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História Vazio - Atos impensados


Escrita por: ChisanaRumiko

Notas do Autor


[CAP REPOSTADO]

Hey hey amores, como estão? :3

Pois então, eu finalmente consegui terminar de escrever o capítulo~
(Pra compensar, eu fiz ele com um final bonitin)
Sendo muito sincera, eu ainda to morrendo de cansaço, então, se não se importam, vou me jogar na minha cama :D
Ah, e me perdoem caso eu tenha deixado mtos erros passarem dessa vez (só ora ces terem uma noção, eu tava escrevendo "avia" ao invés de "havia" de tanto cansaço, srry <3)

MAS ANTES DE MAIS NADA
GALERA
ESTAMOS CHEGANDO MESMO A 900 FAVORITOS???
TIPO... WAT????
MDS, MTO OBRIGADA A TODOS OS PIMPOLHOS QUE DERAM UMA CHANCE À FIC E REALMENTE GOSTARAM, EU NÃO SEI NEM COMO AGRADECER
(Na vdd eu sei sim, é só postar dentro do prazo, mas é que dá taaanto trabalho... kkkkk)
Falando sério agora, muito obrigada, de todo coração <3

Bem...
Boa leitura!

Capítulo 64 - Atos impensados


— Por que escolheu justo o bar do lado da casa de Levi? — perguntou Eren, assim que cumprimentou a amiga e se sentou do outro lado da mesa.

— Porque esse é o bar onde nós da Agência sempre nos reunimos pra jogar conversa fora — disse Hanji, já com um copo e uma garrafa de cerveja na mesa.

— Mas é tão perto da casa de Levi... — murmurou, sempre dando uma espiada na entrada, como se o namorado fosse surgir a qualquer momento.

— Se está preocupado com ele aparecendo do nada, então pode relaxa. Levi dificilmente aparece aqui sem que seja convidado, ele não é muito de beber — informou a morena, dando de ombros. — Mas por que essa tensão toda?

— B-bem... — murmurou acanhado.

— É pela promessa que vocês fizeram?

Eren ergueu os olhos, surpreso.

— Você sabe da promessa que fizemos?

— É claro — disse, sorrindo carinhosamente. — Achei muito fofo quando ele recusou uma saída dessas porque “tinha prometido ao pirralho que não beberia se ele também não bebesse”.

— A-ah, sim... — Eren sorriu, levemente envergonhado. — Eu acabei contando a ele que bebia com meus amigos quando rolava umas festas de uma galera mais velha, e ele não gostou muito disso.

— Sinceramente? Ele não tem moral pra reclamar disso — declarou, fazendo um falso biquinho. — Quando ele era mais novo, era um porra-louca completo.

— Como assim?

— Ah, ele era completamente solto na vida, fazia sempre o que dava na telha e as consequências que viessem depois.

— Jura? — murmurou Eren, verdadeiramente surpreso. — Eu não consigo ver ele assim...

— Ah, mas é porque ele já aprendeu da pior forma possível que algumas consequências vêm mais pesadas do que se espera — disse, revirando os olhos.

— Ele era assim mesmo quando estava na Agência?

— Claro que não! — respondeu rindo. — Isso era quando ele ainda era só um... — Hanji, por sorte, não estava alcoolizada o suficiente para deixar uma informação sobre Levi mais novo escapar. Teve que pensar em alguma enrolação em questão de milissegundos. — Um aspirante a policial. Isso, era quando ele ainda estava na academia sendo treinado.

— Hm, entendo. Então você o conheceu antes de entrar na Agência... — murmurou o garoto, pensativo. — Pensei que tinha o conhecido quando trabalharam na mesma equipe.

— Então... vamos falar de outro assunto — pediu nervosamente enquanto tragava mais um gole da cerveja.

— Ah, desculpa, você também estava chateada com Levi, não é?

— Não exatamente — disse a morena, dando de ombros. — Tudo bem que eu fiquei meio decepcionada por ele não ter vindo falar diretamente comigo depois que passou pelos perrengues, mas eu já o perturbei o suficiente no escritório pra fazer com que ele aprenda que a melhor amiga vem sempre em primeiro lugar.

— Então por que estava chateada? — perguntou, franzindo o cenho. Depois, culpou-se por se questionar mentalmente “que outro problema alguém teria se não Levi”.

— É por causa do suposto melhor amigo dele — grunhiu Hanji, bebendo mais um pouco antes de continuar. — Ele parece que simplesmente não liga pra Levi! “Ah, quem liga se ele está com a corda no pescoço? Vamos simplesmente ser a favor da demissão dele!”

Eren não pôde deixar de rir da imitação da amiga, mesmo não sabendo de quem se tratava — só não entendeu por que ela pôs dois dedos por cima de cada sobrancelha. Mas não demorou muito até que o adolescente associasse “melhor amigo de Levi” a “ex-namorado de Levi”, e então adotou um semblante emburrado.

— Eu esperava que o ex dele pelo menos tivesse um pouco de consideração — murmurou o garoto.

— Não é?! Eu esperava exatamente... — Hanji se interrompeu quando percebeu que não estava ajudando Eren a desestressar, muito pelo contrário. E, sendo sincera, ela também admitia que não era exatamente esse o tipo de assunto que queria trazer agora. Mordeu o lábio inferior e então tomou uma decisão: se era pra ficar mal, que fosse por algo que ela fizesse, e não os outros. — Quer saber de uma, Eren? A gente veio aqui pra dar o foda-se.

— Hã?

— É isso mesmo, vamos tacar o foda-se — repetiu a mulher, virando o resto de cerveja que tinha em seu copo para dentro e o enchendo de novo, só que desta vez o ofereceu ao mais novo. — Vai, esse é todo seu.

— H-Hanji, eu... — murmurou Eren, erguendo as duas mãos para recusar a bebida.

— Deixe de me enrolar — resmungou a policial, revirando os olhos. — Você já me provou que tem idade o suficiente pra beber. Pelo amor de Deus, você namora Levi Rivaille, isso sim deveria ser proibido pra menores de vinte e um anos.

Eren, pela primeira vez naquele dia, deu uma boa gargalhada, o que até chamou a atenção de alguns clientes adjacentes.

— Acredite — dizia enquanto ainda recuperava o fôlego —, eu adoraria aceitar beber com você, mas eu prometi a Levi que...

— Promessas estão aí para serem quebradas — insistiu a morena, depositando o copo na mesa à frente do garoto com mais força do que devia. — “Foda-se”, não lembra?

O mais novo olhou para o copo, depois olhou para a policial, voltou a olhar o copo e então, após murmurar um singelo “foda-se”, tragou de vez metade do conteúdo do copo. Enquanto virava o líquido para dentro, escutou a “responsável” fazer urros de comemoração, mais uma vez incomodando aos que estavam em volta. Mas não era como se nenhum dos dois ligasse.

Depois daquele primeiro — e grande — gole, muitos outros se seguiram enquanto a noite ganhava espaço no céu. Eles juntos já deviam ter bebido por volta de três garrafas, e por mais que o álcool não fosse uma experiência nova para ambos, os efeitos nunca eram nulos. A conversa, que começou com temas leves e agradáveis, já estava adentrando em assuntos ou muito íntimos, ou muito constrangedores. E isso fez com que eles parassem? Muito pelo contrário. Não pararam nem mesmo quando surpreendiam a todos no bar quando berravam alguma frase completamente fora de contexto, como “Você beijou um sapo esperando virar um príncipe?! Que idiota!”.

O objetivo da noite havia sido atingido: tanto Eren quanto Hanji riam e se divertiam como se fossem amigos de longa data se reunindo, e por mais que já fossem consideravelmente extrovertidos por conta própria, não podiam negar que era bem mais fácil conversar sobre alguns temas quando o álcool subia à cabeça, e o pudor era deixado de lado.

A noite tomou rumos inesperados quando, no meio da conversa, Hanji recebeu uma ligação que não esperava: Petra. A ruiva dizia que estava, assim como praticamente todos, com a cabeça cheia e cansados de tanta confusão. Ela pediu para saírem no final de semana ou quando desse, e eis que Hanji surge com a brilhante ideia de reunir a todos. “Somos todos amigos, não é mesmo?”, pensou a morena, “E quando se trata de amigos, quanto mais, melhor!”. Sendo assim, falou para Petra ir até o bar onde estava, e que podia chamar Eld, Gunther e Oluo se quisesse.

E Petra assim o fez; chamou todos os amigos, que aceitaram com alguma relutância, a exceção de Oluo. Este, achava que não era uma boa ideia sair para beber no meio da semana, sabendo que tinham trabalho no dia seguinte, e também acrescentou que “Hanji era louca demais sóbria, imagine bêbada”. Petra tentou convencê-lo de que não seria nada demorado o suficiente para deixá-los bêbados e indispostos no dia seguinte, mas nem isso convenceu o amigo. Bem, o que a ruiva poderia fazer? Apenas rolou os olhos e arrumou-se rapidamente, seguindo para o endereço que já conhecia de cor.

Assim que chegou ao bar, conseguiu identificar imediatamente a risada exagerada da amiga, então não teve problemas em achar a mesa onde ela estava. O problema foi ver quem estava lá para fazer companhia: Eren. Não que tivesse, de fato, algo contra o garoto, até porque algumas conversas com o chefe e com os colegas a fez reconsiderar a péssima primeira impressão que teve. Porém, não conseguiu mudá-la por completo; algo lhe dizia para ter cuidado com o adolescente, um sentimento forte que não a deixava em paz.

— Não sabia que viria também — disse a ruiva, tentando ser educada, enquanto sentava-se em uma das cadeiras livres da mesa.

— E eu não sabia que ruivas podiam ser tão bonitas, mas cá está você — respondeu o adolescente, completando a cantada barata com uma tentativa de piscadela de olho.

Enquanto Petra permanecia estática olhando estupefata para o mais novo, Hanji batia na mesa de tanto rir, sendo acompanhada do garoto. Não foi muito difícil para a ruiva desconsiderar o que tinha acabado de ouvir, pois notou que o álcool já estava fazendo sua parte no sistema nervoso de ambos.

— Você deu bebida alcóolica pra um menor? — murmurou Petra, surpresa e até levemente irritada.

— Ele não é um menor, ele tem a mesma altura que eu! — respondeu Hanji, rindo de quase chorar. — Que tipo de pergunta foi essa?!

— Ah, meu Deus... — murmurou Petra, prensando a ponte do nariz com o indicador e o polegar. — Hanji, vamos sair daqui agora e...

— Ei ei, ruivinha, fica calma — pediu Eren, segurando em uma das mãos de Petra que estava sobre a mesa. A policial (que estava sóbria) pensou em recuar do contato com o mais novo, mas algo no olhar divertido e encantador dos orbes esmeraldinos fez com que desconsiderasse a mão sobre a sua. — Ok, eu posso não estar o mais sóbrio que já estive na vida, mas não estou bêbado de cair no chão, e acredito que nem Hanji — disse o moreno, com a fala levemente embolada, para então olhar para a amiga, que levantou positivamente o polegar. — A gente só está brincando com você.

— Oh, excelente brincadeira — murmurou ironicamente a menor, puxando a mão para longe de Eren.

— Eu contei ao bonitão aqui que você não ia muito com a cara dele, aí ele disse que daria um jeito nisso — declarou Hanji, com um sorriso zombeteiro. — Parece que ele te encantou rapidinho.

Longe disso — murmurou a amiga, levemente desconfortável.

— Quer dizer então que eu não te conquistei? — perguntou o garoto, fingindo surpresa, enquanto colocava uma mão sobre o peito. — Temos que concertar isso. — Sem avisar, segurou na mão da policial mais uma vez, olhando-a intensamente nos olhos de novo. Petra estava começando a considerar ir embora sem Hanji mesmo, quando percebeu uma leve mudança na expressão do garoto. Ok, ele era bem mais novo do que o seu ideal, mas não podia negar que ele tinha, sim, o seu charme. E que charme, já que, por um momento, realmente chegou a se perder no verde vívido de seus olhos e na curva perfeita que seus lábios faziam quando sorria. Ele podia ter uma série de defeitos; Petra sabia que feiura não era um deles. O problema foi quando Eren abriu a boca e... — Ei linda, você enterra seu cocô na areia? Porque você é uma gatinha. — Concluiu com uma piscadela de olho, esta que deu certo dessa vez.

Petra estava tão estupefata pelo que havia acabado de acontecer que não conseguiu se segurar e desabou a rir, daquelas gargalhadas que te fazem procurar ar onde não tem. Acompanhada a ela estava a risada de Hanji, que já começava a lacrimejar.

— Eren, você é a melhor pessoa pra cantar mulheres! — disse Hanji, assim que conseguiu estabilizar melhor a respiração.

— Eu sei, eu sei — disse, orgulhoso de seu talento. No caso, de fazer os outros rirem, não de fazer cantadas efetivas; não tinha nem porquê cantar alguém seriamente, se estava namorando Levi. — Ladies, por favor, controlem-se. Tem Eren para todas.

Hanji voltou a rir, enquanto Petra já conseguia respirar normalmente de novo, embora o sorriso bobo teimasse em se manter estampado em seu rosto.

— Então, foi assim que conquistou o coração do temível Levi Rivaille? — perguntou a ruiva, verdadeiramente curiosa para saber como aquele casal funcionava.

— Não, com ele foi uma melhor. — Eren se aproximou da mulher e sussurrou próximo a seu ouvido, como uma criança travessa contando um segredo. — Mas você não é grandinha o suficiente pra escutar essa.

— Ah, claro — respondeu Petra, voltando a rir.

Não demorou muito para que a policial pedisse seu próprio copo, e então se juntasse aos dois morenos na bebida e nas conversas sem nexo, mas que mesmo assim eram extremamente divertidas. Petra estava verdadeiramente surpresa e encantada com o quão confortável era conversar com o namorado de seu chefe. Era tão fácil sustentar um assunto, e ele nem de longe parecia ser tão mais novo assim. Claro, para algumas coisas — como as piadas e as provocações —, era evidente que havia uma certa diferença de idade, mas quem diria que ele era apenas um adolescente de 16 anos? Nem mesmo o garçom percebeu que estava servindo bebida alcóolica para um menor de idade.

A conversa foi avançando, e então logo receberam os dois amigos que faltavam. Estes que, assim como a colega, também estranharam a presença do mais novo, mas ao ver como ele e Petra interagiam quase naturalmente, julgaram que era terreno seguro entrosarem com o garoto também. E, também como Petra, se surpreenderam com o quanto riram das piadas e provocações do mais novo, que quando se juntava a Hanji nas palhaçadas, se tornavam uma dupla impossível de se lidar.

— E o que aconteceu com Oluo? Ele ainda está vindo? — perguntou Gunther, assim que os ânimos na roda de amigos se acalmou um pouco.

— Aaah, ele não vem — resmungou Petra, revirando os olhos.

— Jura? Por quê, estava cansado? — quis saber Eld, dando um gole no chope recém-servido.

— Ele reclamou, sim, que não se deve beber no meio da semana — contou a ruiva, fazendo uma pausa para também dar um gole em sua bebida. — Mas ele também falou que não queria beber com Hanji.

— Porque ele é fraco pra bebida, largo logo — anunciou a morena, cruzando os braços. — Até Eren está aguentando melhor que ele! — concluiu dando um tapinha nas costas do mais novo, que se engasgou com a cerveja que estava bebendo justo na hora.

— Mais ou menos, Hanji... — admitiu o adolescente, com o sorriso fácil. — Não vou mentir que já me sinto bem mais “alegrinho” do que deveria...

— Nah, isso é porque a conversa está boa — respondeu a morena, abanando a mão.

— Mas eu vou contar uma coisa pra vocês, era bem melhor quando Oluo ainda era Oluo... — segredou a colega, parecendo emburrada.

— Ah, quando ele era todo desleixado? — lembrou Gunther. — Verdade, ele era engraçado pra caramba!

— Agora ele só é aquela cópia grotesca do Heichou... — murmurou a ruiva, deitando o rosto sobre a mesa.

— E o que aconteceu com ele? — quis saber Eren.

— Quem sabe? Talvez estivesse tentando impressionar uma certa pessoa... — sugeriu Gunther, cutucando a colega com um cotovelo, acompanhado de um coro de “oooh” dos amigos.

— Deixem de ser ridículos — respondeu Petra, revirando os olhos, mas sem conseguir evirar sorrir. Na verdade, àquela altura, todos já estavam com o sorriso fácil no rosto. — Oluo só realmente admira o Heichou... Ok, no início, ele o odiava, mas depois que ele o salvou de uma missão complicada, Oluo disse que deve sua vida a ele...

— Hmmm, sei — respondeu Gunther, em descrença. — Isso está parecendo historinha blockbuster de romance adolescente.

— Sendo assim, então é outra pessoa que deve se preocupar com as intenções de Oluo — disse Eld, piscando para Eren.

Os adultos esperavam por uma reação indignada, ou puramente ciumenta — o que seria normal —, e por isso se surpreenderam quando viram o adolescente apenas rir tranquilamente.

— Se eu fosse inseguro a ponto de me sentir ameaçado por alguém como o Cópia — era a única forma que conseguia lembrar de Oluo —, então acho que Levi não teria nem me pedido em namoro em primeiro lugar.

— E o ego de Eren ataca novamente! — brincou Hanji, brindando no ar.

— Ooooh, como eu queria que ele estivesse aqui pra ouvir essa! — disse Gunther, rindo com a amiga de óculos.

Em meio às brincadeiras que se seguiram, Petra permaneceu pensativa, olhando para o mais novo com um sorriso terno.

— Eu ainda não consigo entender vocês dois... — murmurou a ruiva, chamando a atenção dos amigos.

— Queria estar no lugar de Eren? — sugeriu Eld, com um sorriso zombeteiro.

— Não, isso não — desmentiu a amiga, tanto com as palavras quando com a cabeça. — Levi sempre surgia com uma mulher nova, ele não parece ser muito leal... Eu me incomodaria com isso.

— Você tem razão... — murmurou Eren, com o ânimo murchando gradativamente à medida que ia se lembrando do recente deslize do namorado com uma prostituta. Talvez ele não seja muito leal mesmo...

— Naaaananinanão — interrompeu Hanji, quase se embolando com as sílabas, enquanto dava dois tapinhas na mesa. — Regra número um: não pode falar de coisa que nos deixe na "bad". E se Levi é um assunto da "bad", então a gente não vai falar sobre ele.

— Ok então, se a chefe mandou... — disse Eld, dando de ombros.

Os outros riem e voltam ao clima descontraído. Menos Eren; este, começa a se lembrar do exato porquê de ter pedido para sair em primeiro lugar. Como num passe de mágicas, todas as ansiedades e incertezas acerca dos perigos que rondavam o namorado voltaram a assombrá-lo, o que o fez entrar em seu mundinho próprio de confusão e isolamento. Tanto que sequer notou os amigos o chamando.

—...ren, ei, Eren! — Hanji o chamou de novo, dessa vez balançando-o no ombro.

— Hm, o que foi? —murmurou o garoto, assim que voltou do “mundo da lua”.

— Cara, parecia que você não estava nem nessa vida — disse Gunther, exagerando um pouco para provocar um sorriso no mais novo, e com sucesso.

— Estava só pensando em umas coisas... — admitiu o mais novo.

— Algumas coisas de um metro e sessenta? — perguntou a morena, arqueando uma sobrancelha.

— Ah, então ele tem um metro e sessenta certinho? — quis saber o mais novo, de volta ao semblante animado. — Meu Deus, que lindo. Ele é tão pequeno, mas mesmo assim tão medonho...!

— Hm-hum, sei... — murmurou Hanji, cerrando os olhos. Não estava muito crente daquela felicidade estampada. — Já vi que proibir o assunto “Levi” não foi o suficiente pra você. — Ergueu a mão e começou a balançá-la. — Garçom! Traz uns shots pra cá!

— Shots? Você está louca?! — indagou Petra, abismada. — Temos trabalho amanhã, Hanji, ficar só na cerveja está bom!

— Largue de ser chata, uma rodadinha não vai matar ninguém — disse a morena, abanando para a amiga.

— Quero só ver onde isso vai dar... — murmurou Eld para Gunther, que riu enquanto assentia com a cabeça.

No final das contas, todos tomaram os shots. E acabou que, como o esperado, os membros da Agência — e Eren — acabaram passando um pouco mais do limite naquela noite; depois do shot e de mais conversa jogada fora, a mistura do destilado com o fermentado começou a fazer seu devido efeito, fazendo com que a conversa jogada fora ficasse ainda mais fora do controle.

Não demorou muito para que Eld pegasse o celular e mandasse um áudio para a noiva, avisando que chegaria um pouco mais tarde que o previsto. Porém, acabou não resistindo e acrescentou no áudio que o motivo do atraso era que “Gunther havia sido abduzido por vacas alienígenas monotetas”, o que gerou uma série de piadinhas sobre fetiches estranhos na roda de amigos.

Logo Gunther, inspirado pela ousadia do melhor amigo, também pegou o celular e decidiu fazer uma brincadeira com Oluo, já que ele não tinha ido ao encontro: mandou um áudio dizendo que estavam num bar para comemorar o pedido de namoro entre ele e Petra, e Petra entrou na brincadeira confirmando que estava “looouca de paixão pelo nariz de bolinha dele”, e esperavam ansiosos pela resposta do amigo.

Enquanto isso, fizeram uma pressão em cima de Hanji para que ela também escolhesse alguém para mandar um “trote”. A morena, então, escolheu mandar um áudio para Mike, contando sobre como havia passado no Departamento de Narcóticos, e como havia achado o par perfeito para ele lá. Marcou o encontro e tudo, para só no final do áudio contar que era, na verdade, um cão farejador e como ela achava que eles eram “feitos um para o outro”. Claro que também rolou uma série de comentários cômicos na mesa, mas dessa vez Eren não participou muito por não saber de quem se tratava.

E, finalmente, havia chegado a vez de Eren mandar um trote. Ele tentou escusar-se com a desculpa de que “não tinham a mesma roda de amigos”, e que assim não teria graça. Mas, claro, o nome de Levi tinha que surgir na mesa. Se estivesse sóbrio, não pensaria duas vezes antes de recusar aquela ideia — sabia que o namorado não estava com muito humor para “pegadinhas” —, mas como o shot e os vários copos de cerveja tinham um grande peso em suas decisões...

Eren pegou o celular, receoso com aquela ideia — mesmo bêbado, seu subconsciente tentava mandar sinais de alerta. E o garoto os escutou? Nem um pouco, selecionou direto o contato do namorado e segurou a opção para mandar um áudio.

— Boa noite, coisa linda que eu sempre quero na minha cama, mas não essa noite — começou o adolescente, e só aquilo já tinha surpreendido e bastante a equipe Rivaille. Teve que falar um pouco mais alto, pois o barulho do local atrapalhava bastante. — Caso esteja se perguntando onde eu estou, saiba que eu estou num bar procurando por uma gostosa pra compensar a prostituta que você deixou montar em você. Beijos, passar bem.

Assim que terminou de gravar, Eren começou a rir abertamente. Não pensava que se sentiria tão bem, até porque não estava de fato caçando mulher no bar. Mas só de imaginar a expressão de choque do namorado já lhe era suficiente; e aquilo, para ele, era muito engraçado.

— Puta merda — foi tudo que Hanji conseguiu dizer, cobrindo a boca sorridente com uma mão. Só não sabia se ria por realmente ter achado engraçada a forma como o garoto falou com Levi ou se ria de nervoso por já imaginar a bronca que levaria do melhor amigo.

— Cara, isso foi... muito além do que eu... — Gunther não conseguia nem terminar a frase, de tão chocado que estava.

— Levi vai ficar uma fera — disse Petra rindo, tentando conter o riso com a mão assim como Hanji. — E imagina se ele descobre que a gente estava aqui?

— A gente morre — respondeu Eld, rindo enquanto batia na mesa. — Ele com certeza mata a gente depois dessa.

— Será que se a gente começar a correr agora dá tempo de fugir? — sugeriu Gunther, rindo com o melhor amigo.

A equipe, embora previsse os piores cenários, não conseguia deixar de achar graça da situação. O que significava que, de fato, já haviam passado um pouco do limite naquela noite. E Eren, que estava começando a se sentir mal pelo que havia acabado de fazer, simplesmente se deixou contagiar pelo clima descontraído e voltou a entrosar com os mais velhos.

A conversa voltou a normalizar quando Oluo finalmente respondeu ao áudio de Gunther e Petra “namorando”. Ele estava completamente descrente daquela história — o que não era surpresa —, mas o que fez o grupo se agitar foi o comentário dele de que “era absurdo pensar neles como um casal porque Gunther não era o homem certo para Petra”. Claro que os amigos tiraram a oportunidade para zoarem Oluo com tudo o que tinham direito, iniciando uma chamada em viva-voz para que todos escutassem e participassem:

— Se não acha que Gunther é o melhor para alguém como Petra, então quem seria? — perguntou Eld, provocando o amigo propositalmente.

Não sei, ela é quem escolhe — retrucou Oluo do outro lado da linha.

— Bem, ela parece muito satisfeita tendo Gunther como noivo — disse Hanji, controlando o riso quando Gunther abraçou Petra e deu-lhe um beijo no alto da cabeça, fingindo ser, de fato, um casal.

Não, mas Gunther não! — protestou o amigo, ficando realmente irritado. — Ela precisa de alguém como Levi, que seja forte e capaz de protegê-la a qualquer custo.

— Com licença, o pau de Levi já tem dono — interrompeu Eren, com a voz amável contrastando com as palavras chulas.

O-o quê?! Quem é esse daí?! — perguntou Oluo, exasperado ao imaginar que havia mais pessoas desconhecidas ouvindo ele falar aquelas besteiras.

— O dono do pau de Levi, muito prazer — respondeu o adolescente, ainda com o tom amável, que foi o motivo para a onda de risadas entre o grupo.

Eu não sei nem porque ainda estou falando com vocês, são um bando de bêbados — retrucou o homem de cabelos platinados. — Sugiro que encerrem a festinha e voltem pra casa de uma vez, não quero nenhum de vocês de ressaca no escritório amanhã.

— Uuuh, gente, vamos cortar com a festinha porque Levi pediu! — disse Gunther, afinando a voz, gerando uma série de gargalhadas. — O que mais você quer, Levizinho? Quer a Petra embrulhada pra presente na sua mesa?

— Aaah, que nojo, Gunther! — reclamou a ruiva, mesmo que achando graça da atuação do amigo.

Gunther, corta essa merda! — resmungou o amigo do outro lado da linha.

— Gente, por favor, chega, né? — interrompeu Eld, com o tom sério, chamando a atenção de todos. — Não estão vendo que Levi está pedindo pra gente parar?

Ao ver que o loiro também estava provocando o amigo, as risadas voltaram a soar na roda de amigos, o que irritou ainda mais o amigo do outro lado do telefone.

Eu estava preocupado com vocês! — indignou-se Oluo. — Mas já vi que estou perdendo tempo por me importar!

— Aaawn, Levi, você fica tãaao fofo quando se importa com seus amigos — disse Eren, entrando de novo na brincadeira. — Acho que foi por isso que me apaixonei por você.

Sério, quem é esse viadinho de merda? — reclamou o homem de cabelos platinados. — Não me digam que é o namorado psicopata do chefe...?

— Não é de psicopata que você me chama na cama, mas estou aberto a novos apelidos — respondeu o garoto, com a voz sugestiva, quase um gemido. — Então essa é a sua fantasia? Transar com um psicopata? Não tem problema, a gente dá um jeito nisso.

A essa altura, Petra já havia enterrado o rosto na mesa, de tão constrangida que estava, enquanto Hanji estava frenética ao lado de Gunther e Eld, que se acabavam na risada.

G-garoto, olha... eu sinceramente não quero ouvir... — murmurou Oluo, começando a ficar realmente sem graça.

— Ah, Levi, não seja tímido — Eren o interrompeu, ainda com a voz mansa e sedutora. — Todos já sabem que você adora brincar comigo na cama, está sempre inventando coisa nova...

Garoto, por favor, cale a boca e pare de se constranger — pediu o outro, completamente sem jeito.

Levi... — gemeu no telefone, escutando um baixo e contido “puta merda” como resposta do outro lado. — Por que não vem calar minha boca com a sua?

Oluo encerrou a chamada assim que o adolescente concluiu a frase. Este que, por sinal, desabou a rir, esperando ser acompanhado, mas daquela vez não foi bem assim. Virou-se para os amigos na mesa e percebeu que eles pareciam até mais afetados que o homem do outro lado da linha: todos estavam com um forte rubor no rosto, que claramente não era consequência do álcool. Petra levantou a cabeça apenas para encarar chocada e — não podia mentir — até um pouco afetada na direção de Hanji, que retribuiu o gesto. Já Eld e Gunther se entreolharam, perceberam o rubor, olharam para as calças um do outro, depois pras duas amigas e então cochicharam entre si:

— Acho que quase tive uma ereção — murmurou Gunther, passando uma mão pelo rosto. — O quão bêbado eu estou pra quase me excitar com o namorado do meu chefe...?

— Disfarça, elas não notaram — respondeu Eld, cruzando tanto os braços quanto as pernas.

Eren não se segurou e caiu na risada, passando uma mão no cabelo. Quando conseguiu recuperar o fôlego, percebeu que tinha todas as atenções para si mais uma vez, e tirou proveito daquilo para mexer mais um pouco com a equipe, só para se divertir. Colocou um cotovelo sobre a mesa e apoiou o queixo sobre a mão. Aproveitou aquela posição para mordiscar de leve o dedo mindinho, e deu mais uma risadinha quando escutou Petra suspirar.

— Vocês precisam soltar um pouco essa libido de vocês — disse o mais novo, divertido. — Pela cara que estão fazendo, parece que não transam há meses.

— E você iria se dispor a resolver esse problema? — murmurou uma voz conhecida, porém inesperada naquele momento. Assim que Eren e os amigos se viraram para olhar para o recém-chegado, nem mesmo o álcool pôde evitar a taquicardia generalizada no grupo. — Eren, sinceramente, o que está fazendo aqui?

O moreno dos olhos verdes ficou petrificado olhando fixamente para o namorado bem atrás de sua cadeira. Não tinha os amigos dentro de seu campo de visão, mas tinha a certeza quase que absoluta de que o grupo estava tão inquieto quanto ele mesmo, talvez até menos — sim, os membros da Equipe Rivaille temiam o chefe, mas não tanto quanto Eren temia o namorado. O garoto sabia como ficava mal-humorado após terem uma discussão delicada, como aconteceu na última vez que se falaram, então já esperava pelo pior. E a pior parte: quando finalmente se reencontram, é justamente quando Eren fala aquelas besteiras sobre “liberar a libido” para a equipe do namorado...

Ah, aquilo não estava nada bem.

— Como sabia que eu estava aqui? — foi tudo que o adolescente conseguiu perguntar naquele momento de pânico, enquanto levantava-se da cadeira para ficar de frente para o namorado.

Levi suspirou pesadamente e desviou o olhar para outra direção, tentando manter a calma. Trajava a sua característica calça de moletom preta e uma camisa cinza com alguns dizeres estampados — ou seja, saiu de casa sem se trocar —, e mesmo com aquela roupa claramente desleixada, Levi continuava impecável aos olhos do namorado. Este que, por sinal, acabou se perdendo completamente no belo desenho do rosto anguloso do mais velho, mesmo sabendo que a feição estampada nele não era nada boa.

— Deu pra ouvir no áudio que você mandou a voz de Hanji no fundo, e também reconheci a voz de um dos garçons — disse Levi, finalmente voltando a encarar o mais novo de frente. Só não entendia por que agora, ao invés de olhá-lo assustado, ele parecia... encantado? — Não foi difícil imaginar que essa louca te traria pra...

Levi foi interrompido por um par de mãos que o segurou dos dois lados do rosto e o puxou na direção de lábios inquietos por um beijo — um não muito consensual. Por mais que Levi quisesse retribuir o beijo — ah, como queria —, tinha sobriedade suficiente para julgar que aquele não era o melhor lugar para aquilo. Tentou impor alguma distância entre si e o namorado, mas Eren não parecia muito disposto a abrir mão daquele contato íntimo... mesmo que na frente dos amigos de Levi, e de vários outros conhecidos no bar, como os garçons, que observaram a cena com alguma surpresa — nunca na vida esperavam ver Levi beijando outro homem. Eren não estava atento a esses pequenos detalhes, mas o mais velho com certeza estava, e por isso mesmo o afastou com ainda mais força.

— O que está fazendo?! — bradou Levi, num misto de surpresa e irritação.

— Desculpa — murmurou o garoto, forçando um beijo de novo. Este que, assim como primeiro, também foi apartado por Levi.

— Você fede a álcool, Eren — reclamou o mais velho, ficando mais preocupado e irritado. — Antes fosse só vir pra conversar com meus amigos, mas você bebeu também...?

— Desculpa. — E então, deu outro beijo. Aquilo estava começando a fazer Levi perder a paciência; afastou-o com um pouco mais de rudeza e, para impedir que o mais novo voltasse a beijá-lo, segurou-o firmemente pela mandíbula e o olhou bem nos olhos.

— Um beijo e um pedido de desculpa não farão com que eu fique menos irritado com você — disse o mais velho, pausadamente. — Sério que você bebeu, mesmo tendo prometido que não? E olha como está agora, provavelmente nem consegue voltar pra casa sozinho.

Eren arregalou os olhos e distanciou-se definitivamente do namorado, recuando alguns passos até se esbarrar em alguém que passava ali por perto. Assim que Levi garantiu que o pirralho estava quieto — ou melhor, petrificado —no seu canto, pôde virar-se para a mesa de amigos e, de novo, teve que respirar fundo para manter a calma.

— Eu não sei nem por onde começar — disse o chefe, apoiando ambas as mãos no topo do encosto da cadeira vazia, antes ocupada pelo mais novo. — Eu não sei mais quem dessa mesa parece ser o verdadeiro “pirralho”. Caralho, vocês não pediram um prato de comida sequer? Ou pelo menos uma garrafa d’água? Sinceramente, que tipo de adultos são vocês, que nem pra sair pra beber prestam?

— Meu Deus, eles se beijaram — murmurou Petra, ainda em estado de choque pelo que tinha visto, e por isso ignorou completamente o que o chefe estava dizendo. E então, com uma súbita animação, virou-se para os dois amigos e falou mais agitada: — Vocês viram? Vocês viram?

— Se eu vi? Eu estou morrendo de inveja — declarou Eld, cruzando os braços com mais força. — Aaahh... se minha namorada também tivesse essa mesma coragem de me beijar assim em público...

— Heichoou, você errou em afastar o garoto daquela forma — disse Gunther, balançando a cabeça. — Ele queria tanto te ver... e parece beijar tão bem, eu não perderia uma oportunidade...

— Como é que é? — disse Levi, cerrando tanto os olhos quanto os dedos em volta do encosto da cadeira.

Uuuh, por que Oluo não me puxa pra um beijo assim também...? — murmurou Petra, deitando a cabeça na mesa de novo. — Ele devia se inspirar em Eren, e não no Heichou.

— Haaa! Admitiu! — interrompeu Gunther, apontando um dedo para a colega. — Sabia que você tinha uma queda por aquele retardado! Eld, você me deve dinheiros!

— Eu tinha uma queda — murmurou Petra, parecendo bem decepcionada. — Mas aí ele começou a imitar Levi pela ideia estúpida de que eu gostava do chefe e... e aí ele ficou realmente insuportável...

— Droga, Petra, por que você não tem uma queda no Heichou?! — reclamou Eld, passando duas mãos no rosto. — Todas as mulheres na agência querem abrir as pernas pra ele, por que você não?!

— Porque quem convive com ele de perto sabe que ele tem umas mil amantes! Ele com certeza não é leal — resmungou Petra, parecendo zangada. O tópico “amante” ainda estava fresco na cabeça de Levi devido à última discussão que teve com o pirralho, então só de tocar naquele assunto já o fazia sentir uma pontada no peito. — E ele ainda por cima é todo enrolado com tudo na vida, sempre tem um novo segredo que não pode falar nem com os amigos... eu não conseguiria namorar alguém assim.

— Verdade, eu também não namoraria o Heichou — disse Gunther, negando com a cabeça. — Por isso e por ele ter um pênis, não sou muito fã de pênis.

— Disse o cara que teve uma ereção por um garoto de dezesseis anos — caçoou Eld, rindo abertamente.

— Você teve uma ereção pelo Eren?! — perguntou Petra, batendo ambas as mãos na mesa.

— Foi quase, ok?! Quase! Eu cheguei a imaginar algumas coisas com ele, mas não deu pra me deixar duro... Foi uma ereção psicológica! — reforçou Gunther, desconfortável. — E você é ainda pior, Eld, porque fez o mesmo e você tem namorada, eu não.

— Mas o que eu posso fazer se ele geme muito bem? — defendeu-se o loiro. — A culpa é dele por ter uma voz daquelas, não minha!

Levi olhava completamente incrédulo para a equipe, tanto pelo conteúdo da conversa quanto pelo fato de estarem falando aquilo bem na frente dele, como se o tal “garoto de dezesseis anos” fosse só um estranho aleatório, e não seu namorado.

— Eu realmente não sei em quem dou um murro primeiro... — murmurou Levi, sorrindo ameaçadoramente. — Se em vocês, por falarem essas coisas de Eren, se no próprio Eren, por fazer tudo que fez, ou se em Hanji, por ter sido obviamente a pessoa a conduzi-lo a...

— A se divertir um pouco? — interrompeu Eld, arqueando uma sobrancelha. — Agora faz sentido por que Eren estava tãaao pra baixo...

— Estamos só brincando com o garoto — completou Gunther. — Ele é engraçado, então... por que não rir com ele?

— Brincar? Vocês acham que o que Eren fez foi brincadeira? — ralhou o chefe, começando a gesticular com mais intensidade. Saber que Eren estava triste, e que precisou sair e beber com seus amigos para se alegrar, realmente mexeu um pouco com o chefe da Equipe de Casos Especiais. — Tudo que eu escutei até agora foi ele dizendo que queria me trair, e quando eu chego pra colocar algum juízo na cabeça dele, parece que toda a minha equipe do nada está bastante interessada no quão atraente ele pode ser, além de ter embebedado um menor de idade.

— Ah, Heichou, dá um tempo — resmungou Petra, abanando a mão para o chefe, que ficou extremamente surpreso ao ver a ruiva desdenhá-lo daquela forma. — Você pode mesmo nos culpar? Quero dizer... você já deu uma olhada em Eren? Uma boa olhada?

— Mais do que vocês, garanto — respondeu num tom de voz frio.

— Então deve saber que ele nem é tão bonito, mas tem um charme que o faz parecer um modelo da Calvin Klein, e isso a gente não pode evitar de notar — justificou-se a ruiva. — E aquele sorriso? Meu deus, eu fiquei boba com ele, mesmo depois de escutar a pior cantada da minha vida. Eu acho que faria de tudo pra vê-lo sorrir de novo... e foi mais ou menos o que eu fiz, eu acho...

— Ele deu em cima de você? — perguntou Levi, mais uma vez surpreso com a capacidade de Eren de fazer tudo que não esperava que fizesse .

— Não sei se aquilo pode ser considerado uma tentativa de dar em cima de alguém... — disse Petra, voltando a sorrir gradativamente. — Afinal de contas, o que meu cocô tem a ver com a minha beleza?

Com aquela última consideração, os três integrantes da Equipe Rivaille desabaram a rir novamente, mesmo que Eld e Gunther não soubessem exatamente do que se tratava aquela referência ao “cocô” — mas não importava muito, já que o álcool fazia tudo parecer fazer sentido. Levi só ficou assistindo atônito àquela conversa de louco e se perguntando o que ainda estava fazendo ali, de verdade — embora ainda estivesse muito irritado com os amigos e com o namorado, uma parcela considerável de culpa começou a pesar em sua consciência, já que Eren não estaria ali se não o tivesse preocupado tanto com seus problemas. As risadas não tardaram a diminuírem a intensidade, a não ser uma em particular...

Hanji.

A morena estava bem entretida, mas não na conversa na mesa. Olhava para algo a duas mesas de distância, algo que não foi difícil de achar quando Levi tentou seguir a mesma direção do olhar da melhor amiga: Eren, encostado numa parede, conversando com uma mulher que o olhava como se ele fosse o último copo d’água do deserto. Levi cerrou os olhos para o namorado e então caminhou até ele, com passos felinos. Quando aproximou-se o suficiente para pegar partes da conversa, escutou o namorado dizer:

—... e aí ele disse que não vai me perdoar por nada — dizia o moreno, desabafando honestamente enquanto a mulher aproveitava a abertura para aproximar-se cada vez mais, vez ou outra passando uma mão discreta pelo braço ou pelo ombro do mais novo.

— Jura? — disse ela, falsamente interessada. — E quem é “ele”?

— Meu namorado, duh — falou, como se fosse a resposta mais óbvia. — Quem mais séria?

— A-ah... — murmurou a moça, afastando o tronco, mas sem recuar um passo. — Então... você é gay?

— Não, claro que não — respondeu rindo. — Não consigo me imaginar beijando outro homem, isso é meio nojento pra mim.

— Mas você não namora um homem? — perguntou, ainda mais confusa.

— Ah, mas é por que Levi é incrível... — disse o moreno de olhos verdes, derretendo-se contra a parede.

— Hm, entendi... — murmurou a mulher, com um sorriso libidinoso. Decidiu ser mais invasiva, e colou seu corpo contra o do moreno, passando uma mão pelo peitoral desprotegido. — Mas sabe de uma coisa? Eu acho que você não devia dar tanta bola assim pra esse cara... Quero dizer, ele te trata tão mal, e você já não gosta mesmo de homens... Pra que insistir nesse erro?

— Erro...? — murmurou Eren, agora ele que estava confuso na conversa. — Do que está falando?

A mulher, então, deu o bote final: puxou-o pela nuca até que seus rostos estivessem a milímetros de distância e então sussurrou sedutoramente, deixando seus lábios roçarem com os dele.

Esquece isso de namorar um homem e vem pra o que é bom — disse a moça, preparando-se para beijá-lo com tudo que tinha.

E quanto a Levi, que observava a tudo na sua devida distância, ficou momentaneamente paralisado. Uma parte de si queria ir até lá e dar uma bela de uma surra no namorado — como ele podia fazer aquilo enquanto estavam no mesmo ambiente? —, mas outra parte queria simplesmente ir embora, considerando que teve um dia cheio e não tinha mais saco pra lidar com mais nada. É, a segunda opção lhe parecia bem mais atrativa — e bem mais segura para o garoto.

Levi estava prestes a dar meia volta e sair do bar sem falar com mais ninguém quando, subitamente, viu o namorado pôr rudemente uma mão sobre a boca da mulher e afastá-la ainda sem delicadeza alguma, o que a fez quase cair no chão devido ao salto alto que usava.

— Mas que merda você pensa que está fazendo?! — o moreno atirou acusatoriamente as palavras. — Eu amo meu namorado, está louca se acha que eu te beijaria!

Inevitavelmente, um sorriso presunçoso surgiu nos lábios do policial, que sentiu uma imediata onda de alívio — nem sabia que tinha ficado tão tenso com a situação.

— Urh, seu viadinho de merda...! — resmungou a mulher, avançando novamente na direção de Eren, pronta para dar um sermão, mas foi interrompida momentos antes que começasse a discorrer um discurso interminável e sem sentido.

— Ok, ok, já deu desse show de horrores — disse Levi, pondo um braço protetor ao redor da cintura do pirralho. — Guarde suas péssimas investidas pra outro bêbado desavisado.

— Quê...? — murmurou a moça, sem entender de onde aquele homem havia brotado.

— Levi...! — cantarolou Eren, passando ambos os braços pelo pescoço do namorado enquanto colava os rostos de ambos. — Você veio me salvar...!

Dada a clara proximidade dos dois, não foi difícil para a mulher entender quem aquele homem era. Portanto, apenas os encarou desgostosa enquanto cuspia “baitolas” entredentes e deu meia volta, à caça de mais uma “vítima” para a noite.

Levi poderia até se incomodar com todos os inúmeros olhares para cima de si e do namorado, mas optou por ignorar. Estava com o grupo mais barulhento e chamativo do local, então não havia muito que podia ser feito no final das contas. Sendo assim, apenas observou com um sorriso satisfeito a bela moça afastar-se, até que o aperto de Eren em seu pescoço transformou-se em um verdadeiro incômodo.

— Ei, chega desse melodrama — disse Levi, dando dois tapinhas no braço do namorado, indicando que queria que o soltasse. — O que pensa que estava fazendo com aquela mulher?

— Eu só queria alguém pra conversar — murmurou Eren, enterrando o rosto no pescoço do namorado. — Eu me afastei porque achei que você não queria mais me ver, porque estava chateado comigo. Aí ela chegou e perguntou por que eu estava tão pra baixo... Achei que ela era uma moça legal...

Outra pontada de culpa no coração de Levi.

— Hmm, você está mais lerdo do que eu pensava — pensou alto, afastando-o para que pudessem se olhar. Deu dois tapinhas leves no rosto do mais novo e disse suavemente: — Eu vou tomar conta de você, pirralho. A partir de agora, você vai beber muita água, ok? E vai comer alguma coisa também.

— Eu acho que... não tenho dinheiro pra isso — assumiu Eren, pondo mão instintivamente no bolso para procurar a carteira. Porém, Levi foi mais rápido e o segurou pelo braço.

— Não tem problema, fica por minha conta.

— Mas eu não quero que fique por sua conta — resmungou o garoto. — Eu já estraguei tudo quebrando a nossa promessa... não vou fazer você pagar por isso.

— Você não estragou tudo, Eren — disse docemente, com um discreto sorriso no canto dos lábios. — Eu é que deveria me desculpar. Acho que coloquei muito peso nas suas costas nesses últimos dias.

— Então... não está mais irritado comigo?

— Ah, não, ainda estou bem puto contigo. Mas também estou puto comigo mesmo, então... digamos que estamos quites. — Ao ver que o garoto sorria abertamente, sentiu parte do peso em seu peito sumir. — Agora, vamos resolver a sua bebedeira. Não pode voltar pra casa assim — explicou o mais velho, pacientemente. — Precisa beber água e comer alguma coisa, ok?

— Eu não vou voltar pra casa — disse, fazendo beicinho.

— Ah, não? — disse, arqueando uma sobrancelha. — E vai pra onde?

— Não sei, pra qualquer lugar — respondeu teimosamente.

— Posso saber o porquê dessa rebeldia?

— Se eu tenho que fazer você comprar coisa pra mim, então eu prefiro ficar na rua — falou, empinando o nariz heroicamente, fazendo o mais velho rir pela primeira vez naquela noite.

— Vem cá, rebelde sem causa — chamou o mais velho, apertando mais o aperto em volta da cintura do namorado para poder guiá-lo de volta para onde os amigos estavam.

Quando chegaram à mesa, Eren sentou-se no seu devido lugar enquanto o namorado puxava uma cadeira para sentar-se ao seu lado, sendo recebidos por alguns assovios e provocações, como “vão pra um quarto” e coisas do tipo, mas nada que um bom dedo do meio não desse conta. E, como esperado, mais risadas surgiram entre os amigos, que clamaram por mais um brinde coletivo.

— Opa, nada disso — interrompeu o único sóbrio dali, tirando a garrafa de bebida de cima da mesa antes que ela fosse servida. — Que tal uma rodada de água pra vocês?

— Até onde eu sei, a ordem do ditado é “da água pro vinho”, e não “do vinho pra água” — reclamou Hanji, tentando pegar a garrafa de volta, mas sem sucesso.

— E até onde eu sei, isso daqui não é vinho — respondeu Levi, empurrando o rosto da amiga para afastá-la. Quando se viu em uma zona segura novamente, ergueu uma mão para chamar o garçom. — Yuuri, traz umas três das maiores garrafas de água que tiver, por favor.

— Pode deixar — respondeu o garçom sem demora.

— Aaah, Heichou, você tá acabando com a graça! — reclamou Eld, erguendo os braços em descaso.

— Quem foi que chamou o chefe pra beber com a gente? — resmungou Gunther, aproveitando os últimos goles da bebida em seu copo.

— Tecnicamente, ninguém chamou — amuou Hanji, cruzando os braços.

— Você nem comece — ameaçou o melhor amigo. — Estou só esperando você ficar sóbria pra te descer um esporro.

— Se é assim, então nem traga a água! — respondeu a morena, erguendo uma mão.

— Você não toma jeito... — murmurou Levi, sorrindo para a amiga.

Depois de mais risadas e mais provocações, a água foi servida na mesa — para a infelicidade dos que esperavam beber mais um pouco. Vários comentários acerca da “sem-gracice” de Levi se seguiram, e ele respondeu bebendo o resto da garrafa de cerveja sozinho. Claro que o gesto não foi muito bem aceito pelos amigos — nem pelo namorado também —, porém, Levi se limitou a dizer que “de todos, ele era o único que realmente podia beber mesmo tendo trabalho no outro dia”.

A partir daquele momento, as conversas se tornaram mais leves e descontraídas, à medida que os “bêbados” retornavam à sobriedade. Aliado à água, o grupo aceitou acrescentar à conta alguns petiscos, o que ajudou bastante a recuperação. A noite, porém, não era eterna, e por mais que todos estivessem se divertindo com as conversas jogadas foras, o horário avançado exigia que voltassem para casa. Mais algumas brincadeiras foram feitas acerca da presença inesperada de Levi, e que “já que ele chegou para acabas com a festa, então ele devia pagar pela água e pela comida”, o que Levi respondeu dizendo que eles deviam ser gratos por ele ter chegado, se não acabariam dormindo na sarjeta. Bem, ele não deixava de ter uma boa parcela de razão quanto a isso.

As brincadeiras foram feitas também porque, por mais que Eren estivesse relutante a aceitar, Levi pagou a parte dele na conta. Algo que Petra fez questão de apontar como um “grande ato de cavalheirismo da parte de Levi, pagar a conta do parceiro”, fazendo o casal novo ficar ligeiramente desconcertado — mas, bem, os amigos fizeram isso a noite inteira, então já estavam se acostumando com as provocações.

Tendo pago a conta, o grupo finalmente saiu do barzinho e permaneceu junto na calçada até que um táxi passasse para que dividissem a corrida — como sabiam que iriam beber, vieram todos de transporte público, pois já previam a volta de táxi. Enquanto conversavam descontraidamente, Hanji conseguiu discretamente puxar o melhor amigo para um canto mais afastado, algo que o menor fez sem resistir.

— O que foi agora, quatro-olhos? — resmungou Levi, cruzando os braços.

— Estou esperando — disse a morena, mordendo o lábio inferior para conter um sorriso bobo.

— Esperando o quê, seu esporro?

— Não, estou esperando um “muito obrigado, melhor amiga do mundo” da sua parte.

— E por que diabos eu diria isso? — perguntou, rindo. — Ainda está bêbada?

— Custaria muito agradecer pelo que eu fiz por Eren e pelos seus amigos?

— Hmm, deixe-me ver... — murmurou Levi, passando uma mão pelo queixo, fingindo estar pensativo. — Você trouxe um menor de idade para um bar, fez ele beber, fez minha equipe beber, provavelmente a disposição deles não vai ser das melhores amanhã... Ah, e como eu pude me esquecer? Por sua causa, meu namorado quase beijou uma louca aleatória. Estou esquecendo de alguma coisa?

— Sim, está. — Hanji segurou delicadamente o rosto do amigo e o virou na direção do grupo, que ria e conversava tranquilamente. Levi observou a interação de todos se perguntando do que Hanji estava falando. A morena então sorriu e balançou a cabeça, soltando-o. — Ainda não consegue perceber?

— Claro que não, não tem nada para perceber — disse Levi, descruzando os braços para apoiar as mãos nos quadris. Sua teimosia fez a amiga sorrir e revirar os olhos.

— Como estava sua equipe hoje no trabalho?

— Normal — respondeu, dando de ombros.

— Tem certeza? Quando você olhava pros rostos deles, você pensava “ah, que dia normal”?

— Ok, eles estavam um pouco mais estressados e cansados que o normal — admitiu. — Mas o que isso tem a ver?

— Como estava Eren antes de vir pra cá? — perguntou, ignorando a pergunta anterior.

— Não sei — resmungou, fechando a cara. — Mas, pelo visto, não muito bem.

— Hmm — murmurou, pondo o indicador no queixo. — E... como você estava?

Levi franziu o cenho para a amiga, cruzando os braços novamente.

— Eu realmente não entendo aonde quer chegar — ralhou o menor.

— Quando você olha pra Eren e pra sua equipe, rindo e conversando juntos... Você acha que eles se sentem como? — Aquela pergunta pegou Levi completamente de surpresa, deixando-o mudo. Hanji sorriu ainda mais largamente e se aproximou, ficando a centímetros do amigo. — E você? Como se sente agora?

Os dois permaneceram no silêncio, apenas com os olhos fixos um no outro. O momento durou até que Petra chamasse Hanji, avisando que o táxi já havia chegado. A morena então gesticulou para avisar que já estava indo, e então abraçou forte o melhor amigo, que, eventualmente, retribuiu o gesto.

— De nada, Raviolle teimoso — sussurrou Hanji. — Vê se relaxa um pouco agora, ok? Todo mundo merece um descanso, você mais do que ninguém. E não seja tão duro com “seu pirralho”... ele realmente gosta de você, e tenho a certeza de que você sente o mesmo por ele.

— Você é louca... — respondeu Levi, rindo suavemente. — Mas não posso dizer que é uma má amiga. — Apertou mais ainda o abraço, fazendo-a rir e dar uma série de tapinhas para que a soltasse. — Obrigado, quatro-olhos.

— Me solta, Levi! — pediu a mulher risonha. Quando finalmente foi libertada, ela ajeitou a roupa amassada e acenou para o melhor amigo. — Te vejo amanhã, Raviolle!

— Até — respondeu o amigo, acenando brevemente com uma mão.

A morena, então, foi saltitante até o táxi, sentando no banco da frente para já ir puxando conversa com o taxista. Quanto ao resto da equipe, despediu-se rapidamente do chefe, com promessas — pouco sólidas — de que, no outro dia, não haveria ressaca que os impediriam de trabalhar. Levi, que não estava nem um pouco crente daquilo, apenas disse que “apostava para ver”. Gunther foi o primeiro a apostar dinheiro naquela promessa.

— Ok, se a gente se apertar, acho que dá pra todo mundo... — murmurou Eren, pronto para entrar no carro também.

— Ei ei ei, aonde pensa que vai? — Levi o impediu, puxando-o pelo braço.

— Vou pegar carona também, ué — respondeu o garoto. — Sabe como é, não planejo mais dormir na sarjeta.

— Tenho uma ideia melhor pra você — disse o mais velho, dando um sorriso felino e puxando o namorado para mais longe do carro.

— Uuuh, parece que alguém se deu bem hoje — disse Gunther, com a voz num tom levemente mais agudo do que o seu normal.

— Uuuh, parece que alguém quer ser demitido — respondeu Levi, também com a voz levemente mais aguda. Os amigos riram e caçoaram o moreno, enquanto Levi apenas sorria e revirava os olhos. — Ok, já casei de olhar pra cara de vocês por hoje. Vão pra casa, pelo amor de Deus — e então fechou a porta do táxi, sendo este o sinal para que o motorista arrancasse o carro.

— Então... — murmurou Eren quando se viu sozinho na rua com o namorado, passando uma mão pela nuca. — Q-qual a sua ideia pra mim?

— Nervoso? — perguntou Levi, envolvendo seu pirralho pela cintura e o trazendo para perto. — Faz tempo que eu não te vejo assim.

— É que, querendo ou não, eu ainda me sinto culpado por...

— Shhh... — Levi o trouxe ainda mais perto, até que seu nariz encostasse com o dele. — Não tem nada para se sentir culpado.

O policial teria facilmente beijado o namorado ali mesmo. Porém, para seu desgosto e irritação, escutou alguns cochichos de pessoas que passavam pela calçada, e por mais que não se importasse muito com o que os outros pensavam, não gostava de ser o centro da atenção. Sendo assim, afastou-se — com muito desprazer — e gesticulou para o garoto segui-lo, este que o fez de imediato. Ambos caminharam silenciosamente até o prédio de Levi. Assim que passaram pela portaria, Eren discretamente procurou pela mão do mais velho, entrelaçando seus dedos nos dele, que não recusou o contato. Só pararam quando chegaram no hall dos elevadores, esperando até que um dos dois elevadores chegasse.

— Então... — murmurou Eren, tentando cortar o silêncio. — Não está mesmo chateado comigo?

— Não — respondeu Levi tranquilamente.

— Mesmo sabendo que... eu quebrei minha promessa...? — arriscou tocar no assunto.

— Entendo que você só estava tentando relaxar um pouco. — Fez uma pausa para olhar para o garoto de solário, que correspondeu o gesto. — Só espero que não procure a bebida de novo quando se sentir assim, ok?

— Pode deixar, papai — disse Eren, revirando os olhos.

— Uh, Deus me livre de ser chamado de “papai”.

Eren aproveitou aquela deixa para inclinar-se e beijá-lo pelo pescoço, até chegar em sua orelha e sussurrar com a voz manhosa:

Prefere “Daddy”?

— Continua sendo “papai”, só que em outra língua — disse Levi, mas sem evitar sorrir para o namorado, que não perdeu tempo e selou seus lábios nos dele.

O casal teria avançado o beijo, se o barulho do elevador indicando que já estava no andar não soasse junto às portas que se abriam, revelando três passageiros. Antes que as portas se abrissem por completo, Eren se afastou num pulo, fazendo Levi se esforçar para não rir. Assim que as três pessoas deixaram o elevador, o casal entrou, ainda segurando o sorriso travesso.

— Vai me levar pra casa? — perguntou o garoto, torcendo para que a resposta fosse negativa.

— Bem... — murmurou Levi, cruzando os braços atrás das costas e recostando-se em uma das paredes do elevador. — Se você apertar “garagem”, então eu te levo de moto para casa. Mas, se você apertar “sexto andar”... — Deu um olhar sedutor na direção do garoto, deliciando-se com a forma como ele retribuía o olhar. — Digamos que a noite pode ficar mais interessante.

Eren, sorrindo de orelha a orelha, apertou sem nem hesitar o botão com o número 6, e então beijou o namorado com todo o tesão de um adolescente de dezesseis anos.

O contato ardente foi quebrado quando o elevador chegou no devido andar, mas não quebrou o clima sedutor entre os dois. As provocações continuaram até que chegaram no espaçoso quarto principal do apartamento, onde os dois voltaram a se beijar intensamente, separando-se apenas quando tiraram a camisa. Como Eren foi o primeiro a despi-la, teve tempo para se apossar dos quadris do mais velho e, quando ele terminou de despir-se, o jogou na cama, pondo um joelho entre as pernas do policial para então inclinar-se sobre ele e tomar seus lábios novamente, deixando as peles nuas tocarem-se em um contato lento e sensual.

Levi estava tanto surpreso quanto satisfeito com a iniciativa do garoto, então não tentou — ainda — inverter as posições; apenas entrelaçou os braços em volta do pescoço de Eren enquanto passeava os dedos pelos fios castanhos e macios, escutando com prazer o namorado gemer em sua boca.

Já o moreno, estimulado pela “redenção” do mais velho, tornou o contato ainda mais intenso. Como há muito os dois não faziam, voltaram a disputar a dominância no beijo, e surpreendentemente Eren a conseguiu depois de algum esforço. Pela primeira vez, Levi se viu encurralado com a atitude do mais novo, que se impunha com cada vez mais segurança em cima de si. Como seu orgulho não lhe permitia ser domado com tanta facilidade, investiu em uma mudança de posições, mas para sua surpresa — de novo —, foi impedido pelo moreno, que lhe segurou com a mão que o apoiava na cama, e com a outra mão, segurava-o firmemente pela nuca. Quando Levi tentou se mexer para escapar da supremacia de Eren, sentiu a perna do mais novo prensar lentamente a região de sua virilha, fazendo-o gemer rouco na boca do mais novo.

Vendo que estava conseguindo o controle com sucesso, o moreno sorriu como um felino, e então traçou uma trilha alternada de beijos e chupões que iam desde o queixo até o final da mandíbula do mais velho, ocasionalmente passando os dentes de leve pela pele alva.

— O que está planejando, pirralho? — perguntou Levi, com a voz rouca.

— Transar com você — respondeu sucintamente, passando a chupá-lo pelo pescoço.

— É impressão minha ou você pretende tomar as rédeas essa noite? — perguntou, curioso.

— Algum problema? — murmurou, mordendo-o quando chegou ao final do pescoço, escutando graciosamente Levi puxar o ar pela boca enquanto fazia o som de “s”.

— Depende — admitiu o mais velho, usando a mão que não estava detida pelo mais novo para acariciá-lo na nuca. — O quanto você quer tomar o controle?

— Todo — murmurou o garoto contra a pele sensível, sorrindo ao vê-lo arrepiar-se. Voltou a trilhar o caminho feito no pescoço, parando apenas quando encontrou o lóbulo da orelha do namorado, onde mordeu gentilmente. — Seja meu hoje, Levi...

— Nem ferrando — respondeu o de cabelos negros, desistindo de fazer-se de fácil e finalmente usando seus conhecimentos de luta corporal para sair da armadilha do mais novo. Com notória habilidade, Levi usou as pernas para desestabilizar o apoio do garoto nos joelhos, e com a mão livre, conduziu-o a cair ao seu lado. Quando pôs-se sem cima dele, teve o cuidado de restringir ambas as mãos do mais novo, e não apenas uma. Ao terminar seu belíssimo trabalho, observou o namorado fazer um beicinho, o que o fez sorrir. — Insatisfeito?

— Eu quero te foder — decidiu ser direto, até porque o álcool não havia saído por completo de seu organismo, e a sinceridade ainda era um ponto forte. — Por que sou sempre eu que fico em baixo?

— Ah, você quer ficar em cima? — perguntou, alargando o sorriso, e então inverteu novamente as posições. Só que, desta vez, deixou Eren com as pernas em volta do seu tronco, deixando-o pronto na posição para “cavalgá-lo”. — Não sou muito fã de cavalgadas, mas se isso te deixa feliz...

— Sabe que não é disso que eu estou falando — resmungou, inclinando-se para roubar um selinho e então gemeu contra os lábios do mais velho: — Deixa eu te foder gostoso, amor...

— Meu Deus, eu amo quando você fala assim — confessou Levi, fechando fortemente os olhos por alguns segundos para evitar deixar-se levar pela manha do namorado. — Mas... eu realmente não me sinto confortável com a ideia de você... entrando em mim.

— Por quê, acha que eu não sei transar? — perguntou Eren, afastando-se o suficiente para sentar e cruzar os braços.

— M-mais ou menos... — murmurou o mais velho, acariciando ambos os braços do moreno com as mãos. — É só que...

— Já entendi — resmungou, saindo de cima do namorado e se preparando para sair da cama, mas acabou sendo impedido no último segundo por uma mão que o segurou pelo braço e o puxou de volta.

— Ei, Eren, não fica assim... — pediu Levi, distribuindo vários beijos estalados pela nuca do pirralho. — Não sabia que me foder era algo tão importante pra você.

— Claro que é, eu sou um homem — disse enquanto virava-se para encarar o namorado de frente. — Claro que ser fodido por você é uma delícia, mas não dá pra evitar querer te foder também. Eu tenho um pau pra isso, afinal de contas.

— Hmm... — gemeu o mais velho, passando uma mão pelos fios negros. — Ok, mas... tem como não ser hoje?

— Faria alguma diferença fazer depois?

— Faria. Se eu não me engano, você não ficou muito bem depois que transamos pela primeira vez.

— Mas isso é porque você foi quase cruel comigo — acusou.

— Pelo que me mostrou agora há pouco, você não seria tão diferente — respondeu o de cabelos negros, apertando rapidamente a ponta do nariz do namorado. — Pra piorar, você não está cem por cento sóbrio, e eu tenho trabalho amanhã. Ainda se pergunta por que não hoje?

Eren por mais que entendesse o ponto de vista do namorado, não pôde evitar cruzar os braços e jogar-se na cama, amuado. Levi sorriu enquanto revirava os olhos, para então deitar junto ao mais novo e trazê-lo para mais perto com um abraço. O garoto não moveu um músculo, continuou amuado e com os braços cruzados. Levi então decidiu insistir mais um pouco e ofereceu uma série de carícias, tanto com as mãos quanto com a boca contra a pele quente e macia.

— Eren, por acaso... — hesitou por alguns segundos. — Está assim tão insatisfeito com a forma como a gente transa? — perguntou, por fim, sentindo-se até um pouco culpado por pensar que estava fazendo algo de errado.

— Não é isso — respondeu o garoto, balançando a cabeça. — Eu só queria saber como é foder um homem. Na verdade, eu queria saber como é foder você, não qualquer um... Queria saber que tipo de gemido você faria quando eu te fizesse gozar.

— Hm... o mesmo som que eu faço todas as vezes que você e sua bunda maravilhosa me fizeram gozar...?

— Não, é diferente quanto você está sendo penetrado — contou animadamente, virando-se para ficar deitado de lado, de frente para Levi. O mais velho aproveitou para puxá-lo ainda mais perto, colando por completo os dois corpos de tronco desnudo. — Acha mesmo que eu fazia esses sons quando transava com minhas namoradas?

— Sei lá, elas podiam ter um gosto diferenciado — brincou, dando de ombros e recebendo um fraco tapa no braço por isso.

— Mas falando sério — prosseguiu —, é como se... Eu não seu nem como explicar, mas é, tipo... Sei lá, parece ser mais intenso quando você goza por ser penetrado.

— Então você não deveria querer ser sempre o passivo?

— Não é assim que funciona — disse, balançando a cabeça, fazendo o mais velho sorrir. — Por saber que é muito gostoso ser fodido é que eu quero te foder. Quero te dar o mesmo prazer que você me dá.

— Não se preocupe, sua bunda já está fazendo um excelente trabalho — disse enquanto forçava um sorriso, mas isso não fez o garoto mudar de ideia. Na verdade, ele passou a olhá-lo até com um certo desdém. — Ok, ok... — Suspirou profundamente. — Não acredito que vou dizer isso, mas... Ok, eu topo ser o passivo pra você.

Jura? — indagou, animado, já posicionando-se acima do menor.

— Mas hoje não, lembra? — disse, acariciando gentilmente o rosto do namorado, que pareceu murchar um pouco.

— Você é um estraga prazeres — reclamou, deitando-se sobre o corpo do namorado.

Levi envolveu o garoto em seus braços e começou a acariciá-lo gentilmente no cabelo, na nuca, nas costas, na bunda... Tocou toda a extensão do corpo do mais novo que conseguia alcançar. Em resposta, escutou gemidos contidos do namorado bem ao lado de seu ouvido. Esperançoso com a ideia de reacender a libido do namorado, Levi começou a mover o quadril sob o de Eren, estimulando discretamente a região genital dele. Inevitavelmente, a respiração do mais novo começou a ficar audível e descompensada, música para os ouvidos do de cabelos negros.

Eren começou a reagir, beijando e mordiscando qualquer área de pele exposta que encontrasse. Levi o acompanhou, retribuindo as carícias não tão gentis, mas extremamente estimulantes. Só que Levi não se limitou apenas à boca; aproveitando que já estava passeando pelo corpo jovem com as mãos, tomou um bom tempo massageando a bunda do mais novo, apertando-a e moldando-a de forma a fazer o mais novo gemer cada vez mais intensamente.

— Levi... — murmurou Eren, com a voz manhosa, do jeito que mais mexia com o mais velho. — Mudei de ideia.

— Hm?

— Eu quero transar com você. Agora. — Afastou-se o suficiente para olhá-lo nos olhos, admirando a chama ardente no cinza-azulado. — Ainda está de pé a proposta de me deixar por cima?

— Mas é claro — respondeu com um largo sorriso felino no rosto. — Faço o que você quiser, meu anjo.

Eren retribuiu o sorriso libidinoso, inclinando-se para apagar o sorriso com a junção dos lábios num ritmo deliciosamente lento. Enquanto as bocas permaneciam ocupadas, as mãos de ambos trabalhavam intensamente para retirar o resto das peças de roupa no corpo dos dois. A calça e roupa íntima do moreno foi facilmente retirada, mas a do policial precisou de um esforço a mais. Tiveram que separar-se rapidamente para que Levi se livrasse por completo das roupas, e foi o tempo necessário para Eren ir até a escrivaninha ao lado da cama e procurar na gaveta o frasco de lubrificante e um pacote de camisinha.

— Já vamos pular para essa etapa? — perguntou o de cabelos negros, ao ver os dois objetos nas mãos do namorado.

— Não, vamos brincar um pouco — respondeu o mais novo, com um sorriso travesso.

Deixou a camisinha e o frasco num canto próximo na cama e avançou para cima do namorado de novo, beijando-o selvagemente até que o deitasse por completo sob si. Quando o teve à sua disposição, Eren passou uma perna por cima do tronco exposto para montar nele, apreciando a massagem que recebeu nas coxas ao concluir o gesto.

— Seria muito rude da sua parte entrar em mim sem antes me deixar duro — explicou o garoto, alcançando o lubrificante. — Sendo assim, eu quero que deixe o meu amigo aqui bem confortável... — falava enquanto deixava o produto gelatinoso se espalhar por seu pênis uma quantidade generosa —... mas só com as mãos.

— Tem certeza de que não prefere que eu te chupe? — perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Por mais que eu aprecie o trabalho maravilhoso que você faz com sua boca, hoje eu estou a fim de variar. — Inclinou-se para trás, apoiando-se nos braços, para assim dar uma vista mais ampla de seu tronco exposto para o namorado. Algo naquela posição o fazia ficar ainda mais excitado. — Me mostra como você faz quando está sozinho em casa pensando em mim.

Levi deu um sorriso de canto, aceitando com prazer aquela provocação. Envolveu o membro do namorado em sua mão com propriedade, começando com movimentos lentos apenas para espalhar o lubrificante igualitariamente por toda a extensão do pênis que já apresentava uma discreta ereção. Levi foi aumentando a intensidade das estocadas à medida que assistia o namorado jogar a cabeça para trás e gemer com cada vez mais intensidade, mesmo que ainda fossem discretos murmúrios de prazer.

O policial apertou um pouco mais os dedos em volta do membro, brincando e provocando com mais atenção a região da glande, enquanto com a outra mão apertava ocasionalmente as coxas abertas, cravando deliciosamente os dedos na carne rígida pela tensão.

— Hnn... puta merda, Levi... — gemeu Eren, fechando os olhos para aproveitar melhor os estímulos que recebia.

— Devo aceitar isso como um elogio? — provocou, adorando ver como o garoto se derretia em sua mão.

— Você saberia se não fosse — respondeu, abrindo os olhos momentaneamente para admirar o belo sorriso sacana no rosto de seu namorado para cerrar as pálpebras logo em seguida. Era surpreendente como, mesmo depois de todo esse tempo, Levi ainda conseguia deixá-lo desconcertado. — Levi... mais forte...

— Como quiser — murmurou, com a voz rouca de desejo, mas contendo-se para focar o momento de prazer apenas para o namorado.

Acelerou os movimentos de vaivém com a mão, escutando deliciosamente mais uma série de xingamentos atirados em meio a gemidos e arfadas. À medida que acelerava a masturbação, intensificava também os estímulos com a outra mão, que passeava por entre a coxa, a virilha e os testículos do mais novo. Não demorou até que o pré-gozo aparecesse, mesclando-se com o lubrificante. Levi acelerou ainda mais o movimento com as mãos, aproveitando para gemer sacanagens para o namorado, empurrando-o para cada vez mais perto de seu ápice.

— Ahh... Amor, eu... eu vou gozar... — gemeu Eren, sentindo as pernas cada vez mais inquietas.

— Então...

— Não, não pare — bradou, ao perceber que o mais velho desacelerava gradativamente as estocadas. — Quero gozar assim.

— Assim, nessa posição? Mas aí o seu gozo vai cair todo na minha cara...

— É isso que eu quero — respondeu, dando um olhar nada comportado para o namorado enquanto sorria satisfeito.

Levi, estranhamente, deixou de se importar com o incômodo de sujar-se no momento em que viu aquele sorriso. Voltou com tudo nas estocadas, apreciando o namorado a chamar seu nome em meio a mais xingamentos e gemidos afônicos. Até que o tão almejado orgasmo veio, despojando o viscoso líquido branco pelo peitoral e pelo pescoço do mais velho, que assistiu a tudo com olhos divertidos, admirando o corpo arqueado e ofegante do garoto montado em seu tronco.

— Foi bom? — perguntou Levi, acariciando gentilmente ambas as generosas coxas.

— Como sempre, um excelente trabalho, Rivaille-san — murmurou o garoto, falando formalmente apenas para provocar, e com sucesso, um sorriso no namorado.

Ainda levemente extasiado, inclinou-se para beijar com carinho a boca macia do mais velho, sem se importar com o gozo que o melava no peito à medida que movia-se contra o corpo do namorado.

— Eu quero mais — murmurou Eren contra os lábios finos colados aos seus. — Me prepare, escravo.

Escravo? — indagou, divertido.

— Escravo sexual — completou. — Até onde eu escutei, você disse que faria tudo que eu pedisse, não é?

Levi não conseguiu evitar sorrir largamente.

— Seu pedido é uma ordem — murmurou o mais velho, depositando um grosseiro beijo no rosto do namorado. Após alcançar o pote de lubrificante, depositou uma quantidade generosa nos dedos, deixando-os bem viscosos. — Separe bem as pernas.

Eren assim o fez, sem sair de cima do namorado. Muito pelo contrário; aninhou a cabeça no pescoço do mais velho e deixou que ele fizesse o resto, preparando devidamente seu orifício como já tinha feito várias vezes. Depois de alguns movimentos de vaivém, a excitação voltou com tudo no membro do mais novo, que clamava para ser penetrado devidamente. Levi apenas procurou pela camisinha e a colocou às escuras, já que o corpo de Eren o impedia de ver o que acontecia na sua virilha. Mas, bem, não era como se tivesse que se preocupar tanto — não iria engravidar Eren por acidente caso não colocasse a prevenção devidamente.

— Ok, meu pau é todo seu — anunciou Levi, após espalhar um pouco de lubrificante sobre a camisinha. — Pode montar à vontade.

— Eu quase me sinto numa aula de hipismo — brincou Eren, erguendo-se nos joelhos.

— É quase a mesma coisa mesmo, só que aqui, sua bunda vai doer de um jeito diferente — respondeu, piscando um olho. — Agora vem, senta em mim com tudo que tem, pirralho.

Eren mordeu o lábio inferior, o que deu um charme a mais no sorriso lascivo que direcionava ao mais velho. Segurou no pênis ereto logo abaixo de si e o conduziu até a sua entrada, passando-o por toda a parte do exterior antes de deixar que, de fato, entrasse em seu corpo. E quando o fez, não conseguiu conter o gemido quase sofrido que rasgou sua garganta; como não estava acostumado com aquela posição, estranhou a leve rigidez de sua musculatura mesmo depois de ser devidamente preparado. Levi notou o desconforto inicial do namorado, e por isso começou a acariciá-lo novamente no pênis, tentando trazer alguma sensação de prazer.

O gesto ajudou a amenizar a contração anal, facilitando a entrada de Levi. Quando Eren se sentiu seguro do seu conforto naquela posição, começou a mover-se lentamente, erguendo-se nos joelhos e abaixando-se novamente. Dessa vez foi a vez de Levi fechar os olhos e gemer abertamente; não imaginava que fosse tão bom deixar outra pessoa tomar as rédeas no sexo — era como um oral, só que sem os dentes para incomodar. Eren também não saia intacto; aquela posição exigia muito mais de seu físico, levando-o ao cansaço com muito mais rapidez. Mas nem por isso interrompeu as investidas com o quadril. Ao contrário; acelerava e rebolava com cada vez mais propriedade, levando o mais velho à loucura.

Levi arranhava as pernas e a lombar do namorado a cada vez que ele decidia aumentar o número de estocadas. Sentia que estava se perdendo cada vez mais a cada movimento que o quadril inexperiente — mas talentoso — do seu garoto fazia. E para completar, ainda havia a belíssima visão no corpo exposto e sensual do namorado, que trazia no rosto um semblante franzido, como se fizesse bastante esforço para manter o ritmo. E isso deixava Levi com cada vez mais vontade de jogá-lo na cama e fodê-lo até que ele esquecesse o próprio nome.

Para saciar — pelo menos em parte — sua vontade, o policial levou uma mão para cada mamilo no mais novo, começando com carícias sensuais, até chegar a realmente beliscar os bicos duros e alongados, escutando a voz do garoto falhar enquanto perdia completamente o ritmo no quadril.

— Dói? — perguntou, com a voz rouca de desejo ao ver o semblante fragilizado do mais novo.

Aham... — arfou com dificuldade. — Mas é tão bom.... Hnn... puta merda, Levi...

Por mais que também apreciasse muito aquela posição, o corpo de Eren exigia movimentos muito mais intensos do que suas pernas podiam dar. A ânsia por mais um orgasmo consumia cada fibra do mais novo — principalmente depois que as mãos de Levi entraram em ação —, já perdendo a noção das coisas obscenas que gemia para o namorado. Sentiu a sua consciência colapsar quando conseguiu atingir sua próstata seguidas vezes, levando seu corpo a implorar por mais.

— Ah, foda-se — grunhiu enquanto erguia o corpo o suficiente para que o pênis do namorado deixasse o seu orifício.

— O que foi? — perguntou o policial, preocupado. — Se machucou...? — Teve sua fala interrompida pela boca do mais novo, que o beijou sem avisos e com uma urgência quase desesperada.

— Me fode — gemeu o garoto entre um beijo e outro, quase sem fôlego.

— O quê?

— Me joga na cama e me fode com força — suplicou em um gemido. — Amor, eu quero você, por favor... me fode gostoso, por favor...

Levi não pensou duas vezes — na verdade, sequer chegou a pensar no que estava fazendo —, apenas agarrou o namorado pela cintura e o atirou para o lado, jogando-o na cama, e então tomou novamente o controle. Levou uma perna do garoto até o alto de seu ombro e a deixou ali, conseguindo uma boa abertura para mover-se. Penetrou-o lentamente na primeira estocada, para depois subir gradativamente o ritmo até que conseguisse penetrá-lo com uma força considerável. Eren chamava perdidamente o nome do namorado enquanto amassava fortemente os lençóis com ambas as mãos. Os dois chegaram a mudar de posição mais duas vezes, até que o corpo do moreno chegasse ao limite.

Pela segunda vez naquela noite, Eren atingiu o seu clímax derretendo-se com o rosto contra o lençol. Levi não demorou muito até que também chegasse no ápice, deixando um gemido rouco, quase afônico, escapar de sua garganta. Depois de retirar-se gentilmente de dentro do namorado, deu um nó na camisinha usada e a deixou em cima da escrivaninha para jogá-la fora depois. Por hora, apenas se jogou na cama ao lado do moreno e gemeu contra o travesseiro.

— Não acredito que eu estou tão cansado depois de transar só uma vez — murmurou o mais velho.

— Mas foi uma boa transa — murmurou, com a voz rouca, sentindo-se exausto, mas também satisfeito.

— Você estava sensacional cavalgando — disse, com um largo sorriso no rosto. — Achei bem interessante a experiência.

— Eu disse que montar era uma boa ideia... — Eren já começava a falar embolado, deixando o sono e o cansaço o embalarem aos poucos.

— Ei, pirralho, nem invente de dormir — resmungou Levi, balançando a cabeça do moreno. — Vamos tomar banho antes.

— Que banho o quê — resmungou o mais novo, dando um tapinha na mão irritante do namorado. — Não adianta tomar banho se você não for trocar a roupa de cama também, e nós dois sabemos que você não vai fazer isso agora.

— Hmmm... — grunhiu, insatisfeito, principalmente porque sabia que o garoto tinha razão. — Que nojo dormir nessa sujeira...

— Mas é a nossa sujeira — disse Eren, sorrindo abobado. Aproximou-se um pouco mais do namorado para aninhá-lo em seus braços, apoiando a extensão do nariz na testa do mais velho. E então, bem baixinho, sussurrou: — Ei, Levi...

— Hm?

Eu te amo...

Levi, como sempre, não respondeu nada, apenas levou uma mão até os fios castanhos e os acariciou gentilmente. Depois de alguns minutos com o cafuné, Eren já sentia a consciência bem distante, enquanto Levi... Bem, Levi permanecia de olhos fechados, mas sentia o peito agitado demais para conseguir dormir. E então, influenciado pelo torpor do sono, deixou que seus lábios se movessem involuntariamente, falando sem proferir som algum:

“Eu também te amo”.

Só então conseguiu deixar o coração em paz — ao menos, o suficiente para dormir tranquilamente ao lado de seu amado.


Notas Finais


Um prelúdio de muitas coisas:
- Levi passivo?
- Eren cavalgando de verdade? (sem nenhuma influência do álcool pra dar moleza no corpo?)
- Levi se preparando aos poucos pra conversar sobre seu problema com a frase "eu te amo"???

Aaaah, muitas coisas lindas e maravilhosas, não é mesmo? ;)
Depois dessa, vou me retirar hehe

Eu sei que, comparado aos outros lemons que escredi, esse ficou bem bostinha, mas é aquele ditado, né: vamo fazê o quê? kkkkkkkkkkk

Por hora é só isso mesmo ;3
Bjins~
(Espero que meus parça do nordeste tenham curtido um são joão melhor do q o meu shauhsau)

Obs: Num dilema interno entre Klance e Sheith, scrr
Obss: Undertale teve o efeito contrário em mim; tirou toda a minha DETERMINAÇÃO em continuar viva. Tô no chão.


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