria Jason Borrow?

De repente a lembrança toma minha mente. A voz do senhor Paolinni cumprimentando o sujeito reaparece com clareza e eu recordo o nome.

— Isso! Jason Borrow! — Exclamo alto — Você
o conhece? — Questiono intrigada.

— Infelizmente, até demais... — Yoongi responde.

O maior volta a se mover, dessa vez em direção ao banheiro. Quando ele sai, eu o encaro confusa. Yoongi vai até o closet e retira um agasalho preto e logo depois o veste.

— Vai para onde? — Pergunto.

— Resolver um negócio — Ele responde rápido enquanto fecha o zíper — Pode ficar aqui e me esperar até eu voltar?

— Não! — Falo rápido — Eu preciso ir para casa.

— Eu prometo ser breve, Lisie.

— Não importa, Yoon. Eu tenho que voltar! — Exclamo afoita.

— Yoon... fiquei com saudade disso — Ele sorri e eu reviro os olhos. O moreno se aproxima de mim ainda com os lábios levantados num sorriso leve e me sela na testa, o que me pega de surpresa — Fica aqui... Eu não vou demorar — Ele me encara por alguns instantes e se afasta, caminhando em direção a porta — Só mais uma coisa, uma dúvida na verdade.

— Sim? — Encaro ele de longe.

— Você teve algo a mais com esse cara? O playboy metido a policial? — Seu rosto fica tenso enquanto ele aguarda a resposta.

— Você quer dizer se eu dormi com ele? — Pergunto e ele confirma com a cabeça — Não
... Foi apenas um beijo. Não que eu te deva uma explicação.

— Você não deve... Eu só queria tirar essa dúvida mesmo.

— Pronto, já tirou — Dou de ombros e ele sorri mais uma vez — E você? — Pergunto antes dele sair do cômodo — Teve algo com alguém durante esse tempo?

Sinto o coração pulsar forte no peito, ansiosa pela resposta.

— A última vez que eu tive algo com alguém, foi em uma sexta, semanas atrás — Ele baixa o olhar — Você deve lembrar do dia — Yoongi pisca o olho para mim e sai.

Então... ele não se envolveu com mais ninguém depois da sua vingança? Por que não consigo acreditar? Quando se passa mais alguns segundos desde que ele saiu, sento-me na cama e observo o quarto mais uma vez, recordando de todo aquele escândalo. Onde diabos eu fui me meter?
Após mais algumas horas, resolvo descer e esperar por Yoongi no andar de baixo. Pego o telefone fixo da sala e ligo para minha mãe. A mais velha me tranquiliza ao dizer que a noite foi tranquila para todos em casa e eu opto por omitir de minha mãe o que houve ontem. Depois de desligar, escuto passos vindos da escada. Justin sorri quando nossos olhares se encontram e eu não consigo não retribuir.

— Onde está o japonês irritante? – Ele pergunta se sentando ao meu lado.

— Ele é coreano — retruco sem perceber — e ele saiu mais cedo.

— Ótimo, nossa deixa de sair daqui e ir até uma delegacia — Justin segura minha mão e tenta me puxar, mas eu desvencilho dele.

— Yoongi disse que não vai adiantar mexer com a polícia, lembra?

— Está brincando? — Just ri — A polícia é a melhor solução. Eles darão um jeito se formos atrás.

— Você diz isso porque é um policial, acredita que tudo se resolverá se discarmos o 911.

— Claro! Eu sou da polícia. É meu trabalho resolver coisas assim.

— Obrigado. Mas por enquanto vou fazer o que ele me pediu.

— Você bateu sua cabeça? — Summers se levanta do sofá com rapidez — Esse cara não sabe de nada. Eu tenho mais experiência!

— Eu sei disso, mas ele nos salvou e quer ajudar — maneio a cabeça — Farei como ele quer, por enquanto. Se ver eu não está adiantando, eu recorro as autoridades.

— Eu não acredito que você vai seguir um idiota desses.

— Esse idiota salvou nós dois, Just..

O moreno revira os olhos. Sem falar mais nada, Justin apenas se afasta e vai em direção ao elevador. Eu decido não questionar, afinal, ele não é obrigado a acatar minhas decisões. O moreno vai embora e em me afundo no sofá da sala tentando relaxar, mas tudo em vão.
Após mais horas se passarem desde que Yoongi saiu eu resolvo ligar para ele. E para minha indignação, cai na caixa de mensagens.

— Ah, por favor... não vai sumir agora...

Tempo mais algumas vezes mais e nenhuma Yoongi atente. Envio mensagens mas nenhuma é respondida. Me estresso e resolvo já ir embora para casa. Já passa da 14 horas e Yoongi não deu nenhum sinal de vida. Levanto do sofá, deixando o celular no mesmo enquanto subo para pegar meu casaco. Quando volto a sala, meu celular vibra e eu corro até ele pensando se pode ser alguma novidade se Yoon, mas não. A tela ascende e tudo o que vejo são notificações de ligações perdidas de Felícia. Assustada com tal coisa, retorno a chamada e não demora mais que dois toques para a morena me atender.

— Fels? O quê houve? — Pergunto com pressa.

— Liz, onde você está?! — Sua voz treme e eu percebi que aconteceu alguma coisa.

— Estou no apartamento do Yoongi. O que aconteceu?

— Amiga... — Ela para e de fundo consigo ouvir ela pedindo para alguém se acalmar — É sobre o Yoongi, mesmo.

— Desembucha, Felícia! — Berro do outro lado da linha — Diga, o que aconteceu com Yoongi?

— Lisie, eu acabei de encontrar Yoon jogado no estacionamento da Columbia! Ele está sangrando, esta machucado. Eu não sei o que aconteceu, mas ele precisa de ajuda — Ela pára para respirar — Lisie? Está me ouvindo? Precisamos da sua ajuda! Acho que ele está morto!