Quatro meses...
Quatro meses foi tempo o suficiente.
Tempo o suficiente para Hana sumir da minha vida.
Tempo suficiente para Sana fazer o mesmo.
Tempo suficiente para Dahyun sair de casa.
Tempo suficiente para eu me acostumar com a ideia de que, assim como Siyeon, aquela criança é sim minha.
Eu vivi os quatro meses mais tranquilos depois de uma eternidade caótica e eu não trocaria aquele tempo por nada.
A vida monótona que eu sempre sonhei em ter, tirando o fato de quê eu estava a tendo com Siyeon, tudo estava perfeito.
— Acho que você deveria procurar ela. — Siyeon disse, se encostando no balcão da cozinha.
— Virou conselheira amorosa agora? — perguntei, tomando o meu líquido diário.
— Não. — ela suspirou. — Mas cansei dessa sua cara de enterro e nem adianta negar, você pode não estar reparando, mas você está péssima desde que ela decidiu que ia embora.
— Justamente. — tomei mais um pouco, umedecendo o lábio. — Ela decidiu, ela volta quando ela decidir que quer voltar, ela sempre teve uma casa, Siyeon. — dei de ombros. — Não sei nem que desculpa ela continuava dando para os pais se ela já está boa do pé.
— Olha. — ela puxou a cadeira a minha frente, se sentando. — Sei que tudo que você menos imaginava ou desejava era esse desfecho de história. — ela buscou minhas mãos e eu não as puxei para mim. — Sei que quem menos você esperava e queria que estivesse aqui agora fosse eu, eu demorei quatro meses para entender que o quê você sente por mim morreu quando... Quando aquilo tudo aconteceu. — ela suspirou. — Eu só não quero que um sentimento tão bonito morra de novo, eu sei que você foi capaz de amar de novo Hirai, você a ama. — ela chacoalhou as minhas mãos, tentando me dar ânimo. — Corra atrás do que você quer, você pode ter uma eternidade, mas Dahyun não tem. Isso é injusto com as duas.
Bufei, soltando as mãos de Siyeon para bagunçar meu próprio cabelo.
Eu estou confusa.
Eu estou confusa pra caralho.
Quatro meses é muito tempo, mas não o suficiente para resolver as questões que eu demorei uma eternidade para acumular.
— Resolva. — ela disse, chamando minha atenção. — Resolva tudo o quê tem para resolver e vá ser feliz. — ela olhou em meus olhos e eu abaixei o olhar.
Isso tudo é muito ridículo.
Essa cena é ridícula.
Eu estou recebendo conselhos de Siyeon.
Em que realidade paralela estranha eu estou?
— Eu não s-
— Por favor.
— Siyeon. — a chamei seriamente. — Eu. Não. Sei. Eu nunca bati de frente com isso, sempre ignorei, sempre estive pouco me fudendo. Eu não sei, não sei se quero e tão pouco se consigo bater de frente com isso agora.
— Apenas pensa e se você concordar, não pensa de novo, simplesmente vai. — ela soltou minhas mãos. — Mas se você pensar e discordar, reconsidera quantas vezes for necessário até concordar. — ela disse e eu me senti obrigada a rir. — Não é uma piada. Se você não bater de frente com isso, eu compro a briga.
— Você é louca? — cerrei os olhos.
— Sua escolha, Momo. Você ou eu. — ela se levantou, me deixando sozinha na cozinha.
Apenas eu e meus pensamentos, mais uma vez juntos.
— Siyeon, eu estou de saída. — avisei, dando um beijo na testa do pirralho que brincava com a mãe.
— Para onde vai?
— Você me mandou reconsiderar, não foi? — perguntei olhando em seus olhos e pude jurar vê-los brilharem.
Eu só não sei se isso é um bom sinal.
— Eu- Por onde vai começar?
— Não acho que seja da sua conta. — falei, indo até a saída principal da casa.
O dia estava tranquilo, os carros trafegavam ora calmos ora apressados, as pessoas pareciam presas na monotonia da vida e outras apreciavam até a beleza das pedras que encontravam no caminho.
A vida poderia ser várias dessas coisas para mim, mas ela não é.
Na verdade, existe outro mundo dentro do mundo e é a ele que eu faço parte.
E é a ele que eu prometo que nunca trarei Dahyun, mesmo que ela já esteja envolvida demais.
Eu apenas desejo que o resto de sua vida seja normal, com uma esposa normal, filhos normais, trabalho normal.
Normal.
E que o meu lado da história se foda.
E justamente por isso, eu estou indo atrás do meu primeiro e mais fácil problema.
Por Dahyun e unicamente por ela.
Eu estou indo atrás de Myoui Mina.
Eu sabia que esse nome não me era estranho.
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