História Valle Soleada - California

Vampira realmente gostava de fazer esse caminho de volta pra casa. Depois de ter tido um longo dia de trabalho na oficina mecânica e voltar do supermercado pela rota 101 da Califórnia ela podia se sentir como imaginava que uma mulher comum se sentiria num dia normal. Sua casa ficava perto da praia, não muito longe do restaurante Mermaid. Pelo caminho podia ver diversos mutantes e humanos caminhando, ou conversando, até trabalhando juntos. Apesar da crescente tensão que ela tinha presenciado nos últimos dias, aquele ainda era um lugar onde esse tipo de cena era muito comum. Não um paraíso, mas uma aparente bem sucedida tentativa de coexistência. Ali ela não era mais Vampira, não tinha seus poderes, ali ela era Anna Raven. E aquele se levantando após consertar um pedaço solto de madeira na escada na frente de casa a esperando era Remy. 

Ele também não tinha mais seus conhecidos poderes mutantes. Mas seu charme poderoso continuava intacto. O cheiro salgado do mar veio com o vento forte enquanto ela subia os degraus pra alcançar os lábios dele. Foi um beijo curto, mas naquele momento ela se sentiu grata. Grata por estar ali. Não que a guerra tivesse acabado, ela já tinha ouvido que a guerra acaba se você realmente escolhe que ela acabe, mas ela sabia que isso não é verdade. Que a guerra pela sobrevivência continua, ela sabia disso como mutante. Que se você escolhe não guerrear, isso pode assinar sua sentença, ou de alguém. Mas naquele instante estava experimentando que ela podia, pelo menos, nem que fosse por um momento, estar longe de tudo aquilo. Talvez pra lembrar pelo que ela lutasse, ou talvez apenas por um pouco de egoísmo ou quiçá amor próprio. 

Remy não estava esperando o abraço que o envolveu. Certamente ele sabia que ela sempre aproveitava qualquer oportunidade para tocar. Não apenas ele, mas qualquer um. Era sempre uma mão amiga no ombro de alguém ao agradecer uma informação ou um toque no braço de outro pra chamar a atenção. Sorria quando levantava uma criança caída no parque segurando o pequeno pelas mãos. Até mesmo um esbarrão “acidental” vez ou outra ele percebia. Os abraços e beijos que ele recebia eram um conto a parte. Desde os gentis dedos a correr pelo rosto nas manhãs até a pressão dos seios contra o seu peito a noite. Mesmo assim, esse abraço foi inesperado. 

Na mente de Vampira foi quando sentiu que ali, deitada nos braços dele, ela não precisa ser mais forte do que era. Não precisava liderar nenhuma equipe X-men, não precisa superar a cada momento a força que já tinha. Podia ser simplesmente ela. 

– Bem vinda ao lar, chere. – disse Gambit. Ela pensou que aquilo poderia se referir tanto a casa, quanto aqueles braços.