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História Vazio - Você está preso, em nome da lei


Escrita por: ChisanaRumiko

Notas do Autor


[Comentário geral]: Galera, a imaginação de vcs é mais louca que a minha, amo as teorias de vcs <3 (melhor parte do meu dia)

Agora, voltemos à realidade.
Gente, aviso logo que eu tô puta. Em todos os meus 18 anos de vida, nunca passei tanto tempo sem ver a minha mãe (sim, eu morro de saudades dela).
Aproveitem esse capítulo, pq eu tô a fim de ser escrota.
O motivo? Chequem o Shingeki News nas Notas Finais.

Ah, e boa leitura.

*OBS: GALERA, EU ERREI ALI EM BAIXO, VIU? Era Levi, e não Eren *lágrimas*

Capítulo 31 - Você está preso, em nome da lei


Levi sentia os olhos pesados, difíceis de abrir. Ergueu o corpo da cama e passou uma mão no rosto, tentando afastar a sonolência. Quando finalmente abriu os olhos, levou um tempo para se acostumar; tinha a certeza de que o quarto de Eren era bem iluminado — afinal de contas, ainda era dia —, mas o cômodo onde estava era escuro e um pouco sombrio... E muito familiar. Ao olhar para a cama, percebeu o corpo de uma mulher ruiva de pele bem alva enrolada na coberta, e, ao reconhecê-la, teve a certeza de onde estava...

Estava em casa.

Sentindo-se um pouco nostálgico, Levi saiu da cama e começou a olhar em volta. Estava quase tudo igual; os poucos móveis dispostos no quarto-sala estavam todos perfeitamente arrumados e limpos — apesar de serem incrivelmente velhos —, assim como tudo em volta. Enquanto andava, olhando cada detalhe da casa para matar a saudade, ouviu um som metálico vindo do chão, logo abaixo de seu pé. 

Deu um passo para trás e checou no que tinha pisado: era a sua faca favorita, que ganhara na infância. Levi ficou se perguntando o que ela estava fazendo fora da bainha, mas logo abaixou-se para apanhá-la. Foi quando sentiu algo úmido, gelado e viscoso espalhar-se pela sua mão. Estava acostumado com aquela sensação, então não ficou espantado quando viu o sangue escorrer pela faca até seu antebraço. Só então percebeu que no lugar que estava a faca havia uma poça de sangue, mas sem nenhum cadáver por perto. Quando levantou a vista para procurar de onde vinha todo aquele sangue, notou que o cenário dentro da casa havia mudado por completo: estava tudo caótico, quebrado, revirado, e completamente sujo de sangue. Só o cheiro já o deixava nauseado.

Um barulho estranho veio da única porta do quarto-sala, que deixou Levi em estado de alerta. Posicionou-se defensivamente e andou com cuidado até o local dos sons estranhos — parecia alguém se debatendo. Ao chegar numa distância de um braço, a porta abriu com tudo, e Levi avançou de imediato para não dar a chance do invasor sequer reagir. Mas acabou tendo que recuar no mesmo instante; do vão da porta, o corpo de um homem gordo e barbudo caiu com tudo, fazendo mais sangue respingar por todo o seu corpo.

Não demorou muito para que Levi percebesse outra pessoa vindo da entrada, embora fosse difícil de identificar, já que a parte de fora da casa estava ainda mais escura. No que o estranho deu um passo para dentro do cômodo, Levi avançou com tudo, mirando a faca no pescoço do indivíduo, um movimento clássico que fazia desde que aprendera a matar — era quase a sua marca registrada. Porém, foi completamente impedido pela pessoa a quem atacava, que o imobilizou com certa facilidade.

— Usando um movimento desses comigo, Levi? — sussurrou o invasor, bem perto do rosto de Levi. — Vai precisar mais para me surpreender.

Levi reconheceu aquela voz no mesmo segundo. Sentiu os músculos fraquejarem, a voz falhar e uma imensa vontade de chorar... como há muito tempo não sentia.

Ao notar que Levi não apresentava resistência quase nenhuma, o invasor o soltou e o deixou cair de joelhos no chão. Andou até a cama sem problemas, pois sabia que o outro não iria reagir.

E, de fato, tinha razão: Levi permaneceu ao chão, atônito. Sua respiração era falha, e sentia uma frieza tomar conta de seu corpo. Aos poucos, foi virando o rosto para trás, para poder checar se estava vendo certo, que não era mais uma ilusão.

— Farlan...? — chamou num fio de voz, sem conseguir se recompor da surpresa de vê-lo outra vez.

O loiro apenas virou o rosto para dar uma piscadela e depois voltou sua atenção para o corpo que dormia tranquilamente na cama de Levi.

— Ah, não, Levi... — murmurou Farlan, pondo as mãos na cintura. — Eu volto para casa depois de tanto tempo e vejo isso...

— O que foi? — perguntou nervoso, levantando do chão em um segundo. — Aconteceu alguma coisa com Isabel?

— Isabel? — disse Farlan, com sarcasmo. — Não é Isabel que está deitada em sua cama.

Levi franziu o cenho. Tinha a certeza de que quem estava dormindo ali era a garota ruiva que se tornara quase que uma irmã mais nova para Levi, nunca na vida que iria confundi-la com outra mulher. Estranhando o jeito grosseiro de Farlan falar com ele, aproximou-se mais do loiro para poder ver de quem ele estava falando.

Não precisava ser um gênio para perceber que aquele corpo esguio não era o de Isabel, e sim o de uma pessoa bem mais alta e encorpada... Além de ser o corpo de um homem. Um garoto, para falar a verdade. Um corpo juvenil que Levi conhecia muito bem.

— Eren... — murmurou Levi, confuso. — O que ele está fazendo aqui?

— Eu é que pergunto — rosnou Farlan. — O que esse pirralho está fazendo deitado na sua cama?!

Levi apenas arregalou os olhos, pois estava desnorteado demais para conseguir formular uma resposta. Mas, antes de mais nada, o que, de fato, Eren estava fazendo ali? Como diabos o garoto havia achado sua casa também era uma pergunta válida, já que nem mesmo Levi voltava naquele lugar há anos. Porém, o mais importante naquele momento não era descobrir nenhuma daquelas respostas; precisava manter silêncio, ou Eren acordaria. Tinha a certeza de que, se Eren o visse todo ensanguentado, com uma faca na mão e com um cadáver na porta de sua casa, o garoto iria entender errado e achar que era um assassino...

... Mas, no fundo, não era isso que Levi realmente era?

— Não me faça perguntar de novo! — gritou Farlan, agora realmente puto. — Quem é esse fedelho deitado na sua cama?!

— Fale baixo, Farlan! — gritou Levi de volta, mas conteve o tom de voz assim que viu Eren se remexer na cama. — Se você acordá-lo, ele vai entender tudo errado, e vai me odiar...

Farlan arregalou os olhos e recuou dois passos, pasmo com a atitude de Levi, que se sentiu mal no mesmo instante. Não aguentava ver Farlan com aquela expressão de desapontamento, era uma das piores coisas para Levi.

— Farlan... — Levi o chamou baixinho, dando um passo em sua direção.

— Não chega perto! — berrou o loiro, fazendo com que Levi desse outra rápida espiada em Eren para ver se continuava dormindo. Ao voltar-se a Farlan de novo, ficou ainda mais desesperado: ele estava chorando enquanto tomava mais distância. — Não chega perto...

— Farlan, vem aqui — chamou de novo, estendendo os braços para ele.

Mas ele não cedeu; tomou tanta distância quanto pode até chegar à mesa no centro da sala.

— Não acredito... — murmurou Farlan, num misto de pânico e desgosto. — Você realmente está com esse garoto...?

— Não é o que está pensando — murmurou Levi, tentando se aproximar mais alguns passos.

— Ah, é? — Farlan esbanjava sarcasmo. — Sendo assim, vamos comparar as histórias para ver se eu estou certo. Eu estou vendo que você está transando com um garoto que sequer é capaz de te amar como eu te amei, que não conseguiria te aceitar como você realmente é, e que você também não é capaz de amar de verdade — concluiu cuspindo no chão, justamente para provocá-lo. — E então, acertei?

— Farlan, calma, eu posso explicar...

— Claro que não pode, não tem o que explicar! — Farlan voltou a gritar.

Pegou a primeira coisa que encontrou — um jarro de flores — e tacou na direção de Levi, que desviou com destreza. Estava tão focado em acalmar o parceiro que esqueceu completamente que não deveria fazer barulho. Avançou até Farlan, que se debatia para manter-se afastado, e o domou de forma a deixá-lo com os braços imobilizados, pressionando-o com a cintura contra a mesa.

— Levi...? — murmurou uma voz sonolenta, deixando o mais baixo em pleno desespero. — O que você... — Eren se interrompeu quando olhou em volta. — Onde eu estou? E por que tem sangue em todo o lugar?... Ah meu Deus, aquilo é um cadáver?!

— Eren — Levi clamou, quase implorando. — Por favor, fique aí que eu te explico tudo!

— Eu já disse, Levi — murmurou Farlan, com desgosto e frieza, enquanto aproveitava o momento de distração de Levi para empurrá-lo com tudo com seu corpo, fazendo-o cair. — Você não tem o que explicar.

— Levi, quem é ele? — perguntou Eren, ultrajado, apontando para a direção de Farlan. — Você o matou?

— O quê? — indagou Levi, não entendendo a pergunta.

— Levi, você matou todas essas pessoas? — Eren tornou a perguntar, só que com a voz muito mais carregada de desprezo.

Levi não entendia a atitude do garoto, então olhou em volta. O quarto, antes ocupado apenas por Eren, Levi, Farlan e o cadáver, estava agora lotado de pessoas mortas, cada uma mais desfigurada que a outra, cada uma para uma mancha de sangue antes dispostas pela casa sem motivo algum. Levi olhou àquilo horrorizado.

— Não, não fui eu... — murmurou, incerto.

— Mas você está com uma faca na mão — lembrou-lhe Eren, ainda com a voz distante.

Levi olhou para a mão com a faca, depois para os cadáveres à sua volta. Aos poucos, foi reconhecendo os rostos de cada uma daquelas pessoas que lotavam a casa pequena: todos eram antigos alvos eliminados por Levi. O cheiro nauseante de ferrugem e putrefação tornava o ar quase intragável, fazendo-o tossir compulsivamente. Eren apenas levantou-se da cama, descalço, vestindo apenas roupas brancas.

— Como esperado de um miserável, apodreça na sua própria merda — disse Eren, dando um último olhar de desprezo e pena para o garoto.

Calmamente, o garoto atravessou o quarto-sala, sem deixar que nenhuma gota de sangue o sujasse — até mesmo a sola dos pés de Eren estava limpa. Como o esperado, a sujeira feita por Levi não poderia alcançar um garoto tão puro quanto Eren, e era justamente esse o motivo que o fazia acreditar que Eren nunca o entenderia.

Viu o namorado fugir para longe, para além do vão da porta, para a escuridão desconhecida. Suas pernas não respondiam ao impulso de correr atrás do garoto, permanecendo apenas em pequenos espasmos. Em seu corpo, parecia que havia um peso absurdo, um fardo grande demais para que fosse capaz de aguentar. Seus músculos cederam e Levi acabou caindo de vez no chão, batendo a cabeça com força. Sentia como se fosse perder a consciência a qualquer momento, mas não se importava. Eren o abandonara, e Farlan nunca seria capaz de perdoá-lo depois de saber que Levi estava dormindo com outra pessoa.

Havia perdido tudo.

Estava pronto para aceitar que o frio e o desgosto o consumissem, mas um barulho intrigante de algo se arrastando chamou a atenção o suficiente para que Levi abrisse os olhos para ver o que era. De dentro da pilha de cadáveres à sua frente saiu Farlan, completamente acabado, com fratura exposta em diferentes locais, além de outras feridas letais. Bem como estava no dia de sua morte.

— Eu... te... avisei... — murmurou Farlan enquanto se aproximava e um volume considerável de sangue saía de sua boca.

Levi queria sair correndo dali, fugir daquela imagem perturbadora que o assombrava há anos. Mas não tinha como; seu corpo permaneceu imóvel, e sua voz havia sido calada. A única resposta que conseguia dar era com as lágrimas, que corriam descontroladas de seus olhos.

Farlan havia se aproximado o suficiente para pôr uma mão sobre o rosto de Levi, sujando-o com seu sangue enquanto o afagava. Aquilo só fez Levi chorar ainda mais.

— Não... amar... — murmurou Farlan, falando com dificuldade, já que o fluxo de sangue que cuspia havia crescido consideravelmente.

Levi agora soluçava enquanto revia o último momento de seu amado, sem poder fazer alguma coisa para ajudá-lo. Enquanto o corpo de Farlan padecia por completo, todos os cadáveres empilhados pelo cômodo caíram de uma vez em cima de Levi, puxando-o para diversas direções.

O alvoroço seguiu até que não sentisse mais nada em seu corpo além de uma tristeza profunda, um desgosto amargo, um ódio profundo. No final, sentia-se como uma casca vazia por dentro, pois todos os outros sentimentos haviam sido destruídos. Fechou os olhos e deixou ser levado pela escuridão estonteante.

 

 

Levi acordou quase que dando um pulo, de tão perturbado que estava. Levou um tempo para que estabilizasse a respiração, além de controlar o seu coração, que batia em disparada. E isso sem falar da claridade que batia em seus olhos, fazendo-o cobri-los com a mão. "Claridade?", perguntou-se ainda perdido por causa do sonho que acabara de ter. Olhou em volta no mesmo segundo, somente para ter certeza de que todo aquele caos era apenas um sonho — ou melhor, um pesadelo. E, de fato, havia sido; estava no quarto do seu garoto.

Cobriu o rosto com as duas mãos, e que percebeu que seus olhos estavam úmidos — ele realmente havia chorado. Soltou um gemido de alívio e deixou-se cair na cama e relaxar um pouco. De longe, aquele havia sido um dos piores pesadelos que tivera. Fazia tempo desde a última vez que tivera um sonho, então a sensação de ter visto todas aquelas cenas perturbadoras de uma vez foi mais estressante do que deveria. Isto porque fazia tempo desde a última vez que dormira tempo o suficiente para ter um sonho

"Por quanto tempo será que eu dormi?", perguntou-se enquanto olhava em volta, procurando por um relógio. Foi então que notou que algo importante estava faltando ali do seu lado: Eren. Sem esperar nem mesmo um segundo, pulou da cama e vestiu a primeira calça que vira na frente — a calça azul do pijama de Eren — e saiu em disparada atrás do garoto.

Não o deixaria ir desta vez.

 

 

Aquele era um dia quente. Na verdade, não tão quente assim, mas essa esta era a sensação térmica para quem estava com o coração acelerado e com altas doses de serotonina no sangue. Eren, no caso, era uma dessas pessoas. Estava cantarolando a melodia de uma música qualquer enquanto cozinhava — pois já eram quase 12h:30 —, para ele e o namorado, um prato muito comum feito pela mãe: goulash. Estava feliz por, desta vez, estar em sua própria cozinha, pois tinha todos os temperos que precisava. Somente lembrar-se da feição de satisfação de Levi ao comer seu käzespätzle já o deixava motivado o suficiente para deixar o goulash ainda melhor.

Para ser muito sincero, Eren não queria muito ter que sair da cama para cozinhar. Foi uma decisão difícil ter que deixar o namorado dormindo tão tranquilo em sua cama — e completamente nu! Eren, muito provavelmente, não seria capaz de se acostumar com isso nunca. Gastou uns bons dez minutos apenas admirando o corpo bem definido de Levi, todas as curvas delineadas por músculos bem-trabalhados.

A única coisa que estragava a visão maravilhosa eram pequenas cicatrizes dispostas ao longo das costas dele, estragando a uniformidade da pele alva. Eren não tinha sido capaz de percebê-las nas outras vezes que dormiram juntos — principalmente porque estava nervoso demais para notar detalhes. Franziu o cenho, desgostoso com a ideia que tinha do porquê do namorado ter tantas cicatrizes. “Eu sou um policial, o que mais esperava que acontecesse?”, disse Levi quando mostrou o curativo no braço esquerdo, assim que chegou em sua casa. O problema era justamente que Eren esperava que algo do tipo acontecesse, mas não era capaz de aceitar. Não queria vê-lo com um arranhão sequer, e esse era um desejo impossível de ser realizado — sabia disso.

Balançou a cabeça e procurou algo para vestir, colocando primeiro uma cueca cinza-escura limpa, daquelas que parecem um short de pijama. Pensou em por algo mais composto, mas estava calor demais para isso. Olhou para as roupas jogadas no chão — a maioria de Levi — e sorriu de orelha a orelha ao se lembrar do que havia feito pouco antes. Catou primeiro a calça do mais velho, depois a regata branca. Só de se aproximar das peças de roupa o fazia sentir a fragrância única exalada pelo namorado. Perguntava-se se era algum perfume ou se era o cheiro dele mesmo.

Com um sorriso travesso, Eren teve a brilhante ideia de experimentar a camisa de Levi, imaginando se ficaria curta como a camisa de linho branco que sujara quando se encontraram da primeira vez. Surpreendeu-se ao ver que, mesmo com 10 cm de diferença, a camisa de Levi o serviu muito bem — na verdade, chegou a sobrar um pouco de espaço dentro dela. De novo, lembrou-se que era devido ao seu corpo estreito, bem menos desenvolvido do que o de um adulto como o namorado. Bufante, deixou o resto das roupas de Levi em cima da escrivaninha e desceu as escadas.

Achou estranho ter sido o primeiro a acordar — teve que admitir que também tirara um cochilo —, já que Levi sempre fora o mais “disposto”. Bem, não tinha do que reclamar; teve a chance única de ver o belo rosto sereno de seu namorado enquanto dormia ao seu lado. Mais uma vez, pegou-se pensando no mais velho, e riu consigo mesmo. Não tinha como evitar, ele parecia tão frágil e tranquilo enquanto dormia... Imediatamente, recordou-se do que Levi disse enquanto o marcava com mordidas e chupões em sua cama: “Você é muito ingênuo para acreditar que mais ninguém desejaria um garoto tão lindo quanto você”.

Eren teve que conter-se para não dar pulinhos na cozinha. Levi o achava lindo, e não apenas “aceitável” como achava que era. Ele queria que Eren fosse só dele, e queria que isso fosse claro para todos com as marcas que deixara em seu corpo. Queria amá-lo com todo o seu corpo — e o coração faz parte do corpo, não faz?

Por alguns segundos, repreendeu-se por agir como uma garota do colegial. Mas, afinal de contas, ele estava mesmo no colegial, então por que não se deixar levar um pouco pelo momento? Voltou a cantarolar e remexeu o corpo para acompanhar o ritmo da música. Tinha excelentes planos para esse final de semana, e não permitiria que algum pensamento negativo o abalasse. Terminou de temperar toda a carne do goulash, que era uma espécie de guisado, e pôs todos os cubinhos cortados dentro de uma panela com um caldo também temperado. Agora, só precisava terminar os acompanhamentos e iria chamar Levi para comer.

—... Because you look so fine and I really wanna make you mine! — cantarolou Eren, enquanto mexia os pés para acompanhar.

Terminou de lavar o arroz e começou a prepará-lo devidamente, com sal e um pouco de alho, além de pequenos pedaços de cebolinha.

I say you look so fine that I really wanna make you mine — continuou cantando. Arrependeu-se de ter deixado o celular no quarto, pois gostava de cozinhar escutando música.

Estava tão focado em sua tarefa que mal percebeu o barulho de pés apressados correndo no andar de cima, que logo atingiram as escadas.

Well,I could see — cantava enquanto descascava uma batata — you home with me, but you were with another man, yeah! — Somente quando se virou para jogar os pedaços de casca de batata no lixo ao lado da pia que percebeu um vulto parado à porta da cozinha.

Levi estava encostado no arco da porta com os braços cruzados. Estava trajando apenas a calça azul de seu pijama, e não foi difícil perceber que não havia nenhuma roupa íntima por baixo. Tinha de admitir: aquela calça caía muito melhor na cintura do namorado, levemente mais larga que a sua devido à musculatura. Sua expressão era ilegível, embora Eren conseguisse dar o palpite que ele estava se divertindo com a cena; mesmo com o semblante vago, seus olhos acinzentados não escondiam uma faísca que iluminava com a visão de Eren cantando e dançando apenas com uma cueca e a sua regata.

— Por que parou? — perguntou Levi, com seu tom de voz morno, de quem acabara de acordar. — O show estava ótimo.

— Deveria ter me avisado que já estava de pé —resmungou Eren, voltando a cozinhar. — Está com fome?

— Muita. — Levi caminhou até o garoto e depositou ambas as mãos eu sua cintura, uma de cada lado. — O que está cozinhando?

Goulash. — Percebeu que o mais velho não entendeu do que estava falando, e decidiu explicar. — É como se fosse um guisado de carne. Gosta?

— É comida — Levi deu de ombros —, claro que gosto.

Discretamente, Eren pôde sentir uma mão descendo para abaixo de seu quadril, visando sua nádega esquerda. Fingiu que nada estava acontecendo e continuou o trabalho manual, o que deixou Levi ainda mais ousado em seu toque.

— Posso saber por que está com minha calça? — perguntou Eren, ainda ignorando a mão atrevida.

Levi pareceu hesitar por um instante, mas foi algo tão rápido que Eren não pôde ter certeza.

— Não achei a minha — respondeu dando de ombros.

— Como não? Eu pus suas roupas em cima da minha escrivaninha.

— Sabe como é, esperava que estivessem no chão — ronronou Levi, apertando a bunda de Eren com força. Escutar o gemido contido do garoto foi gratificante. — E você, posso saber o que faz com minha camisa? — perguntou Levi, agora com a vos sugestiva.

— C-confundi com uma minha — mentiu.

— Oh, então é isso? — O mais velho passou a mão por entre a divisão das nádegas de Eren, fazendo sua respiração vacilar de novo.

Você é incansável, não é? — murmurou Eren, incapaz de escolher se o afastava para poder cozinhar propriamente ou se apreciava o toque.

— Avisei que estava com fome — brincou Levi, provocando-o com os dedos. — Muita.

— Se não tirar sua mão daí, não terei como cozinhar — ameaçou Eren, mas suas palavras eram antagônicas ao seu corpo.

— Você não é muito eficiente, não é?

Eren precisou de um segundo para processar aquela frase. E então, todo o clima havia sido destruído.

— Pelo menos eu sei cozinhar, ok? — murmurou Eren, empurrando o namorado com o antebraço.

Levi conteve a risada, mas não pôde impedir que um sorriso zombeteiro se alargasse em seus lábios. Apoiou-se na pia e ficou apenas observando o que o namorado fazia — e com habilidade, por sinal.

— Parece estar bom — comentou o mais velho, admirado com a culinária do garoto. — Lavou as mãos antes de pegar nos ingredientes?

— Você deve estar de brincadeira... — riu Eren.

— Lavou? — insistiu o outro.

O mais novo arfou e balançou a cabeça. Estava começando a acreditar que o namorado tinha TOC.

— Claro que lavei! — esclareceu Eren, rindo. — Sei que você me mataria caso eu não o fizesse.

— Eu nunca te mataria — disse Levi, de imediato.

Eren olhou confuso para o namorado. Claro que Levi não o mataria — ao menos, não por um motivo tão estúpido. Esperava vê-lo com uma feição zombeteira, ou que fizesse algum outro comentário para “ofendê-lo”, mas não foi bem assim. Levi estava levemente retraído, e parecia incomodado com algo. Tão incomodado que sequer o olhava nos olhos.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou Eren naturalmente, enquanto voltava para os legumes.

Levi tomou algum tempo para respondê-lo.

— Por que a pergunta?

— Você está agindo estranho.

Outra pausa, desta vez acompanhada por um suspiro.

— Deve ser por causa do trabalho — disse por fim. — Minha cabeça está uma bagunça.

— Qual foi o seu trabalho, por sinal? — aproveitou essa abertura para perguntar. O esparadrapo e o hematoma no corpo de Levi ainda o deixava com certa angústia. — Pensava que, por você estar afastado, não poderia fazer nenhum trabalho em campo.

— E o que te faz pensar isso? — disse Levi, com um pouco de sarcasmo.

— Quando você é suspenso, você não perde o direito de usar o uniforme?

— Ah... — Bem pensado, admitiu Levi mentalmente. — Felizmente, eu não uso uniforme. Já disse que não trabalho em um posto policial, e sim numa agência de investigação.

— Então... Você é um detetive? — arriscou o garoto.

— Fala sério, Eren — lamentou Levi, passando a mão pelos fios negros. — Sabe esses agentes de FBI que você vê em filmes?

— Ah, você é tipo aquilo?! — Eren virou-se para encará-lo com os olhos arregalados em surpresa.

— Quase — declarou o mais velho. — Agentes do FBI, Federal Bureau of Investigation, trabalham com casos graves, mas que englobam uma realidade mais coletiva do que problemas locais ou estaduais.

— Hm... — murmurou Eren. — E você trabalha com os casos locais?

— E estaduais — complementou. — Os que dizem respeito à coletividade, nós entregamos para os vagabundos da AFI.

— AFI?

— Agência Federal de Investigação — respondeu Levi, fazendo questão de depositar todo o seu desgosto em cada palavra. — Como se fosse o nosso FBI.

— Ah... Eles devem fazer um trabalho muito mais legal — provocou Eren propositalmente.

Como é que é? — grunhiu Levi, fazendo o garoto rir. — Faz ideia da merda que está falando?

— Não muito — admitiu Eren. — Por que não gosta deles?

— Porque esses bastardos acham que podem sair metendo o dedo deles em qualquer caso, como se fossem superiores a todas as outras agências — resmungou Levi, evidenciando seu desagrado para com os “colegas”.

— Oh, entendi... — Fez uma pausa para pôr um dedo no queixo e fingir que estava pensando no assunto. — Então você está dizendo que tem inveja deles por serem superiores?

Quer levar uma surra? — ameaçou Levi, mesmo sabendo que Eren estava fazendo aquilo de propósito.

— Isso é o mesmo que admitir que... — Eren se interrompeu quando escutou um estalar agudo, e então uma ardência em sua nádega direita. — Ai! — resmungou, olhando indignado para o namorado, que assoprava a palma da mão esquerda. — O que diabos foi isso?!

— Um tapa.

— Que foi um tapa, eu e minha bunda percebemos! — reclamou enquanto massageava o local atingido.

— Então por que perguntou?

Eren arfou em desistência; seu namorado era um caso perdido. Enquanto tentava formular uma resposta decente, foi pego de surpresa por Levi. O mais velho o segurou pela base do rosto e o puxou para baixo, dando-lhe um beijo rude e casto — bem no estilo Rivaille.

— Ainda não me disse o que estava fazendo para levar dois tiros — Eren murmurou baixinho, mas audível devido à proximidade.

— Pensei que você já tinha esquecido isso... — lamentou Levi, tomando distância e passando a mão pelos cabelos mais uma vez.

— Então você está me escondendo alguma coisa! — denunciou o garoto, apontando-lhe uma colher suja de caldo de goulash. — E como você espera que eu esqueça que o meu namorado levou dois tiros?!

— Eu já levei muito mais que dois, Eren — declarou Levi, fazendo-o engolir em seco. — Não acho que tenho permissão para contar essas coisas — mentiu Levi. Tecnicamente, não era uma completa mentira, mas ainda assim...

Você e essas desculpas... — praguejou o garoto, fazendo um biquinho sem perceber. Levi voltou a se apoiar no balcão da pia e observou com um sorriso satisfeito o namorado trabalhando. — Parece até que você está fazendo alguma coisa ilegal, e tem que ficar escondendo de todo mundo.

O sangue de Levi gelou na hora. Precisou de alguns segundos para pensar numa resposta.

— Eu não posso sair por aí falando sobre a atividade da polícia, Eren, achei que isso fosse meio óbvio — desdenhou o mais velho, mas sempre prestando muita atenção na reação do garoto. Eren apenas inflou uma das bochechas rapidamente e franziu o cenho. — Por que quer tanto saber do meu trabalho?

— Porque eu sou seu namorado! — choramingou Eren, mas ainda focado na comida. — E fico realmente puto quando percebo que não sei quase nada sobre seu trabalho, além de que você persegue uns caras bem ruins.

— Não são só caras, às vezes aparecem mulheres barra pesada também — brincou Levi, mas viu que o namorado não reagiu. — Eu ainda... não me sinto muito confortável em falar sobre meu trabalho com você.

Eren largou tudo na bancada para olhá-lo com indignação.

O quê? — indagou o garoto, mais surpreso do que com raiva.

— É que... — Levi desviou os olhos para baixo, pensando no que poderia dizer para não deixar o garoto puto, muito menos contar que era quase um assassino de aluguel. — Ser policial não é aquela coisa bonita de “perseguir vilões” como em filmes.

— Eu sei disso — começou o garoto, ainda indignado —, mas você...

— Eren — disse com a voz firme, fazendo o garoto calar-se no mesmo instante. Aproveitou a total atenção do garoto para apontar para o terrível hematoma disposto em seu peito. — Nós não perseguimos caras maus. Nós caçamos caras maus. Entende a diferença?

Eren nada disse, apenas suspirou e voltou a cozinhar. Levi revirou os olhos e foi até ele, passando os braços em sua cintura e apoiando a cabeça em seu ombro.

— Assim eu não consigo cozinhar — protestou Eren.

— Então não cozinhe.

— Pensei que estivesse com fome.

— Pare de ser rabugento como um velho e deixe que eu fique aqui — reclamou Levi, apertando o abraço e imobilizando os braços do garoto.

— Levi! — chiou Eren, mas deixou uma fraca risada escapulir.

Vou ter que te arrancar da cozinha? — ameaçou Levi, girando o garoto e tirando-o da frente da bancada.

Levi! — chamou entre risos. — Me põe no chão!

— A cozinha está consumindo você, Eren — fingiu um tom sério enquanto impedia o namorado de fugir de seus braços. — Precisamos eliminá-la.

— Do que você está falando?! — quase não conseguia falar, pois ria sem parar. — Anda, me solta! Eu tenho que picar o alho antes que a carne fique pronta!

— Você está me dando ordens? — Levi continuou brincando com ele, aos poucos percebendo que o garoto praticamente não oferecia resistência. — Sabia que isso é chamado “desacato à autoridade”, e que é um crime?

— Sabia que o direito de ir e vir é muito mais importante? — provocou o garoto.

— Eren Jäeger — Levi o virou de frente para si e segurou ambos os pulsos do garoto atrás das costas, envolvendo-o pela cintura, e o prensou contra a bancada —, você está preso em nome da lei. Tem o direito de permanecer calado e entregar todo seu corpo para mim.

— Você diz isso sempre que prende alguém? — ronronou Eren, a poucos centímetros do rosto de Levi. — Acho que estou com ciúmes.

— Não se preocupe, só tem um pirralho que escuta isso... quando está desobedecendo a minha lei, claro.

Talvez eu comece a te desobedecer mais... — ronronou Eren, roçando de leve seus lábios nos dele.

O beijo que seguiu era inevitável. Levi soltou as mãos do garoto para puxá-lo para baixo pela nuca, enquanto mantinha a outra mão na cintura dele. Eren também não perdeu tempo; segurou a cabeça de Levi e puxava de leve os fios negros enquanto chupava deliciosamente o lábio inferior do mais velho, que deu um gemido rouco em resposta. Beijar Eren sempre era uma experiência incrível — não esperava que um pirralho beijasse tão bem.

Porém, seu orgulho como dominante não pôde deixar as coisas como estavam. Desceu ambas as mãos até as coxas do garoto e, com agilidade, o carregou até o topo da bancada, onde o pôs sentado. Eren entrelaçou as pernas em suas costas, puxando-o para mais perto. Levi manteve uma mão numa perna, encravando os dedos na carne do garoto, enquanto a outra ganhava território até chegar na barra da cueca do namorado.

À medida que avançava, Eren soltava gemidos mais agudos — e, ah, como adorava aquele som. Como a roupa íntima era relativamente folgada, Levi conseguiu cum facilidade adentrar mais ainda na coxa do garoto, chegando até sua virilha.

Levi... — Eren falava com dificuldade. — A comida...

— Foda-se a comida — respondeu Levi, beijando a frente do pescoço do garoto, que deixara a cabeça pender para trás.

Eren estava disposto a seguir o que o namorado dissera. Na verdade, estava tão focado na sensação gostosa que Levi lhe causava que sequer pensava direito. Porém, bem quando começou a considerar sexo na cozinha uma boa ideia, o cheiro do goulash começando a queimar fez com que saísse de seus devaneios e focasse no que realmente importava ali: a comida.

— Meu Deus, vai queimar! — praguejou o garoto, pulando da bancada para ir até o fogão.

Levi xingou baixinho e apoiou-se na bancada, em desistência.

Por que é tão difícil te manter excitado? — perguntou-se o mais velho.

— O que disse?

— Nada não — murmurou Levi, passando a mão pelo pescoço. — Quer que eu ponha a mesa?

— Ah, verdade! Pode fazer isso para mim, por favor?

— Só me diga onde ficam as coisas.

Seguindo as instruções do namorado, Levi arrumou a mesa retangular de granito impecavelmente — como o esperado. Eren não perdeu tempo colocando as comidas em travessas apropriadas; serviu tudo nas respectivas panelas mesmo, já que era um almoço só para os dois. Concluiu com dois copos de vidro e uma caixa de suco — que foi motivo para mais um par de piadinhas. E uma coisa Levi tinha de admitir: se ficou irritado por Eren tê-lo trocado pela comida, agora não tinha mais do que reclamar. Estava tudo com uma cara ótima — o cheiro, melhor ainda — e só então percebeu que seu estômago se revirava de fome.

— Nossa, isso daqui está muito bom — disse Levi logo na primeira garfada. — Tem certeza de que você não fez um curso de culinária, ou algo do tipo?

— Tenho sim — disse Eren, rindo. — Sempre gostei de ajudar minha mãe com as tarefas de casa, então não foi exatamente um sacrifício vir para a cozinha ajudá-la a preparar a comida também.

— Você daria uma excelente esposa — brincou Levi, sorrindo zombeteiro para o namorado, que arqueou uma sobrancelha.

— Você quis dizer esposo, não?

— Não — disse Levi, terminando de engolir mais uma garfada. — Esposa mesmo.

— Vai se ferrar, Levi! — praguejou Eren, rindo. — Pois fique sabendo que você daria uma péssima esposa, não sabe nem cozinhar um ovo.

— Claro, eu fico com o papel de marido — devolveu Levi, com o seu ar de superior.

Eren queria rir, mas seria o mesmo que admitir derrota.

— E, por isso, você tem que ser inútil na cozinha? — questionou Eren, esperando vê-lo ficar agitado, mas só conseguiu fazê-lo rir mais.

— Hilário escutar isso do garoto que não sabia lavar uma camisa de linho! — disse Levi enquanto ria.

Não tinha como provocá-lo depois que começava a rir. Levi não o fazia com muita frequência, e justamente por isso aquela risada se tornava contagiante. Os dois pareciam dois bobos, comendo e trocando provocações enquanto riam de qualquer coisa. Era tão fácil — tão simples — estar um perto do outro, como se fossem amigos de longa data.

— Sabe, agora que eu parei para pensar... — comentou Eren, brincando com o último pedaço de carne em seu prato. — Desde que nós nos esbarramos...

— Correção: desde que você se esbarrou em mim — interferiu Levi. Eren limitou-se a revirar os olhos com um sorriso e continuar.

—... Fazem umas três semanas, não é?

— O quê, já quer comemorar três semanas de namoro? — Levi arqueou uma sobrancelha, demonstrando o quanto não ligava para esse tipo de coisa.

— Não, não é bem isso... — Eren passou uma mão na nuca. O gesto imediatamente chamou a atenção de Levi. — É que... você não acha estranho?

— Namorar você? — Levi franziu o cenho, sem entender de onde veio aquilo. — Claro que não.

— N-não era bem o que eu estava falando — o rosto do garoto enrubesceu —, mas obrigado...

Levi sorriu em resposta, porém o sorriso não durou muito. Ainda trazia em sua face uma expressão confusa, a cabeça apoiada na mão.

— Então, do que estava falando?

— Não sei como é para você — o garoto manteve a vista baixa —, mas para mim, quando estou com você... não sei, tenho a sensação de que te conheço por muito mais tempo.

Levi soltou um suspiro de alívio e remexeu-se na cadeira.

— Você pode ser um pirralho chato para cacete — desdenhou o mais velho, fazendo todo o constrangimento de Eren ir embora —, mas ainda assim, é muito bom ficar ao seu lado.

Esperava que o garoto reagisse com alguma troca de ofensa por tê-lo chamado de chato, mas tudo que teve em troca foi um par de olhos esmeralda surpresos demais para alguma reação.

— O que foi? — resmungou o mais velho.

— Você acha que é bom estar ao meu lado? — repetiu Eren, incrédulo demais para o gosto de Levi, que rolou os olhos.

— Eren, o que você esperava, sabendo que é meu namorado?

O garoto nada disse, apenas continuou com a mão na nuca e voltou à vista baixa.

— Deveria ser mais seguro de si — disse Levi, antes de dar um gole no copo de suco —, eu não ponho minha boca em qualquer merda.

— Era nisso que eu sempre pensava — admitiu Eren, dando um sorriso nervoso. — Sei que é bom transar com você e... deu pra notar que você também gosta. — O mais novo fez uma pausa para pensar no que diria. — Mas me preocupava ser um estorvo para você, já que não temos muito em comum, e você é bem mais velho...

— Eu não sou tão mais velho do que você — constatou Levi.

— Ah, não? — Eren franziu o cenho. Tinha a certeza de que, por ele ter um cargo importante na agência, devia ser um cara com mais de 25. — Você lembra que eu tenho 16 anos, certo?

Levi engasgou com o suco, mas foi algo bem discreto.

— Bem... O que você chama de muito mais velho? — quis saber Levi, antes de comentar qualquer coisa.

— Se você tiver mais de 25, tecnicamente é...

— Idade é uma coisa irrelevante — declarou Levi e desviou o olhar para outro lugar.

Eren cobriu a boca com as costas da mão e se segurou parar não rir. Como o esperado, Levi era bem mais velho.

— Quantos anos você tem, por sinal?

— Eu já disse —resmungou Levi —, idade é irrelevante.

— Sério, Levi! — Riu o garoto. — Eu já esperava que tivesse uns 25 anos.

Levi deu uma olhada no garoto e depois voltou sua atenção ao copo de suco.

— Mais.

— Mais?

— Mais de 25 — revelou Levi, a contragosto.

— Então... 26?

— Mais.

— 30?

Quer me foder, garoto?! — indignou-se o mais velho.

— Fale logo quantos anos tem! — choramingou Eren, passando uma mão pelo rosto. O namorado continuou calado. — Levi...

— 27 — disse Levi, por fim. Não pôde evitar sentir-se levemente incomodado.

Uou... — suspirou o garoto. — Você é onze anos mais velho?

Levi não respondeu, apenas entortou a boca e continuou encarando o copo de suco, tentando imaginar se o garoto ficaria muito incomodado com a diferença de idade. Enquanto isso, Eren sentia-se incrível. Mesmo sendo tão mais novo, foi capaz de fazê-lo, de alguma forma, escolhê-lo como parceiro. Começou a entender por que Levi não gostava de falar sobre o trabalho, mas, agora, sentia-se confiante o suficiente de que conseguiria conquistar a confiança do namorado, mesmo que aos poucos.

— Onze anos... — murmurou Eren, pensando alto. Levi apertou o corpo com mais força, apreensivo. — E então, Levi — Eren inclinou-se por cima da mesa e apoiou o rosto sobre as duas mãos —, como foi dividir espaço com dinossauros?

Levi olhou para Eren confuso, mas compreendeu imediatamente quando encarou o sorriso de escárnio presente no rosto do namorado.

— Não sei — respondeu no mesmo tom sarcástico —, por que não pergunta para sua mãe?

Escroto! — xingou o garoto e jogou o último pedaço de carne na direção do namorado, que o pegou no ar. — Falar da mãe é sacanagem!

— Não sabe brincar, não desce para o play, bebê — gracejou Levi, limpando a mão com um guardanapo de papel.

— Quem imaginaria que o velhote ainda sabe algumas piadas? — devolveu Eren, sorrindo sínico.

Levi arregalou os olhos para ele, mas trazia um sorriso divertido nos lábios. Eren se levantou com muita classe e começou a retirar os pratos da mesa.

— Sabe — Levi falava enquanto devorava com os olhos o corpo de Eren, que se inclinava de propósito e o namorado sabia —, eu quis ser muito gentil com você e esse traseiro maravilhoso porque, das outras vezes, eu peguei pesado demais... Acho que vou reconsiderar essa decisão.

— Não tem problema, sei exatamente como lidar com isso — disse Eren, com um sorriso travesso.

— Ah, é? — Levi arqueou uma sobrancelha. — Como, se entupindo de analgésicos?

— Não — Eren terminou de arrumar a primeira leva de pratos sujos, carregando-os com cuidado para não derrubar nada. — É só eu não limpar a minha bunda para que o maníaco por limpeza não queira “se sujar” — concluiu dando uma piscadela ousada para o namorado, que sorriu de orelha a orelha.

— Como eu já disse antes, nada que uma camisinha não resolva.

— Ah, agora você quer usar camisinha? — indignou-se.

— Só não gosto de usar quando quero um sexo especial. — Levi deu de ombros. — Qualquer outra transa, não tem para que esperar você se limpar, até porque detesto esperar.

— Ah, velhos... — suspirou Eren com um sorriso e seguiu em direção à pia.

Levi não perdeu a oportunidade; assim que o garoto passou por ele, levantou-se da cadeira para conseguir um ângulo melhor para dar-lhe um belo de um tapa na nádega esquerda. O garoto fez uma pausa para recuperar o equilíbrio, quase derrubando um dos copos de vidro. Logo que conseguiu estabilizar-se, olhou para Levi com olhos fumegantes, o que fez o namorado cair na risada pela segunda vez no dia.

— Juro que, se não estivesse com a louça na mão, ia aí de dar um soco — grunhiu Eren.

— Aham, tá bom — disse, completamente descrente, e seguiu para o corredor que dava acesso aos outros cômodos da casa.

— Aonde pensa que está indo?

— Banheiro — disse, sucinto, e seguiu até uma porta ao lado da escada que julgava ser a do banheiro.

No meio do caminho, escutou o som da campainha ecoando, o que o fez parar e encarar a porta de entrada na outra extremidade do corredor. Considerou se devia ir lá, já que Eren estava ocupado com a louça. Porém, a casa não era dele, o que o deixava desconfortável.

Já vai! — gritou o garoto da cozinha, que foi o suficiente para que Levi desistisse da ideia.

A campainha foi tocada mais duas vezes, mostrando a impaciência do visitante. Rude, foi o que Levi pensou.

Já disse que estou indo! — reclamou Eren, seguido do barulho de pratos se chocando. — Ah, droga!

Levi revirou os olhos, já imaginando a cena do namorado derrubando tudo na pia devido à pressa. Decidiu, por fim, dar meia volta e rumar até a porta de entrada. Podia, no mínimo, receber a pessoa até que Eren viesse — até porque a ideia de deixar o namorado atender a porta só de regata e cueca não lhe era muito agradável. Faltando alguns passos para chegar até a porta, uma voz pôde ser ouvida do lado de fora:

Eren, abra logo a droga dessa porta!


Notas Finais


Amo esses dois, mas ver eles discutindo é a melhor coisa hehehe
Bem, Eren e o seu belo traseiro que se preparem (em todos os sentidos possíveis).
É isso aí, lindos, beijos.

Shingeki News:
Para os não antenados, aqui vai: boas e más notícias, galera. A boa é que o estúdio do anime teve a DECÊNCIA de mudar de ideia e seguir o roteiro original do mangá (pra vcs terem uma ideia, LEVI ia morrer nessa segunda temporada). Mas a FODENDO má notícia é que, para isso, o mangá precisa ficar uns 4 arcos à frente de onde o anime parou. E, guess what? Essa maldita merda está a uns 2 arcos de diferença. DOIS FODENDO ARCOS. Essa porcaria vai atrasar mais um ano! Eu tô em lágrimas! ALGUÉM ME DIGA QUE EU LI ERRADO, QUE ISSO TUDO É UMA GRANDE MENTIRA. PF E OBRIGADA.


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