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História Unveil - Korra


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Olá, bem-vindo(a) a minha fic! É um prazer vê-lo aqui, rs.
Espero que minha estória lhe agrade, embora seja leve e mais focada no sentimento das duas. Mas, desde o começo, quis escrever algo leve, que se focasse somente no início do relacionamento entre elas e de certa maneira consegui! HAUHAUAHUAHUA.
Bom, a estória só terá dois capítulos e irei postar o próximo, e último capítulo semana que vem, então peço que tenham um pouco de paciência! Rs.
Enfim, boa leitura! Bjus, ;)

Capítulo 1 - Korra


Dentro do mundo espiritual, o clima permanecia como a primavera dos humanos, entretanto ainda mais belo e florido. Naquele lugar pacato, lindamente colorido por flores perfumadas, a paz reinava. Era um mundo admirável, de encher os olhos com visões espetaculares.

Korra sabia que Asami havia se fascinado pela beleza daquele mundo, do qual desejou conhecer a muito tempo. Assim que o portal as levou para lá, conseguiu enxergar em seus olhos o brilho de uma emoção desconhecida, que se mesclava ao fascínio. Há exatos três dias exploravam aquelas terras e nada perturbava a calma. Exceto a comoção agitada que se instalou entre os espíritos curiosos, quando a notícia de que o Avatar permaneceria em seu mundo por uma semana, se espalhou entre eles.

Por falar nos espíritos, eles as receberam de braços abertos. Foi tanta animação e simpatia, que chegou a cogitar que seriam carregadas até a casa ou toca de cada espectro presente. Um sorriso exultante se abria em seu rosto, toda vez que a garota relembrava a cara espanto da amiga, ao ser arrastada pela mão por um espirito pequenino de pele azulada e orelhas pontudas. A simpatia que aquelas almas dóceis transmitiam a deixou sem palavras. Quando elas finalmente se instalaram numa cabana rústica, localizada há alguns quilômetros do portal e próximo à casa do velho Iroh, puderam estabelecer uma rotina cômoda para ambas. Cada uma cuidava dos afazeres da casa e no extenso tempo livre que tinham, usavam-no para andar por aquelas terras jamais apreciada por olhos humanos. Quanto mais afundo penetravam na floresta cheia de vida, mais Asami sentia vontade de permanecer. Ela dizia sentir uma sensação mágica que a impossibilitava de se sobrecarregar com tristeza ou infelicidade.

O sol brilhava forte naquele início de tarde e Korra, após o almoço, tinha se retirado da cabana para ir à clareira e iniciar seus treinamentos diários. Teve relutância em deixá-la sozinha, mas depois de tanta insistência, acreditou ser correto seguir seu caminho. Chegando à abertura larga da floresta sentiu uma profunda agitação invadir seu corpo. Respirou fundo e sentou-se à sombra de um grandioso carvalho, precisaria descobrir o motivo do rebuliço interior. Limpou a mente para meditar, livrando-se de qualquer pensamento ou sensação distrativa como havia sido ensinada por Tenzin.

Horas depois de tentar se conectar com as energias ao seu redor e refletir sobre tudo, abriu os olhos com exagerada lentidão e suspirou muito frustrada. Ao sentir a brisa leve que trazia o suave aroma das madressilvas, que ornavam o tronco de uma árvore por perto, percebeu que queria voltar para a cabana. Tomada por essa forte necessidade, a jovem Avatar se ergueu do chão e caminhou de volta para a casa. Estava tão distraída que demorou a perceber uma figura alta e esguia, sentada entre as raízes de uma acácia-rubra. Intrigada com a pitoresca reunião observou silenciosamente a figura arrodeada por espíritos pequenos e coloridos, enquanto lia um livro para os atenciosos espectadores. Os espectros coloridos e simpáticos pareciam hipnotizados por suas palavras. Korra imediatamente parou de andar para observá-la a uma distância segura, pois Asami interagia com a natureza e era uma grande novidade aos seus olhos. Aquilo formou em sua mente uma imagem tão delicada e encantadora, como se estivesse diante de uma das realísticas pinturas do pequeno e inquieto, Meelo.

Seus olhos azuis contornaram cada fragmento e detalhe da cena que se expandia em seu horizonte. A consciência estava focada na jovem Sato, que, inocente de estar sendo observada, permanecia a ler o livro para os bichinhos ao redor. A mesma brisa que retirou o Avatar da meditação, agora acariciava sua face e bagunçava os cabelos cor de ébano com calidez. Os lábios rubros pelo batom se moviam com graça, formando precisamente cada sílaba e palavra, sendo adocicadas por um sorriso charmoso. Korra sabia que a amiga estava consolada, conseguindo sorrir mais abertamente depois de tanta tristeza fixada no coração. Sofreu uma sequência angustiante de decepções. Andou sob estresse por três anos devido à tentativa de reerguer o império deixado pelo pai. E agora, após o baque de perder Hiroshi na batalha final, o duro golpe que foi ter de enterrar o pai, criou uma cicatriz profunda e dolorosa no coração, a deixando completamente vulnerável. Escapar um pouco da loucura que representava a Cidade República atualmente era como apresentar uma saída da escuridão. Ficava satisfeita em saber que podia propiciar dias melhores para a pessoa que, naquele instante, era a mais importante em sua vida.

Acreditando que passara muito tempo parada, principalmente a encarando fixamente e viajando em pensamentos, Korra deu um passo para frente com a intenção de se aproximar da amiga, e quem sabe se juntar aos espectadores para poder observá-la sem temer ser descoberta. Mas ao sentir a imponente presença do Avatar, as atenções dos espíritos se voltaram de imediato para a recém-chegada, que soltou uma risada sem jeito ao notar que havia interrompido o momento de Asami. Porém a mesma não pareceu se importar. Ela simplesmente pausou a leitura e ergueu com pressa os expressivos olhos verdes em sua direção.

- Acho que não se pode batalhar a atenção deles com o Avatar... – Asami brincou.

- Eu deveria ter previsto isso, antes de me aproximar. – Disse sem graça ao desviar o olhar para grama. – Desculpe se atrapalhei...

- Não sei o motivo de estar se desculpando, - falou com fingida ignorância ao abrir um sorriso gozador. Korra ergueu o olhar e sentiu a mesma agitação interior ao encarar seus olhos, porém conseguiu mascarar a tempo sem que a outra percebesse. – mas se quiser se sentar, fique a vontade.

Tendo sido convidada, agarrou a oportunidade que lhe foi dada e sentou-se junto à plateia. Aguardando com ansiedade que a amiga continuasse a leitura. Asami ergueu uma sobrancelha, parecendo estar intrigada com sua atitude imediatista. Havia tido a impressão de que a garota estava mais enérgica em sua presença, eram atitudes contrárias do habitual e bastante suspeitas. Até parecia que estava incomodada com alguma coisa. Contudo, momentaneamente, aceitou ser cabível guardar suas conclusões e manter o foco na tarefa que lhe atribuíram.

- Espero que goste de “Dança das Margaridas”... – Levantou o livro para que Korra o visse. Quando viu sua expressão confusa, entendeu que a garota não conhecia a história. Sendo assim se sentiu impulsionada em continuar a leitura e trazer aquela novidade para a amiga.

Korra não tinha a cultura enraizada de ler livros. Lembrava-se de específicos momentos da infância onde sua mãe, Senna, lhe contava algumas histórias – geralmente lendas – da Tribo da Água do Sul antes de dormir. Aqueles fragmentos de memórias podiam ser considerados os mais delicados da infância. Foram momentos nos quais relaxava e esquecia por instantes que podia dobrar elementos, ser sucessora do Avatar Aang. Sendo somente um momento especial entre mãe e filha.

O conto que Asami recitava era algo diferente das histórias de Senna, notou quase que de imediato. Era uma narrativa muito extensa, metafórica, com uma trama envolvente e linguagem lindamente poética. Tudo girando em torno da história de uma margarida rebelde, que se apaixonou pelo Deus do Vento. O Deus, por uma decisão egoísta não lançava mais ventos para as pétalas da indignada flor, fingindo não saber da existência daquela apaixonada margarida, somente para provoca-la ao seu bel prazer. A esquentada flor, para chamar sua atenção, provocou certo caos entre as companheiras e as virou contra o amado.

A garota finalmente podia entender o motivo de deslumbre dos espíritos pela história. Afinal a narradora tornava a trama mais viva e grandiosa. Era uma narrativa que contava com inúmeras reviravoltas de prender o fôlego, onde o ouvinte ficava cada vez mais envolvido naquele romance excêntrico. Sua voz agradável embalava a imaginação dos espectadores e aos poucos se tornou compreensivo o motivo da margarida ser apaixonada pelo vento. Pois, podia sentir as emoções que a brisa trazia consigo naquele instante, assim como a Margarida sentia todos os dias. Também ficaria revoltada se o Deus do Vento não fizesse mais isso, tornando-se impossível de sentir seu amor, sua carícia...

Quando menos notou, Korra sentiu algo acariciando suavemente seu cabelo. Era gostoso, até se tornarem em cutucadas leves no ombro. Nesse momento, para sua surpresa, abriu os olhos com espanto. Notou ainda grogue, que estava deitada na relva sob a sombra grandiosa da acácia-rubra. Havia caído no sono inesperadamente e nem ao menos percebeu que estava sendo rude com a amiga, afinal tinha dormido no meio da leitura. Com pressa se ergueu do chão gramináceo e deu de cara com os sorridentes olhos de Asami. Era ela quem estava a cutucando para que acordasse.

- Perdão Asami! Eu não sabia que ia cair no sono! – Se desculpou com a voz rouca antes de bocejar.

Ela pareceu segurar a risada, devia estar gostando daquela situação em excesso.

- Eu já disse que não entendo o motivo de você estar se desculpando... – Brincou mais uma vez, e para que os músculos da cara não doessem de tanto segurar a gargalhada, relaxou a boca num sorriso de zombaria. – Te entendo por ter caído no sono. Lembro a primeira vez que li “Dança das Margaridas”, acho que devo ter tido uma dor de pescoço por ter dormido de mau jeito no sofá!

Korra, embora ainda estivesse constrangida, soltou uma risadinha e mais segura de si, encarou seus olhos. Não entendia o motivo de tanta alegria contida nos orbes esverdeados, mas gostava da clareza que eles transmitiam e a paz interior que parecia domina-la. Não reparando o silencio entre elas, tentou compreender como o sorriso de Asami lhe provocava confusas sensações. Nunca tinha sentido essa conexão com alguém antes. Muito menos acreditava ser possível sentir coisas opostas aos sentimentos seguros e racionais da amizade.

- Vamos entrar. – A jovem empresária suspirou pesadamente, revelando estar cansada. Apontou com a cabeça a cabana silenciosa e solitária atrás delas para enfatizar seu pedido. – Está começando a escurecer...

Mais alerta, olhou ao redor e viu o céu alaranjado que agora coloria suas cabeças. Havia dormido mais tempo que previra. Com pressa, Korra se ergueu do chão e ofereceu sua mão para que a amiga fizesse o mesmo. Juntas voltaram ao lugar onde, por mais três dias, chamavam de lar. Estava ciente de que, em nenhum momento, ela fez menção em soltar sua mão e - podia ser coisa da sua cabeça - sentiu que Asami imprimia certa força em seus dedos para que não a largasse. Aquela atitude lhe inquietou profundamente, deixando-a mais consciente de sua presença.

Tentando não dar muito cartaz para isso, a seguiu com seus dedos entrelaçados aos dela, enquanto seu interior se revirava numa felicidade estranha e nova. Entrando na cabana, de imediato as duas iniciaram as preparações para a noite. Enquanto uma se encarregava do jantar, a outra tomava banho. Em sincronia cada uma terminou seus deveres e necessidades. Ao anoitecer se encontravam sentadas na gasta e envelhecida mesa de jantar que dividia a sala e a cozinha. A casa havia sido utilizada por um casal de espíritos salamandra, que simpaticamente insistiram para que o Avatar e sua amiga utilizassem a velha casa como bem quisessem. Foi impossível negar aquele apelo, principalmente depois que Asami admitiu ter adorado o lugar. Ela tinha achado a construção rústica bem charmosa e única. E sua opinião era a mais perfeita verdade, pois tinha uma visão apurada para esse tipo de coisa. Não era a toa que criava os designs dos produtos da empresa.

Enquanto devorava a tigela de arroz, Korra a questionou por notícias do mundo humano. Asami respondeu que alguns espíritos vindos da Cidade República, disseram algo sobre o presidente estar reconstruindo o estádio de Pro-Bender e estar organizando um torneio de inauguração para um futuro breve. Essa notícia fez os olhos azuis da garota brilharem como nunca antes visto. Era a animação e nostalgia sobre poder novamente ter a oportunidade de ganhar aquele torneio. Dessa vez sem nenhuma interrupção.

- Se preferir, - Asami falou sem pretensões, após devolver a colher na tigela de sopa de legumes. Seus olhos esverdeados estavam focados nela. Havia seriedade em seu semblante, deixando-a levemente incomodada. – podemos voltar mais cedo para você treinar com Mako e Bolin. Deve dar tempo para as preparações, certo?

Korra se encontrou diante de um grandioso dilema. Queria muito entrar no mais novo torneio e se sentia confiante para ganhar o troféu, mas não queria quebrar a rotina silenciosa e tranquila que tinha com a amiga neste mundo. Sabia que em algum momento teriam de retornar para suas verdadeiras vidas. Elas não podiam se afastar dos seus afazeres e responsabilidades. Porém, tinha a sensação de que ainda não tinha feito muita coisa. Parecia querer dizer mais a ela.

- Não... – Respondeu com um sorriso tímido, o coração dessa vez batia acelerado e inquieto. O olhar mais uma vez se encontrava fugaz. – Gosto da rotina que criei aqui. Quero manter isso um pouco mais.

Admitir isso lhe causava desconforto, não de uma maneira ruim, estava mais para uma sensação hesitante e constrangida. Estava ficando cada vez mais difícil de encarar seus olhos. Ela lhe deixava inibida de várias ações. Para diminuir o constrangimento causado por suas palavras, rapidamente pegou seu hashi e voltou a comer para mascarar o rosto corado. Claramente, isso não deu fim à atmosfera densa e estranha que ficou entre elas.

- Eu também não quero que isso termine cedo. – Declarou Asami, que a pegou desprevenida.

A surpresa foi tanta que quase se engasgou, pois achava que ela se manteria contrita e diplomática sobre o assunto. O rosto tomou uma irritante coloração avermelhada, ao notar sua tentativa de segurar o riso. Estava fazendo papel de boba, mas não conseguiu evita-lo. Ela tinha provocado isso.

Após aquele momento desajeitado, as duas decidiram terminar o jantar num silencio confortável. Como Asami havia lavado a louça do almoço, Korra ficou encarregada dessa tarefa, deixando-a livre para fazer o que quisesse. Sendo assim, num velho hábito, decidiu preparar chá verde para as duas. O chá acalmava sua cabeça, que sempre estava fervilhando de ideias e projetos para a empresa. Quando tomava seu chá, dava um recado claro ao cérebro que era hora de descansar. Com a xícara na mão, foi se sentar no beiral da janela do quarto que dividiam, para terminar de ler “Dança das Margaridas”. Estava mais confortável com sua leve camisola de seda vermelha, o cabelo solto e rosto limpo de maquiagem. Seu momento preferido do dia era esse, do qual poderia ser ela mesma. Sem filtros ou gestos comedidos, somente Asami.

Tendo espaço e tempo para vagar nos pensamentos, a garota percebeu que estava novamente agitada. Essa inquietação chegou ao ponto de atrapalhar o jantar, fazendo-a ficar retraída. Talvez a amiga esteja pensando que se tornou uma estranha e isso não era nada agradável de imaginar. Fora que a conversa anterior havia deixado um gostinho amargo na boca.

O que seria de tudo a partir de agora? E dessa vez não se referia a sua responsabilidade como Avatar.

Estava acostumada com a companhia encantadora da Sato. Tinha consolidado uma rotina que consistia em acordar, leva-la para conhecer as terras desbravadas do Mundo Espiritual, tomar chá com biscoitos com o velho Iroh, jogar Pai Sho, escutar as estórias de sua infância, conversar coisas banais sobre assuntos que nunca havia se interessado, como maquiagem e estudos científicos. Havia se emaranhado na teia complexa que era o cérebro dela. Ela é inteligente, intrigante e foi surpreendentemente paciente para lhe ensinar um pouco de mecânica ou como fazer um bonito colar de flores. Com ela, tudo se tornava mais simples e fácil.

Diferente de Mako que, assim como Korra, tinha fortes opiniões e sendo extremamente persistente quando contrariavam suas convicções. Personalidade dura e impenetrável que causava os constantes choques entre o casal. Nenhum deles tinha tato para tratar dos assuntos complicados. Entretanto, com Asami, tinha uma visão dos problemas de maneira mais descomplicada. Apoio e muita compreensão. Às vezes era difícil não concordar com suas opiniões racionais e lógicas. As conversas transcorriam com facilidade, ela não tinha receio em dizer o que pensava se sentia que algo estava errado.

Diferente de Mako que, com medo de magoar ou provocar a ira de Korra, preferia manter segredos os assuntos importantes. O que provocava desconfortos e brigas desnecessárias. Ele nunca estava apto a ouvir, somente agir.

Korra teve que parar por um instante o que fazia, ficou pasma com o rumo de seus devaneios. Começava a comparar seu ex-namorado a amiga. O que diabos estava acontecendo com sua cabeça?

Eles jamais seriam iguais. Ela era diferente, uma pessoa maravilhosa, educada e gentil, bonita e charmosa...

- Korra? – A voz de Asami atrás de si, alertou tardiamente de sua aproximação.

Como resultado, a garota pulou no lugar, deixando a tigela que tinha em mãos cair na pia. Por sorte tudo estava seco, pois enxugava a louça para poder tomar o chá – que sabia ser delicioso – feito pela amiga. Olhou para a louça e viu que não havia trincado ou quebrado nada. Um alivio à parte.

Vendo que havia causado tamanha reação controversa e inevitavelmente engraçada, tratou de se desculpar, não conseguindo manter a seriedade diante do olhar atordoado e rosto corado da mais nova, que agitada se virou, tentando esconder a expressão culpada no rosto. Ela havia a abordado num momento crítico que se passava na mente. Aquela discussão interna realmente foi perturbadora. Tinha sido pega em flagrante. Também existia o receio de ser descoberto, o que de fato se passava em sua cabeça. Com certeza causaria sentimentos de ódio ou nojo.

- Só queria te avisar que estava colocando o chá para esquentar e mantê-lo aquecido para você... – Desculpou-se com o sorriso tentando rasgar o rosto, quebrando a seriedade das suas palavras. Estava particularmente curiosa. – Tudo bem?

- Hã? Tá tudo ótimo! – Desconversou ao soltar uma risada sem graça e coçar a cabeça. Os olhos caíram aos pés, evitando ser descoberta por aqueles olhos incisivos. – Por que não estaria?

Novamente tentou afastar seu desconforto junto com aqueles pensamentos duvidosos, em certo ponto ficando controversos e bastante íntimos. Estava arranhando uma superfície de sentimentos inexplorados, até então. Inclusive parecia que estava minerando algo que sempre esteve encrustado na cabeça. Ou melhor, no coração. Estranhamente, aquela atração que seus pensamentos tinham pela Sato, parecia torna-la mais próxima. Perigosamente atraente ao seu olhar.

Ok chega! – Korra resmungou mentalmente.

Aquele era o momento de manter a imparcialidade.

Para reverter à situação, decidiu continuar o que havia parado e agradeceu a gentileza da amiga por se preocupar com o chá. Entretanto, incentivada por seus modos forçados de agir, Asami concordou que aquele seria o momento perfeito para questioná-la o motivo de tanta perturbação em seu olhar fugaz.

Será que estava certa em ter proposto o retorno adiantado, pois sua presença estava se tornando um fardo? Com certeza deve estar sendo complicado ter de adiar seus treinamentos e deveres da cidade para cuidar dela.

- Korra, acho que... – Tentou fazer uma aproximação mais sutil, evitando o choque anterior.

Tocou em seu ombro tenso com o máximo de cuidado. Mas, ficou surpresa quando a garota, ao sentir uma descarga elétrica se espalhar pela pele morena e chegar à coluna atiçando seus nervos se afastou rapidamente do toque. O coração disparou com tanta força, que acreditou ser possível ouvi-lo de longe. Entretanto, não foi isso que a deixou atordoada e sim, ao se virar, encontrar o olhar incompreensível que ela lhe lançou. Dessa vez não teria como explicar. A jovem havia cavado seu próprio buraco.

- Asami... – Balbuciou Korra. – Eu...

Começava a sentir as bochechas arderem de vergonha e uma fina camada de suor se formar na base do pescoço. Estava tão nervosa que sua respiração se tornou ofegante. Não conseguia compreender mais nada e muito menos pensar como iria se safar daquela situação confusa que havia criado. Talvez se evitasse olhar os profundos olhos verdes, poderia encontrar uma solução para isso.

- Desculpa Korra, – Ela a interrompeu com impaciência. Dessa vez tinha o rosto sério e o olhar ainda mais intenso. Olhos que ficaram mais escuros, carregados por uma áurea densa de arrancar o fôlego. Aqueles sentimentos hipnóticos a fizeram perder a fala. – mas eu tenho que ter certeza disso.

Korra não entendeu o motivo, muito menos o significado, de suas palavras. Ficando embasbacada, ao perceber que seus neurônios estavam fritando na cabeça. Pegando-a com a guarda baixa, observou Asami quebrar a distância entre seus corpos. Suas pernas não moveram um centímetro sequer, nem mesmo quando o rosto da morena invadiu seu espaço pessoal. Tal imobilidade permitiu que os lábios avermelhados, divinamente delineados, pairassem sobre os seus. Devido ao choque inicial, eles ficaram levemente abertos para agarrar o ar sombrio, que evitava entrar nos pulmões. O perfume adocicado que desprendia daquele corpo invadiu sua mente, adormecendo os sentidos e extinguindo os rarefeitos pensamentos. Aos poucos uma sensação abrasante dominou seu corpo paralisado. A dobradora tinha noção que se permanecesse imóvel, ocorreria o encontro inevitável. Essa ideia não a desagradava. No final das contas, era isso que realmente desejava. Apenas não teve consciência de tal ousado desejo. Seu inconsciente lançou sinais no corpo, relatando que era isso que a inquietava, porém tardiamente captava o recado.

O contato de suas bocas  foi ínfimo e curto. Causando o inevitável tremor de sua pele. Provocando uma fome nunca sentida. A única coisa que estava claro na mente de Korra, era que caso não agisse logo, se arrependeria amargamente. Erguendo-se nas pontas dos pés para ficarem no mesmo patamar, avançou sobre a morena. Que de bom grado a puxou para mais perto, as mãos tomando o seu rosto, aprofundando o beijo. Aquilo era quente, de certo modo sufocante, mas não menos agradável. Os lábios de Asami eram macios e doces contra os seus. Tão maravilhosos, que lhe forçavam a provar mais. Uma necessidade angustiante cresceu em seu peito, espremendo-o, fazendo com que as mãos trêmulas agarrassem a camisola da morena, para sustentar as pernas molengas. Suas línguas provaram um novo sabor. Era algo provocante, estimulante e esplendido.

Quando o ar se fez necessário, obrigando uma separação precoce, Korra permaneceu com os olhos fechados. Conseguindo escutar o pulsar exagerado do coração, jamais permitindo que sua respiração se regularizasse. O anseio por mais daqueles lábios avermelhados não desapareceu. Deixando claro que não eram sentimentos vagos ou passageiros. O gosto de sua boca ainda corroía os sentidos abalados.

Como poderia se sentir assim por ela e nunca tê-lo percebido? Eram questionamentos sem sentido, principalmente desnecessários, pois aquele era o tempo de consumir cada gota disso. Sentimentos excitantes e genuínos. Era exatamente isso o que sentia. Ao abrir os olhos, encontrou – o que acreditava ser – o mesmo desejo nos olhos dela. Eram verdes tão exigentes que, sem nenhuma vergonha ou inibição, voltou a beijá-la. Perdendo por completo sua sensatez. Não tinha espaço para isso em sua mente, que foi invadida por Asami.

Então esse foi o começo de tudo.


Notas Finais


Comentários? Até a próxima! ^^


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