Dakota’s POV
Cheguei na escola com olheiras profundas debaixo dos olhos, com certeza, mas não consegui tirar o sorriso do rosto. O meu coração estava acelerado enquanto eu pensava em dar de cara com Cameron nos corredores, mas acabei encontrando Lydia e Melanie primeiro.
– Bom dia. – eu disse, tentando disfarçar o meu nervosismo.
– E ai. – Lydia disse, antes de bocejar. Melanie apenas deu um sorrisinho, enquanto passava os olhos pelo corredor.
– Como foi o fim de semana de vocês? – eu perguntei.
– Ah, eu fui na festa do Johnson. – Lydia deu de ombros.
– Sério? – Melanie franziu a testa. – Eu não te vi lá.
– Você foi, Dakota? – Lydia perguntou.
– Ah, sim. – eu disse, mordendo o lábio inferior. – Com o Jake.
– Mas é claro. – ela revirou os olhos. – Ficou com ele a festa inteira, então?
– Antes da Carmen aparecer e agarrar ele na minha frente. – eu soltei uma risadinha enquanto elas arregalavam os olhos. – Reza a lenda de que eles ficavam uma vez.
– Meu Deus, que nojo. – Mel disse. – Agora eu realmente não vou com a cara daquele garoto.
– Ah, falando em putas... – Lydia suspirou. – O Sam pegou a Lottie.
– Quê?! – eu e Melanie exclamamos juntas, atraindo a atenção de boa parte dos alunos no corredor.
– Deixa isso quieto. – ela deu de ombros. – E o que vocês fizeram no sábado?
O meu coração acelerou e eu tive que morder a minha língua com força para não começar a sorrir igual uma idiota. Comecei a passar os olhos pelo corredor, pelo chão e por todos os lugares que não fossem os olhos das minhas amigas.
– O Nash dormiu lá em casa. – Melanie disse, com as bochechas rosadas.
– Ok, você vai ter que contar tudo em detalhes mais tarde. – eu disse, apontando o dedo indicador na cara dela enquanto ela ria.
– Espera ai, gente. – Lydia disse, com os olhos em um ponto distante. – Quem é aquela garota conversando com o Shawn?
Eu me virei e percebi que os seus olhos estavam parados no outro lado do corredor. Shawn estava apoiado no seu armário, enquanto uma garota conversava com ele. Ela tinha um sorriso enorme no rosto e usava uma saia um pouco curta, com uma cropped branca. Como se ela estivesse no shopping, e não na escola. Os seus cabelos eram de um tom quase loiro e ela não parava de mexer neles com os dedos, numa tentativa de chamar atenção.
– O que vocês três tão olhando? – a voz de Nash surgiu à minha esquerda, fazendo com que eu desviasse a atenção de Shawn.
– Nash, quem é aquela menina ali, que tá conversando com o Shawn? – eu perguntei de uma vez, percebendo que Lydia ainda não tinha tirado os olhos de lá.
Nash suspirou e olhou para a mesma direção, antes de arregalar os olhos e dizer, surpreso:
– Puta merda, não pode ser.
– O quê? – Melanie insistiu, encarando-o com expectativa. – Quem é, Nash?
– É a Kimberly. – ele disse, se virando para nós, ainda boquiaberto. – A ex-namorada do Shawn.
– Ex-namorada? – Lydia disse, engolindo em seco.
Eu e Melanie nos entreolhamos antes de encará-la. Lydia respirou fundo e forçou um sorriso, que não me enganaria nem em um milhão de anos, enquanto Nash mudava de assunto como se a situação não fosse nem um pouco chocante. Ele obviamente ainda achava que Lydia era apaixonada por Gilinsky, o que não fazia sentido nenhum, mas eu não achava que aquele era o melhor momento para lhe contar a verdade.
– Eu preciso ir pra aula. – ela disse, antes de desaparecer na direção do gramado.
– É... Eu também. – eu menti, correndo atrás dela.
Lydia parou debaixo da sua arquibancada usual e eu me joguei ao seu lado. Ela ficou encarando a grama por alguns minutos e eu não disse nada, até ela virar o rosto e me encarar com os olhos tristes.
– Por que essas merdas só acontecem comigo? – ela resmungou.
– Lyd... – eu suspirei. – Você tá exagerando. E dai que a ex-namorada dele voltou? Como você acha que ele se sentiu quando a mesma coisa aconteceu com você?
– O Sam nunca foi o meu namorado. – ela deu de ombros.
– É, vocês nunca assumiram. – eu revirei os olhos. – O Shawn também deve ter sentido exatamente o que você sente agora, mas tem uma diferença enorme: você nem sabe se ele ainda gosta dela.
– Você viu o jeito que aquela garota tava se jogando pra cima dele? – ela disse, sacudindo a cabeça. – Ele deve gostar dela.
– Larga de ser idiota. – eu lhe dei um soco no ombro. – Você nem conseguia ver a cara dele, Lydia. Pelo amor de Deus.
– A culpa é toda minha. – ela sorriu, antes de se deitar na grama. – Fui eu que compliquei as coisas, não é?
– Para de jogar a culpa toda pra você ou eu juro que te espanco. – eu disse, arqueando as sobrancelhas.
– Tá. – ela riu. – Chega de falar disso, então. Agora... Já desistiu de ficar se escondendo do Cameron?
Eu respirei fundo e usei todas as minhas habilidades como atriz para dar de ombros e fingir que aquela pergunta não me incomodava de modo algum. Não era como se eu não quisesse contar o que tinha acontecido para Lydia, mas eu não queria ser bombardeada de perguntas como da outra vez. A pressão ia estragar tudo o que eu estava tentando construir com ele, e eu queria nos privar daquilo do melhor jeito possível.
– Eu vou voltar a passar um tempo com vocês. – eu disse. – Não aguentava mais ficar nessa escola só com o Jake. Vocês são muito mais divertidos.
Quando a última aula antes do almoço terminou, eu corri para o meu armário e comecei a guardar os meus livros de História de qualquer jeito. A minha ideia era ir direto para o refeitório e me sentar na mesa com os meus amigos, pela primeira vez desde que toda aquela história tinha acontecido. Porém, quando eu estava prestes a deixar o corredor, senti alguém segurar o meu ombro. Me virei e dei de cara com Jake, o que fez com que eu revirasse os olhos.
– Oi, Jake. – eu disse, forçando um sorriso.
– Dakota... – ele sorriu, enquanto eu alternava o peso de um pé para o outro, num ato que demonstrava a minha impaciência. – Você sumiu na festa.
– Ah, você sabe. – eu soltei uma risadinha. – Não queria atrapalhar você a Carmen.
– Sobre isso, você s...
– Jake. – eu o interrompi. – Você não precisa me explicar o motivo de estar com a maior puta da escola, é sério.
– Você não precisa falar assim dela. – ele respirou fundo.
– Eu não vou fingir simpatia pela garota que faz de tudo pra acabar com a minha vida. – eu arqueei uma sobrancelha. – E se você vai ficar defendendo ela, eu ia agradecer se saísse da minha frente. Eu tô com fome.
– Então é assim que você vai me tratar agora, só porque eu não te quis?
Eu não aguentei e comecei a gargalhar, enquanto ele me encarava com os braços cruzados. A minha vontade era de tirar uma foto daquele momento para que eu pudesse rir mais quando estivesse triste, mas aquilo tudo não valia o meu esforço.
– Continua pensando assim. – eu sorri, antes de virar de costas e ir em direção ao refeitório.
O meu coração pareceu explodir quando finalmente cheguei à nossa mesa, que estava barulhenta como sempre. Nash abriu um sorriso enorme quando viu que eu estava lá e fez espaço para que eu me sentasse entre ele e Matt. Percebi que o olhar de Cameron estava em mim durante todo o almoço, mas tentei não retribuí-lo ou eu ia começar a sorrir igual uma idiota.
Quando o sinal tocou, Matt me acompanhou até a sala, já que teríamos aula de teatro juntos.
– Você deixou de se esconder da gente agora? – ele perguntou, enquanto eu me sentava em uma das carteiras.
– Sim. – eu dei de ombros, com um sorrisinho. – Eu não queria mais perder o meu tempo só porque queria evitar o Cameron. Quer dizer, nós temos mais duas semanas de aula, então eu não quero desperdiçá-las.
– Graças a Deus, daqui a pouco nós vamos estar de férias. – Matt disse, animado. – Mas então, eu tenho o último jogo da temporada na sexta.
– Sério? – eu exclamei, animada. – Você vai ser titular?
– Aham. – ele sorriu sem mostrar os dentes. – E se a gente conseguir ganhar, o campeonato é nosso.
– Caralho, Matt! – eu sorri também. – Eu vou estar nas arquibancadas pra te dar apoio moral, mesmo que eu ainda não saiba bosta nenhuma sobre futebol americano.
– Já é bom o suficiente.
– E ai, vai ter uma festa depois? – eu arqueei as sobrancelhas, enquanto o professor entrava na sala.
– Não na minha casa. Você não tem noção do que foi limpar tudo aquilo depois da última vez. – ele riu. – Mas os caras provavelmente vão fazer alguma coisa e todo mundo vai acabar indo pra lá, como sempre.
Eu estava voltando para o meu armário com os livros de matemática nas mãos, depois do último período do dia. Antes que eu pudesse chegar até lá, senti alguém segurar o meu braço com força e os meus livros caíram no chão com um estrondo. O corredor estava barulhento e lotado por ser o último período, então ninguém pareceu notar quando eu desapareci atrás de uma porta.
– Cameron! – eu exclamei, quando as minhas costas foram de encontro à várias vassouras. – Sério? De novo?
– Ah, você que quis manter esse segredinho de novo. – ele disse e eu pude sentir a sua respiração bater no meu rosto por conta da nossa proximidade. – Então, como foi o seu dia?
– Relativamente bom, considerando que estamos numa segunda-feira.
– Por que você não olhou na minha cara no almoço? – ele disse. – Desculpa, eu precisava perguntar.
– Porque todo mundo ainda acha que eu estou te evitando, e manter contato visual não ajudaria nem um pouco com as impressões. – eu soltei uma risadinha.
– Ah, faz sentido. – ele resmungou, enquanto uma de suas mãos ia até a minha cintura e me puxava mais para perto. – Agora... Você sabia que vai ter um jogo na sexta?
– É, me contaram. – eu arqueei as sobrancelhas. – Você vai?
– Parece mesmo que a gente tá revivendo tudo, não é? – ele disse, contra a pele exposta do meu pescoço. Eu brinquei com o seu cabelo, enquanto Cameron chegava ainda mais perto.
– É, mas dessa vez vamos fazer tudo certo.
Lydia’s POV
Só na segunda-feira eu consegui matar quase todos os tempos de aula, e tive que fazer um esforço enorme para me sentar na mesa do almoço. Eu tentei evitar o olhar de Shawn, pois só encarar o seu rosto fazia com que eu me lembrasse daquela loira que estava se jogando pra cima dele.
Na terça, a minha intenção era de chegar atrasada de propósito, assim o professor não me deixaria entrar na aula de História. Quando eu estava prestes a me esconder no banheiro, porém, um inspetor me deu uma advertência e me obrigou a entrar na sala cinco minutos antes do planejado. Eu respirei fundo e encontrei um lugar vazio na última fileira, longe de onde Shawn geralmente sentava.
Percebi que ele pareceu um pouco confuso quando eu não me sentei perto dele, mas eu tentei ignorar os seus olhares pelo resto da aula. Quando já tinham se passado dolorosos 15 minutos, a porta foi aberta e eu continuei desenhando no meu caderno, desinteressada, até ouvir a voz do professor.
– Ah, você é a aluna nova? – ele disse, fazendo com que eu levantasse o olhar. – Kimberly Scott?
– Eu mesma. – a voz fina dela soou, antes do barulho dos seus pequenos saltos ecoarem pela sala de aula.
Eu a segui com o olhar e vi que ela se sentou exatamente na carteira atrás de Shawn, com o maior sorriso no rosto. Ela o cutucou e ele acabou se virando, e antes de voltar para a frente, os nossos olhares se encontraram. Eu desviei o olhar quase que imediatamente e voltei a atenção para o meu caderno, controlando a vontade de dar um soco na cara daquela garota.
Quando o sinal bateu, eu me levantei imediatamente e saí quase que correndo daquela sala. Guardei os meus livros de qualquer jeito no armário e o fechei com força, antes de me virar e dar de cara com Jack.
– Você tá bem? – ele perguntou, franzindo a testa.
– Eu? – eu respirei fundo. – Eu estou ótima!
– Aula chata?
– Dia chato. Vida chata. – eu fechei os olhos e tentei pensar direito. – Desculpa, é só que eu fiquei estressada com algumas coisas. Amanhã tem prova de Física e eu não sei nada.
– Você quer ajuda? – Jack sorriu.
– Você sabe Física? – eu encarei-o com uma expressão confusa, enquanto ele parecia ofendido.
– É, eu acho fácil. – ele deu de ombros. – Você vai querer a minha ajuda ou não?
– Tudo bem. – eu abri um sorriso. – Nós temos aula de Educação Física e eu realmente não estou afim de ficar suada, então que tal estudarmos agora?
– Vamos lá. – ele esticou o braço como se estivéssemos casados e eu aceitei, enquanto nos dirigíamos até a biblioteca.
Kimberly’s POV
Assim que entrei na sala, avistei o par de olhos pelos quais eu era apaixonada. Abri um sorriso ainda maior quando percebi que havia uma carteira vazia atrás de Shawn e fui logo me sentar naquele lugar. Cutuquei o seu ombro e ele se virou com uma expressão de tédio, enquanto eu me apoiava na mesa e pensava no que dizer.
Os seus olhos mudaram de direção e eu segui o seu olhar, percebendo que ele encarava uma garota que estava na última fileira. Ela abaixou a cabeça e começou a escrever alguma coisa no seu caderno, ao mesmo tempo em que o professor voltava a matéria. Shawn começou a prestar atenção e não se virou nenhuma vez, nem ao menos respondeu os bilhetinhos que eu tinha lhe passado durante a aula inteira.
O sinal bateu e eu respirei fundo antes de sair andando atrás de Shawn. Alcancei-o no final do corredor, quando ele estava guardando os seus livros no armário.
– Eu não lembrava que aquele professor era tão chato. – eu comentei e Shawn apenas soltou uma risadinha. – Pelo jeito muita coisa mudou por aqui.
– É, muitas coisas mudaram. – ele disse, com um sorrisinho.
– Você tá indo pro refeitório? – eu perguntei, seguindo-o enquanto ele andava na direção contrária.
– Não, na verdade eu vou pro banheiro. – Shawn disse, arqueando as sobrancelhas. – Masculino.
– Ah... Tá. – eu disse, abrindo um sorriso. – Te vejo depois, então.
Shawn acenou com a cabeça e entrou no banheiro, fazendo com que eu soltasse um suspiro. Fui até o meu armário e guardei os meus livros numa tentativa de deixar tudo arrumado, enquanto pensava no que iria fazer enquanto Shawn não me chamava para sair de uma vez.
– Ei. – uma voz feminina soou do meu lado esquerdo, fazendo com que eu me virasse.
Três garotas estavam na minha frente, com sorrisos amigáveis. A que tinha falado comigo tinha cabelos castanhos e estava com uma legging preta e uma blusa com um decote em V, enquanto a garota do seu lado era ruiva e usava praticamente as mesmas roupas. A outra era loira e usava uma regata por baixo de uma jaqueta que provavelmente era de um garoto, e as três me observavam de cima a baixo.
– Oi. – eu disse, me apoiando no meu armário.
– Você é nova aqui, não é? – a morena sorriu. – Eu não lembro de te ver por aqui.
– Eu acabei de voltar, mas eu estudava aqui antes. – eu dei de ombros. – Meu nome é Kimberly.
– Que nome lindo, Kim. – a ruiva disse, com um sorriso.
– Meu nome é Lottie. – a morena disse, arqueando as sobrancelhas.
– E eu sou a Carmen. – a loira disse. – Vem, vamos almoçar juntas.
Eu dei de ombros e fui com elas até o refeitório e nós nos sentamos em uma mesa no centro, enquanto eu passava os olhos pelo local. Pude ver Shawn entrando com um garoto loiro que eu já tinha visto algumas vezes na escola, e, se eu não estava enganada, o seu nome era Matthew. Eu esperava que ele me procurasse por lá, mas os seus olhos foram diretamente para a mesa barulhenta onde ele se sentou. Percebi que a garota que ele encarara na sala de aula também estava lá, e aquilo fez com que eu ficasse irritada.
– Gente... – eu disse, chamando a atenção das meninas. – Quem é aquela garota de blusa azul, sentada naquela mesa?
– Ah. – Carmen resmungou, revirando os olhos. – É a irmã da Lottie. O nome dela é Lydia.
– Por quê? – Lottie perguntou, se apoiando na mesa. – Você tem alguma coisa contra ela?
– Ah, não, nada. – eu disse, dando de ombros. – Só queria saber quem ela era.
– Você pode falar mal dela a vontade. – Lottie riu. – Nós duas nos odiamos, e eu sei todos os podres daquela garota.
– Anda logo, desembucha. – Carmen disse.
– É que o meu ex-namorado fica encarando ela. – eu disse de uma vez, me sentindo uma idiota.
– Quem é o seu ex? – Lottie franziu a testa.
– O Shawn.
As três arregalaram os olhos e se encararam por alguns momentos, antes de abrirem um sorriso e olharem para mim com expectativa.
– Kimberly, você quer ele de volta? – Carmen perguntou, com as sobrancelhas arqueadas.
– Mas é claro que sim. – eu disse.
– Nós podemos te ajudar, e, desse jeito, você vai estar ajudando a gente também. – Lottie disse, com um sorriso malicioso. – Você chegou na hora certa, Kim.
Melanie’s POV
Eu estava guardando os meus livros no armário depois do último perído na terça-feira, quando senti alguém se aproximar por trás de mim. Um par de mãos foi até os meus olhos e eu abri um sorriso involuntário, antes de dizer:
– Eu reconheceria o seu perfume em qualquer lugar, Nash.
Ele soltou uma risadinha e eu me virei, encarando os seus olhos azuis.
– Sério? – ele arqueou as sobrancelhas, assim que eu cruzei os braços e sorri para ele.
– É claro. – eu ri. – Eu consigo sentir ele na minha casa inteira.
– Ah, quando o cheiro sair, é só me chamar que eu conserto. – Nash sorriu e se inclinou para me dar um selinho.
– Eu quero te contar uma coisa. – eu disse, com um sorriso de expectativa. Ele arqueou as sobrancelhas e ficou me encarando enquanto eu enrolava para falar de uma vez. – Eu andei pensando no que você sempre me diz, sobre desperdiçar a minha sorte de ter a casa só pra mim e tudo mais...
– E...? – Nash começou a me sacudir e eu dei risada, logo em seguida respirando fundo.
– Eu quero dar uma festa.
– Na moral? – ele disse, animado.
– Mas eu vou precisar da sua ajuda. – eu apontei o dedo indicador no seu rosto. – Sabe, eu nunca dei uma festa antes.
– Sem problemas, Mel. – Nash passou um dos braços por trás do meu ombro e nós começamos a andar pelo corredor. – Pode ser nesse sábado?
– Por que não sexta?
– Tem o último jogo da temporada, e todo mundo vai ver o Matt jogando. – ele disse e eu concordei. – Você quer ir comigo?
– Eu adoro futebol americano. Pode ser. – eu sorri.
– Você gosta de futebol americano? – Nash franziu a testa e eu dei de ombros.
– Os meus tios eram meio... fanáticos.
– Faz sentido. – ele riu.
– Eu tô morrendo de fome. – eu resmunguei. – A gente podia sair pra comer, né? Nem que seja um Mc Donald’s.
– Agora? – ele perguntou e eu assenti. – Droga, Mel. Eu tenho detenção, por causa da nojenta da professora de Biologia.
– Ainda essa história? – eu disse, sem segurar a minha risada. – Não tem problema, Nash. Eu passo no drive-thru.
– Não, deixa quieto. – ele abriu um sorrisinho malicioso. – Eu posso matar a detenção.
– Você vai pegar mais ainda, Nash. – eu lhe lancei um olhar de advertência. – Não vou deixar você passar por essa tortura só porque eu to com desejo de fast food.
– Mel, nós temos mais duas semanas de aula. – ele deu de ombros. – Não existe mais tempo pra eu receber outras detenções.
Eu ia protestar mais uma vez, mas, antes que eu pudesse sequer abrir a boca, Nash já tinha me arrastado até o estacionamento.
Dakota’s POV
Sexta-feira
Depois de terminar a primeira semana de provas, todos os alunos da escola pareciam mais aliviados. Ainda tínhamos dois dias antes de nos preocuparmos com as provas seguintes, e, depois de todo aquele sufoco, finalmente teríamos as nossas esperadas férias de verão.
Como praticamente todas as escolas americanas, o futebol era extremamente incentivado. Todos os alunos ficavam animados com os jogos, mesmo que não gostassem do esporte. Esse seria o último jogo da temporada e, consequentemente, o último jogo antes das férias, então todos estavam animados.
Eu vesti uma legging e uma regata azul, com os meus vans nos pés, é claro. Desci as escadas e encontrei Taylor com a sua habitual bandana e uma roupa nem um pouco chamativa, o que com certeza fez com que eu ficasse impressionada.
– O que aconteceu com as suas camisetas tie-dye? – eu perguntei, enquanto entrávamos no carro.
– Tô guardando elas pra todas as... aventuras que teremos no verão. – ele sorriu, antes de virar o rosto na direção do trânsito.
– Aventuras? – eu arqueei as sobrancelhas. – Taylor, por que eu sinto que tem algo que você não tá me contando?
– Desculpa, mas os garotos me fizeram jurar que você e as gurias só vão ficar sabendo no dia 1°. – ele continuou, com um sorrisinho, mas ainda sem olhar pra mim.
– No último dia de aula? – eu resmunguei. – Falta uma semana, Taylor. Eu vou morrer de curiosidade.
– Essa é a intenção. – ele riu e eu lhe dei um soco no ombro.
As arquibancadas estavam lotadas, e assim que chegamos no gramado, eu perdi Taylor de vista. Respirei fundo e comecei a passar os olhos pela multidão, até encontrar um rosto conhecido. Andei com dificuldade no meio das pessoas e finalmente consegui chegar até um dos bancos mais altos, onde os Jacks e Lydia estavam sentados.
– Olha quem decidiu aparecer! – Johnson exclamou, enquanto eu me sentava do seu lado.
– Nem vem tentar dar uma de amiguinho agora. – eu disse, fazendo com que ele franzisse a testa. – Eu não esqueci o que você fez na sua casa.
– O que ele fez que eu estou perdida? – Lydia perguntou, confusa.
– Ele tentou me derrubar na piscina. – eu menti.
Lydia e Gilinsky começaram a rir, enquanto Johnson me encarava com as sobrancelhas arqueadas. Eu sorri e tentei não estragar tudo, ao mesmo tempo em que as luzes do gramado eram acendidas e as líderes de torcida entravam.
– Você tá zoando com a minha cara. – Lydia disse, soltando uma gargalhada.
– O quê? – eu e os Jacks perguntamos em uníssono.
– Me diz que aquela última líder de torcida ali não é a ex-namorada do Shawn. – ela disse.
Eu me inclinei e forcei a visão para ter uma perspectiva melhor, e não foi difícil reconhecer a mesma garota que eu tinha visto correndo atrás de Shawn durante a semana inteira. Sem conseguir me controlar, eu soltei uma risada e fingi que estava prestes a vomitar.
– Ah... A Kimberly. – Johnson disse, rindo. – Vocês não sabiam?
– Não. – eu e Lydia dissemos juntas.
– Eu vi ela almoçando com a Lottie e as amiguinhas dela essa semana. – Gilinsky deu de ombros, enquanto eu e Lydia revirávamos os olhos.
– Ótimo. – Lydia disse. – Mais uma pro esquadrão de vagabundas.
Os Jacks começaram a rir e ficaram nos zoando até o jogo realmente começar e eu dar um soco em Johnson para que ele ficasse quieto, fazendo com que ele se inclinasse e sussurrasse no meu ouvido:
– Você realmente acha que eu não sei o que tá acontecendo entre você e o Cameron?
Eu senti o meu coração acelerar e finquei as minhas unhas no seu braço, sem tirar os olhos do campo. Ele apenas riu e voltou a atenção para o jogo, enquanto eu tinha vontade de socar o seu lindo rosto.
O jogo acabou e a arquibancada explodiu em vivas e gritos, o que obviamente significava que nós tínhamos ganho o campeonato. Olhei para os lados e arregalei os olhos ao ver que Gilinsky tinha Lydia no seu colo, correndo até o meio do campo. Eu e Johnson nos entreolhamos e começamos a rir antes de descermos atrás dos dois, encontrando Matt no meio do campo.
– Parabéns! – eu disse, correndo para abraçá-lo.
Matt abriu um sorriso cansado e me abraçou com força, fazendo com que meus pés deixassem de tocar o chão enquanto ele me girava. Quando eu voltei para o chão, nós dois ainda não tínhamos parado de sorrir.
– Então, pra onde vamos? – eu perguntei, arqueando as sobrancelhas.
– O Mike chamou todo mundo pra ir pra casa dele. – Matt deu de ombros. – Quer carona?
– Mas é claro. – eu ri.
Fomos até o seu carro e durante todo o caminho eu não consegui parar de rir. Ele estacionou a uma rua de distância da casa do tal de Mike, que eu tinha quase certeza que tinha ido conosco para o acampamento, e nós andamos até lá dançando ao som da música alta que saía da casa.
– Um shot pro herói do jogo. – eu disse, lhe entregando o copinho que eu tinha acabado de encher de vodka.
– Muito obrigado. – Matt disse, antes de virá-lo de uma vez. – Agora... Que tal um shot pra melhor atriz de todas, que finge que entendeu o jogo inteiro?
– É justo. – eu disse, rindo. Peguei o copinho da sua mão e virei o líquido com um sorriso no rosto.
Matt pegou a minha mão e me arrastou até onde as pessoas estavam, e nós ficamos dançando por um bom tempo, enquanto nos entupíamos de álcool. Depois de quase duas horas, eu fiz sinal que iria ao banheiro. A verdade é que eu precisava checar a minha aparência, que eu tinha quase certeza de que estava um lixo. Eu abri a porta e cambaleei até a pia, antes de me virar para fechá-la. O único problema era que havia alguém no meu caminho.
– Ah, oi. – eu disse, começando a rir enquanto Cameron fechava a porta atrás dele.
– Você fugiu de mim esse tempo inteiro. – ele disse, chegando mais perto.
– Não fugi, não. – eu disse. – Eu não te achei na arquibancada e o Matt me trouxe pra cá...
– Tá, tudo bem. – ele riu. – Mas o único lugar que eu consegui te achar sem que as pessoas nos vissem foi o banheiro. Isso é estranho.
– E nojento. – eu comecei a gargalhar.
– Você tá bêbada. – Cameron disse, passando a língua nos lábios enquanto tentava não rir.
– Mas é claro que não. – eu arqueei as sobrancelhas.
– É mesmo? Posso fazer o teste?
– Tanto faz. – eu dei de ombros, sem saber de que teste ele estava falando.
Cameron puxou a minha cintura com força e eu voei nos seus braços, antes da sua boca ir até a minha. As minhas costas foram de encontro à parede e, de alguma maneira, eu acabei desligando a luz. Ele me prensou ainda mais contra a superfície gelada enquanto eu brincava com os botões da sua camiseta, até o seu rosto ser afastado do meu. Eu franzi a testa e vi Cameron abrir um sorriso, antes de levar a boca até a minha orelha:
– O gosto de vodka é bem perceptível.
Eu comecei a gargalhar, sabendo que ele estava certo, enquanto ele começava a descer beijos pelo meu pescoço. Respirei fundo e mordi o meu lábio inferior, concluindo que Matt ia acabar ficando sozinho pelo resto da festa.
Lydia’s POV
Quando cheguei no jogo, acabei encontrando os Jacks no início das arquibancadas. Nós decidimos que iríamos sentar juntos, então encontramos um lugar e ficamos por ali. Dakota se juntou a nós e eu acabei descobrindo que Kimberly não somente era líder de torcida, mas também tinha virado amiga de Lottie e suas seguidoras.
Durante todo o jogo eu fiquei procurando por Shawn nas arquibancadas, mas não consegui reconhecer o seu rosto em lugar algum. Tentei desviar a minha atenção para qualquer outra coisa, mas a verdade era que eu não gostava nem um pouco de futebol americano. Quando a arquibancada explodiu em gritos, eu percebi que o jogo tinha acabado e tentei parecer tão animada quanto o resto da escola.
Eu estava mais uma vez procurando-o no meio da multidão, sem nem perceber o que estava fazendo, até senti um par de mãos em mim. Levei um susto e senti o meu corpo ser levantado do chão enquanto Gilinsky me colocava nos seus ombros, o que acabou contribuindo com o que eu estava fazendo. Consegui reconhecer as suas costas numa camiseta branca, do outro lado da arquibancada, descendo de algum lugar com Nash e Melanie. Abri um sorriso involuntário, até perceber uma loira em roupas de líder de torcida correndo até ele.
– Gilinsky! – eu exclamei, desviando a minha atenção daquela cena. – Que merda você tá fazendo?
– A gente ganhou, porra! – ele começou a gritar, antes de sair correndo até o gramado.
Sem conseguir me controlar, eu soltei um grito quando ele desceu as arquibancadas correndo. A chance de nós dois cairmos com tudo no chão era extremamente grande, mas ele conseguiu chegar até o gramado em segurança. Suas mãos seguravam as minhas coxas e eu tinha as minhas fincadas nos seus braços, com medo de cair de qualquer maneira. Eu sentia que a escola inteira estava nos encarando, mas eu não me importei.
– Você vai me por no chão agora ou eu vou ficar de castigo pra sempre? – eu perguntei, rindo.
– Vou pensar no seu caso. – Jack disse, antes de ficar de joelhos no chão e me ajudar a descer.
– Obrigada. – eu disse, fingindo estar lisonjeada. – Então, o que nós vamos fazer agora?
– Ah, os guris disseram que vão pra festa do Mike. – ele deu de ombros. – Tá afim?
– Não exatamente. – eu bufei. – Mas não é como se a gente tivesse outra opção, né?
– Você tá zoando com a minha cara? – ele riu. – Eu... Eu tenho uma ideia. Ela é meio louca, mas eu sempre quis fazer isso.
– Que ideia? – eu perguntei, com os olhos brilhando.
– E, você sabe, daqui a duas semanas eu me formo. Essa é literalmente a minha última chance de fazer isso.
– Anda logo, Jack, me fala!
Ele não disse nada, apenas segurou a minha mão e começou a correr. Eu tive que me esforçar para não cair no chão, já que aquele garoto parecia um corredor profissional e eu fugia de todas as aulas de Educação Física. Quando ele finalmente parou e eu tive uma chance de respirar, percebi que estávamos na porta dos fundos da escola. Jack abriu um sorriso e eu fiquei boquiaberta ao pensar no que estávamos prestes a fazer.
– Cadê o Jack? – uma voz surgiu perto de nós, e eu me virei rapidamente antes de perceber duas pessoas se aproximando. – Ah, ali.
– Vocês vieram? – Gilinsky exclamou, enquanto eu franzia a testa.
– Ah, mas é claro. – Johnson disse, chegando mais perto de modo que eu o reconhecesse. – A gente vem dizendo que vai fazer isso desde o primeiro ano.
– Hoje é o dia. – Sam disse.
Eu engoli em seco quando o seu olhar foi de encontro ao meu, mas não fraquejei a expressão. Nós não tínhamos nos falado desde a festa de Johnson, quando ele tinha ficado com a minha irmã. A minha ideia era de continuar ignorando-o, mas, pelo jeito, aquilo não iria dar certo.
– Bem, eu trouxe a Lydia. – Gilinsky deu de ombros. – Vamos?
Sam deu um passo a frente e foi até o cadeado que fechava as portas duplas, ergueu o alicate e conseguiu quebrar as correntes. Johnson abriu as portas e os três sorriram antes de adentrarmos os corredores escuros e vazios da escola.
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