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História Vas a Querer Volver - Chaverroni - Capítulo Único


Escrita por: AnnieV

Notas do Autor


Oii, espero que tenha alguém aí!!
Essa One foi escrita por mim há alguns anos, e ao achá-la no meu computador, decidi postar.
Espero que gostem!!!

Capítulo 1 - Capítulo Único


P.O.V. Maite Perroni

Já faz mais de dois anos que eu não encontro com o Christian. Mesmo que seja difícil evitar de ver seu rosto por aí, já que a carreira dele só cresceu desde que nos separamos, eu tinha conseguido pelo menos não vê-lo pessoalmente. Evitei festas de amigos em comum, locais em que costumávamos ir, encontros de atores da televisa, premiações. Se tivesse alguma chance de ele estar lá, eu não ia, sempre inventava uma desculpa. A imprensa começou a me apelidar de estrela reclusa, pois minhas aparições em público eram raras, mas eu não me importava. Eu precisei fazer isso para conseguir me proteger, para conseguir juntar todos os meus cacos em paz. Se eu o visse durante o processo, eu sei que quebraria de novo e o avanço de meses seria perdido. Tenho certeza disso porque sempre quando eu lembrava do nosso último encontro, meu coração doía.

 

Dezembro de 2017

Estúdios da Televisa, México

 

— Eu estou cansado de você, Maite.  cuspiu as palavras para mim.

— Eu que estou farta de você, Chávez! — gritei em resposta. Eu estava fora de mim.

Minha vontade era de partir para cima dele, apertar bem aquele pescoço com as minhas mãos... Mas eu não podia, estávamos no camarim dele, com apenas quatro paredes finas nos separando de um bando de jornalistas, fofoqueiros e fãs que estavam lá fora. Se eu fizesse isso, em dois minutos já estaria na Internet e seria uma vergonha.

Hoje ocorreria uma pequena premier da nova novela da televisa em que ele estava no elenco. Alice, a assistente pessoal do Christian, me avisou que ele tinha ido ao próprio camarim rapidamente antes que o evento começasse, então resolvi ir até lá para surpreendê-lo, não nos víamos há alguns meses porque estávamos gravando em estados diferentes. No fim, quem foi surpreendida fui eu ao encontrá-lo aos beijos com uma mulher. A garota, assim que me viu, saiu rapidamente da sala enquanto ele me encarava e limpava o canto dos lábios com a mão. No começo, foi possível perceber a surpresa em sua expressão, mas logo depois seu rosto ficou impassível, quaisquer resquícios de sentimentos ou pensamentos sumiram do seu rosto. Ele estava sério e apenas me encarava. Fechei a porta e comecei a pedir explicações, a gritar com ele, mas a única resposta que obtive é que ele estava farto de mim. 

Respirei fundo, encarrei aqueles olhos castanhos que eu tanto amava e segurei o choro. Não deixaria ele me vencer tão fácil.

 Christian, eu chego aqui e te pego aos beijos com uma mulher e é você que está farto de mim, é isso mesmo?  perguntei me controlando para não transparecer a tristeza que eu sentia.

 E o que tem de errado nisso? Já te disse que esse negócio de monogamia é complicado para mim. Você estava viajando, gravando, e eu estava carente, sozinho. Aquela morena estava louca para me deixar mais feliz e eu deixei.

 Parabéns.  comecei a bater palmas para ele e abri um sorriso irônico.  Você acabou de repetir o discurso machista mais usado desde a pré-história. Homens e suas necessidades sempre estarão acima da fidelidade, claro. Você acha que só você tem necessidades, Christian? Que só você, anjo querubim, tem desejos?

 Eu satisfaço muito bem suas necessidades, nem me venha com essa. Já você...

— Eu não te satisfaço, Christian? É isso mesmo que eu ouvi? — cruzei os meus braços para tentar evitar que eles fossem de encontro ao rosto daquele imbecil.

— Não estou dizendo que você é ruim de cama, mas é inexperiente. Eu preciso de mais, preciso complementar a nossa relação.

— Eu sempre soube que você era um grande babaca, Christian, mas não pensei que pudesse ir tão baixo. Se é assim, por que você me namorava então? Fica solteiro, porra, assim você pode ficar com uma garota diferente todo dia. Eu... eu não quero mais servir de namorada troféu de ninguém, procure outra idiota para esse lugar.

Ele gargalhou ao me ouvir, mas não entendi muito bem o porquê. Eu não esperava que ele começasse a chorar, mas gargalhar era totalmente inesperado.

 Qual é, Maite? Você tem certeza que vai fazer isso? Você tem se apoiado em mim para alavancar sua carreira desde o início. Sem mim, você não é nada. E não pense que o William vai te dar a visibilidade que eu te dou, ele é apenas um outro idiota. Aliás, ninguém ficará do lado de vocês porque ele tem uma esposa. Você será apenas uma destruidora de lares.

Dessa vez, eu não consegui me segurar e deixei que algumas lágrimas escapassem. Sério que ele estava dizendo algo assim? Não era segredo para ninguém que ele era mais famoso que eu, mas eu nunca o usei para me promover. Eu o amava, amava tanto que chegava a doer.

Abaixei o meu rosto para esconder as lágrimas e enxuguei-o com a manga da minha blusa em seguida. De relance, eu vi um largo sorriso estampado no rosto dele.

 Chorando, Maite? Que novidade! — sua voz estava repleta de ironia.  Deixa de ser fraca, garota! Você me dá pena.

Ao ouvi-lo, minha vontade de chorar só aumentou. 

 Se eu sou tão ruim assim, por que você está comigo então? Se é para manter as aparências, poderia ter escolhido alguém bem melhor.  perguntei com a voz falha ainda chorando.

 Simples, namorar com você elevaria a audiência daquela nossa novela. Mas, agora que ela acabou, eu só continuei por pena. Você me dá repúdio, é uma menina fraca e sem talento, não tem nada de especial. Você é tão comum, em qualquer esquina acho uma garota igualzinha a você, tanto em aparência como em personalidade e talento.  ele aproximou-se e pegou no meu queixo, forçando-me a encará-lo.  Deixe eu te contar uma coisa: Amor não existe, e se existisse, acho difícil alguém conseguir amar uma garota como você.

Eu me soltei das suas mãos imundas e saí correndo daquela sala. Não me importei que vissem meu estado, eu só queria sair daquele lugar.

 

Março, 2020

Cidade de México

 

Eu não lembrava mais tanto dele como lembrei um dia. Tinha me desintoxicado, estava livre dele. Porém, eu possivelmente o veria pela primeira vez depois de tanto tempo. Haveria uma premiação e eu estava indicada em quatro categorias. Eu queria muito ir, receber meus prêmios pessoalmente, estava cansada de limitar a minha vida por causa dele. Então, eu decidi que iria enfrentá-lo, iria colocar a prova se eu realmente tinha me curado.

Confesso que me arrumei mais do que o normal para aquele evento, queria que aquele idiota visse como "a garota sem talento e comum" estava agora sem ele. Queria que ele babasse por mim, que visse o que ele perdeu. Queria jogar na cara dele os vários prêmios que ganhei após o nosso namoro, provando que eu não precisava dele para nada. Eu era uma ótima atriz sim! E, atualmente, uma das mais requisitadas do México. Ele teria que me engolir essa noite e mais muitas outras. Eu não teria mais medo dele, eu não deixaria mais que ele me dominasse. 

Assim que cheguei ao evento, passei pelo tapete vermelho e encarei os vários flashs que quase me deixaram cega. Como eu estava frequentando bem menos aquele tipo de evento, estava um pouco desacostumada com aquelas luzes e com aquela dinâmica. Falei com alguns fãs, dei alguns autógrafos e depois entrei. Eu tinha chegado quase na hora que estava marcada para começar, não fazia tanto sentido chegar antes disso. No caminho até o meu lugar, cumprimentei alguns colegas de trabalho e sorri para todos. Desde a minha relação com o Christian, eu confiava cada vez menos nos outros atores e em suas intenções, era difícil saber quem realmente gostava de você e quem não gostava. Sentei e notei que eu não era única a chegar tecnicamente atrasada, dois lugares ao meu lado estavam vazios. 

As luzes da plateia se apagaram e algumas luzes de apoio do palco ligaram. É, já ia começar.

Meu primeiro prêmio não demorou a vir, foi o terceiro prêmio da noite. Era para eu ter ficado feliz com aquilo, mas ao ver que era o Christian que iria me entregar aquele prêmio, o meu corpo gelou. Só podia ser gozação do destino! Eu não devia ter mais medo dele, pensei que não tinha mais, mas o meu corpo logo gritou o contrário quando o viu. Meu corpo ficou completamente tenso, eu precisaria de uma bela massagem depois dali. Mesmo que eu quisesse fugir, levantei e abri um largo sorriso. Agora era o momento de provar se eu tinha conseguido superá-lo ou não. Caminhei até o palco olhando sempre para os lados, não queria olhar para o palco e vê-lo, não queria ver para onde eu estava indo. Eu estava tão fora de mim que fiquei com medo de tropeçar e cair no caminho até o palco. Minhas pernas tremiam muito, mas o vestido longo disfarçava um pouco.

Respirei fundo durante todo o caminho, não poderia transparecer o que eu sentia. Eu era uma ótima atriz, precisava me utilizar disso.

Christian me recepcionou com um belo sorriso, o qual retribui por estarmos em frente às câmeras. Ele me abraçou por não mais que dois segundos, o que foi o suficiente para sentir o seu perfume e comprovar que era o mesmo daquela época. Diferente dele, eu não usava mais o mesmo perfume que costumava usar, acabei me sentido enojada daquele aroma por ele me lembrar ao Christian. Ele me entregou o prêmio e depois bateu palmas para mim enquanto se afastava e me dava passagem para que eu agradecesse ao prêmio no microfone. Mesmo um pouco tonta com toda a situação, agradeci à minha família e aos meus fãs rapidamente, minha cabeça não conseguiu elaborar um discurso muito longo. Tudo parecia estar em câmera lenta ao meu redor, estava um pouco difícil de pensar.

Assim que eu terminei, Christian estendeu o braço para que eu o acompanhasse para sair do palco. Eu hesitei, mas depois segurei em seu braço, seria estranho recusá-lo, isso traria muitas fofocas desnecessárias. Assim que já estávamos fora do alcance das câmeras, separei-me dele e segui o meu caminho.

— Maite! — ele chamou, mas eu ignorei e continuei andando. — Espera, por favor. Eu preciso falar contigo.

Continuei andando e o ignorando, até que senti a sua mão no meu braço. Virei-me para encará-lo e antes que eu mandasse ele me soltar, ele começou a falar:

— Olha, Maite, me desculpa por tudo. Me desculpa pelas coisas que eu fiz e falei, não era minha intenção.

— Tenho certeza de que não era mesmo. — respondi irônica.

— Maite, quando você foi embora, eu percebi o quanto eu te amava. Eu era um moleque, eu sei que te machuquei, mas eu quero reparar isso, quero começar de novo com você. Você poderia me perdoar, meu amor?

— Não me chame de meu amor. E tire suas mãos imundas de mim agora se não eu grito.

Ele me soltou e continuou me encarando. Eu podia ter ido embora naquele momento, mas continuei ali, eu queria vê-lo me pedir desculpas de joelho.

— Tudo bem... Eu sei que nunca te mereci... Mas eu estou aqui admitindo que errei e pedindo uma nova chance para nós, eu mudei.

— Saber que errou é fácil, pedir desculpas também, mas devolver as noites que eu passei chorando por você não. Qual é o jogo dessa vez, Christian? Apostou com algum dos seus amigos idiotas que conseguiria me enganar de novo?

— Eu não apostei com ninguém, Maite, acredite eu mim. Eu senti muito a sua falta nesses últimos anos. Você pensa que eu não percebi que você só vem aos eventos quando eu não vou? Você me evita porque ainda sente algo por mim. — disse ele aproximando-se de mim.

Meu corpo congelou novamente, eu estava com medo. A fala, os olhos e todo o resto do Christian sempre me seduziram e me envolveram bastante, acho que foi assim que ele conseguiu me envolver por tanto tempo. Mantive minha pose de durona e continuei a encará-lo com a cabeça erguida. Ele podia mexer comigo, mas eu não deixaria que ele soubesse.

— Claro que sim, Christian querido... Sinto nojo, raiva e todos os outros sentimentos desse naipe.

— Por que eu não consigo acreditar em você? — disse ele, aproximando-se cada vez mais.

— Aí eu não sei, o único de nós aqui que costuma mentir é você.

Ele parou e afastou-se em seguida, acho que dessa vez ele entendeu que eu não estava brincando. Ele abaixou a cabeça, o que eu estranhei já que nunca o tinha visto assim... Mas eu não iria ceder, eu sabia como Christian podia ser muito bom em mentir.

— Olha, Maite, eu sinto muito, tá? Eu não posso voltar no tempo e apagar tudo que eu fiz. Se eu pudesse, eu faria, mas não posso. Eu estou aqui te pedindo perdão, se você não quiser perdoar eu entendo...

— Se você não entendeu ainda, eu não vou te perdoar. Não é assim... Faz merda e depois pede perdão e fica tudo bem. Nem se fosse apenas pelos chifres que você me deu eu perdoaria. Acho que é bom você parar de perder o meu tempo e o seu. Eu já vou... — eu disse já me virando para sair, mas ele me chamou novamente e eu parei.

— Maite, me desculpa se estou te fazendo perder tempo. Mas, tudo o que eu faço longe de você parece uma perda de tempo. Sem você, as coisas não têm parecido certas, não estão completas.

— Belo verso para uma canção, por que você não o usa?

— Eu estou falando sério.

— Eu também.

— Eu vou deixar você ir. Se é isso que você quer, tudo bem então.

— Ótimo. Obrigada por fazer o mínimo.

Saí e nem olhei para trás. Voltei ao meu lugar e sentei. Não demorou nem trinta segundos e Christian já estava sentando ao meu lado.

— Mas que porra é essa? — perguntei me virando para ele.

— Colocaram a gente um do lado do outro, só isso. — disse ele calmamente.

— E você não tem nada a ver com isso, né?

— Não vou mentir, tenho sim.

— Babaca. — eu murmurrei segurando um sorriso que queria se formar no meu rosto e voltei minhas atenções para o palco novamente.

Eu sentia o olhar dele em cima de mim, mas apenas ignorei. Não irei mentir, eu estava adorando aquilo, sentir que talvez ele estivesse sofrendo por mim era muito bom, vê-lo pedindo o meu perdão então? Era perfeito. Eu me sentia por cima novamente. Mas aquilo também me deixava receosa, eu ainda sentia um frio na barriga quando o Christian estava comigo, quando me tocava. Era perigoso tê-lo tão perto. Não é como se eu gostasse dele ainda, mas aparentemente, eu ainda me sentia atraída por ele, por seu olhar, por sua voz. Eu nunca poderia deixá-lo perceber isso.

Ganhei mais outros dois prêmios na noite e Christian ganhou uns quatro. Depois de entregues todos os prêmios, eu fugi para ir embora, não queria ir para alguma festinha e nem socializar com os outros artistas. Eu queria apenas ir para o hotel, deitar e dormir. Liguei para a minha assistente e pedi que ele mandasse logo o motorista.

— Oi, meu amor.

Dei um pulo com o susto que aquela voz me deu. Quase dei-lhe um tapa, mas, por fim, apenas o empurrei. Eu fiquei arrepiada ao sentir aquela voz tão mansinha no meu ouvido. Quando olhei para ele, o idiota sorria.

— Qual é a tua, Christian? Quer me matar de susto? E que negócio é esse de "meu amor"? Se manca, cara.

— Calma. — disse ele rindo. — Só quero deixar claro que eu não desisto das coisas tão fácil assim.

— Uma pena para você, pois está só perdendo tempo.

— Buscar o amor nunca é uma perda de tempo.

— Que estranho, Christian, não foi você que me disse que o amor não existe?

— Eu estava enganado.

O meu motorista finalmente chegou e eu nem me dei ao trabalho de me despedir do Christian, apenas entrei no carro e mandei o cara seguir para o hotel em que eu estava hospedada. Não olhei para trás, recusei-me a olhá-lo novamente. Era isso, enfim estava livre dele por mais alguns meses. Acho que hoje foi o primeiro passo para que enfim eu possa assumir o controle da minha vida, sem deixar com que ele me atrapalhe mais. Ainda foi ruim vê-lo hoje, um misto de sensações, mas era o começo do fim.

Cheguei ao hotel e entrei pela porta dos fundos para fugir de qualquer paparrazo que pudesse estar pelo local. Entrei no meu quarto e fui direto tomar banho. Em seguida, preparei-me para dormir, uma boa noite de sono ajudaria a acalmar os meus ânimos. Christian não tiraria mais minhas noites de sono, eu não deixaria.

Já estava quase pegando no sono quando a campainha do meu quarto tocou. Decidi ignorar, mas ela tocou de novo e de novo. Levantei para abrir a porta e mandar quem quer que fosse para o inferno, mas o que eu vi me tirou mais ainda do sério. Lá estava ele, a assombração da minha vida, com um buquê de flores em mãos e um sorriso bobo nos lábios. Será que vou ter que pedir uma ordem de restrição contra esse idiota?

— Você só pode estar de zoação... Some da minha vida, me deixa em paz! — gritei tentando fechar a porta na cara dele, mas ele não deixou. Christian colocou o seu pé para impedir que a porta fechasse e a segurou. — Você sabe o quanto isso está sendo estranho? Isso se chama perseguição, eu posso te denunciar.

— Boa noite para você também. — disse ele sorrindo, o que me deixou com mais raiva ainda.

Diferente dos outros sorrisos que ele me lançou no dia, aquele sorriso era sínico, sínico como todos os sorrisos que ele soltou no dia que terminamos. Aquilo só fez o meu sangue ferver ainda mais. Aquele dia parecia que não tinha fim.

— Vai embora! — gritei.

— Para de gritar, vai acordar todos os outros quartos.

— Eu não ligo, só quero que você suma daqui.

— Pensei que você não gostasse de escândalos.

Era verdade, eu não gostava de estar metida em escândalos. Porém, mais do que isso, preferia que ele estivesse longe de mim.

Eu não ia deixar ele acabar com a minha paz, então respirei fundo e o encarei.

— O que você quer aqui a essa hora?

— Eu trouxe essas flores para você. — disse ele me estendendo o buquê, mas eu apenas cruzei os braços e não recebi. Ele revirou os olhos e recolheu o buquê. — Imaginava que você pudesse não aceitar o buquê, por isso eu trouxe essa garrafa de whisky pra gente.

— Pra gente?

— Sim, para bebermos agora... Não vai me convidar para entrar?

— Não.

— Que isso, sabe o esforço que eu tive para fazer tudo o que eu fiz hoje? Sentar do seu lado, entregar um dos seus prêmios, achar o seu hotel e o seu quarto... Tudo isso e você não vai deixar eu entrar?

— Não. — eu disse calmamente.

— Maite, para com isso, vamos só conversar.

— Sei bem como você quer conversar.

— Ué, só passaremos da conversa se você quiser.

— Vai, abre o jogo, o que te motiva dessa vez? Eu te conheço, sei muito bem que você não está fazendo isso por arrependimento e nem porque sente minha falta. É uma aposta, né?

— Não tem aposta nenhuma.

— Christian, você pisca mais forte quando está mentindo. — blefei. Ele não fazia isso, pelo menos não que eu percebesse.

Ele respirou fundo e me encarou.

— Tá, o Alfonso duvidou que você ficasse comigo depois de tudo o que ocorreu, mas eu já perdi a aposta. — disse ele olhando no relógio. — A aposta só seria até ontem e já são uma da manhã.

— Ótimo, então me deixa dormir porque eu tenho que viajar cedo amanhã. — tentei fechar a porta novamente, mas ele me impediu.

— Fica com as flores e o whisky pelo menos. — disse ele me entregando.

Decidi receber para ver se ele ia embora logo. Assim que ele me entregou os objetos, encarei-o impaciente.

— Pronto, pode ir embora.

— Tem certeza que não vai me deixar entrar?

— Você já não perdeu a aposta? Então vai embora.

— Eu já havia perdido quando você foi embora naquele carro.

— E o que faz aqui então?

— Passar a noite atrás de você fez com que eu lembrasse o quanto bom juntos nós éramos, das nossas noites.

— Bem a sua cara.

— Mas e aí? Topa? — disse ele com um sorriso malicioso.

— O que faz você acreditar que eu vou topar isso se eu nem ao menos aceitei as suas desculpas?

— Simples. — disse ele me puxando pela cintura. — Seu corpo pede o meu assim como o meu pede o seu.

Ele me beijou e eu não me importei. Eu cedi aquilo, deixei que ele entrasse. Ele me empurrou com o seu corpo e entrou no quarto, fechando a porta atrás. Sabia que me arrependeria, mas eu sempre ficava louca quando ele me tocava, eu perdia o controle. E, para pior, tudo parecia mais urgente dessa vez graças ao longo tempo que passamos separados. Pensei que só tinha nutrido ódio por ele esses anos, mas aparentemente não foi só isso. Suas mãos passeando pelo meu corpo comprovavam o contrario, eu precisava dele, pelo menos uma última vez. 

Caralho, o que eu estou pensando?  

Com o pouco de força que me restava, empurrei-o e o encarei. Ele estava com a respiração descompensada assim como eu. Por que era tão fraca com ele? Olhá-lo era um misto de sensações, pois ao mesmo tempo que eu queria beijá-lo, eu queria bater nele. Lá estava ele provando novamente que tinha poder sobre mim e eu estava deixando.

— Christian, por quê? Sério, tem tanta mulher lá fora, por que você tem que tirar logo a minha paz? Já não basta o tanto que você me fez mal, você ainda quer fazer mais? Essa obsessão por me maltratar é surreal.

Christian passou a mão pelos fios negros e me olhou desconcertado. Se eu não o conhecesse, acharia que o que eu tinha dito tinha atingido-o de alguma forma.

— Eu só quero um adeus, May, somente isso. Sei que o que fiz te machucou e eu sinto muito, muito mesmo. Você não merecia. Hoje, eu finalmente entendi que você nunca irá me perdoar e está totalmente na sua razão. Mas, ainda assim eu te quero, quero pelo menos uma última vez.

Seus olhos me passavam sinceridade, mas eu sempre ficaria com uma pulga atrás da orelha quando se referisse a ele. Por impulso, puxei-o pela gola da camisa e o beijei novamente. Quando nos separamos, coloquei os objetos que ele me deu em uma mesinha que estava próxima da gente e comecei a me despir. Ele observou meus movimentos com um olhar ardente, mas não demorou muito para começar a se despir também. Acabei batendo sem querer no buquê que ele trouxe, derrubando-o no chão. Peguei-o e o joguei no lixo, não o queria e ele não servia para nada, então não fazia sentido ficar com ele ali.  

Quando me virei novamente para o Christian, não pude deixar de notar o olhar dele de decepção quando as joguei. Ele, que tirava a calça no momento, parou e me encarou. Quando voltou a tirar a calça, encarava o chão em silêncio. Talvez eu tenha ferido o orgulho dele ao não acreditar nas suas desculpas fajutas, não deixando ele me manipular mais uma vez, mas eu não me importava. Ele não se importou com os meus sentimentos, por que eu deveria me importar com os dele?

Eu já me preparava para tirar meu sutiã quando ele, só de cueca, puxou-me pela cintura.

— Deixa que eu tiro. — disse ele com uma voz rouca maravilhosa próximo ao meu ouvido.

Eu podia me arrepender no dia seguinte, mas nesse momento eu não ligava.

Ele me puxou para cama e traçou beijos por todo o meu corpo parando sobre os meus seios ainda cobertos pelo sutiã. Ele tirou o meu sutiã e começou a massagear um dos meus mamilos enquanto passava sua língua quente pelo outro. Eu já soltava alguns gemidos fracos nesse momento. Ele retirou a mão do meu mamilo, sem tirar a língua do outro, e desceu-a até a minha calcinha. Ele colocou sua mão por baixo do pano e procurou o meu clitóris. Quando o achou, ele começou a brincar com ele, fazendo movimentos circulares, o que fez com que eu me contorcesse a cada toque.

Eu o queria dentro de mim, não queria mais preliminares, eu queria aquilo já.

— Christian... me fode. — eu disse entre gemidos.

— Ainda não, meu amor. — disse ele no meu ouvido.

Ele traçou outra linha de beijos pelo meu corpo, dessa vez do meu ouvido até a minha vagina. Eu podia sentir que ele estava muito duro, e senti-lo roçando no meu corpo me excitou mais ainda. Eu sempre o excitei facilmente, era bom saber que ainda fazia isso.

Ele retirou minha calcinha e começou a passar a sua língua por toda a minha vulva enquanto estimulava o meu clitóris. Joguei a minha cabeça para trás, mas depois me esforcei para trazer a minha cabeça de novo para frente, eu queria vê-lo quanto fazia aquilo. Vê-lo, saber que era ele ali, dava-me uma eletricidade inexplicável. Nenhum cara jamais teve tanto poder sobre mim como ele e eu me odiava por isso.

— Christian, eu vou... — foi a única coisa que eu eu consegui dizer. Quando percebi, já havia derramado meu líquido na boca dele, que o chupava com toda satisfação.

Depois de engolir meu líquido, ele me beijou ferrozmente. Como eu sentia saudade daquele beijo. Agarrei o seu cabelo e não deixei que ele separasse as nossas bocas até que eu quisesse. Quando o ar se fez necessário, eu o soltei.

— Amor, você tem camisinha aqui? — ele perguntou ainda recuperando o fôlego.

— Tenho sim, está numa bolsa pequena no banheiro junto com alguns remédios, pode deixar que eu vou pegar...

— Não, eu pego. — disse ele sorrindo e saindo de cima de mim e indo até o banheiro.

Ele voltou sem aquele sorriso no rosto, mas eu não me importava, eu só queria que ele entrasse em mim logo. Ele colocou a camisinha sobre o criado mudo enquanto tirava a sua cueca, fazia tudo isso de costas para mim. Após tirar a cueca, abriu o pacote da camisinha, pegou-a e a colocou no seu membro. Eu sentei na cama, abracei-o por trás e o puxei de novo para a cama. Busquei os lábios dele e o beijei como se as nossas vidas dependessem disso.

Ele parecia ter ficado tímido do nada. O que antes comandava, agora estava quieto e deixando que eu comandasse. Beijei e mordi o seu pescoço, fazendo-o arfar. Logo ele estava de volta, suas mãos passeavam pelo meu corpo, parando sobre a minha bunda e a apertando. Em seguida, ele me posicionou, abriu minhas pernas e se preparou para entrar em mim. Mas antes disso, ele veio até meu ouvido e me disse:

— Você já sabe, se estiver doendo muito, me avise. — disse ele

Isso me lembrou da nossa primeira vez, a minha primeira vez. Ele teve todo o cuidado, tratou-me como um objeto raro e delicado. 

Balancei a cabeça para afastar as lembranças e depois fiz um gesto indicando que ele poderia começar. Ele se posicionou e colocou seu membro devagar dentro de mim. Ele esperou que eu me acostumasse com o seu tamanho, depois começou a se movimentar dentro de mim em um ritmo lento. Christian ainda me tratava como se eu fosse aquela garotinha, o que era um pouco estranho por um lado, pois já transei com vários caras depois dele e não era mais tão inocente e pura como antes, estava longe de ser aquela garota que ele conheceu um dia. Mas, por outro lado, o seu cuidado era tão familiar que me agradava, não queria que ele agisse de forma diferente. Aquilo era mais que um adeus, era uma lembrança também, lembrança da época que nos amávamos, ou pelo menos eu o amava.

Mesmo que a minha cabeça insistisse em racionalizar tudo, quanto mais ele aumentava o ritmo do seu movimento, mas a minha cabeça ficava turva e eu perdia o controle. Aquilo estava me deixando louca. Comecei a mover o meu quadril para ajudá-lo e um sorriso malicioso surgiu nos seus lábios enquanto me observava. Eu estava chegando ao meu ápice e ele também. Gozamos quase na mesma hora. Ele deitou ao meu lado, retirou a camisinha e me envolveu em seus braços. Eu estava tão maravilhada que deixei.

— Você não tem ideia como eu estava com saudades disso. Eu senti sua falta, meu amor. — ele sussurrou, mas eu nada respondi.

Mesmo que eu sentisse o mesmo, não iria dizer isso a ele. Ao mesmo tempo, estava sem forças para brigar, para expulsá-lo novamente da minha vida.

Aquela situação era perigosa, minhas sirenes estavam soando, mas eu decidi que só lidaria com aquilo após acordar.

 Dormimos assim, abraçados.

(...)

Acordei pela manhã com o meu celular tocando. Quando olhei para o aparelho, deparei-me com o nome de um ex-namorado meu na tela. Ótimo, outro ex-namorado me enchendo o saco. Olhei para Christian e ele ainda dormia feito um anjo. Levantei devagar para não acordá-lo e fui tomar um banho.

Eu saí do banheiro apenas de toalha. Encontrei-o sentado na cama, parecia ter acabado de acordar. Christian estava bocejando e esfregando os olhos com os punhos das mãos. Aquela visão era maravilhosa, prendi-me a ela por alguns segundos. Porém, quando me recompus, voltei a minha pose de durona.

— Christian, eu tenho que ir embora daqui a uma hora. Se não se importar, seria ótimo que você se vestisse e fosse embora. Não seria legal que a camareira chegasse aqui e te encontrasse dormindo completamente nu.

— Tudo bem. — disse ele sorrindo para mim.

Senti que ele me analisava, mas apenas ignorei. Fui até a minha mala e separei uma roupa. Ele veio até mim e me abraçou por trás, beijando o meu pescoço. Aquilo era muito bom, quase me perdi naquela sensação. Porém, a Maite responsável e racional apareceu na minha cabeça e gritou comigo, eu não podia ceder novamente. Aquela tinha sido a última vez, eu não tornaria isso recorrente, até porque não fazia sentido. Empurrei-o, o que fez minha toalha cair um pouco. Puxei-a para cima novamente, incomodada com o olhar dele sobre mim.

— Christian, foi ótimo ontem, mas isso não vai voltar a acontecer. Foi a última vez, devemos passar essa página para sempre.

— Se foi tão bom, por que não repetir?

— Diferente de você, que é um desalmado que só pensa em sexo, eu quero seguir minha vida, quero conhecer alguém e ser feliz com essa pessoa. E para isso, eu não quero ter nada com você, nem amizade.

— Nós podíamos tentar de novo, Maite.

Eu não me contive e comecei a rir. Só parei quando notei a expressão confusa no rosto dele.

— Nunca, querido.

— É por causa daquele ex-namorado seu, o Mane? Ele estava te ligando, foi o celular tocando que me acordou.

— Claro que não, eu não quero mais nada com nenhum dos dois. Ele foi outro com quem eu tive uma recaída esses dias... Eu preciso me controlar. — eu disse e em seguida voltei a pegar a minha roupa. Preciso contar esses dois episódios a minha psicóloga na próxima consulta para entender porque eu me auto sabotava tanto. — Vocês só atrapalham a minha vida, eu preciso seguir em frente.

— Ele não estava namorando aquela modelo? Como assim vocês tiveram uma recaída esses dias? — ele disse como se estivesse com ciúmes.

Era só o que me faltava, Christian com ciúmes de mim.

— Isso nunca te impediu de me trair, Christian.

Ao perceber que ele não me daria a mínima privacidade, tirei a toalha e comecei a me vestir na frente dele mesmo. Ele tinha visto tudo na noite passada mesmo, não tinha motivos para vergonha.

— Eu acho que já está na hora de você se vestir e ir embora. — falei. — Se quiser, pode até falar pro Alfonso que ganhou a aposta, eu não ligo.

— Aposta...? Ah sim, a aposta. Não, eu perdi e falarei isso. — disse ele recolhendo suas roupas do chão e começando a se vestir.

— Tá, você quem sabe.

Depois que terminamos de nos vestir, eu abri a porta para ele.

— Maite, eu não vou mais atrapalhar a sua vida, já basta as coisas que eu já fiz... Encare isso como um jeito meu de me redimir, eu sei o quanto eu te fiz mal. Se por algum acaso nos encontrarmos em algum evento, o máximo lhe darei é um "oi" educado. Eu não tentarei mais nada. Você merece ser feliz, desejo tudo de bom a você.

— Espero que esteja sendo sincero pelo menos dessa vez, Christian.

— Eu estou. — disse ele dando um sorriso fraco. — Tchau, tenha uma boa viagem.

Ele colocou as mãos nos bolsos da calça, virou-se e seguiu pelo corredor. Eu fechei a porta antes que ele chegasse ao elevador, vê-lo indo embora para nunca mais voltar me deixava triste, mas era o que tinha que ser feito.

 

***

 

P.O.V. Christian Chávez

Peguei um táxi no hotel em que a Maite estava hospedada e voltei para o meu. Diferente dela, eu não iria embora agora de manhã, apenas viajaria à tarde. Fui para o meu quarto a passos vagarosos, Maite não saía da minha cabeça. Quando abri a porta do meu quarto, a porta do quarto vizinho se abriu.

— E aí, como foi? — perguntou animado. — Vejo que foi bem, já que está chegando a essa hora.

— Estava me esperando, Alfonso?

— Não, eu ia comer, mas tive a sorte de te encontrar. Mas não fuja do assunto, como foi?

— Nós transamos.

Alfonso abriu um largo sorriso e veio me abraçar. Eu o parei com a minha mão antes que ele fizesse o que pretendia.

— Alfonso, foi só isso, nós transamos. Ela não me quer de volta.

— Ué, como assim? Eu pensei que...

— Pensou errado. — Respondi, triste. — Eu tentei, tentei durante todo o evento, tentei à noite, tentei de manhã, ela simplesmente não sente mais nada por mim além de uma simples atração.

— Tem certeza? Ela pode estar escondendo os sentimentos dela por você.

— Ela jogou a flores que eu dei para ela no lixo. Depois, eu vi algumas camisinhas usadas no lixo do banheiro dela. Ela seguiu em frente, Alfonso, e eu não a culpo, só desejo o melhor para ela.

— Ela só usou seu corpo e depois disse que não te queria? Depois falam que os homens que são sacanas.

— Na verdade, ela disse que não me queria antes.

— Ai depois ela veio e disse: "Vamos transar"?

— Não, eu disse que estava numa aposta com você para conquistá-la, para bancar o durão sem sentimentos de novo, e depois perguntei se ela queria transar comigo.

— Por que você disse isso?

— Eu já estava louco, Alfonso. O perfume dela e aqueles olhos já estavam me atiçando, além daquele pijama minúsculo. Eu necessitava tê-la pelo menos mais uma vez sabe. Sei que fazendo isso ela nunca vai acreditar que eu realmente me arrependi, mas talvez seja melhor assim, ela merece uma linda história de amor, coisa que eu já estraguei entre a gente.

— A melhor história de amor é aquela vivida ao lado daquele que se ama, não tem isso de contos de fadas não. Você pisou na bola quando a traiu e pisou mais na bola ainda quando falou aquele monte de coisas pra ela, mas você a ama... Sempre a amou. Você disse aquelas babozeiras porque é um idiota ciumento.

— Mas você sabe que ela realmente teve algo com aquele idiota depois, foi parar em todos os jornais. Falaram que nós terminamos porque ela queria ficar com ele.

— Você sabe que isso tudo é uma grande mentira. Ela te amava muito, ela nunca ficaria com o William estando com você, tendo você. O que você fez só a jogou nos braços dele. Você a machucou e ele estava lá para consolá-la.

— Mas como você queria que eu ficasse? Aquele idiota é conhecido por ter casos com as atrizes que contracenam com ele, e os dois foram gravar em Cancún, juntos, enquanto eu fiquei aqui.

— Você devia ter confiado nela, apenas isso. Agora está aí, sozinho, amargurado, depois de fazer vocês dois sofrerem. Você ainda a ama muito, né?

— Amo, amo muito, mas isso não é recíproco.

— Tem certeza?

— Tenho sim. Os olhos dela não brilham mais quando me olham, e nem vou falar de como ela estava fria comigo hoje de manhã. Alfonso, eu vou deixar que ela seja feliz, é o mínimo que eu posso fazer depois de tudo que eu fiz.

— Sinto muito, Christian.

— Eu também. — respondi triste. 


Notas Finais


Recadinho de 2021:
É isso, gente!
Eu pretendo criar uma fanfic mais longa com essa mesma estória (um ano depois desse encontro deles), eu até tinha uns capítulos guardados e a capa, mas o meu HD externo pifou e perdi por enquanto. Enquanto eu não conseguir tempo para ajeitar o HD e depois para postar, ficará só a one mesmo.
Espero que vocês estejam aqui quando eu postar a continuação!


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