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História Válvula de Escape - Doce memória, verdade como fel


Escrita por: ohmyparrilla

Notas do Autor


Boa noite, lindezas! Aqui estou eu com mais um att rápida para vocês. Eu iria adiar mais um pouquinho, mas o carinho de você me incentivou a deixar o medinho de lado e postar o capítulo. Espero que o coração de vocês abandone a raiva gerada pelo último capítulo haha Obrigada pelos comentários, irei responder cada um com tempo e carinho, e favoritos, vocês são incrível!

Sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 32 - Doce memória, verdade como fel


“Na minha memória – tão congestionada – e no meu coração - tão cheio de marcas e poços – você ocupa um dos lugares mais bonitos.”

– Caio Fernando Abreu

 

As mãos trêmulas, devido à carga de nervosismo provocada pela emoção do momento, iam de encontro à caixa que guardava em si uma grande quantidade de lembranças em forma de escritos e fotografias. Passara a madrugada em claro à procura da chave de seu armário, que acabara sendo esquecida à medida que a necessidade de afastar a dor havia a tomado nos últimos anos, tendo por muito tempo dado lugar à figura de uma mulher fria e inabalável que nada condizia com a realidade. Entretanto, devido à decisão que tomara no último mês, a de levar o pai para morar com ela, voltar a acessar as memórias há tanto tempo engarrafadas, já não parecia uma má ideia. Contudo, trazer à tona todas aquelas lembranças não deixava de provocar um certo medo e demasiada emoção em Regina.

Agora, ali em seu consultório, disposta a dar conta de todo o necessário antes de partir em busca da peça fundamental do quebra-cabeça que Zambrano vinha tentando solucionar, o caixote que resguardava tantos momentos importantes para a morena, fora o primeiro instrumento que ela decidira colocar em ordem. A ideia surgira em meio ao sono perdido da noite anterior. Com a boa nova trazida pelo seu advogado, Regina estava decidida a levar o pai para seu lar quando toda aquela tempestade, aparentemente infindável, cessasse. Não apenas por configurar a quebra de uma das muitas correntes que a mãe colocara em sua vida, mas porque sempre havia guardado em seu coração um profundo desejo de voltar a ter o pai perto de si, mas durante o longo período em que o trabalho foi seu ponto de fuga e a falta de tempo a ferramenta utilizada para que as questões fatigadas do coração não viessem à tona, a médica acabara postergando seu desejo. Mas se havia algo que a vida lhe ensinara nos últimos dias é que não havia tempo para adiar a felicidade, pois o destino demonstrara ser um grande pregador de peças, denotando que devemos aproveitar as pessoas que amamos o máximo que podemos e sem adiar, uma vez que o dia de amanhã é sempre incerto.

 As recomendações médicas sempre haviam apontado para Regina que provocar uma grande carga de lembranças em um paciente como Senhor Henry poderia acabar não sendo uma das melhores ideias e, por isso, ela havia decidido separar cuidadosamente as fotografias e cartas de etapas específicas de sua vida. Devido à sua infância e início da adolescência terem sido marcadas primordialmente pelos momentos com o pai, já que a mãe nunca havia sido flor que se cheire, Regina possuía muito material para reunir. Havia combinado com Tinker (ou Rose) que ela apresentasse pequenos fragmentos dos grandes momentos que ela agora acessava com as orbes castanhas marejadas. Claro, Zambrano não era tola de acreditar que seu gesto fosse trazer uma mágica recuperação às condições de seu pai, mas ainda assim achava importante provocar, mesmo que inconscientemente, emoções paternais no senhor que tanto amava antes que o tirasse da casa de repouso que há muito vinha sendo seu lar. Também por isso Regina havia oferecido à Rose salário superior e as melhores condições de trabalho para que ela acompanhasse o seu pai no retorno à casa, não que a jovem precisasse de grandes incentivos para acompanhar o velho Henry, uma vez que a afeição desenvolvida durante os anos de cuidado e convivência havia se tornado um amor genuíno, fazendo de Henry muito mais do que um paciente.

As primeiras cartas e fotografias seriam melhor recebidas por Henry, uma vez que seu pai se lembrava dela sempre como sua pequena Regina, por isso não reconhecendo que a “moça bonita” que o visitava esporadicamente era sua filha, já que agora Zambrano era uma moça adulta de aparência um pouco distante da menina inocente que seu pai se recordava.

Regina temia. Temia por saber que, ao levar o pai para morar com ela, teria um lembrete diário de que ele não se lembrava de quem ela era e teria sempre apenas raros lampejos de reconhecimento. No entanto, a vontade de tê-lo por perto e o amor que transbordava em seu peito sempre que o assunto era o pai, davam-lhe a coragem necessária para vencer aquele desafio, mesmo em meio a tantos outros. Apenas ainda não o fizera por não querer que o pai adentrasse um ambiente tão pesado, devido aos inúmeros problemas que havia se apresentando para ela. Ademais, precisava retomar o assunto com Robin, para que ele ficasse ciente de sua decisão. Ainda possuía algumas horas antes que seu expediente se iniciasse, já que havia chegado demasiado cedo para organizar o que necessitava. Passando o dorso da mão em seu rosto de modo a secar as lágrimas, decidira ir falar com Emma para solicitar uma tarde com Henry no dia seguinte, assim ela poderia sair com seus meninos (Roland com certeza estaria junto, já havia inclusive comentado animado com o pai) antes de ir para Naples em busca de Graham.

Levantou-se da cadeira giratória e fechou cuidadosamente a caixa que portava os arquivos de memória, mas antes que seguisse seu caminho para a porta a fim de deixar o consultório, pode ouvir algumas batidas no objeto metálico que a separava do mundo para além de sua sala.

– Quem é?– Regina perguntou, aumentando o tom habitual de sua voz.

– Sou eu.– A voz de Robin se fez audível. Zambrano localizou algo diferente em sua entoação. O tempo de convivência era um aliado para que pequenas mudanças revelassem que alguma coisa estava errada.

Regina caminhou até a porta, checando-se no pequeno espelho depositado em cima de sua mesa antes de tomar seu caminho até Robin, de modo a verificar se sua aparência não havia sido afetada pelo pequeno momento de emoção. Por sorte, as parcas lágrimas derramadas não haviam sido suficientes para deixá-la escarlate, como normalmente acontecia após o pranto.

Assim que abriu a porta, antes mesmo que fosse capaz de dizer palavra ou de reagir de algum modo à presença de Robin, os braços fortes do loiro já estavam ao seu redor, apertando-a fortemente. O abraço inesperado e urgente surpreendera Regina, entretanto, ela não se opôs. Antes que pudesse questioná-lo sobre a urgência do ato, Locksley afundou seu rosto nos cabelos da médica, fazendo-a se arrepiar com a inspiração profunda que ele tomou assim que seu olfato entrou em contato com a pele de Regina, parecendo querer sorver todo o aroma que emanava dela de uma só vez.

– Eu preciso de você, Regina.– Robin sussurrou em seu ouvido, seu tom era urgente, assim como todas as suas atitudes desde que chegara ali. Uma quantidade considerável de desespero adornava sua voz rouca e Zambrano percebeu de imediato, mas como ele fizera muitas vezes, ela estava disposta a doar-se e oferecer a ele o que precisava naquele momento: compreensão.

Desvencilhando-se do abraço com certa dificuldade, Zambrano trancou a porta. Assim que virou-se novamente para Robin e seu olhar foi de encontro ao mar azul das orbes de Locksley, ela identificou uma tempestade até então desconhecida que habitava o olhar do loiro. Ao redor de seus olhos, olheiras faziam-se notáveis, revelando que Robin provavelmente não havia dormido, ou o fizera muito pouco.

Aproximando-se outra vez de Locksley, antes mesmo que concluísse o trajeto até ele, perguntou:

– O que aconteceu?– Sua voz evidenciava a preocupação que estava sentindo naquele momento. Durante todos os meses de relacionamento, Regina jamais havia presenciado aquele lado de Robin, tão visivelmente abalado e, ela ousaria dizer, atordoado.

A ação que veio em seguida surpreendeu Zambrano, fazendo-a fechar quase que completamente a pequena distância que havia entre ela e Robin.

Locksley estava chorando. Não era um pranto incontido ou até mesmo audível, mas vislumbrar lágrimas ininterruptas tomarem lugar na face do homem que amava, fizera um aperto insuportável tomar seu peito. Regina, mais do que ninguém, sabia como Robin era duro na queda. Ele presenciara a morena chorar mais de uma vez, ela, entretanto, jamais o vira derramar uma lágrima.

– Amor...– A voz de Regina saiu mais fraca do que ela esperava, quase como um sussurro. Sem demora, ela enlaçou o pescoço de Robin com seus braços, olhando-o nos olhos e procurando decifrar sua maior necessidade naquele momento. Sem certezas arquitetadas, ela apenas falou:

– Eu estou aqui.– Assim que a frase ganhou forma em seus lábios, ela o abraçou, direcionando suas mãos para as costas de Robin, deixando-as passearem ali em um afago consolador. Era possível sentir a tensão nos ombros de Locksley, mesmo através do abraço, como se ele carregasse um peso insustentável naquele instante.

– Me perdoa, meu amor.– Robin falou, após engolir em seco em uma tentativa falha de fazer com que sua voz não soasse embargada pelo pranto reprimido. A frase saíra como uma súplica, não pela sua reação inesperada, como imaginara Regina, mas como um pedido de desculpas prematuro por tudo o que o loiro acreditava que estava fazendo a namorada passar através do despertar indesejado de sua mulher, sim, mulher. Não ex, como ele gostaria que fosse. Haviam documentos legais que o mantinham unido à mulher que ele não suportava sequer olhar.

Assim que o pedido de desculpas foi proferido, Robin tomou os lábios de Regina em um beijo repleto de sentimentos. Apesar da surpresa do ato, não demorou para que Zambrano desse a ele o acesso que procurava. Havia urgência, mas sobretudo amor, o amor que tornara inevitável que a carga de medo existente em cada terminação nervosa de Robin não fosse impressa em todos os atos executados por ele nos últimos minutos. Regina correspondeu ao beijo de bom grado, sentindo o gosto salgado das lágrimas que fizeram caminho até os lábios do homem à sua frente. O contato entre seus lábios guardava sempre uma nova surpresa, ainda que o momento estivesse sobre a redoma da preocupação e fosse um prelúdio de que algo ruim estava por vir, Regina sentia-se segura ali, nos braços de Robin, beijando-lhe com devoção, tocando-o com afeto, o olhar repleto de amor e súbita preocupação, ainda que as pálpebras fechadas durante o roçar de lábios que anunciava o fim do beijo escondessem, por ora, as perguntas carregadas em seu olhar e o desespero que habitava o dele.

Findado o beijo, Regina permaneceu próxima de Robin, a testa colada à dele, a respiração descompassada em contato com as lufadas de ar que vinham dos lábios do loiro, igualmente afetado pela troca de afeto.

– Você não tem porquê me pedir perdão, querido. –Regina finalmente falou, afastando-se alguns poucos centímetros de modo a fitar Locksley.– Apenas me fale o que aconteceu para que eu possa ajudá-lo e para que possamos resolver isso juntos, está bem?

– Ah, Regina... Eu sinto tanto por tudo isso.– Ele começou, levando o polegar direito até a face de Regina, acariciando-a ali enquanto tentava formular uma maneira linear de iniciar o motivo pelo qual viera ao consultório dela tão afetado.

– Você está me preocupando, Robin. Muito.– Regina exteriorizou o que vinha comunicando a ele apenas com o olhar. Imprimindo uma preocupação ainda maior em sua voz, ela questionou, um lampejo de possibilidade ruim ganhando forma em sua mente:

– Aconteceu alguma coisa com Roland?– Robin pôde vê-la engolir em seco, claramente aturdida com a mais remota possibilidade de que algo houvesse ocorrido ao pequeno garoto. Apesar da circunstância, ele não pôde evitar sentir um pequena dose de alegria surgir em seu interior ao perceber o quanto a mulher se preocupava e se afeiçoara ao seu filho.

 Com o olhar inquisidor, Regina permanecia fitando Robin, já aturdida pela possibilidade de que Roland não estivesse bem. Notando o medo que começava a se desvelar através dos olhos chocolate, Locksley respondeu:

– Nosso garoto está bem, amor.– Engolindo em seco, Robin completou.–É outra coisa.– As mãos de Locksley permaneciam mantendo contato com o corpo de Regina, dessa vez apertando levemente sua cintura, de modo a impedir que o contato proporcionado pelo abraço fosse quebrado.

 – Por favor, Robin, me diga o que aconteceu.– Zambrano tornou a pedir, agora com um pouco mais de urgência impressa em sua voz. Os olhos passeando pela face de Robin, em uma clara busca de compreensão, cada traço, cada linha de expressão estava sendo minuciosamente analisada pelos olhos de Regina, tão cheios de preocupação, tão cheios de amor. Quebrando o abraço, mas entrelaçando sua mão a de Locksley, acariciando o dorso da mão do loiro com seu polegar, ela disse:

 – Venha, vamos sentar. Assim você pode me contar tudo assim que eu te der um copo com água. Está bem?– Locksley apenas assentiu, impondo certa pressão no toque de suas mãos em um gesto de gratidão. Estava ciente de que o assunto não poderia ser adiado, por mais difícil que fosse abordá-lo, especialmente porque outra pessoa precisava tomar conhecimento dos fatos, ainda que a explicação para a pessoinha em questão necessitasse ser ainda melhor trabalhada.

 Assim que o enlace entre suas mãos foi desfeito, Robin sentiu falta do calor que emanava do contato entre ele e Regina, sempre tão singular. O medo de perdê-la estava ali, apossando-se de cada partícula de seu corpo, tornando até mesmo irracional a necessidade que Locksley possuía de passar cada instante na companhia de Regina.

Ela pegou a jarra de vidro colocada na pequena mesa de canto de seu consultório, enchendo o copo com o líquido transparente. Não demorou a fazer seu caminho de volta até Robin, que tomou o copo das mãos de Regina com a mão levemente trêmula. Zambrano se sentou ao seu lado, pousando uma de suas mãos na coxa de Locksley, apenas um pouco acima de seu joelho. Inclinando o corpo levemente de modo a encará-lo com maior intimidade, ela retomou o tópico de conversação:

 – E então?

Robin bebeu toda a água presente no copo, ainda tomando uma respiração profunda assim que terminou de sorver o líquido. Colocou o copo na escrivaninha de Regina, na qual estavam sentados defronte.

– Regina.– Começou ele, colocando a pequena mão da morena entre as suas, que cobriam a dela completamente.– Antes de tudo eu quero que saiba que eu amo você e que nada nem ninguém será capaz de mudar isso ou de prejudicar de alguma forma o laço que tão cuidadosamente criamos. Por isso, assim que eu te contar, assim que eu falar com meu filho, assim que eu sair daqui, fatores legais serão resolvidos.– A voz de Robin agora era firme, a tentativa de passar segurança através de seu discurso era real, ele precisava que ela acreditasse em suas palavras. Antes que fosse capaz de continuar seu discurso, a inteligência de Regina fez-se ser ouvida:

– Marian...– Finalmente a reação de Robin pode ser de todo compreendida. Regina engoliu em seco, esperando a confirmação que sabia que viria.

– Sim, ela acordou.– Robin exteriorizou o seu maior medo em palavras, apertando um pouco mais as mãos de Regina, como se aquela simples frase exigisse uma força descomunal para ser proferida.

 – Eu não sei o que dizer, querido...– Regina respondeu, sincera, olhando-o com pesar, ciente de todas as implicações negativas que aquela situação representava para ele.– Roland já sabe?– Ela questionou, como um lampejo de consciência das piores consequências da presente circunstância.

– Ainda não.– Robin disse, os ombros curvados em sinal de frustração.– Eu não sei o que fazer, Regina. E por mais que eu saiba que isso soe errado, eu não queria que Marian acordasse.– Ele confessou de maneira fácil, sabendo que para Regina não havia nada que ele não ousasse dizer.

 – Ei...– Regina falou, levando sua mão até o rosto de Robin, levantando-lhe o queixo com o indicador de modo a fazê-lo encará-la outra vez.– Não é errado você se sentir assim sobre ela, querido. Não depois de tudo o que você passou. Ainda que você precise superar toda essa mágoa e raiva que fazem mal a você, é preciso se dar o tempo de senti-las porque elas estão aí.– Zambrano apontou para o lado esquerdo do peito de Robin.– E não vão sumir facilmente.– Completou.

– Eu não sei o que fazer, amor...– Robin confidenciou.– Eu não sei como contar isso ao meu filho sem dar um nó na cabeça dele.

– Eu sei que você o fará da melhor maneira, Locksley. Você sempre o fez. Além disso, Gold vai te ajudar.– Regina ponderou, tentando tranquilizá-lo.

 Fitando-a com adoração, pela primeira vez naquele dia Robin sorriu:

– Você não é real.– Fora a sua vez de acariciar o rosto da mulher à sua frente.– Obrigado por estar aqui. Eu quero deixar claro, Regina, eu vou me divorciar de Marian o quanto antes, as circunstâncias não apagam o que ela fez ao meu filho. Ela vai querer levar isso adiantes, especialmente agora que suas condições a colocam em uma posição fragilizada e...– Antes que Robin desse continuidade, Regina inquiriu:

– Quais condições, Locksley?– Naquele momento Robin se deu conta que não havia ainda tocado no assunto referente à paraplegia de Marian.

– Marian está paraplégica.– Robin falou, fazendo um olhar de surpresa tomar conta da feição de Regina, que levantou-se da cadeira de supetão, visivelmente afetada pela nova informação.

– Robin... Eu... Eu não sei se posso tirar tudo de alguém que já não tem nada.– Zambrano ponderou, as palavras tropeçando antes de serem proferidas, barradas pela incerteza da enunciação.

 Assim como ela, Locksley se levantou em um rompante, colocando-se de frente para Regina.

– Regina, por favor, ouça.– Ele levou às mãos à cintura da morena, impedindo que ela se afastasse mais.– Você não está tirando nada de Marian. Há muito tempo ela abandonou tudo o que ela tinha, e bem... Já faz alguma tempo que ela não tem a mim, ou a Roland. A única verdadeira perda de Marian seja, talvez, a capacidade de andar, que não pode ser dada como uma inteira perda porque ainda não consultamos a ortopedista a respeito da constância dessa situação.

– Eu sei, mas o que Gold vai achar disso? E quando Roland ver a mãe daquele jeito? Ela vai poder morar sozinha? Você não pode excluir tudo isso, Robin. Por mais que eu esteja ao seu lado, e acredite, eu estou, não posso deixar de ponderar tudo isso.– Regina falou, afetada.

– Amor... Eu sei, eu sei de tudo isso. Mas Marian tem ao pai, tem à irmã.– que provavelmente ainda nem saiba da situação, Robin pensou.– Não é como se ela estivesse sozinha. E a noção de maternidade que Roland possui em relação à Marian é tão longe de uma verdadeira mãe que, sinceramente... Eu nem imagino como ele vá reagir.– Locksley engoliu em seco antes de dizer:

– Para ele, Regina, você é mais mãe dele do que Marian já foi na vida.– Regina fechou os olhos, respirando fundo algumas vezes.

– E isso me faz temer por ele, Robin. E se Marian querer que o filho dela se afaste de mim?– Mills questionou, visivelmente preocupada com a possibilidade.

 – Ele é meu filho, querida. Eu jamais deixarei que ela faça isso. Meu filho te ama, doutora. Nós te amamos.– Robin falou, aproximando-se ainda mais de Regina, levando uma mecha teimosa de seus cabelos para trás de sua orelha.

– E eu amo vocês, Locksley. Muito...– A última palavra foi sussurrada. O medo que fez sua voz vacilar foi o suficiente para que Robin a beijasse, dessa vez de modo singelo, quase como apenas um roçar de lábios.

– Eu vou dar um jeito nisso, Regina. Eu só peço que fique. E se você não ficar, eu vou entender, são coisas demais... No entanto, compreender não irá impedir que eu sinta muito e que eu tente, incessantemente, te reconquistar.– Suas palavras a fizeram esboçar um fraco sorriso.

– Eu não vou a lugar nenhum, Robin. Digo, irei sim, daqui a dois dias, resolver a minha pacífica vida que você praticamente não precisou se esforçar para lidar com problemas.– Ali estava o sarcasmo e a ironia em sua voz, amenizando uma situação quase impossível de ser contornado. No entanto, ela conseguia, Regina fora capaz de fazê-lo sorrir, mesmo em meio ao desespero que havia se estendido até para ela com toda aquele situação.

– Você não sabe a força que as suas palavras acabaram de me proporcionar, doutora.– Ele confessou.– Agora preciso falar com meu filho.– A tensão que fora embora por poucos segundos estava de volta.

– Vá, querido. E eu entenderei que ele não possa passar o dia comigo e Henry antes da viagem, dê um abraço nele por mim caso não nos vejamos amanhã.– Regina pediu, compreensiva. No entanto, a atitude seguinte de Robin a surpreendeu uma vez mais:

– De modo algum, ele irá. Nada que faz bem ao meu filho e o faz feliz será tirado dele porque Marian acordou. É ela quem precisa se adequar à nossa vida. Não o contrário.– Antes que Regina pudesse responder, Robin completou, levando o indicador aos lábios de Regina:

– E não há questionamentos, doutora.

– Tudo bem, senhor Locksley.– Mills falou, as mãos assumindo um gesto de rendição.– Agora vá e seja forte. Roland precisa de você.– Robin tomou uma respiração profunda mais uma vez.

– Você tem razão. Meu pequeno me espera.– Regina assentiu.

– Me perdoa por isso. E obrigado por decidir ficar.– Robin falou, sincero.

– Não há o que ser perdoado, e não há o que ser agradecido quando você está fazendo o mesmo por mim, apenas em uma situação diferente.– Locksley sorriu, beijando-lhe a testa e despedindo-se mais uma vez. O medo estava presente ali, mas a força advinda do amor e da compreensão lhe deram o que precisava para encarar os fatos de frente.

Assim que Robin deixou a sala, Regina permitiu-se cair em sua cadeira acolchoada, fora sua vez de respirar fundo. Antes que ela pudesse racionalizar um pouco mais sobre a situação, o relógio de parede anunciava que era hora de seu expediente começar.

*

– Eu espero que Regina já saiba ou serei obrigada a desfigurar esse seu maldito rosto de galã.– A voz de Emma pode ser ouvida por Robin assim que seus pés adentraram a ala da neurologia. Swan, por ser especialista da área de neurologia e pela quantidade de burburinhos em torno do assunto, já havia tomado conhecimento a respeito de Marian.

– Acabo de vir de lá, senhorita violência.– Locksley disse, rindo da atitude de Emma, mas nada surpreso, por saber do nível de cumplicidade existente entre ela e Regina.

– Como ela está?– A loira perguntou, preocupada.

– Sua amiga é a mulher mais admirável desse universo, Swan. Obviamente está surpresa com toda a situação, mas reagiu muito melhor do que qualquer outra mulher em seu lugar.– Robin falou.– E antes que me ameasse outra vez, eu irei pedir o divórcio o quanto antes.

 Emma suspirou aliviada.

– Vou acreditar em você, Robin. Mas checarei o estado de minha amiga com meus próprios olhos.– Emma disse, caminhando em direção a vozes que a requisitavam, fazendo um sinal de “estou de olho” para Robin.

O clima ameno criado pela versão violenta de Emma logo se dissipara à medida que Robin se aproximava do quarto da esposa. Gold estava o esperando no início do corredor.

– Bom dia, Gold.– Robin o cumprimentou.– Como foi a noite?– Questionou, claramente buscando saber se havia alguma novidade referente à Marian.

 – Bom dia, Robin! A noite foi tranquila, tomei a liberdade de contatar uma ortopedista daqui para uma consulta, que ocorrerá a instantes, aliás. Segundo me disseram, Callie Torres é a melhor na área e foi quem eu escolhi. Espero que não se oponha.– Gold falou, cordial, mas o tom de sua voz não abria espaço para oposições, pelo menos não naquela área.

– De modo algum, Gold. Darei todo o apoio necessário no que diz respeito a gastos hospitalares, não quero deixa-lo sozinho com toda a responsabilidade. Inclusive precisamos falar sobre responsabilidades...– Robin disse na tentativa de iniciar os assuntos “burocráticos” no que dizia respeito à Marian.

– Não precisa ter medo de dizer que não quer Marian na sua casa, Robin. Eu entendo e minha casa tem espaço o suficiente para abrigá-la, além do mais, é uma oportunidade para que eu me redima com minha filha. Mas não podemos desconsiderar o fato de que sou eu quem passa a maior parte do tempo com Roland desde minha aposentaria e que, consequentemente...

– Ela estará todo o tempo que você estiver com Roland, junto também.

– Exato, e eu não quero me afastar do meu neto por conta disso, Robin.– Gold falou.

Robin entendia as exigências do sogro, logo trataria de tudo isso. Lembrando-se da parte mais difícil de tudo, o loiro logo disse, referindo-se ao filho:

– Precisamos falar com ele... Belle foi buscá-lo na creche, decidi não mais adiar.– Gold assentiu, ambos já haviam comentado por telefone a necessidade de conversarem em conjunto com o pequeno, para que tudo ficasse o menos esquisito o possível para o menino.

– Você tem toda razão, Robin. Mas, antes de dizermos à Roland que Marian morará comigo, preciso te dizer que minha filha não está receptiva à essa decisão, tampouco ao divórcio.– Gold disse.

 – Eu não esperaria menos, com todo o respeito. E eu lhe peço, por favor, Gold, que fale com ela... Sei que é tudo muito recente, mas preciso disso, não posso mentir ao dizer que conseguiria abrigar Marian no meu lar, com meu filho. E bem... Eu sou comprometido. Até poucos dias minha condição de casado valia menos do que agora porque Marian não estava consciente, contraditoriamente não sendo possível que eu entrasse com o pedido do divórcio pelo mesmo motivo, mas agora ela pode assinar o divórcio.– Robin falou, tomando consciência do quanto as coisas podiam mudar em tão curto espaço de tempo e atordoado pelas questões burocráticas que viera enfrentando no último ano quando o assunto era a lei.

– Eu falarei com minha filha, Robin, porque eu entendo o seu lado, eu acompanhei tudo de perto. Mas eu também peço a você que seja um pouco mais tolerante, ainda que não acredite que Marian mereça, ela precisa de uma chance para se redimir e para se adaptar a suas novas condições. Seja razoável, ok?– Gold pediu, com toda sua racionalidade e compreensão.

 – Prometo fazer o melhor que puder, Gold.– Robin disse, com um sorriso amarelo.– Zelena já sabe?

– Liguei inúmeras vezes no celular dela essa manhã, todas caíram na caixa postal. E Zelena sempre atende ao telefone... Deve estar aprontado alguma que eu ainda não tenha conhecimento.– Gold respondeu, rindo internamente diante das possibilidades do que Zelena estaria executando, já que sempre fora impaciente quando o assunto era lidar com outras pessoas. Certamente Ottawa estava recendo uma mulher um tanto quanto geniosa.

 Robin não pode evitar se divertir com a situação também, havia passado um considerável tempo sendo vítima do humor mordaz de Zelena, era até de se admirar que houvesse começado a namorar com uma pessoa de humor tão irascível quanto, com a diferença de que Zelena era assim em tempo integral e jamais mudaria.

– Bom dia, senhor Gold. Bom dia, chefe Locksley.– Uma voz feminina demasiado animada fez-se presente no ambiente, fazendo Robin virar-se para encarar quem, imaginara ele, deveria ser a ortopedista que Gold falara.

– Apenas Robin está bem.– O loiro disse, estendo a mão logo após Gold ter executado o mesmo ato.

– Prazer, sou a Drª Torres. Ou apenas Callie, como preferir.– A mulher alta de cabelos negros disse de modo simpático, lançado a eles um sorriso cordial.– Podemos encontrar a paciente?

Gold assentiu, Robin voltou a ficar tenso. Ainda não estava acostumado a se deparar com uma Marian consciente e capaz de falar.

– Bom dia!– Callie falou assim que entraram no quarto de Marian, a voz ainda mais animada do que havia se mostrado minutos atrás ao cumprimentar as figuras masculinas.

– Bom dia.– Marian respondeu, bem menos receptiva. O olhar pairava sobre Robin, talvez nem houvesse prestado atenção na presença feminina ali. Entretanto, Gold logo falou:

– Filha, esta é a Drª Torres, a melhor ortopedista de toda Miami.– Gold soou animado, dando mais ênfase do que o normal naquilo que dizia, em uma tentativa de instigar os ânimos da filha.

– Agradeço o cumprimento, senhor Gold.– Callie falou, logo virando sua atenção para Marian.– Bom dia, Marian!– A ortopedista falou, levando os olhos até o prontuário de modo a recordar o nome da mulher.– É um prazer conhecer a maior surpresa dessa semana. Você é o significado de vida nova, hein?– A simpatia característica de Callie realmente não era apenas um exagero, ela estava ali.

– Fico grata em saber que alguém se alegra com isso.– Marian disse, alfinetando Robin sem piedade. Ele, por sua vez, limitou-se a revirar os olhos, lembrando-se do pedido de Gold para que ele tentasse ser mais tolerante.

– Não sou a única, querida. Olhe para seu pai.– Callie falou, fazendo-se notar o sorriso que Gold carregava. Torres não disse nada sobre Robin, uma vez que, como ele era chefe de cirurgia, seu relacionamento com Regina não havia ficado às escondidas da equipe de trabalho por muito tempo, já que sempre há as línguas sedentas por fofoca.

Passada a breve apresentação, Drª Torres logo começou a examinar Marian, por vezes fazendo perguntas referentes ao acompanhado que a mulher havia recebido durante o coma. Não demorando muito para descobrir negligências a respeito da clínica que a havia tratado antes que Robin mudasse para Miami, uma vez que não havia recebido os estímulos necessários ao que dizia respeito ao ramo de Torres no antigo hospital.

– Eu acredito que sua condição possa ser provisória, já que seus músculos passaram um tempo considerável sem exercício algum. Iremos retomando aos poucos com uma fisioterapia guiada, voltada para suas condições. A pedido de seu pai, iniciaremos o quanto antes, está bem?– Callie ponderou, logo após as considerações formadas pelos exames iniciais. Logo após, pediu alguns outros exames que precisavam ser feitos para que ela pudesse montar o tratamento adequado.

– Há a possibilidade de um tratamento em casa? Eu não aguento mais esse hospital.– Marian falou, com impaciência.

– Seu pai me falou sobre esse desejo e estamos pensando em como ficará as questões dos horários e dos materiais necessários ao trabalho. Está bem, querida?– Marian apenas assentiu.

 A simpatia de Callie conquistou a todos ali com facilidade, ainda que Marian se esforçasse para manter a carranca diante de Robin. A ortopedista logo deixou a sala, a fim de dar mais intimidade aos familiares, com a promessa de que mais tarde estaria ali para realizar os exames necessários.

– Eu quero ver meu filho.– Torres mal fechou a porta e Marian se pronunciou.

– Vamos falar com ele agora, filha.– Gold falou. Virando sua atenção para Robin, ele ainda completou:

– Belle e Roland acabam de chegar, estão vindo nos encontrar.– Robin engoliu em seco, suas mãos começavam a suar frio.

– Iremos sair para falar com Roland antes que ele entre, Marian.– A voz de Robin era imparcial. Sua postura rija denotava que ele não estava nada receptivo às exigências da mulher.– Peço, por favor, que não piore a confusão que tudo isso vai causar de imediato.– Antes que ela retrucasse, Locksley deixou a sala, esperando poucos segundos na porta até que Gold o alcançasse.

– Papaaaai!– Roland disse correndo em direção a Robin e abraçando-o apertadamente.

– E seu velho aqui, Roland?– Gold perguntou, recebendo um abraço apertado do neto em suas pernas, que não deu a chance que ele se abaixasse para alcança-lo.

– Eu e o vovô temos algo importante para falar com você.– Robin disse, assim que Gold pegou o menino em seu colo, sentando-se na fileira de cadeiras próxima ao corredor.

– O que foi, papai?– Roland perguntou, as pequenas mãozinhas brincando com a barba do avô. Vendo a relutância do genro, Gold continuou:

 – Roland, você lembra o que te explicamos quando você perguntou para Robin e eu porque sua mãe dormia o tempo todo?– Gold questionou, sem saber se aquele era de fato o jeito mais fácil de iniciar o assunto.

– Eu lembro, vovô. O papai disse que a cabeça da mamãe não estava funcionando como a nossa, mas que ela ainda estava conosco, só que muito cansada para abrir os olhinhos.– Roland explicou a seu modo, fazendo o pai sorrir com a inocência advinda de sua explicação.

– Você lembra também, macaquinho, que eu falei que, por mais difícil que fosse, um dia Mari...– antes que ele completasse o nome, Gold lançou um olhar de reprimenda para Robin.– um dia a sua mãe– Robin corrigiu-se a contragosto– poderia acordar?

– Sim, papai, eu lembro. Mas faz tanto tempo que ela dorme que eu acho que está cansada pra valer, hein...– O menino disse, a cabeça levemente inclinada para o lado como se sua imaginação estivesse mirabolando uma série de pensamentos imagéticos sobre o “sono” da mãe.

– Bem, Roland..– Gold tomou a palavra mais uma vez.– Sua mamãe acordou e quer muito vê-lo.

– A mamãe acordou?– A voz de Roland, soou alegre, especialmente porque ele não entendia todas as implicações da situação.– Mas ela se lembra de mim?– O pequeno perguntou, as dúvidas começando a se formar em sua cabeça.

– Sim, filho, ela lembra. Mesmo que vá se admirar com o quanto você cresceu.– Robin falou.– Você acha que está pronto para vê-la?– Ele perguntou, recebendo um olhar de reprovação de Gold outra vez, mas se havia algo que Locksley não queria negar ao filho, era o poder de escolha. Claro que inevitavelmente o encontro aconteceria, porém apenas quando Roland se sentisse apto.

– Eu quero, papaaai!­– Roland disse, empolgado, pulando do colo do avô. A situação entendida aos seus olhos de criança de uma maneira muito mais simples do que realmente era.

– Você acha que ela vai querer conhecer a mamãe Gina também?– A voz do pequeno adquiriu um tom ainda mais animado.

A pergunta era inocente, bem como todas as atitudes de Roland até então, o menino jamais conhecera o pai e a mãe como um casal, uma vez que era praticamente um bebê quando tudo aconteceu. O pai sempre havia deixado claro que, apesar de tudo, ele e a “mamãe” eram apenas amigos, omitindo que para ele não havia nem mesmo a mais remota amizade com Marian, apenas para que o filho fosse poupado dos sórdidos detalhes enquanto crescia.

Locksley, por sua vez, não pode evitar sentir um frio na barriga diante da pergunta do filho, mas de modo a não alarmá-lo, apenas falou:

 – Ela ainda está fraquinha para receber todas as novidades, filhão.– Impedindo que mais perguntas surgissem, Gold falou:

– Acho que vocês podem entrar.

– Você não vem?– Robin questionou.

 – Acho melhor que você o acompanhe e eu espere aqui.– O mais velho ponderou, deixando claro que aquele momento deveria ser dos três. Locksley assentiu.

– Vamos, filhão?– O loiro falou, estendendo a mão ao filho, que logo segurou a dele de bom grado. Os passos até o quarto de Marian, apesar de poucos, pareciam cansativos demais aos olhos de Robin, que se obrigava a fazer um caminho que não gostaria de fazer. Respirando fundo algumas vezes, ele abriu a porta.

Assim que vislumbrou a figura de Marian, Roland se colocou detrás das pernas do pai, um sorriso tímido em seu rosto adornado pelas covinhas iguais as de Robin. O pequeno reagira como se estivesse a vendo pela primeira vez, já que as visitas tão frequentes dos últimos anos não eram nem de perto como ver a mãe de carne e osso.

 – Olá, querido.– Marian falou, a voz embargada. Lágrimas percorriam o rosto da mulher, visivelmente afetada ao se deparar com a imagem do filho tão crescido.– Venha aqui.– Ela pediu, batendo a mão na lateral da cama de modo a convidá-lo a se sentar perto dela.

– Vá lá, filhão.– Robin disse sorrindo de modo a encorajar o filho, ainda que sua vontade fosse pegá-lo no colo e fugir dali.

Locksley o ajudou a subir na cama, assim que o fez, Marian abraçou fortemente o pequeno garoto.

– Você está tão grande.– Marian disse, já incapaz de conter o choro. Robin permaneceu calado, não gostaria de proferir as palavras que se formavam em sua garganta.

– Você dormiu muito, mãe.– Roland disse, arrancando um sorriso mesclado ao choro da mulher ao seu lado. A palavra “mãe” saíra hesitante, como se o pequeno não compreendesse direito o motivo daquele título, utilizando-o apenas pelo costume imposto a ele nos últimos anos durante as visitas feitas à mulher.

– Mas agora eu estou aqui, Roland. E não vou te deixar.– Marian falou, fazendo um sorriso nasalado partir de Robin, que continuou a se empenhar para não proferir palavra.

– Seus cabelos são bonitos.– Roland falou, lembrando-se que o pai o havia ensinado a sempre elogiar as mulheres de modo sincero quando as conhecesse. E para Roland, ele estava conhecendo Marian naquele momento.

– Obrigada, meu amor.– Marian disse, abraçando o filho uma vez mais.

– Você sabia que aqui tem uma brinquedoteca muito legal. Talvez mais tarde eu possa te levar para conhecer.– Roland falou, na falta de assunto para conversar com a figura feminina que representava sua mãe biológica.

– A mamãe não pode andar ainda, pequeno. Passei muito tempo sem levantar daqui, preciso aprender de novo como se faz, você promete me mostrar depois?– Marian falou, tentando suavizar sua condição. No fim das contas, ela estava tentando, realmente queria ser uma boa pessoa para Roland.

– Eu posso prometer, papai?– Roland perguntou, fazendo Robin sorrir ao ser lembrado de como o filho sempre buscava sua permissão até nas menores coisas. Ele apenas assentiu com um gesto de cabeça, sorrindo para o filho.

Marian começou a questionar o pequeno sobre seus brinquedos, sobre a creche, sobre a tia... Tomando conhecimento de que a irmã mantivera-se não muito jeitosa quando o assunto era crianças. Robin permanecia atento, pronto a identificar qualquer assunto que não fosse do seu agrado que Marian abordasse com o filho. Após alguns minutos de conversa, o silêncio pairou no ar e Roland se levantou da cama, sorrindo para Marian antes de caminhar até o pai.

Acreditando que sua voz soava mais baixa do que de fato o fazia, como todo cochicho de criança, antes que Robin pudesse deter o filho, Roland já estava exteriorizando suas vontades de criança:

– Papai, agora podemos ir visitar a mamãe Gina?

Mamãe Gina. A nomenclatura funcionara como um soco no estômago de Marian e, antes que Robin pudesse responder o filho, a mulher fez-se ouvir, aumentando a voz algumas oitavas e com grande dificuldade para manter a calma:

–Mamãe Gina, Robin? Há alguma coisa que você precise me contar?



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