1. Spirit Fanfics >
  2. Vazio >
  3. Amar não é fácil

História Vazio - Amar não é fácil


Escrita por: ChisanaRumiko

Notas do Autor


OIOIOIOI GALERIS
Atrasei um pouco, não é? Vamos fingir que eu consegui postar ainda nesse fds kkk
Queria fazer um cap mais compridinho, como de costume, mas meio que não deu .-.
Entãaaao, acho que foi melhor esse cap menorzinho do que nada, né? :D (espero que sim >.<)

GENTE, OBG PELOS 380 FAVORITOS <3 E pelos novos leitores tb, agradeço todos os comentários carinhosos :3
Nesse cap, eu quis explorar um pouco mais o que se passou na mente de Levi durante esse tempo de "reabilitação" (já to preparando meu coração para as Eruri Haters kkk)
Enfim, gente, é isso... espero que gostem :3

Boa leitura!

Capítulo 44 - Amar não é fácil


O dia amanheceu cinzento. Graças às poucas nuvens no céu, a claridade estava num nível agradável o suficiente para que Levi não quisesse sair da cama mesmo depois de tanto tempo sendo mantido dentro de casa. Claro, saía para correr pelas manhãs e, quando Eren ia embora cedo, dava uma volta à noite também. Ainda assim, sentia o corpo fraco e fragilizado, o que o irritava incondicionalmente. Já bastava o psicológico abalado, não precisava de mais nenhum ponto fraco na sua lista.

Respirando fundo, decidiu que seria melhor levantar de uma vez. Eram exatamente cinco horas da manhã, o horário perfeito para ir ao parque perto de seu apartamento sem que houvesse uma multidão que impedisse sua livre circulação pela pista de corrida. Sendo assim, levantou para beber qualquer suco que o namorado houvesse deixado na geladeira na noite anterior e fez a higiene pessoal, para só então sair de casa.

Como sempre, tentou jogar todo o estresse acumulado naquele momento, quando podia espairecer a mente forçando mais os músculos da perna e aumentando a velocidade. Dentre as várias coisas nas quais tinha que pensar, focou bastante em Eren — como sempre. Não tinha palavras para descrever o quanto era grato pelo garoto, muito menos o quão decepcionado consigo mesmo estava. Não era do tipo de pessoa que gostava de ter os outros cuidando de si — com exceção de Erwin —, e ali estava Levi se perguntando o que teria feito se Eren não tivesse a paciência que teve para estar ao seu lado quando mais precisou. Estava começando a depender de um pirralho? Aquilo era um absurdo. Um absurdo que, por mais que detestasse, também o comovia.

— Eren... — disse sem querer o nome do namorado em voz alta, quase que em um lamento.

 Sabia melhor do que ninguém que o garoto dos olhos verdes encantadores não teria feito metade do que fez se os sentimentos não fossem verdadeiros. Estava começando a ver que Eren não mentiu em nenhuma das vezes em que disse “eu me importo com você”. Tinha suas dúvidas, dada a idade e a maturidade dele, mas agora não havia dúvidas de que estava sendo sincero. Talvez, até o amasse — o que seria ainda pior.

Reconhecia aqueles sintomas, pois passou o mesmo com Erwin. Também era infinitamente grato pelo que o ex fez por ele, e agradeceu aos céus por ter conseguido terminar antes que ele também se apaixonasse. Mas... Eren? Era difícil. Sabia que os sentimentos do garoto eram cada vez mais profundos, que ele era uma boa pessoa e que merecia alguém igualmente bom ao seu lado, mas... Era capaz de abrir mão dele? Sabia que não — ou melhor, que não queria. Quanto mais ele o visitava, quanto mais conversavam e riam juntos, quanto mais trocavam olhares e carícias tão simples e ainda assim tão íntimas... Não dava para dizer que não queria aquilo. Eren havia se tornado a sua paz antes que pudesse controlar isso. No final das contas, era egoísta demais para abrir mão da própria felicidade para que o garoto pudesse ter o direito de amar alguém mais decente.

Pensar em deixar Eren ser tomado por um outro qualquer foi o combustível suficiente para que corresse mais quinhentos metros. Ao final do percurso, concluiu que, definitivamente, aquilo que os dois sentiam era um carinho imenso, mas que não era amor.

Não podia ser amor.

 

 

Depois de um banho demorado e de uma muda de roupas limpas, Levi se dirigiu à cozinha para um café da manhã decente e então partiu para a agência. Como a moto estava perdida em algum lugar por entre as favelas da área Maria, Levi não teve outra alternativa a não ser utilizar o transporte público nos primeiros dias de trabalho — o que lhe causou um visível desconforto notado por todos. Sendo assim, Erwin lhe ofereceu de bom grado o segundo carro que tinha, este menos chamativo e que serviria até que Levi conseguisse outra moto para substituir a antiga. Como o desgosto pela multidão nojenta falava mais alto, aceitou de bom grado a oferta.

Sendo assim, entrou no Camry preto e aconchegou-se no banco acolchoado — era mais confortável do que esperava —, dando partida para que não perdesse mais tempo. Aquele carro o fazia se lembrar de como era bom dirigir algo confortável e “seguro”, coisa que não fazia há muito tempo. Agradeceria a Erwin depois. por sinal, deveria agradecer também por tudo que ele fez durante o tempo em que esteve afastado do trabalho...

Sabia que o loiro não havia gostado nem um pouco do sumiço de Levi, mas não hesitou em mostrar o quão feliz estava em vê-lo vivo quando foi até o apartamento dele na noite seguinte à sua volta. Claro que, diferente de Eren, ele tinha muito para se fazer e não podia visitá-lo com a mesma frequência — o que foi bom, pois era mais fácil evitar que se encontrassem —, mas cada visita foi extremamente fundamental. Como o esperado de Erwin, Levi não conseguiu conter a língua por muito tempo e contou com poucos detalhes o que havia acontecido durante o “adestramento”.

Erwin, claro, ficou horrorizado, mas não demonstrou isso em momento algum. O pior foi quando chegou na parte de Farlan... Esse nome, Erwin conhecia muito bem — tinha calafrios só de pensar nele. Finalmente entendeu por que Levi estava tão transtornado: Pixis fez questão de provocá-lo inúmeras vezes com a morte do companheiro, pois sabia que aquele era o ponto fraco de Levi. Erwin não precisou de uma história muito trabalhada para deduzir aquilo, um simples “ele falou de Farlan” já havia sido o suficiente. Como havia feito da primeira vez, Erwin acalmou Levi com palavras amigas que foram muito bem-vindas — ele sempre sabia o que dizer para acalmá-lo.

Falando em palavras amigas, nunca sentiu tanta necessidade de sair para beber com Hanji. Se não fosse pela amiga louca e animada, não conseguiria conversar como uma pessoa normal tão cedo. Somente ela para aguentar tantas palavras duras e ainda assim ser capaz de oferecer um sorriso genuíno e ainda fazer graça disso. Era como sua dose de felicidade semanal, já que, assim como Erwin, também não tinha como vê-lo na mesma frequência que Eren.

No final das contas, teve seu psicológico estabilizado por Erwin, sua comunicação reestabelecida por Hanji e seu coração acalmado por Eren — este teve um trabalho ainda mais difícil, visto que não era de ontem que seu coração estava danificado. Levi sorriu com a ideia de ter os três no mesmo lugar ao mesmo tempo e em como aquilo poderia acabar muito errado.

 

 

— Bom dia, Heichou! — cumprimentou Petra assim que viu o chefe adentrar o escritório. — Sente-se bem hoje?

— Bom dia, e não — respondeu seco, fazendo-a sorrir. — Só a ideia de ficar aqui preso nessa sala a manhã inteira já me faz ficar cinco vezes mais indisposto.

— E isso é possível? — brincou Gunther, gerando algumas risadas entre os membros da equipe e um olhar assustador vindo de Levi. O calafrio que sentiu foi disfarçado por um pigarrear. — Hm, então, Heichou, acho que você deve pegar leve nessa volta ao escritório. Na verdade, é até bom que você não vá apara os trabalhos em campo...

Como é que é? — murmurou Levi, cerrando os olhos.

— O-o que ele quis dizer é que estamos preocupados com sua saúde! — disfarçou Oluo.

— Sabemos que seu corpo ainda está fragilizado, e que está bem mais magro — explicou Eld, complementando as palavras do companheiro. — Seria arriscado tê-lo em campo nesse estado.

— Acho que vocês andam pensando muita merda a meu respeito — murmurou Levi, dando as costas e indo até a sua mesa. — Mas... agradeço a preocupação.

Gunther e Eld trocaram olhares de alívio, enquanto Petra o observava com um semblante terno — que não fugiu aos olhos de Oluo. Antes que qualquer membro da equipe pudesse se pronunciar, a porta da sala foi aberta com demasiada indelicadeza, chamando a atenção de todos pelo ruído que fez. Levi apenas revirou os olhos ao ver de quem se tratava, mas sem deixar que um sorriso surgisse no canto de seus lábios.

— Ora, mas vejam só, ele tem sentimentos! — brincou Hanji, dando uma piscadela para Levi.

— Tipo o de repulsa por estar vendo seu rosto asqueroso a essa hora da manhã? — retrucou Levi. — Sinceramente, Hanji, para que tanto estardalhaço...

— Hoje não é para jogar conversa fora, eu juro — respondeu a mulher de óculos, pondo uma mão sobre o peito para jurar as palavras. — Vim aqui acertar outros negócios.

— E que negócios eu tenho com você, maldita quatro-olhos?

A morena sorriu travessa e puxou algo escondido atrás da porta — mais especificamente, o colarinho de uma camisa. Contra a sua vontade, o segundo em comando do esquadrão de Hanji, Moblit Berner, adentrou a sala da equipe de Operações Especiais com o rosto completamente rubro.

— Berner? — chamou Levi, mais intrigado do que qualquer outra coisa. Não que tivesse um relacionamento ruim com ele, o problema era justamente que não tinha qualquer relacionamento com ele. Se não fosse a constante intervenção da amiga para que conversassem, não saberia muito mais do que o seu nome. — Algo para tratar comigo?

— E-eu.. Hm, o senhor... Fico feliz que esteja bem... — respondeu o loiro, completamente atrapalhado com as palavras, enquanto fitava o chão.

— Obrigado — respondeu sucinto.

Aquela resposta deixou Moblit ainda mais constrangido. Ele apenas se curvou em respeito e disse:

— Eu te admiro muito, obrigado pelo seu trabalho na agência! — E então saiu pela mesma porta que entrou, deixando para trás uma Hanji quase sem fôlego de tanto rir, assim como os outros membros da equipe ali presentes.

— Eu adoro esse bobo! — disse a morena, tentando reestabelecer o trabalho normal de seus pulmões.

— Hanji, isso foi cruel — repreendeu Levi, balançando a cabeça. — Não deveria forçar o pobre coitado a dizer essas besteiras.

— Eu não forcei ele a nada! — defendeu-se a amiga, sem perder o riso. — Moblit me pediu uma oportunidade para te contar algo e cá estamos nós.

Levi levantou o olhar para Hanji, completamente abismado.

— Ele queria dizer aquilo? Não foi ameaça sua?

— Claro que não, seu besta! — Levantou o óculos para enxugar uma pequena lágrima. — Nem eu sabia que ele queria fazer aquilo. Mas sabia que ele sempre te admirou bastante.

— Ah... — Foi a única resposta que recebeu, pois logo virou-se para os papéis em sua mesa e focou no trabalho.

Levi não deveria mais se surpreender com coisas como aquela, já que desde que voltou para a agência, recebia direto visitas de colegas que mal via durante o dia a dia, mas que estavam ali para dizer algumas palavras de respeito e felicidade por ter voltado com vida. Claro, houveram aqueles que apenas o criticaram à distância pela confusão que causou na agência, mas era mais por ignorância e falta de informação sobre a situação do que por maldade em si.

O único que não estava muito feliz com a sua presença era, claro, Darius Zackley. Não que ele desejasse que estivesse morto, mas a volta de Levi significava também a volta de reuniões cansativas e discussões acaloradas sobre a conduta do agente e a sua permanência ou não na AIS. Levi esteve em algumas delas, e, para variar, as coisas não estavam indo muito bem. Queriam afastá-lo de vez do trabalho devido às suas “condições físicas”, mas Levi conseguiu argumentar com a pilha de trabalho que havia se acumulado desde que se ausentou, e que pelo menos aquilo ele era capaz de fazer naquela condição. O veredicto foi, portanto, que Levi estava suspenso de trabalhos em campo até segunda ordem.

Detestava ter que trabalhar sentado numa cadeira o dia inteiro, mas pelo menos assim tinha a liberdade de poder sair mais cedo do trabalho. Não reclamou, já que assim era possível chegar em casa um pouco depois ou quase ao mesmo tempo que Eren, e aquilo era tudo que precisava.

Ah, estou pensando naquele pirralho mais uma vez...”, murmurou mentalmente, deixando que um sorriso de canto se formasse em seus lábios. “O que será que ele deve estar fazendo?”. Ao olhar para o relógio no canto de sua mesa, viu que ainda faltava um pouco para o horário do almoço, e que já tinha avançado bastante no trabalho proposto para o dia. Sendo assim, daria tempo de voltar para casa ainda mais cedo e curtir um tempinho a mais com seu pirralho. Ou melhor...

Pensou mais um pouco no que estava planejando, pois poderia ser uma jogada arriscada. Assim que decidiu que valia à pena — já que Eren sempre vale —, sacou o telefone do bolso da calça e selecionou o contato do namorado, apenas para mandar uma simples mensagem: “Vou te pegar no seu colégio hoje. Ah, e retiro o que disse sobre querer voltar pro trabalho, quero você e a sua língua afiada me provocando a tarde inteira de novo”.

 

 

O sinal indicando o final das aulas da tarde nunca havia soado tão magnífico aos ouvidos de um certo jovem cujos olhos verdes brilhavam em ansiedade pelo encontro com o namorado.  Não demorou nem cinco minutos para que Eren pudesse arrumar suas coisas e, finalmente, saísse corredor afora em direção à saída do colégio. Mikasa e Armin não deixaram aquele pequeno detalhe lhes escapar das vistas, embora reagissem de formas diferentes; Mikasa se propôs a segui-lo discretamente — habilidade muito bem refinada ao longo dos anos —, enquanto Armin se limitou a baixar a cabeça sobre a mesa e suspirar.

Atualmente, o garoto de olhos azuis como cristal estava passando por um período terrivelmente turbulento quanto às suas questões emocionais. Sim, claro, pensava muito no melhor amigo impulsivo e no namorado problemático que ele havia arranjado. Considerou várias vezes aceitar o que tanto Eren quanto Marco lhe disseram para que tentasse abstrair o péssimo primeiro encontro dos dois e desse uma chance para Levi, mas não era assim tão fácil.

Sim, sabia que estava exagerando bastante quanto à sua repulsa, mas não dizia que aquela insegurança vinha de um sentimento muito mais além do que o que os amigos pensavam que era. O receio da primeira imagem distorcida que tivera do homem de olhos cinzentos como uma tempestade não era nada se comparado à dor amarga que sentia no peito toda vez que pensava no estado decadente de Eren quando o namorado se ausentou.

E não era só isso que tinha em mente; sabia que ele não era muito “gentil”, pois não se lembrava de uma única vez que o amigo de olhos verdes voltara de uma noitada com Levi sem estar cheio de dores, ou até mesmo hematomas — vale destacar que nem sempre foram marcas de beijos picantes, e Armin sabia disso. Somado ao ímpeto pela violência durante o sexo, havia também essa nova informação de que o tal namorado trabalhava em casos envolvendo a máfia, e praticamente foi raptado e torturado por ela por uma semana. No final das contas, o quão normal esse homem poderia ser? Talvez aos olhos ingênuos dos amigos Levi fosse “aceitável”, mas não para Armin. Ele sabia que havia algo de muito errado com esse homem, principalmente na forma como ele mexia com Eren.

Enquanto isso, Jean observava à distância Marco interagir com Bertolt e outros dois colegas de turma numa conversa animada. A amizade dos dois estava deixando-o louco, principalmente porque sabia que Marco estava fazendo aquilo de propósito para provocá-lo. Tinha raiva de si mesmo por ter deixado que o amigo se afastasse, mas, mais do que isso, sentia raiva por Marco por ter se declarado para ele. A cada dia que passava, praguejava ainda mais o maldito dia em que escutou a conversa entre ele e Eren no ginásio, quando se tornou inevitável ignorar os sentimentos do amigo — por mais que quisesse.

Balançou a cabeça e decidiu ignorar o caos emocional dentro de seu peito. Pensar mais ainda naquilo não ajudaria em nada, só o deixaria com  mais raiva. Passando pelos corredores de mesa até a porta, percebeu um certo loiro cabisbaixo a olhar para a janela. Revirou os olhos e bateu na nuca de Armin com a mochila, recebendo um par de ofensas do amigo.

— Por que está aí, parecendo gado de abate? — perguntou Jean, ignorando o olhar ressentido do loiro.

— Não é da sua conta — resmungou Armin. — Precisava mesmo ter me batido?

Jean foi até a mesa ao lado do amigo e puxou uma cadeira, sentando ao lado dele.

— Você está com a cara péssima — murmurou Jean, fazendo-o revirar os olhos. — Pensava que isso era apenas por causa do bastardo suicida ter entrado em depressão pelo namoradinho, mas mesmo agora que está tudo bem, você continua assim.

— Ah... você não é tão desatento quanto eu pensava — suspirou. — Eu não sei, Jean, acho que tem algo de errado comigo.

— Esse trio de vocês só tem gente louca.

— Trio?

— Você, Mikasa e Eren.

— Ah, sim. — Armin sorriu de canto. — Talvez sejamos mesmo. E você está apaixonado por um desses loucos.

— Já disse, nem todo mundo baba pela bunda do Jäeger — resmungou.

— Na verdade, eu estava falando da Mikasa — disse, sorrindo ainda mais. — Ou você esqueceu de que a amava porque Marco é o único na sua cabeça?

— Pare de falar merda — retrucou Jean, passando a mão pelos cabelos. — Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas acho que o odeio.

Armin olhou para o amigo boquiaberto. Sim, entendia a frustração dele por ter o melhor amigo "roubado" por Bertolt, mas chegar a dizer que o odiava? Isso estava além do esperado para Jean.

— Jean...

— Acho que tem algo de errado comigo também.

— Hm... — Armin pensou rapidamente em algo que pudesse ajudá-lo a melhorar, assim como ajudar a si mesmo também. Ambos precisavam se distrair. — Ei, Jean... que tal sairmos para fazer alguma coisa?

— Tipo o quê?

— Não sei, qualquer coisa. — Deu de ombros. — Acho que precisamos relaxar um pouco.

— Não me parece uma má opção — admitiu Jean. — Vamos.

Armin sorriu de canto para o amigo e começou a arrumar suas coisas.

 

 

Eren só não corria porque aquilo chamaria muita atenção, e precisava ser discreto para que ninguém percebesse para onde estava indo. Virando a esquina do colégio, a que tinha marcado com Levi justamente por ser a menos movimentada, procurou pelo namorado com certa ansiedade. Queria vê-lo logo, além de querer sair dali para que não fosse visto. Porém, a rua estava deserta. Tentou ignorar a pontada de frustração e olhou com mais atenção, mas não havia nada ali além de dois carros estacionados e um encostado no meio fio que ainda estava ligado.

Estranhou a ausência do namorado, contorcendo o rosto em desgosto. Pensou que ele poderia ter errado a esquina, então tirou o celular do bolso da calça e procurou o contato de Levi enquanto dava meia volta. O som da buzina de um carro fez com que o moreno parasse e olhasse para trás, só para ter certeza se era com ele ou não. Percebeu que o carro encostado no meio fio deu ré até se aproximar o suficiente para que ficasse alinhado com a janela do motorista. Eren franziu o cenho e recuou um passo, preparando-se para correr a qualquer segundo.

Quando o vidro da janela abaixou, o moreno sentiu uma onda de alívio percorrer seu corpo. Encontrou os olhos cinzentos que tanto amava de imediato, e abriu um largo sorriso que logo contagiou o namorado, que retribuiu com um sorriso de canto. Levi estava de calça social e camisa branca de botões, com óculos escuros levantados até o topo da cabeça.

— Não me assuste desse jeito — disse o garoto, ainda sorridente.

— Não foi minha intenção — respondeu Levi, quase não completando a frase, já que Eren havia se inclinado para roubar-lhe um selinho rápido.

— O que aconteceu com sua moto? — perguntou enquanto dava a volta pela frente do carro para entrar do lado do carona. — É meio estranho te ver de carro, embora você esteja bem sexy.

— Eu... tive uns problemas com minha moto — mentiu. — Peguei esse carro emprestado com meu chefe.

— Ele é bem caridoso, não? — Sarcasmo se escondia por detrás daquelas palavras.

— Não é como se fosse um presente, pirralho ciumento. — Bagunçou os fios castanhos do garoto assim que ele havia terminado de sentar-se ao seu lado. — Eu só preciso de um veículo para trabalhar, então foi meio que inevitável.

— Hm, sei... E ele fica como, sem carro?

— Ele tem outro — respondeu com impaciência, mostrando que não queria durar muito naquele tópico. — Já podemos ir ou você ainda tem mais alguma suspeita de meu chefe que eu possa tirar?

— Só acho que ele é bonzinho demais com você — murmurou o garoto, emburrado. — Hoje eu não vou para sua casa.

— Ah, sério que você vai ficar rabugento só por causa do carro? — resmungou Levi, passando uma mão pelo rosto.

— Não, claro que não. — Eren revirou os olhos. — Minha mãe pediu para voltar cedo para casa.

— Então por que concordou em me encontrar aqui se não era para vir comigo?

— Porque assim, eu ao menos pude te ver hoje — disse Eren, sorrindo de novo.

Levi o puxou pela gola e deixou seu rosto a centímetros do dele, o que fez o moreno soltar um gemido baixo e contido.

— Então, vamos aproveitar bem o tempo — sussurrou o mais velho, roçando os lábios nos de Eren.

Não demorou muito para que um beijo entre os dois começasse. Desde que Levi aceitou ter mais contato com o pirralho de novo, não conseguiu conter direito a intensidade do contado, o que gerou alguns chupões à mais e algumas feridas ocasionais no lábio inferior. Eren, claro, não reclamava, mas Levi sentia-se culpado pelo que fazia.

O garoto tinha que ter cuidado não porque se incomodava com as marcas, mas porque quando Levi percebia que estava o machucando... Era bem ruim. Só que os beijos haviam se tornado tão bons que não nada para se segurar, e aquele não era exceção. A mão na sua nuca puxando alguns fios de cabelo enquanto tinha a coxa esquerda sendo explorada pela outra não ajudava muito no quesito autocontrole. Muito pelo contrário; gemia cada vez mais alto, buscando aumentar o atrito entre suas línguas enquanto intensificava o beijo.

O efeito servia para os dois. Levi também não parecia estar muito seguro do quanto mais podia resistir sem tocar o garoto em lugares mais sensíveis — sendo que a ideia de fazer isso no carro de Erwin não o agradava nem um pouco. Decidiu, portanto, que colocaria seu plano em ação depois, quando tivesse a oportunidade de ficar à sós com o garoto por mais tempo. A contragosto, Levi separou seus lábios dos de Eren, deixando uma distância mínima para que ao menos pudessem respirar.

— Vamos, eu te deixo em casa — disse Levi, parecendo um pouco desapontado. Eren sorriu e o envolveu com os dois braços pelo pescoço.

— Mas já? — murmurou o garoto, fixando os olhos verdes nos cinzentos. — Você está de carro, a gente ganha uns minutinhos para ficar mais tempo juntos...

Levi sorriu em resposta e o puxou pela cintura, quase o trazendo para seu colo. Antes que suas bocas colassem de novo, um barulho alto de pancada ecoou dentro do carro. Levi logo afastou Eren e olhou em volta, procurando por algo ou alguém que tenha atingido o veículo.

Parada em frente ao carro estava uma garota jovem de cabelos bem escuros parecendo tão irritada quanto ele mesmo quando encontra acúmulos de mofo. Ela estava com um pé apoiado na parte frontal do veículo, o que indicava que o barulho veio de um chute da mesma. Perguntou-se o que aquela garota que nunca tinha visto na vida — mas que tinha um rosto familiar — estava fazendo ali, quando escutou o namorado prender a respiração.

Ao olhar para o lado, viu que Eren estava encolhido no banco do carona com ambas as mãos na cabeça, completamente em pânico. Também não pôde deixar de notar que seus olhos estavam vidrados na garota, que fazia o mesmo. “Ex-namorada?”, concluiu mentalmente.

— Eren...? — chamou Levi, esperando por uma explicação.

— Ah, meu Deus, não... — gemeu Eren, quase tremendo.

— Ei, o que foi? — Nenhuma resposta. — Sabe quem é ela?

Escutou Eren engolir em seco.

Mikasa...


Notas Finais


HUEHUEHEUHEUEHUE SIM
Muitas pessoas esperavam pelo momento que Mikasa e Carla descobririam do relacionamento de Eren, e eis que agora cumpro metade da minha promessa. E então, já sabem como a nossa bela oriental vai reagir? (risus)

Pois é, pois é... um cap bem curto e cheio de feels pra vcs ;3
Até semana que vem, gatíssimos O/


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...