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História Válvula de Escape - Novas perspectivas


Escrita por: ohmyparrilla

Notas do Autor


Boa tarde, lindezas da Jujuba!
Finalmente venho aqui com outra atualização para vocês. Eu gostaria de agradecer infinitamente por cada comentário e favorito que tenho recebido aqui. Uma vez mais você enchem meu coração de alegria. Obrigada pelo apoio e incentivo que cada pessoinha aqui tem me dado.
Como alguns já sabem, eu criei um twitter para postar spoilers, fotos e outras coisinhas sobre VdE e as demais fanfics e projetos. Para quem se interessar o tt é @ohmyfanfiics ( a louca do "oh my", pode entrar, eu mesma).
De antemão peço desculpas se houver algum erro no capítulo, como não sou da área da saúde, por mais que pesquise ainda não me sinto 100% certa de alguns fatos que coloco aqui. Sintam-se à vontade para me auxiliarem se souberem mais a respeito e se quiserem, é claro.
Boa leitura, espero que gostem do capítulo.
ps: Queria agradecer à Íssa por ter enviado essa manip maravilhosa no nosso grupo <3

Capítulo 25 - Novas perspectivas


Fanfic / Fanfiction Válvula de Escape - Novas perspectivas

“Quando em vários momentos a única saída é fugir, o maior ato de coragem se dá ao decidir ficar.”

Quando abri os meus olhos, ainda fazia escuro. De imediato senti falta dos braços que estavam ao redor do meu corpo quando adormeci. Locksley já havia levantado, o barulho de água que vinha do banheiro do cômodo confirmava que o dia para ele já havia começado. O relógio acima do criado mudo revelava que ainda era cedo, faltando alguns consideráveis minutos para às seis da manhã. Espreguicei-me, despertando do sono que nos últimos dias não havia sido tão sossegado como na noite anterior. Robin havia me surpreendido, como sempre fazia. Seu cuidado e carinho para comigo me deixavam sorrindo feito uma idiota, mesmo nos momentos mais complicados. O pequeno Roland havia contribuído grandemente para o clima ameno que se instaurara em meio à confusão que estava meus dias. Os dois homens da minha vida, ainda que um deles fosse pequeno demais para compreender toda aquela confusão, faziam com que eu me sentisse amparada como há muito não me sentia.

Assim que sentei na cama, encarei a roupa que vestia. Uma calça larga de flanela e uma camiseta que mais parecia um vestido. Isso que dava se convidar para dormir na casa de Locksley sem estar preparada. Entretanto, eu incrivelmente não me importava que ele me visse daquela maneira. Já havia demonstrado o meu lado mais feio para aquele homem, e quando me refiro ao meu lado mais feio, não necessariamente falo a respeito de questões estéticas.

De repente, uma ideia maluca cruzou a minha cabeça, fazendo-me sorrir de modo malicioso diante do pensamento. Não era de todo o mal o que eu possuía em mente. Por ser muito cedo, Roland ainda estava dormindo. Como o barulho da água só se tornou audível há poucos minutos, isso denunciava para mim que Robin havia apenas começado o banho.

E que mal fazia uma boa companhia, não é mesmo?

*

Naquela manhã, Robin optara por levantar mais cedo do que o habitual. Ainda que seu maior desejo fosse permanecer na cama ao lado de Zambrano, ele sabia que um dia longo o esperava, pois apesar da folga pela parte da manhã, teria a difícil tarefa de levar Roland para visitar a mãe. A decisão de Zelena em não mais exercer este papel, fazia com que Locksley se sentisse nervoso diante da ideia de encarar a mulher, que tanto o fizera sofrer, por mais do que cinco minutos depois de tanto tempo evitando a situação. De modo a aliviar a tensão, decidiu tomar um bom banho, depois ele poderia acordar Regina para que tomassem café antes que ela precisasse estar no Memorial Hospital West.

Robin abriu o chuveiro, testando a temperatura da água até ficar satisfeito. Ajustou o fluxo até a água cair gentilmente do chuveiro de teto em suas costas largas.

Em passos de bailarina, Regina andou em direção ao banheiro, torcendo para que Locksley não tivesse trancado a porta. Para sua sorte, ele não o fizera. Ela abriu a porta cautelosamente, de modo a não fazer barulho e despertar a atenção de Robin. O box do banheiro estava embaçado, dando à Regina uma visão limitada da figura de Locksley, entretanto ela deixou que sua atenção se demorasse por alguns instantes na silhueta máscula que ela já tanto conhecia. Em seguida, Regina despiu-se, dobrando a roupa que antes trajava e colocando as peças em cima do mármore da pia.

Caminhando com o mesmo cuidado de minutos atrás, ela abriu a porta do box do banheiro, logo Robin virou-se, após a feição surpresa que lançou a ela, ele abriu um sorriso largo. Regina recostou-se no portal do box, sorrindo envergonhada ao notar a maneira como os olhos de Robin percorriam cada centímetro de seu corpo desnudo. Ele logo estendeu a mão, convidando-a a se juntar a ele. Regina não demorou para diminuir a distância entre seus corpos, permitindo que a água quente entrasse em contato com sua pele à medida que ela se aproximava, percorrendo seus dedos pelos abdômen de Robin.

 Locksley depositou um beijo na testa de Regina, em seguida afastou os cabelos dela para o lado e deu um beijo em seu pescoço, fazendo-a se arrepiar. Zambrano envolveu seu pescoço com ambos os braços, ficando nas pontas dos pés para selar seus lábios aos do belo homem à sua frente. O truque funcionou como uma distração para que ela desligasse o registro do chuveiro.

Quando Robin desvencilhou-se de seu toque e fez mesura de pegar o shampoo de baunilha em cima da pequena prateleira de vidro, ela o deteve.

– Sou eu quem vai cuidar de você agora, Dr. Locksley.– Regina falou, pegando o sabonete e fazendo espuma em suas mãos.

 – Seu pedido é uma ordem, amor.– Robin respondeu, em transe, ainda surpreso com a atitude inesperada de Mills. A doutora era realmente uma caixinha de surpresas.

Regina logo levou as mãos até o peitoral de Robin, espalhando a espuma por toda a área. Mills inclinou o rosto para frente, depositando um selinho nos lábios de Locksley. Mediante o gesto, Robin levou suas mãos até a cintura dela. Em segundos, o tímido selinho ganhou proporções maiores, tornando-se um beijo fervoroso.

Robin tomava cuidado, de modo a não permitir que sua excitação um pouco constrangedora roçasse nela, mantendo uma pequena distância entre suas partes baixas. Entretanto, não era isso o que Regina queria. A doutora quebrou o contato entre seus lábios, roçando seu nariz no de Robin, que podia sentir a respiração entrecortada da morena. Afastando-se uma vez mais, ela novamente colocou uma pequena quantidade do sabonete líquido em sua mão, fazendo espuma outra vez.

Abaixando o olhar para a evidente ereção de Locksley, ela mordeu os lábios, fazendo com que um sorriso malicioso surgisse na face do loiro, que permanecia com as mãos em sua cintura, contendo-se para não empurrá-la contra a parede.

Apesar da volúpia que rodeava aquele pequeno momento entre os dois, Regina enxergava ali a oportunidade de demonstrar, através de seus atos, a gratidão que sentia por tudo o que Robin vinha fazendo por ela. Com as mãos ensaboadas, Regina começou a perfazer seu caminho pelo corpo de Locksley, levando as mãos antes em seu peitoral para o abdômen do loiro, que começava a respirar pesadamente. Quando as mãos de Regina aproximaram-se de sua virilha, ele proferiu um xingamento baixo, fazendo-a sorrir audivelmente.

– Você me surpreende, Regina.– Robin falou, aproximando-se dela, passando o polegar pelo rosto de Mills e pelo lábio inferior dela, onde permitiu-se demorar um pouco mais.

– Eu posso notar, querido.– Ela respondeu, divertida. Levantando uma de suas sobrancelhas ao olhar para baixo outra vez, dessa vez seu tato foi de encontro a ereção de Robin, deslizando facilmente pela quantidade de espuma que as palmas de suas mãos possuíam.

Locksley fechou os olhos, murmurando obscenidades outra vez mediante o toque de Regina. Sem mais se conter, ele puxou-a para si, beijando-a lascivamente de modo a reprimir os gemidos graves que se formavam em sua garganta. Ela recebeu sua língua que procurava espaço para aprofundar o beijo de bom grado, não cessando os movimentos de vai e vem por toda sua extensão.

 Sem querer que aquele momento acabasse tão rapidamente, e Robin sabia que isso aconteceria se Regina continuasse o que estava fazendo, ele segurou suas mãos gentilmente, de modo que os movimentos hábeis de Mills fossem interrompidos.

Ela encostou sua testa na dele, fitando-o com um olhar inquisidor.

– Minha vez.– Robin falou, sorrindo para ela.

Locksley virou Regina de costas cuidadosamente, beijando-lhe a nuca rapidamente, provocando arrepios em seu corpo coberto pelas gotículas de água. Com a esponja, ele ensaboou a nuca e os ombros dela, em silêncio e com ternura. Então percorreu suas costas, deslizando pela coluna, passando o polegar pelo caminho feito com a espuma. Levou as mãos até a base de suas costas, onde duas pequenas covinhas marcavam o início de sua bunda. Sem hesitar, Regina guiou as mãos de Robin para suas nádegas, onde ele, sem titubear, ensaboou lentamente, vez ou outra apertando a carne macia da doutora cuja respiração já encontrava-se pesada. Em seguida, Locksley massageou a parte interna de suas coxas, recebendo um gemido baixo como resposta. O loiro logo permitiu que suas mãos encontrassem outras áreas que precisavam ser exploradas, levando-as até o seios de Regina, acariciando-lhes de modo gentil. Zambrano levou uma de suas mãos até a nuca de Robin, fazendo com que seu rosto se aproximasse do dela de modo que pudesse beijá-lo outra vez.

Em um gesto ousado, ela caminhou alguns passos para frente, de modo que pôde sentir a superfície gelada do box contra seus mamilos. Se ela achava que não conseguiria mais surpreender Robin para além do que já havia feito, o gesto em que se seguiu deixou o homem completamente boquiaberto.

Quando o beijo foi quebrado à medida que Mills mordia seu lábio inferior, ela apoiou as duas mãos no vidro do box e inclinou-se para frente, dando a Locksley uma perfeita visão de seu traseiro.

Robin, que já havia perdido completamente as rédeas da situação, levou uma de suas mãos até o abdômen de Regina, enquanto a outra foi de encontro à sua própria ereção. Com o intuito de provocá-la, ele pincelava a entrada de Mills, que gemia em aprovação.

Zambrano, impaciente como era, levou a mão do loiro de seu abdômen até sua intimidade, denotando o quanto aquele atrito tortuoso a estava enlouquecendo. Locksley começou a provocar o seu clitóris, penetrando-a logo em seguida.

A situação como um todo era a perfeita imagem de corpos que se combinam.

Os seios de Regina chocavam-se contra o box do banheiro à medida que o ritmo das estocadas de Locksley aumentavam. Ele segurava os fios negros de seus cabelos por entre os dedos, de modo a alcançar os lábios da morena, mas o ato não era bruto, apesar de urgente. O beijo contínuo denotava o sentimento que perfazia todo o ato sexual.

Após alguns minutos, Locksley chegou ao ápice, estimulando Regina com os dedos um tempo mais para que ela o acompanhasse. Quando Regina atingiu o orgasmo, ambos carregavam sorrisos genuínos em suas faces.

– Acho que agora podemos tomar banho.– Ela disse, ofegante. Agora envolta em um abraço de Robin, que envolvia os braços em suas cintura, o queixo descansando no ombro dela. Locksley riu de sua constatação, depositando vários beijos em seu ombro em seguida. Ele caminhou alguns passos para trás, de modo a voltarem para baixo do chuveiro e deixou que a água lavasse as gotículas de suor recém adquiridas e finalizassem o banho mais longo de toda a história.

*

–Acho que meus banhos solitários serão horríveis de hoje em diante.– Robin falou, enquanto abraçava Regina por trás. A morena estava diante do espelho do banheiro, enrolada na toalha enquanto secava os cabelos.

– Saiba que sexo matinal me deixa faminta.– Ela falou, bem-humorada. Sentindo os braços de Robin acariciar os dela, fazendo-a se arrepiar com o gesto.

– Providenciarei isso, daqui a pouco Roland acorda e teremos mais um esfomeado na conta.– Robin disse, conseguindo um sorriso elusivo de Regina como resposta.

Os dedos do loiro demoraram-se no pulso direito de Mills, ele acariciou a região em que a figura da delicada pena tatuada se fazia presente.

– Acho que agora já posso ousar perguntar o significado, não posso?– Locksley ponderou, virando o rosto para encará-la sem ser através do espelho.

– Eu acho que sim, contando que também me diga...– Regina virou-se para trás, ficando de frente para Robin e imitando o gesto que ele fizera segundos atrás no seu pulso.– o significado desta belezura.– As orbes castanha pairaram sobre o brasão de leão que ela memorizara desde a primeira vez que o vira, na sala de cirurgia.

– Bem... Eu estava vivendo um momento muito difícil depois que a doença acometeu meu pai. Posso dizer que eu havia perdido a minha fé. Ainda que nunca tenha sido uma pessoa muito religiosa nos moldes da sociedade, cheguei em um ponto em que olhei para o céu e disse: “Envie-me um sinal, porque não encontro mais propósito em estar aqui.”– Robin ouvia atentamente, levando uma de suas mãos às madeixas de Zambrano em um gesto de carinho.– Naquele momento, eu estava no jardim de minha casa, sentada num antigo balanço que sempre esteve ali e simplesmente vi uma pena dançando ao vento. Ao longo dos meses, eu ficava vendo mais penas, especialmente nos momentos em que eu estava muito para baixo e sem perspectivas. Encarei aquilo como um sinal. Na verdade, foi mais do que isso. Vi naquele pequeno gesto do universo uma confirmação de que sempre há um motivo para todas as coisas e que eu deveria manter minhas esperanças.– Regina finalizou a explicação com os olhos marejados, denotando sua emoção.

– Isso é lindo, amor.– Robin disse, admirando um pouco mais a mulher à sua frente. Talvez aquilo explicasse o fato dela estar de pé mesmo após a descoberta do que sua mãe havia feito.

Limpando a garganta, Regina retrucou:

– Sua vez.

Locksley tomou uma respiração profunda e começou a falar:

– Então, o brasão de leão é um símbolo em homenagem à minha família, de modo especial aos meus avós. Não fui criado pela minha mãe. Infelizmente, na época em que me deu a luz, dona Eloá, este era o nome da minha mãe, era uma dependente química. Passei meus dois primeiros anos de vida vivendo em condições não tão ideais assim para uma criança. E bem... Meu pai simplesmente fechava os olhos para o vício de minha mãe, quando não mais suportou foi embora, deixando-nos sozinhos. Quando sua mãe, minha avó, soube do que havia acontecido apenas alguns meses depois que ele nos deixou, questionou o motivo pelo qual ele não havia me levado junto com ele. Meu pai alegou que eu era muito parecido com minha mãe, tornando impossível para ele olhar para mim e não fazê-lo lembrar que não havia conseguido salvá-la de si mesma. Minha avó arrumou uma clínica de reabilitação para minha mãe e me pegou para criar, alegando que os Locksley não abandonam os seus. Durante toda a minha infância ela me contou as histórias a respeito de meu avô Locksley, que foi um médico que trabalhava na guerra, e sempre dizia que nossa família seria uma família de homens nobres de coração. Vovó dizia que eu era a imagem de homem que meu avô esperava, mesmo que eu fosse apenas uma criança. Então, quando completei vinte anos, decidi eternizar o brasão que meu avó carregava em sua farda na minha pele. Para me lembrar do tipo de homem que eu deveria me tornar.

Ao terminar a explicação, Robin recebeu um abraço apertado de Regina.

– Sinto muito que sua infância tenha sido tão conturbada. Eu não imaginava... Mas posso te afirmar que, aonde quer que esteja agora, seu avô sente muito orgulho do homem que você é.– Ela falou, fazendo com que Locksley esboçasse um sorriso genuíno.

– Obrigado, Regina.– Robin disse, apertando-a em seu abraço. Logo em seguida, afastou-se e disse:

– Agora vá se vestir para que possamos tomar café. Vou acordar o pequeno furacão.

*

 – Você tem certeza que não quer que eu te leve?– Robin perguntou.

 – Tenho, Locksley. Daqui a pouco você precisa ir para o hospital e não quero que dê duas viagens quando eu posso perfeitamente pegar um táxi.– Regina respondeu enquanto despejava uma generosa quantidade de cereal na tigela de Roland, que fizera questão de que fosse ela quem preparasse seu café.

 – Eu preciso levar Roland para visitar Marian antes de levá-lo à creche. Logo iremos para o hospital também.– Locksley respondeu, tenso. – Zelena não quer mais levá-lo e Gold está atolado de coisas para resolver hoje.– O olhar que Locksley lançou à Regina denunciava a ela que a (ex) cunhada estava sendo inconveniente outra vez.

Ciente do fato de que aquilo incomodava Robin profundamente, ela respondeu:

– Sinto muito por isso, querido. Caso precise, eu posso levá-lo.

– Eu jamais exigiria isso de você. Preciso encarar a situação. Mas agradeço por isso, amor.– Locksley respondeu, enquanto servia-se de uma xícara cheia de café.

– Gina, você vem dormir aqui outra vez?– Roland perguntou, inconscientemente amenizando o clima.

 – Talvez outra noite, querido.– Ela respondeu, piscando para Robin.

– Espero que logo, né papai?– Roland respondeu animado, lançando a pergunta que denunciava o quanto ele queria que o pai fizesse aquilo acontecer outra vez, arrancando risadas do casal.

– Agora preciso ir, meninos. Tenho algumas consultas agendadas antes de nossa visita à Lucy.– Regina falou, depositando um beijo nos cachinhos de Roland e caminhando até Locksley, selando seus lábios aos dele rapidamente, murmurando em seguida um agradecimento genuíno.

Quando Robin fez mesura em se levantar, ela o deteve, alegando que ele continuasse o café com o filho, pois ela sabia o caminho da porta. O gesto fez com que ele sorrisse, lembrando-se que Regina ainda era a rainha do sarcasmo.

– Nos vemos mais tarde então.– Robin falou, deixando que ela se afastasse.

– Tchau, Gina.– Roland correu em sua direção, abraçando-a pelas pernas e interrompendo brevemente seu caminho.

*

– Meu Deus, Rê!– Emma falou em algumas oitavas mais altas do que o usual do outro lado do corredor, andando rapidamente em minha direção e me abraçando apertadamente.

– Hey, Emms.– Respondi, correspondendo ao gesto de afeto.

 – Como você está?– Ela perguntou, denotando em seus olhos verdes a preocupação que sentia. Eu apenas conseguia me sentir grata pelas pessoas que estavam ali para mim, frequentemente mostrando o quanto se importavam com o meu bem estar.

 – Melhor.– Respondi.– Obrigada por ter segurado as pontas para mim ontem.– Apertei suas mãos entre as minhas em um gesto de agradecimento.

– Era o mínimo que eu podia fazer, Rê.– Emma respondeu, logo em seguida seu semblante mudou para o tradicional sorriso sacana de quem havia feito uma grande descoberta.

– Espera aí... E esse brilho no rosto, dona Regina Zambrano Mills? Eu não vi o seu carro estacionado em sua vaga também... Você dormiu na casa do Robin? ME CONTA, REGINA!– Emma já estava eufórica diante da constatação, fazendo-me balançar a cabeça em descrença diante de sua curiosidade sem igual.

 – Sim, Sherlock, eu estava. Pode parar de fazer estardalhaço em cima disso? Tenho algumas consultas marcadas agora de manhã, depois te conto tudo. Prometo.– Falei, já prevendo que ela não me deixaria sair dali sem a promessa de que ficaria sabendo de todos os detalhes sórdidos depois.

 – Ok, ok. Acho que posso esperar.– Swan respondeu bem-humorada.– Agora falando sério, o doutor galã tem todo o meu respeito. Não o deixe escapar.

– Não deixarei, Emms.– Respondi.– Se o ver quando chegar, diga para ele me procurar para irmos até Lucy. Estou agoniada para vê-la, mas não quero acordá-la tão cedo.

– Pode deixar, Rê.– Emma respondeu.– Henry está aí, sabe que não pode vê-la, mas queria falar com você. Ele não quis esperar, disse que não conseguiria prestar atenção na aula se não falasse antes com a conceituada tia Regina.– Ri do apelido sarcástico de Emma e sorri ao lembrar da paixonite que meu sobrinho nutria pela jovem.

Antes que eu me afastasse rumo ao meu consultório, Emma segurou minha mão e disse:

– Continue aguentando firme.– Meneei a cabeça positivamente, sabendo que enquanto tivesse pessoas ao meu lado para me apoiar, tudo ficaria bem. Não fácil, mas muito menos difícil de se suportar.

*

Roland pegou a pequena mochila com seus pertences. Colocando-a nas costas e aguardando que o pai fechasse a tranca da casa.

– Vamos, macaquinho.– Robin falou, segurando a mão do filho e caminhando em direção ao automóvel.

 – Papai, por que tia Zelena não quer mais me levar?– Roland perguntou.

– A tia Zelena está ocupada hoje, filhão. Mas eu te deixarei com sua mãe e a enfermeira Serena ficará com você durante a visita, está bem?

– Tá bom, papai. Mas por que o senhor não fica lá com a mamãe e conta pra ela que a tia Gina dormiu com a gente?– Roland inquiriu inocente, fazendo o pai tomar uma respiração profunda. Agachando-se ao lado do filho antes de abrir a porta do carro, ele respondeu:

– Há coisas que você ainda não entende, meu pequeno. Vamos, não podemos perder o horário de visita. Não queremos chegar atrasado na escolinha, queremos?– Robin perguntou ao filho, aliviando o clima.

– Não queremos, papai.– Roland respondeu, entrando no carro e sentando-se em sua cadeira para que o pai afivelasse o cinto.

Chegando ao Memorial Hospital West, Locksley se encaminhou para a ala onde Marian estava, acompanhando Roland pelo corredor. Ao chegarem no quarto, Serena ainda não estava ali. Em dias agendados para visita, geralmente a enfermeira precisava acompanhar muitos familiares, como Robin era “da casa”, não havia problema em entrar sozinho.

Em passos receosos, Locksley abriu a porta do quarto. Roland entrou como em um rompante, sentando-se na poltrona ao lado da mãe. Robin permaneceu estático na porta do quarto, fitando a figura de Marian. Ainda era difícil encará-la e lembrar que sua condição era reflexo das escolhas que havia tomado. Locksley não acreditava em castigos desumanos vindos do universo, mas via na condição da mulher as consequências da vida sem regras que ela havia escolhido viver nos últimos meses que passaram juntos.

Robin entrou na sala, encarando o corpo repousado na cama, era difícil atribuir vida à figura de Marian naquela situação. Locksley não conseguia imaginar o quanto aquilo era confuso para a mente de seu pequeno garoto. Roland cumprimentou a mãe, segurando a mão da mulher e disparando a falar sobre a noite passada com toda sua inocência. Locksley não conseguia ficar muito tempo ali, ainda que nos últimos meses não precisasse ter exercido essa função, seu altruísmo não era tão grande quando se tratava de Marian, uma vez que as últimas recordações que ela deixara a Robin estavam longe de ser as melhores.

Para sua alegria e alívio, Serena chegou, permitindo a ele que saísse dali e deixasse o filho alguns minutos na presença da mãe antes que precisasse levá-lo.

– Filhão, Regina e eu precisamos examinar uma paciente. Está bem? Logo estarei de volta.– Robin falou.

– Tá bom, papai. Mas volte logo, não quero ficar entediado.– Roland já se mostrava menos receptivo às visitas a mãe, uma vez que para a criança conversar sem obter respostas não era uma de suas coisas prediletas. Entretanto, a presença da doce enfermeira aliviaria a situação, dando a ele uma pessoa com quem conversar.

*

 – Olá, meu amor.– Regina falou, visualizando a figura de Henry, sentando próximo à ala da CTI, já que o procedimento padrão recomendava que Lucy permanecesse de sete a dez dias ali após o transplante.

– Oi, tia Regina.– O adolescente respondeu, levantando-se para receber o abraço da tia. A voz do garoto denotava seu nervosismo.– Já sabe como está Lucy? Minha mãe disse que ela está bem, mas quero a opinião de uma especialista.

 Zambrano riu diante da ansiedade de Henry, era algo novo para ela vê-lo tão crescido e soando tão preocupado.

 – Essa é a primeira visita que farei pós-operatório, meu bem. Mas posso te assegurar que tudo ocorreu bem. Robin a visitou ontem e examinou o necessário. É normal que os batimentos de Lucy sejam um pouco mais rápidos do que o nosso, uma vez que o coração é transplantado. Então não se assuste com isso.– Regina explicava de forma simples, de modo a tranquilizar o adolescente.

 – Eu acredito nas suas capacidades, tia.– Henry respondeu gentil, abraçando-a uma vez mais em sinal de gratidão.

– Olha, Robin está vindo.– Regina apontou para o fim do corredor, onde a silhueta do loiro podia ser reconhecida.– Depois que falarmos com ela e os pais, peço para você entrar, está bem?

– Não tenho certeza se ela quer me ver... Sei que conversamos antes e ela parecia receptiva, mas os pais dela saíram aqui esta manhã e desconversaram quando perceberam que eu queria vê-la. Sei que ainda não posso visitá-la porque está na CTI, mas ainda assim... Espero que possa vê-la quando possível. – Regina notou o semblante triste assumir a feição de Henry, mas Locksley já estava próximo a eles.

 – Darei um jeito nisso, querido. – Regina falou, logo em seguida direcionando sua atenção para Robin, sinalizando que podiam se organizar para a visita.

Após se prepararem, Zambrano e Locksley entraram no consultório. Falaram brevemente com os Roosevelt, já que tudo havia sido passado para eles anteriormente. Deixou-os cientes do exame físico que fariam em seguida para que fosse checado se não haviam sinais de disfunção ventricular direita e esquerda e afim de checarem as medidas da frequência cardíaca, pressão arterial, diurese horária, sangramento pelos drenos, temperatura, etc. Todos exames rotineiros. Logo em seguida, os Roosevelt saíram.

Regina gostava de conversar a sós com seus pacientes para que eles se sentissem mais à vontade e mais dependentes, já que a situação de precisar tanto de cuidados de outros muitas vezes provocava um sentimento de impotência na maioria das pessoas que ela tratava, com uma adolescente, ela acreditava que a situação fosse atenuada um pouco mais. Entretanto, desta vez, ela sinalizou para que Robin permanecesse com ela.

– Bom dia, querida.– Regina falou, recebendo um sorriso simpático de Lucy como resposta.

– Bom dia, pequena guerreira.– Robin também cumprimentou Lucy, logo checando os sinais que os aparelhos marcavam, ciente de que Regina faria a “parte psicológica”.

– Como está esse coraçãozinho?– Mills perguntou à jovem.

– Acho que bem melhor do que o anterior, né?– Lucy sorriu, sendo acompanhada por Regina.

– Vejo que está de bom-humor, isso é ótimo.– Zambrano continuou.– A cirurgia foi um sucesso e estamos muitos felizes com as expectativas futuras. Vamos fazer um ecocardiograma daqui a pouco e te passarei os horários dos antibióticos para que possa controlar sozinha, ok? Usaremos o Cefamandol 1,5 g de 8/8 horas, que é a medicação mais recomenda para os pacientes transplantados, você vai precisar manter o uso contínuo até a ablação dos drenos torácicos. Tudo bem?– Regina perguntou, dando à Lucy um panorama dos cuidados necessários, a jovem já era mais familiarizada com as terminologias médicas devido às suas frequentes visitas ao hospital.

Respirando fundo, Lucy falou, diminuindo o tom de sua voz e surpreendendo a doutora:

– Agora entende porque não quero que Henry fique tão próximo de mim? Sou uma garota que vai precisar levar uma vida diferente das demais pessoas, Regina. Não quero isso pra ele.– A jovem confidenciou, confirmando as suspeitas de seu sobrinho quanto à distância que os pais mantiveram dele mais cedo, agora ciente da razão.

– Não seja tão dura com sua situação, mocinha. O quadro não é pessimista como você está pensando.– Robin interviu, enquanto buscava pelo aparelho de aferir pressão.

Tomando a mão de Lucy entre as suas, Regina respondeu:

– Robin tem razão, meu bem. Veja bem, eu sei que sua intenção é das melhores ao tentar afastar aqueles que se importam de você por uma condição que julga injusta que outros também vivam. Eu sei bem como é isso, acredite. Mas está sendo pessimista quanto à sua saúde e quanto às pessoas que te amam ao achar que, ao se afastar delas, está fazendo um favor. É exatamente o contrário, mesmo que seja difícil acreditar nisso agora.– Assim como Lucy, Robin escutava Regina atentamente.

– Criamos armaduras e trabalhamos para que ninguém as transponham, mas esquecemos que, às vezes, permitir que elas caiam é a verdadeira cura. Permitir-se ser cuidada não é uma fraqueza, Lucy. Permitir-se ser amada tampouco. Imagino que este belo par de olhos azuis que você possui chame a atenção de muitos garotos, especialmente porque nessa faixa etária os garotos são meio descontrolados.– Regina fez a jovem rir diante de sua afirmação.– Mas, por mais suspeita que eu seja para falar, Henry é um ótimo garoto e caso você decida se afastar dele, será um sofrimento muito maior do que fazê-lo vir aqui te visitar. Pois quando gostamos de alguém, nos esforçar parar estamos perto dessa pessoa não é nenhum sacrifício. O sacrifício é estar longe, e sei que você sabe disso. Então permita-se ser cuidada e amada. Mais do que isso. Permita-se amar. Eu estou fazendo isso, e – ao dizer isto, Zambrano levou seu olhar rapidamente de encontro aos de Locksley. No entanto, logo voltou-se outra vez para a jovem– se eu, uma doutora considerada sarcástica e por vezes ranzinza estou conseguindo, você também pode. Promete tentar?

Lucy apertou as mãos de Regina com lágrimas nos olhos.

– Eu prometo, Regina. Muito obrigada por tudo.– A jovem respondeu com sinceridade.

– Agora eu e Robin deixaremos você descansar.– Regina falou. Logo eles se despediram da jovem e saíram do quarto hospitalar.

Caminhando ao lado de Regina, Locksley começou, sem jeito:

– Quando disse tudo aquilo para Lucy... Quer dizer que...– Antes que ele prosseguisse, Mills interrompeu seus passos, parando num canto do corredor, deixando Robin encostado contra a parede.

– Sim, Robin. Eu também amo você.– Ela o beijou brevemente, piscando antes de tomar seu caminho e deixá-lo parado com cara de bobo sozinho no corredor.

Ela havia escutado. E ela também o amava.

*

Um Robin radiante se dirigiu para o quarto de Marian afim de buscar Roland e levá-lo até Belle, para que o pequeno pudesse ir para creche.

 – Vamos, macaquinho.– Locksley chamou, apoiado na entrada da porta, vendo o garotinho mostrar alguns desenhos para a enfermeira com sua habitual animação.

– Papaaai! Vamos!– Roland se levantou apressado, colocando as coisas na mochila com a ajuda de Serena. O pequeno abraçou a enfermeira rapidamente e falou um “tchau, mamãe” já se encaminhando para a saída.

Antes que Robin pudesse ir embora, a enfermeira o parou defronte a porta, chamando sua atenção.

– Dr. Locksley, podemos falar rapidamente?– A jovem loira perguntou.

– Claro que sim. Obrigado por ter tomado conta do meu filho nesse meio tempo.– Robin falou simpático, em seguida virou-se para o filho:

– Me espere aqui, garotão. Volto em um segundo.– Disse ele, adentrando outra vez naquele da o quarto de Marian.

– E então, Serena?

– Bem, não queremos criar expectativas, mas, na noite passada, a neurologista de Marian notou uma alteração na atividade cerebral de sua esposa.– Robin engoliu em seco, franzindo o cenho e escutando com atenção.– Sabemos que é relativamente comum que pacientes em coma apresentem alguns espasmos, especialmente durante o sono. Mas esta alteração pode também ser um sinal de que sua esposa está começando a responder a estímulos.

Naquele momento a cabeça de Robin pareceu girar, após tanto tempo ele não acreditava sequer na mais remota possibilidade daquilo acontecer. Entretanto, a última frase de Serena o fez focar na realidade e começar a considerar outras perspectivas.

– Há uma pequena possibilidade que Marian recobre a consciência.


Notas Finais


E então?

Se quiserem falar comigo pelo tt pessoal é @ohmyparrilla


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