Luísa D’avila
Após fazer Ester dormir, verifiquei cada uma das outras “crianças”, primeiro fui até o quarto de Guilherme, bati na porta e esperei que ele me falasse algo.
— Pode entrar — Guilherme fala e então abro a porta e ele logo completa ao ver estar na porta — Ah! É você, aconteceu algo?
— Não, não aconteceu nada, apenas queria ver se você estava bem — Digo um pouco triste pela forma que ele estava me tratando, provavelmente ele havia percebido e falou com uma voz mais “amorosa”.
— Sim, está tudo bem. Estou conversando com um amigo meu, tudo bem para você? — Ele perguntou apontando para o celular.
— Para mim tudo bem, só peço que não durma tarde porque amanhã você e os seus irmãos ainda têm escola, e não quero ouvir sermão do seu pai por deixar vocês dormirem tarde — Respondo fazendo uma leve careta.
A forma que falei faz com que Guilherme dê risada, pelo que pude observar nesse pouco tempo que estou nessa casa e que Guilherme é o mais calmo dos trigêmeos, e tenho certeza que terei muito trabalho com a Poliana e a Filipa.
— Tudo bem, obrigada, Luisa — Ele fala.
— Por nada, boa noite — Digo e Guilherme me responde.
Então sigo para o quarto da Poliana, bato em sua porta e ela também me responde que poderia entrar.
— Pode entrar — Ela fala e assim abro a porta — Você! Aconteceu algo?
— Não, apenas queria saber se está tudo bem com você — Respondo.
— Sim, está tudo ótimo — Ela responde, porém, Poliana aparentava estar triste com algo, então com um certo receio me aproximo da menina e questiono.
— Tem certeza? Você parece triste com alguma coisa.
A resposta de Poliana não era nada do que eu esperaria vindo de uma menina que aparentava ser doce.
— Estou ótima, não preciso da ajuda de uma babá que mal conheço, que provavelmente quer roubar o nosso pai igual todas fazem — Poliana me olhava com uma expressão cheia de raiva
— Poliana, não quero roubar o pai de vocês, apenas estou aqui porque preciso de emprego — Falo estranhando a forma que Poliana falava comigo... O que fizeram com essa garota?
— Não estou nem ligando para isso… Pode sair do meu quarto, agora! — Ela fala bufando de raiva.
Então sem esperar nenhum outro tipo de resposta, saio do quarto da Poliana, fecho a porta e respiro fundo antes de tentar conversar com a Filipa, a mais difícil de todas.
***
Assim que chego em frente a sua porta, bati e ela fala.
— Pode entrar — Ela fala e assim que abro a porta ela logo completa — Meu Deus! Já veio encher o meu saco, pode sair daqui.
Com medo do que Filipa poderia fazer, logo saio do seu quarto, e do lado de fora percebo que Roger me observava.
Ele então se aproxima de mim e fala sorrindo.
— Noite difícil?
— Podemos chamar assim — Falo retribuindo o sorriso de Roger, e logo completo — A Ester é um amor de pessoa, estou adorando cuidar dela, o Guilherme é bem engraçado, porém, a Filipa e a Poliana são bem difíceis.
— Confesso que fiquei bem surpreso com a sua forma de cuidar das crianças… A Ester geralmente tem dificuldade de se relacionar com algumas pessoas, devido ao trauma que sofreu… O Guilherme também é super caladão, mas, Filipa e Poliana realmente são bem difíceis de se lidar… Elas também são assim comigo e com o pai — Ele fala.
— Nossa — Essa é a única coisa que consigo falar.
— Sim, Guilherme, Poliana e Ester ficaram assim depois da morte da mãe e da avó - Roger fala - A Filipa sempre foi desse jeito, nunca descobrimos o porquê ela ser dessa forma.
— Entendi — Falo.
Após falar isso, Roger me faz uma pergunta pessoal.
— Você tem algum irmão, ou irmã? — Ele pergunta.
— Não que eu saiba, mas, tenho a Claudia, minha melhor amiga, que é como se fosse a minha irmã, e a filha dela, é a minha sobrinha — Respondo.
— Que legal — Roger diz.
— Roger, vou dormir, já esta tarde. Boa noite — Digo me despedindo de Roger, porém, antes que pudesse sair, Roger me para e me dá um beijo na bochecha bem sugestivo.
— Boa noite, espero que sonhe comigo — Roger sussurrou em meu ouvido.
Quando Roger diz essas coisas, sigo correndo para o quarto onde irei dormir, tomo um banho bem relaxante, e após o banho me deito na cama, confesso que me surpreendi com Roger, ele me tratou tão bem, e não pareceu em nada com aquele homem da boate, porém, tenho que tomar muito cuidado, depois de todas as coisas que aconteceram comigo, aprendi que tenho que me prevenir e nunca acreditar em todo mundo… Todos mentem.
Porque será que Luisa pensava dessa forma? Será possível que algo do passado possa tê-la tornado assim? Um trauma?
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