História Venus - Décimo Sétimo

— Ei, Min Yoongi — ouvi alguém me gritar e parei no meio do caminho. Era Kim Seokjin, um residente que havia ficado próximo de mim porque trabalhávamos juntos. Acho que até podia dizer que ele era meu amigo. — Vamos sair para beber depois do trabalho, não quer vir?

— Hm, sinto muito, mas acho que não vai dar — disse, um pouco sem graça. Nunca aceitava seus convites para qualquer atividade fora do hospital, mas não fazia por mal, eu gostava de usar meu tempo livre para ficar com Jimin.

— Como podemos ser bons amigos se você não colabora?! — revirou os olhos. — Uma vez só. Vamos, cara!

— Não sei, não. E se o Jimin ficar chateado? — perguntei.

Ele havia descoberto sobre meu relacionamento mais ou menos um mês atrás, quando só tínhamos três dias de namoro e eu estava me escondendo dele pra tentar falar com Jimin. Esse foi um dos motivos para nos aproximarmos, me sentia bem em ter um amigo além do meu primo e Seokjin era um cara muito legal.

— Ele não vai, você está sempre com ele e não faz nada além de estudar e encontrá-lo no seu tempo livre. Jimin com certeza vai entender — garantiu. — Por falar nisso, preciso que vá na emergência, leito vinte e dois.

— O que isso tem a ver com meu namorado?

— Não pergunte, faça o que eu mandei Min — disse, usando seu tom de "eu sou seu chefe, me obedeça", que costumava ser assustador antes de nos conhecermos melhor.

Apenas ri em resposta e assenti. Corri pelos corredores até a emergência, se ele tinha vindo pessoalmente me mandar cuidar de um caso por lá, deveria ser importante.

Assim que cheguei tive uma surpresa porque Jimin estava em pé bem ali com um olhar preocupado. Estava tão distraído que nem me viu chegar.

— Jiminie, o que faz aqui? — perguntei. Ele se assustou e sorriu ao me ver.

— Ah, Yoon — me abraçou rapidamente. Lamentei por estarmos em público, porque eu adoraria beijá-lo. —, estou aqui com Jihyun.

Olhei para trás dele e pude ver seu irmão deitado na cama, virado para o outro lado.

Me aproximei dele o analisando para tentar descobrir o que tinha acontecido.

— O que foi? — perguntei, caminhando com Jimin logo atrás de mim.

— Ele se acidentou no colégio hoje. Disseram que caiu da escada, mas não acredito nem um pouco nisso. — falou, com o semblante irritado. — Jihyun, conte ao Yoongi o que aconteceu.

O garoto na cama pareceu ter me notado apenas naquele momento e se esforçou para se virar e sentar. Parecia estar sentindo bastante dor.

— Não foi nada, hyung — disse, olhou para o outro lado. — Já disse!

— Te conheço desde que você nasceu, sei quando está mentindo pra mim, seu idiota!

— Ei — chamei sua atenção. — Não se deve mentir para um médico, como vamos cuidar de você se não soubermos o que realmente aconteceu?!

Ele abaixou a cabeça, parecia se sentir culpado por alguma coisa. Os irmãos Park não eram parecidos apenas em aparência, tinham o mesmo jeitinho de agir quando havia algo que não queriam dizer. Felizmente eu sabia lidar bem com isso, graças a minha experiência com o Park mais velho.

— Alguns garotos do último ano, eles me bateram e quando tentei fugir tropecei e cai da escada. — contou, falava bem baixinho. Se não estivesse prestando atenção, não poderia ouvi-lo.

— O quê? Por que fizeram isso? — Jimin aumentou o tom de voz, agora sim ele estava mesmo irritado.

— Acham que estava tentando roubar a namorada de um deles, mas eu juro que não fiz nada — se apressou em se defender. — Ela é minha amiga, estávamos só conversando e o namorado idiota dela ficou com raiva. Eles terminaram e ele veio atrás de mim com os amigos.

A essa altura Jimin estava vermelho e com uma expressão nada amigável.

Em todo o tempo que o conheço e em pouco mais de um mês que estamos realmente juntos, nunca tinha visto ele se irritar tanto.

— Vou mandar uma mensagem para nossa mãe e esses idiotas vão ver só — disse, pegando o celular e começando a digitar furiosamente. Era um pouco engraçado vê-lo resolver as coisas falando com sua mãe, mas também compreensível, até eu teria vontade de chamar aquela mulher quando alguém me causasse problemas.

— Min, saia já daqui, não vai me roubar outro paciente! — revirei os olhos ao ouvir aquela voz esganiçada. Nem precisava olhar para saber de quem se tratava. — Vou levá-lo para exames. O que quer aqui?

— Não quero roubar paciente nenhum, Kang — respondi a mulher que me encarava desconfiada. — Eu o conheço.

— Acha mesmo que vou acreditar em você?

— Ele é meu cunhado — Jihyun resolveu se pronunciar.

Jimin tinha parado de digitar e assistia a cena, curioso.

— Cunhado? Não sabia que tinha uma namorada — falou, sem toda aquela pose defensiva.

— Namorado — Jimin tomou a frente. A encarava com os olhos semicerrados e uma expressão séria. Se aproximou e estendeu a mão. — Park Jimin.

A mulher, agora um pouco corada, apertou sua mão e deu um sorriso forçado.

— Kang Siyeon — se apresentou. — Tudo bem, eu vou levar seu irmão para alguns exames e você pode esperar ou nos acompanhar. Não vai levar muito tempo.

— Ele vai esperar comigo — respondi. Ela assentiu. Me virei para Jimin, que agora sorria — Tenho um tempo livre até depois do almoço, fico com você.

Siyeon não nos disse mais nada, apenas preparou as coisas e levou Jihyun para seus exames.

Chamei Jimin para ir comigo até a sala de espera, era mais confortável que ficar ali. Sentamos em poltronas numa parte mais distante de onde estavam algumas pessoas, para conversarmos com um pouco mais de privacidade.

Ele sorriu e segurou minha mão, a acariciando com o polegar.

Era bom perceber o quanto Jimin mudou nesse tempo que se passou. Tínhamos feito um mês de namoro há pouco tempo, e havia uma mudança significativa.

Agora ele aceitava muito melhor a ideia de ter um compromisso, sabia demonstrar muito bem seu carinho por mim e estava muito mais aberto e um pouco mais maduro em relação a algumas coisas. Além de que tinha mais liberdade para fazer e dizer coisas, então não ficava mais tão nervoso ou muito tímido quando queria algo, isso era ótimo.

— Estava com saudades, não te vejo desde a semana passada — comentou, fazendo um biquinho extremamente fofo. Como eu queria poder beijar o meu namorado bem ali!

— Eu também, mas estive muito ocupado esses dias, desculpa.

— Tudo bem, foi uma semana puxada pra mim também. Tive tantas provas — choramingou. — Foi horrível, ainda bem que acabou.

— Se saiu bem em todas elas? — ri baixo quando ele assentiu, animado. — Meu amor é tão inteligente. Estou orgulhoso!

— Também estou muito orgulhoso de você — sorriu. Se inclinou na minha direção para dizer: — Você fica lindo de jaleco, quero uma foto sua vestido assim depois.

— Ah, é?! E o que vai fazer com essa foto? — perguntei dando um sorriso maldoso.

Fazer brincadeiras e piadas maldosas com ele era engraçado. Apesar de ele não ficar super nervoso e todo vermelho, como antes, Jimin ainda tinha timidez o suficiente para ficar com as bochechas vermelhas e rir.

Ele me deu um tapa fraco e me disse para não falar essas coisas em público porque era constrangedor. Tão fofo!

— Essa tal de Jang Siyeon... — Começou.

— Kang — corrigi.

— Que seja. Há quanto tempo ela gosta de você? — perguntou.

— O quê? Ela não gosta de mim, pelo contrário, essa mulher me detesta — esclareci. Não tinha ideia de onde ele tinha tirado aquela ideia. — Implica comigo desde nossa primeira semana aqui.

— Yoonie, você não é idiota — afirmou. — Ela está caidinha por você e nem disfarça. Mas quem pode julgar?!

— Isso é loucura — ri desacreditado. — Por que está dizendo isso? Está com ciúmes?

Jimin riu e balançou a cabeça negativamente.

— Min Yoongi! — Seokjin gritou entrando na sala. Me assustei e me virei para ele com os olhos arregalados, fazendo-o rir alto por isso. — Você vai hoje à noite, não é?! Se não for, vou escolher a Kang para entrar em cirurgias comigo.

Sabia que ele estava brincando. Ou pelo menos achava que sim.

— Vai onde? — Jimin me perguntou, baixo.

— Oh, você deve ser o famoso Park Jimin — sorriu, puxou uma cadeira para se sentar na nossa frente. — Vocês são fofos juntos. Sou Kim Seokjin e sou chefe do seu namorado. Eu o convidei para beber mais tarde com o pessoal, mas ele não quer ir. Acredita que esse cara nunca saiu com a gente? Por isso ele não tem amigos.

— Você não tem amigos?

— Claro que tenho! Seokjin é meu amigo.

— Não serei por muito tempo se não for hoje — ameaçou, e disso eu não duvidava.

— Yoonie, tem que sair com seus amigos — Jimin incentivou. — Você passa tanto tempo comigo e não se diverte com eles.

— Me divirto o suficiente com você — rebati.

— Tenho certeza que sim — Seokjin brincou. — Até o seu namorado quer que você vá, não seja um chato!

Os dois ficaram me olhando em expectativa. O que podia fazer se não tinha nenhum costume de ir nessas atividades em grupo? Nunca era chamado pra elas e também não fazia questão.

— Tudo bem, eu vou, mas só se o Jimin for também — impus. Se ia passar por isso não queria ficar sozinho.

— Ele vai — Jin afirmou. — Não vai, docinho?

— Claro que vou — disse, animado. — Quer dizer, se ficar tudo bem com meu irmão, porque se ele estiver mal vai parecer meio insensível eu sair pra beber.

.

No fim, estava tudo maravilhosamente bem com Jihyun, ele só precisou de algumas medicações e logo foi mandado para casa. Jimin saiu contente e disse que estaria de volta às 18 horas, quando eu estaria liberado.

Pouco antes de saírem do hospital, ele recebeu uma ligação da mãe. Pelos gritos, ela estava indo direto para o colégio do Park mais novo e queria o nome e a sala dos garotos que fizeram aquilo. Tinha a mais absoluta certeza que eles iriam se arrepender de terem encostado no Jihyun.

Na hora da saída, Jin veio mais uma vez saber se eu iria, me acompanhou até o vestiário e esperou por Jimin comigo. Em suas palavras, não queria que eu tivesse a chance de fugir.

Jimin não demorou de chegar e veio acompanhado de Hoseok, que me cumprimentou todo animado, como sempre.

— Ele passou a tarde comigo e ficou todo feliz quando eu disse que ia sair pra beber — se explicou, me deu um beijo na bochecha e sorriu. — Não tem problema ele ir com a gente, não é?!

— Quanto mais gente melhor, vamos! — Seokjin se animou. Tinha certeza que ele e o amigo do meu namorado iriam se dar muito bem, eles tinham a mesma energia inacabável.

Minha vontade era ir para casa enquanto ainda dava tempo de pegar o meu programa favorito que passava todas as sextas naquele horário, mas os três estavam tão animados que nem me atreveria a falar nada. Talvez fosse divertido.

O bar não ficava longe, então fomos andando, eu e Jimin de mãos dadas na frente e Jin e Hoseok atrás, falando sobre nós dois alto o bastante para ouvirmos.

Assim que chegamos, encontramos o pessoal do hospital sentados em uma mesa no canto. Era um lugar legal já que não era muito visível para o resto do bar.

Havia cerca de dez pessoas ali — contando conosco. Tinham enfermeiros, médicos e internos, mas ali se tratavam apenas como colegas de trabalho, conversando, rindo alto e bebendo bastante.

Não era muito próximo de nenhuma daquelas pessoas, mas fui bastante simpático com todo mundo e me sentei perto de Seokjin. Era óbvio pra mim o quanto eles estranhavam minha presença ali, geralmente as únicas vezes em que nos falávamos era nos corredores do hospital ou em um caso em que estivéssemos juntos.

Em poucos minutos que estivemos ali, Hoseok e Jimin conseguiram o que eu não consegui em meses. Falavam com todos como se os conhecessem há anos.

Era impressionante! Queria muito ter habilidades sociais como aquelas.

Jin, como sempre, não parava de rir e falar alto. Ele disse que pagaria uma rodada para todo mundo, saiu da mesa e voltou com algumas garrafas de bebidas alcoólicas.

Encheu um copo até a boca e me ofereceu com a expectativa clara em seu rosto.

Pensei em negar porque nunca tive o costume de beber, mas sabia que eles iriam me encher o saco, então apenas aceitei e provei um pouco. O gosto daquilo era péssimo.

Me virei para comentar com Jimin sobre o quanto não gostava de álcool e fiquei muito surpreso ao ver que ele tomava grandes goles e sorria conversando com Jin.

— Desde quando você bebe assim? — perguntei, estava com os olhos levemente arregalados em surpresa. Ele estava destruindo a imagem de um bebê puro que eu tinha dele.

— Desde... hm, deixa eu ver... — falou, pensativo.

— Desde os quinze, Jiminie — Hoseok ajudou. Fiquei um pouco chocado, nem imaginava que meu namorado bebia, quanto mais desde tão cedo. — Você tinha que ver, o Jimin era muito fraco, sempre acabava dando um show e passando mal. Era horrível passar pela mãe dele assim.

— Pare de contar essas coisas pro Yoongi. O que ele vai pensar de mim? — Jimin reclamou, batendo no amigo que ria alto. — Não faço mais essas coisas. Juro!

— Tudo bem — ri fraco, apenas para tranquiliza-lo. Estava muito surpreso, mas não o julgaria por isso. — Parece que o meu bebê não é tão bebê assim.

— Você nem imagina — Hoseok disse. Jimin se preparou para bater nele, mas o outro fugiu antes disso.

— O que ele quis dizer?

— Hoseok gosta de me provocar. Nunca fiz nada demais — desconversou, voltando a beber. — Será que posso ir pra sua casa hoje? Minha mãe ficaria reclamando sobre a bebida e tudo mais.

— Como eu poderia dizer não?! — sorri e o beijei rápido. Não estava me importando muito com o que o pessoal do meu trabalho pensaria disso, se não estava mais em meu local de trabalho nada me impedia de beijar o meu namorado. Jimin também sorriu pra mim e encheu o seu copo outra vez. — Acho melhor você pegar mais leve com a bebida. Não estou tentando te controlar, nem nada.

Ele sorriu e ignorou completamente o que eu estava dizendo, em um gole bebeu metade do líquido no copo e deitou a cabeça no meu ombro.

Ficamos sentados ali. Eu escutava a conversa alheia e ria das histórias que contavam, vez ou outra respondia alguma pergunta que me faziam. Jimin, por outro lado, estava super empolgado falando sem parar. Talvez parte disso fosse efeito de toda a bebida que ele já tinha ingerido naquele tempo.

Em um momento da noite, Jin e Hoseok saíram e voltaram minutos depois para buscar Jimin.

— Min, se importa se roubarmos seu namorado um pouquinho? — o mais velho perguntou.

Tinha um pouco de medo do que aqueles três fariam juntos, mas ainda assim balancei a cabeça. Como se minha opinião fosse servir de algo, Jimin iria mesmo que eu falasse que me importava sim.

— Voltamos logo, não se preocupe — Hoseok garantiu. Sua fala estava um tanto embolada, o que entregava que ele já estava no limite.

O objetivo de terem me levado até ali era me fazer socializar com as pessoas que trabalhavam comigo, mas eles estavam tão concentrados em sua conversa em grupo e eu não podia simplesmente entrar no assunto. Sinceramente não entendia qual era o problema de falar com eles apenas no hospital quando fosse preciso. Além do Jin, nenhum deles parecia o tipo de pessoa que eu gostaria de ter como amigo.

Não demorou para os três voltarem rindo alto e chamando a atenção de todo mundo. Pareciam muito mais bêbados que antes, era engraçado vê-los tropeçando pelo caminho.

— Onde vocês foram? — perguntei, quando Jimin sentou do meu lado e beijou minha bochecha, apoiando a cabeça no meu ombro depois.

— Hoseok achou uma bebida legal e comprou pra gente, ele também queria mostrar uma garota bonita que tava no balcão. Ela era tão bonita que se eu fosse hetero tentaria ficar com ela — contou, rindo no final. Eu sorri porque ele ficava ainda mais fofo bêbado.

— Ah, é? Ela era tão bonita assim? — perguntei, acariciando de leve suas costas.

— Sim, mas você é muito mais bonito. É o cara mais bonito desse bar. — Passou um braço pela minha cintura, me abraçando. Não pude evitar sorrir. — Yoongie, vamos para casa?

Jin, que estava bem do meu lado, ouviu isso e arregalou os olhos.

— Ir pra casa? Já? Nada disso, tá muito cedo. O Yoongi nem terminou de beber ainda. Vamos beba e depois a gente vai no karaokê. — ele protestou. Pegou o meu copo, ainda cheio, e colocou nas minhas mãos. Tomei mais um gole a contragosto e o coloquei de volta a mesa.

— Karaokê? — Jimin levantou sua cabeça. Aparentemente alguém tinha ficado animado com a ideia.

— Sim, Jiminie, você gosta de karaokê, não gosta? — perguntou, sorrindo. Jimin assentiu lentamente com um sorriso bobo. — Ótimo. Pessoal, vamos no karaokê, alguém nos acompanha?

Hoseok levantou animado e Siyeon sorriu e disse que iria, mas o resto das pessoas não pareciam muito interessadas. Eles simplesmente ignoraram e continuaram conversando entre si.

Então acabamos em uma sala de karaokê. Siyeon tinha conseguido arrastar uma amiga com ela, Lee Chaewon era uma enfermeira e na verdade ela era muito legal.

No meio do caminho, enquanto Jimin estava andando com Hoseok na frente, ela se aproximou de mim para dizer que o meu namorado era muito bonito e nós dois fazíamos um casal fofo.

— Há quanto tempo estão juntos? — quis saber.

— Pouco mais de um mês — respondi o observando de longe.

Nós dois estávamos sentados conversando e bebendo — dessa vez me arranjaram uma bebida doce, que era bastante agradável. Siyeon havia se tornado amiga do meu namorado, isso provavelmente aconteceu porque ambos estavam bêbados, e no momento cantavam uma música romântica juntos.

— Ele é tão bonito e talentoso, não é?! — comentei com a garota, ela sorriu e concordou. — Tenho muita sorte!

— Siyeon vai roubar o seu namorado — Jin brincou, sentando do lado da Chaewon.

— Isso é impossível, Jimin é completamente gay e apaixonado demais por esse idiota — Hoseok disse, sua voz saia estranha por conta da bebida.

Tudo que eu fazia era rir deles. Eu e Chaewon éramos as únicas pessoas realmente sóbrias naquela sala, embora Jin não estivesse tão bêbado quanto os outros.

A música acabou e os dois na frente se abraçaram, sorrindo. Logo depois foram atrás de seus copos.

— Ei! Siyeon! Largue isso — Chaewon gritou, ela se levantou correndo para impedir a amiga de beber. — Nada de bebidas pra vocês, depois sou eu quem tenho que cuidar de você.

Siyeon riu alto e a abraçou. Era estranho vê-la assim, normalmente ela estava sempre concentrada ou séria demais.

Hoseok foi colocar uma nova música e chamou Jin para acompanhar. Os dois eram uma ótima dupla para homens bêbados.

— Sabe o que acho? — Jimin disse, praticamente se jogando em cima de mim. — A Siyeon gosta de você, mas a Chaewon gosta dela.

— Por que acha isso?

— Intuição, mas que ela gosta de você eu tenho certeza. Ela me contou, somos amigos agora, sabia?

— É mesmo? — sorri quando ele assentiu. — Que bom que são amigos, mas você não acha que está na hora da gente ir?

Ele parou de sorrir.

 

— Ainda não, está tão divertido aqui, Yoon — Disse, fazendo uma vozinha extremamente fofa. — Quero muito te beijar agora.

Eu ainda não conhecia aquela sua habilidade de mudar da água pro vinho em segundos, ouvir aquela frase em sua voz baixa e com aquela expressão no rosto... soou extremamente sensual e me desestabilizou completamente.

Sequer tive condições de dizer uma palavra, mas era óbvio que queria aquilo também, então ele apenas me beijou.

Aquele, definitivamente, não era o tipo de beijo que se dava em público. Era tão intenso e quente, nem parecia o mesmo Jimin que começava me dando beijos tímidos — e esses só viravam algo a mais um pouco depois, geralmente por iniciativa minha.

— Se querem se pegar assim vão pra uma sala particular, não tenho que ver isso — Jin reclamou no microfone, isso fez com que Jimin se afastasse de mim para rir.

Mas felizmente, isso também fez com que ele finalmente quisesse ir embora.

Foi uma noite divertida, admito, mas depois de tantas horas praticando, estudando e trabalhando, eu estava exausto. Tudo que queria era deitar na minha cama, sentindo o cheirinho gostoso do meu namorado, que estaria me abraçando e deixando bem mais confortável.

Nos despedimos dos outros, que disseram que ficariam ali mais um pouco, e fomos embora.

Jimin continuava cheio de energia, tudo por causa da bebida. Ele não parava de falar e cantar pelo caminho e quando chegamos no apartamento tive que fazê-lo calar a boca várias vezes, porque era tarde e os vizinhos eram muito chatos. Iriam reclamar horrores do barulho depois.

— Sente aqui — orientei, o colocando no sofá. Ele se encostou e sorriu para mim. — Vou tomar banho, fique quietinho aqui, okay?

Ele assentiu e escorregou até estar deitado com a cabeça nas almofadas.

Peguei minha toalha e roupa e fui ao banheiro. Tomei banho o mais rápido que pude, estava preocupado com o Jimin bêbado no meu sofá e não o queria longe por mais tempo.

Assim que terminei e vesti as minhas roupas, fui direto para a sala, no entanto ele já não estava lá.

— Jiminie — chamei, olhando ao redor para ver se estava em algum canto da sala ou cozinha. Ouvi ele responder do quarto e corri até lá, apenas para encontrá-lo na minha cama com uma pose muito engraçada. — O que está fazendo, hm?

Me aproximei da cama e ele se levantou para me puxar pela camisa, me fazendo subir nela. Ele continuou me puxando, até nossos rostos estarem próximos e juntou nossos lábios, iniciando um beijo afoito que não durou muito.

— Estava esperando por você, Yoon — disse, quando nos separamos.

Ele continuou me puxando e quando cheguei onde queria, me empurrou, fazendo com que me deitasse na cama.

Jimin sentou-se sobre mim, com uma perna de cada lado do meu corpo e deu um sorriso maldoso.

Eu não consegui assimilar os fatos e entender o que exatamente estava acontecendo. Aquele definitivamente não era o Jimin com qual havia me acostumado.

Não tive muito tempo para pensar antes que ele começasse a me beijar de novo. Eu era incapaz de recusar um beijo dele, então retribui aquele beijo sentindo o gosto do álcool ainda presente em sua boca.

Senti sua mão passar pelo meu peito e adentrar a barra da minha camisa.

— O que está fazendo? — perguntei, sério. O afastei um pouco, para que pudesse pensar com mais clareza.

— Sabe o que estou fazendo — respondeu. Sua expressão se tornou confusa e um pouco cabisbaixa. — Por quê? Você não quer fazer isso?

— Você está bêbado, meu amor — me sentei, de modo que ele continuasse no meu colo. — Eu sei o que está tentando fazer e não quero. Não assim. Talvez você nem se lembre depois e se lembrar, vai se arrepender.

— Mas e...

— Sem mas — interrompi. — Agora você tem que ir tomar um banho, okay?!

Ele assentiu e se levantou cambaleando pelo caminho. Me lembraria de não deixá-lo beber tanto da próxima vez, mas pelo menos não estava passando mal ou coisa assim.

Estava quase dormindo quando ouvi meu nome ser chamado do banheiro e corri até lá. Jimin estava vestido apenas com uma cueca com o corpo molhado, essa seria uma cena bonita de se ver se ele também não estivesse vomitando.

Acho que falei cedo demais sobre ele não estar passando mal.

— Droga — murmurei indo em sua direção. — Tá tudo bem? Acabou?

Ele assentiu e se virou para mim. Mas não, ele não tinha acabado.

Respirei fundo ao sentir o líquido quente escorrendo na minha camisa, o que não foi uma boa ideia já que vômitos não tem um dos cheiros mais agradáveis.

Se eu podia ver o meu namorado vomitando daquele jeito em cima de mim, eu podia suportar qualquer coisa sem deixar de o amar.

— Nunca mais vou beber de novo — ele murmurou, antes de colocar tudo pra fora de novo. Dessa vez no lugar certo que era longe de mim.