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História Verdade ou Desafio - Every lie has a bit of truth


Escrita por: lineya21

Notas do Autor


Faz uns cinco dias que vou dormir às cinco da manhã falando "hoje eu termino esse capítulo". Acontece que eu escrevo umas dez palavras e o resto do tempo to vendo seriado/no tumblr/jogando Kim Kardashian: Hollywood. Mas vou ser bem sincera: o que rola é que eu não tava sabendo muito bem como colocar esse envolvimento da Lynn com o Lys sem ficar muito forçado. É um daqueles casos onde eu tenho que escrever um monte de chatice pra fazer a ligação entre eventos interessantes e eu tava COM PREGUIÇA *prontofalei*
Also, tá difícil me concentrar em quase qualquer coisa com a bienal a vista, mas pelo menos esse capítulo e o próximo saem antes do mês acabar.

Capítulo 38 - Every lie has a bit of truth


Cheguei na escola no dia seguinte pronta para a guerra. Prova disso era que apesar de me vestir como uma freira, seguindo as orientações de Debrah, eu tinha me atrevido a colocar um batom vermelho. Era uma mensagem subliminar que eu sabia que ela pegaria: não estou de brincadeira. Era um modo de dizer que eu tinha ido para o lado negro da força, como ela queria.

Fui para o meu armário, com ar despreocupado. Como eu esperava, eu mal tinha colocado as mãos nos livros dentro do armário, Debrah apareceu do meu lado, sorrindo de um jeito meio doentio.

- Querida, qual parte de “não chame atenção” você perdeu? – ela sibilou, colocando a mão no meu ombro. Quem visse de fora acharia que estávamos ficando amigas.

Peguei meus livros e fechei o armário antes de falar. Então me virei e sorri suavemente. Percebi a surpresa na expressão dela.

- Como você pode ter visto durante as ultimas semanas – falei, ainda sorrindo para ela – eu entendi muito bem, porque essa é a primeira vez que quebro sua regra. Mas é você que quer que eu arrume um namorado e isso fica meio difícil se eu estiver parecendo um papel de parede velho.

Debrah ergueu as sobrancelhas, parecendo levemente impressionada.

- Mas olha só – ela falou, abrindo ainda mais o sorriso – O que foi que aconteceu, pra te deixar atrevidinha, assim?

Suspirei, mordendo o lábio. Não precisava interpretar muito essa parte, porque o sentimento que precisava passar era verdadeiro – algum lugar entre o desconforto de seguir as ordens dela e a esperança tênue de me livrar dela com isso. Respirei fundo antes de falar.

- Aconteceu que tive uma idéia – eu disse finalmente – que pode te dar o que você quer e me deixar em paz.

Debrah piscou, subitamente atenta.

- Vamos ouvir.

Olhei em volta, nervosa.

- Você me disse pra escolher um namorado – falei, calmamente – pois bem. Escolhi o Lysandre.

Debrah pareceu segurar o riso.

- Ok, não vou nem tentar discutir o mau gosto. E daí?

- E daí que preciso que você tire Nina da minha cola – falei, sem perder a pose.

Vi a raiva brilhar nos olhos de Debrah, mas seu rosto ficou inexpressivo. Ela então arregalou os olhos e abriu seu sorriso mais doce, se aproximando.

- Se for pra dizer mais alguma coisa idiota como essa, eu vou cortar sua língua – ela sussurrou.

Inclinei a cabeça, mordendo os lábios para engolir a vontade de rir. A coisa estranha sobre aquele plano todo era que de repente eu realmente não tinha mais medo dela. Claro, não ia me rebelar nem nada porque ainda lembrava muito bem da minha mãe no hospital, mas não conseguia sentir um grama de medo por mim mesma.

- Achei que você era o gênio do crime – falei suavemente – e que ia perceber que essa ainda é a melhor opção, pra nós duas.

Debrah estava balançando a cabeça, incrédula.

- Não, nem pensar – ela disse – arranje outro se essa é a questão. Você tem meia dúzia de fãs que eu sei.

Bufei, tentando conter a raiva. Estranhamente, eu entendia agora o que ela dizia quando me chamava de burra. De repente eu sabia o que era esperar que minha inimiga estivesse no meu nível intelectual.

Contive um calafrio. Eu estava pensando igual a ela.

- Debrah, eu estou cansada. Ok? – falei, sem esconder a frustração – Eu quero me livrar de você e, infelizmente, não tenho o sangue frio pra usar dos mesmos meios que você. Mas eu quero ficar em paz. Ter uma adolescência normal. Ir dormir sem medo de acordar com a notícia de que você matou alguém da minha família ou sei lá. E sim, namorar alguém, não é uma idéia ruim.

- Então, você desistiu de vez de Castiel? – Debrah perguntou com um tom sarcástico. Eu engoli em seco.

- Não. Bem, sim, mas ele desistiu primeiro. – Pensei por um segundo se devia falar que ele tinha se arrependido e tentado voltar comigo quando era tarde demais, mas achava que Debrah não sabia daquilo, e achei melhor não informar – Mas essa não é a questão. Eu ainda o amo – falei em um sussurro, quase sem querer, encarando os livros nas minhas mãos – Só que isso não importa mais. Ele não vale o esforço.

Senti um bolo na garganta ao dizer isso, mas Debrah parecia estar balançando, então continuei, sem demonstrar.

- De qualquer modo, essa é a melhor opção para nós duas...

- Exceto pela parte onde você convenientemente deixa de ser vigiada pela Nina – Debrah falou, estreitando os olhos, mas eu bufei com impaciência mais uma vez.

- Lysandre é, no momento, a única pessoa com quem eu me sinto confortável, além da Rosa. Então, é, não abro mão de que seja ele a pessoa com quem eu, talvez, consiga conviver normalmente apesar de você, e de Castiel, e de tudo isso. E se você pensar direito, é a melhor opção pra você também. Porque eu sei que você quer afastar Castiel e Lysandre, já que o Lys pode colocar juízo na cabeça de vento do Castiel pra ele não voltar com você. Mas principalmente? Você quer que Castiel esqueça que eu existo. Se tem uma coisa que eu sei que ele nunca vai perdoar, é que eu namore o melhor amigo dele. Disso eu tenho certeza. No minuto que eu aparecer oficialmente com Lysandre, eu estou morta para ele.

Falei tudo isso sem a menor emoção. Eu sabia disso tudo, tinha passado a noite pensando naquilo. Tinha tido tempo de chorar, me descabelar, querer morrer. Estava conformada. Ou talvez tivesse esgotado toda a capacidade de me desesperar.

Debrah estreitou os olhos.

- Sua amiguinha sabe disso?

Dei de ombros, fazendo uma expressão triste.

- De certo modo. Ela sempre quis que eu ficasse com o Lys, mas ao mesmo tempo não quer que eu o magoe e tudo o mais. Mas ela vai acabar aceitando.

Debrah passou a língua pelos lábios, pensativa. Eu sabia que tinha atingido um ponto sensível – ela poderia se livrar de mim e de Lysandre de uma só vez. Mas deixar de me vigiar não era algo que ela queria. Mesmo que eu me comportasse, que não tivesse saído da linha desde que ela tinha atropelado minha mãe, ela ainda me via como uma ameaça. Aquele pensamento me alegrou um pouco.

- Não tenho certeza se acredito em você – ela falou finalmente – Porque, como você apontou, Lysandre é a única pessoa que você confia além de Rosalya. Então como eu sei que você não está fingindo?

Me encostei nos armários e joguei as mãos para o alto, mostrando que estava frustrada. Eu sabia que chegaríamos a isso, assim como Rosalya e Lysandre também sabiam, mas eu tinha alguma esperança.

- O que você quer que eu faça pra te provar? – falei em um tom cansado.

Debrah me encarou sem expressão por um segundo.

- Você vai beijá-lo, na frente de toda a escola. No intervalo, de preferência.

Balancei a cabeça, sem me abalar.

- Não dá – falei. Ela abriu um sorriso amarelo.

- Com medinho que Castiel veja seu namorado de mentira?

- Não – respondi, séria – Acontece que Lysandre nunca ia me perdoar se eu o colocasse em uma posição de exposição dessa maneira, principalmente se não estamos oficialmente juntos. O que nunca vai acontecer se a Nina estiver na minha cola, porque ela quis me matar só de nos ver de mãos dadas. Mas ok, se você não acredita em mim, pergunte ao Castiel – adicionei, erguendo as mãos como se em rendição – Pergunte a ele se o melhor amigo dele, o cara mais reservado do universo, ia achar legal uma garota se jogando em cima dele na frente de todo mundo.

Vi o rosto de Debrah ficar vermelho, com raiva, mas ela estava sem argumentos. Tive que engolir a vontade de sorrir. Eu estava ganhando.

Por fim, ela bufou.

- Bom, de algum jeito você vai ter que me provar que está disposta a dar uns pegas no seu amiguinho, porque eu ainda não estou comprando a sua história.

Mordi o lábio, para parecer pensativa, embora já tivesse planejado a coisa toda.

- Ok, já sei – falei de súbito, encarando-a – Peggy grampeou a escola novamente, não? – Debrah assentiu, sem entender. Eu dei de ombros – Eu faço isso, mas em algum lugar afastado da maioria das pessoas. E ainda assim, você vai ter prova de que é sério.

Debrah fez um bico, pensativa outra vez.

- Certo – ela falou finalmente – mas você vai ter que ser convincente. Não me venha de beijo cenográfico ensaiado. Se você me fizer acreditar, você estará livre da Nina.

Eu dei de ombros, concordando com a cabeça, apesar de sentir um gelo no estômago. Um beijo cenográfico, rápido, era exatamente o que eu tinha em mente.

- Tudo bem, vou te dar alguns dias para...

- Não – falei, interrompendo-a – vou fazer isso hoje. É sério – falei, quando ela ergueu as sobrancelhas – O quanto antes me livrar de vocês duas, melhor.

Debrah riu, e eu não entendi. Ela se aproximou um pouco.

- Sem chance. Sabe – ela suspirou pesadamente, um pouco contrariada – Eu vou viajar por alguns dias. Preciso, é um... congresso ou coisa do gênero que meu pai tem que ir.

Não consegui segurar o riso.

- Ah, é claro, você está posando de boa filha. Deixa eu ver, seus pais querem tanto passar um tempo com a Debizinha!

Vi as mãos de Debrah se fechando em punhos enquanto ela abria um sorriso para mim.

- Lynn, você está excepcionalmente inteligente hoje, por isso vou fingir que não ouvi sua insolência. Faça piadinhas sobre meus pais novamente e eu vou garantir que Nina tenha sucesso em te atropelar. Mas de qualquer modo, não estou a fim de te livrar da Nina durante os meus dias fora, porque eu sei que você tem um trabalho em grupo para fazer com Castiel.

Franzi as sobrancelhas. Encarei Debrah como se ela tivesse dito a burrice do século.

- Tá, e Lysandre também está no grupo. Se eu estou tentando conquista-lo, por que raios eu iria, digamos, me aproveitar do pobre Castiel na frente dele. Na verdade – comentei, como se não tivesse pensado naquilo a exaustão, como se fosse um pensamento novo – Vai ficar uma situação meio desconfortável com os dois. Hum, enfim, me preocupo com isso depois.

Debrah passou a língua pelos lábios, pensativa, e eu pensei pela milésima vez em uma cobra farejando o ar. Mas eu podia ver que ela estava confusa. Se Debrah era como eu – o que todo mundo parecia apontar – ela tinha tudo muito bem planejado, e isso estava fora do plano. Eu a peguei desprevenida, então ela não estava muito certa de como me contornar. Ela bufou, por fim.

- É melhor que você me convença, que seja um beijo de cinema.

Concordei, respirando fundo, como se me preparasse para a guerra e fui para a sala, tentando suprimir a vontade de dar pulinhos vitoriosos. Por mais que quisesse suprimir aquele pensamento, enrolar Debrah me trazia uma satisfação meio egoísta. Eu tentava não pensar no quanto estava mentindo para ela e o quanto era verdade.

Rosalya chegou quase junto com o professor, e me cumprimentou de modo um pouco frio, ao que eu me inclinei para ela, resmungando coisas como “por favor, entenda meu lado”.  Não queria arriscar nem por um segundo que Debrah percebesse alguma coisa, então ensaiamos nosso número de “não brigamos mas estamos quase”.  Apenas quando Faraize chegou e se pôs a tentar dar outra aula muito confusa, tirei o celular do bolo para mandar uma mensagem para minha amiga.

“SOS”. Imediatamente ela respondeu.

“Ela não caiu?”

“Caiu, mas como imaginei, quer que eu “prove”.

Lancei um olhar rápido por cima do ombro para Rosalya. Ela parecia nervosa, como estava desde que eu tinha aceito o plano dela. Por um lado, ela queria me livrar de Debrah e eu sabia que, no fundo, realmente queria que Lysandre tivesse uma chance comigo. Por outro lado, eu tinha certeza que ela sabia tão bem quanto eu que alguém ia se machucar naquela história, e muito provavelmente seria ele. Ela finalmente respondeu.

“Bom, nós imaginamos. Segue o plano. Nenhum de vocês dois vai morrer de dar uns beijinhos.”

“Pois esse é o problema. Ela não quer ver beijinhos. Ela quer, nas palavras dela, um beijo de cinema. Disse que só vai me liberar se eu a fizer acreditar.”

Rosalya deixou escapar um suspiro audível, mas a sala estava barulhenta demais para chamar a atenção.

“Acho melhor chamar Lys para uma reunião de emergência” ela respondeu.

Respirei fundo. Eu estava me odiando pelo que ia dizer. Pelo que ia fazer. Mas agora que tinha começado a agir daquele jeito, tomar a rota que me traria maior benefício era muito mais fácil do que fazer a coisa certa. Enviei outra mensagem.

“Honestamente, é melhor que ele não saiba. A reação dele seria bem mais autêntica.”

Imediatamente me virei para ver a reação de Rosalya. Os olhos dela se arregalaram e ela me encarou parecendo ofendida. Ergui a mão para que ela esperasse e imediatamente mandei outra mensagem.

“Foi você quem me disse para pensar friamente sobre isso.”

Rosalya deu um gritinho abafado. Ela fez menção de responder a mensagem, mas sua exclamação tinha finalmente chamado a atenção do professor.

- Rosalya, guarde o celular na aula. O resto de vocês, podem prestar atenção aqui?

Quando a algazarra cedeu, Rosalya enfiou o celular no bolso, me olhando feio. Me encolhi na cadeira, pensando na ironia que era o fato de que agora Rosalya estava reagindo exatamente como tínhamos combinado de fingir – levemente ofendida com a idéia – que ela me deu – de usar Lysandre para acalmar Debrah. Por outro lado, eu também estava realmente planejando manipular as reações dele, e isso não me acalmava.

Quando a aula terminou, Rosalya imediatamente se inclinou para mim, aborrecida.

- Você está fazendo exatamente o que ela quer!

- Foi você quem disse que eu era igual a ela e devia tirar vantagem disso – resmunguei.

- Sim, para passar a perna nela – Rosalya resmungou em retorno – Não no Lys!

Levantei, com raiva, ofendida.

- É isso que você acha que eu quero? – falei, mais alto do que pretendia – Você acha que eu quero manipular ele? Será que você não parou pra pensar nisso antes? Talvez eu não esteja fingindo ou manipulando ninguém, talvez eu realmente queira isso.

Achei que Rosalya ia gritar comigo, mas ela fez uma expressão de pena. Bufei, saindo antes que ela pudesse dizer algo.

 

A aula seguinte era educação física, e eu podia sentir meu estômago dando voltas. Eu tinha que fazer aquilo, mas a sensação de que Rosalya achava que eu estava apenas manipulando Lysandre estava me fazendo sentir doente. Pior ainda, o que eu tinha dito a ela, no calor do momento, estava me roendo por dentro: talvez eu realmente quisesse aquilo. Estavamos falando de planos e encenação, mas eu tinha certeza que nós três sabíamos o que estávamos fazendo. Nós três sabíamos que eu realmente queria esquecer Castiel, e que ia tentar fazer isto através de Lysandre. Talvez fosse a hora de parar de fingir escrúpulos e delicadeza.

Bóris só tinha uma idéia quando precisava juntar meninos e meninas na hora da educação física, quando só uma das quadras estava livre: queimada. Eu tinha tudo planejado, em menos de dois minutos, sem nem me preocupar mais com a minha facilidade em preparar esquemas. Em menos de cinco minutos de jogo me deixei acertar – Bia pareceu jogar a bola com força, mas eu mal senti - e ao sair da quadra dei um olhar significativo para Lysandre. Como ele gostava tanto de educação física quanto eu ou Rosalya, ele se deixou acertar em seguida. Quando ele saiu da quadra e veio se sentar ao meu lado na arquibancada, Rosalya me lançou um olhar, ainda no jogo. Ela piscou para mim de um jeito pessoal. Como melhor amiga, foi fácil de entender a mensagem – ela não concordava, mas ia me deixar fazer o que pretendia.

- Então – Lysandre disse, sentando ao meu lado, um pouco tenso – e o livro que estávamos discutindo ontem?

- Ah, sim – falei, me sentindo meio idiota ao improvisar – A feiticeira lançou a maldição, como eu tinha certeza que aconteceria. – Respirei fundo, encarando-o com intensidade – Tem certeza? Que quer continuar lendo esse livro?

Lysandre apertou os lábios juntos, ficando vermelho. Mas ele respirou fundo e então sorriu para mim.

- Esse é o único jeito de saber o final da história, não é?

Respirei fundo, tentando fazer diminuir o embrulho no estômago. Olhei na direção da quadra e  vi Debrah olhando para nós dois. Quando nossos olhares se encontraram, ela puxou Peggy pelo braço e sussurrou algo. Eu me levantei, lhe dando as costas.

- Vamos dar uma volta? – falei para Lysandre, a garganta apertada. Castiel tinha fugido da educação física novamente, como sempre fazia, e o único consolo que eu tinha era que o vi pular o muro e sabia que ele não estava lá. Lysandre se levantou e me seguiu.

- E você – ele disse quando estávamos saindo do ginásio – também tem certeza que quer ler esse livro?

Lancei um olhar rápido por cima do ombro. Debrah e Peggy estavam saindo da quadra também.

- Não tenho opção, Lys – falei.

Ficamos caminhando, jogando conversa fora, e demos a volta no ginásio. A parte de trás do ginásio era sempre muito deserta, o que significava que sempre que alguém queria se esconder – pra dar uns amassos, pra fumar ou qualquer coisa do gênero, era pra lá que as pessoas iam. Então, claro, eu tinha certeza que tinha câmeras lá.

Me virei para Lysandre, registrando rapidamente que estávamos mesmo sozinhos. Movi os lábios, sem falar, no caso de haver microfones também.

“Tem certeza disso?”

Lysandre de repente estava parecendo muito calmo. Ele sorriu para mim, e minha expressão deve ter demonstrado o que eu estava pensando. Ele pegou minha mão, e meu estômago começou a dar voltas outra vez.

- Eu acredito – ele disse, se aproximando – que o que não tem remédio, remediado está, entende?

Mordi o lábio pensando. E de repente, eu entendia. Era uma daquelas situações em que tudo estava tão complicado, eu estava tão nervosa, que de repente não importava mais. Não tinha como me preocupar mais, então um interruptor e desligou na minha mente. E eu parei pra pensar nas pequenas coisas que flutuavam na minha mente desde que Rosalya tinha aparecido com aquela idéia de me juntar com Lysandre: Como ele ficava bonito ao sorrir, como eu ficava nervosa com a mão dele na minha cintura, como eu o observava tocando piano, a camisa de dormir um pouco aberta, e o fato inegável de que eu sentia atração por ele havia muito tempo, e só ignorava isso porque meu amor por Castiel era grande demais para assumir o risco.

Então puxei Lysandre para mim pela jaqueta e o beijei. Foi estranho por um segundo – nossos lábios se encontraram, pressionados juntos, e eu tive um pequeno choque, porque meu corpo estranhou aquele tipo de contato depois de tanto tempo. E por mais um segundo, a dor de saber que não era Castiel foi cortante. Mas pensar em Castiel também trazia raiva, e a lembrança de que quando terminamos ele não pensou duas vezes antes de se deixar levar por Debrah, então pensei “que se dane”, e abri os lábios de leve, me concentrando no fato de que, bom, Lysandre realmente era um cara gostoso.

E isso pelo jeito era o que ele precisava. Senti suas mãos me segurando pela cintura, e pensei que suas mãos pareciam tão leves quando ele tocava piano, mas agora estavam pesadas e firmes na minha cintura, tão quentes que eu podia sentir por cima da camiseta de ginástica.

Joguei os braços em volta do pescoço dele, me sentindo relaxar. Eu não sabia explicar, mas o beijo dele era diferente do de Castiel – mais leve de alguma forma, mas ao mesmo tempo com uma intensidade diferente. Eu não sabia se aquilo era convincente o bastante para Debrah, mas pela primeira vez em semanas eu me sentia bem, segura, desejada. Afastei meus lábios dos dele e olhei para Lysandre, sorrindo levemente.

Lysandre não sorriu de volta.

Em um segundo, ele me empurrou contra uma parede pressionando seu corpo contra o meu. Senti um calafrio, meu nervosismo voltando. Fazia tanto tempo que não tinha o corpo de um garoto contra o meu que achei que fosse desmaiar. Com uma das mãos ainda na minha cintura, Lysandre colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, passando os dedos de leve pelo meu rosto. Eu estava tão surpresa que não conseguia me mexer.

- Se você quiser que isso seja real – ele falou em uma voz muito baixa, aproximando o rosto do meu novamente – basta me dizer.

Seus lábios encontraram os meus outra vez, dessa vez com mais vontade, mais intensidade, e eu mal tive tempo de respirar antes que ele me beijasse outra vez. E eu fui me deixando derreter, porque ele me segurava com tanta força que o fato de que meus joelhos estavam cedendo não importava muito, e porque a mão dele, os dedos enroscados no meu cabelo, segurava minha cabeça junto a dele. E por algum tempo que poderiam ser horas ou segundos – eu não tinha idéia – só havia eu e Lysandre e o ar frio a nossa volta, e a parede na qual eu estava encostada. Aquele sentimento – de que não era a pessoa certa, de que algo estava errado naquela equação, de que algo estava fora do lugar – já não era tão importante quanto a boca dele na minha. Finalmente, ficamos sem ar e nossos lábios se separaram, mas ficamos com as testas juntas, os olhos fechados.

Eu queria dizer alguma coisa, mas não sabia o que. Não tinha idéia de qual era nossa situação no momento – certamente ainda éramos amigos porque concordamos em fazer aquilo, mas amigos não se beijam desse jeito. Enquanto eu pensava no que dizer, meu celular vibrou no meu bolso.

- Eu preciso... é... – murmurei.

Lysandre deu um meio sorriso e se afastou, me soltando. Peguei meu celular e vi uma nova mensagem.

“Ok, dou o braço a torcer. Mais tarde vou ter uma conversa com os pais da Nina sobre o quanto a filha deles precisa de ajuda profissional, de preferência em uma instituição. Aproveite a condicional, mas sem abuso.”


Notas Finais


Um pequeno spoiler: no próximo capítulo tem hentai nervoso.
Acho que não tenho muito mais a dizer no momento porque to com sono e quero dormiiiiir
Eu provavelmente devia elaborar mais essas notas pra falar da bienal mas fica pra próxima que não to raciocinando muito.


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