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História Verdade ou Desafio - Theres nothing I wouldnt do


Escrita por: lineya21

Notas do Autor


Esse capítulo é meio parado e não acontece nada super importante, mas to naquelas de precisar ir passo a passo pra conseguir desenvolver. Até por isso, o capítulo é curto.
Also, estamos mais perto do fim do que eu imaginava, e não fico animada a resumir ainda mais a história.

Capítulo 41 - Theres nothing I wouldnt do


As coisas sempre parecem bem mais fáceis na teoria do que na prática, e mesmo sabendo disso, acreditei firmemente que minha vida ficaria mais fácil dali em diante. O fim de semana tranqüilo reforçou aquela sensação: parte do tempo passei com Lysandre, ainda naquele clima um pouco estranho, de relacionamento indefinido, mas levemente mais confortável, e o resto do tempo com Rosalya e minha mãe, que pareciam amigas de longa data planejando o enxoval do bebê. Apesar de fazer cara feia só para não perder o costume, eu estava grata que Rosalya conseguisse animar minha mãe daquela forma. Fingir alegria já era normalmente exaustivo, e minha mãe era a que mais precisava.

Minha fé em um futuro melhor durou só o começo da manhã de segunda, quando encontrei Rosalya e Lysandre na entrada da escola, e ele me recebeu pegando minha mão e me dando um selinho de leve. Eu tinha descansado tão bem durante o fim de semana que achava que aquela sensação de segurança era só o que eu ia precisar.

Então ao entrar no corredor para ir até meu armário me deparei com a cena que me atormentava em sonhos desde que Debrah voltara, e percebi que a segurança que eu sentia era um barbante me prendendo em um penhasco, e não duraria mais que alguns minutos.

Castiel e Debrah estavam abraçados casualmente, conversando, sorrindo, e eu vi ele colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha dela, e Debrah sorrir com meiguice. Castiel estava com as costas apoiadas contra um armário que ficava três portas depois do meu, e vi o garoto do clube de xadrez ao qual o armário pertencia se aproximar, receber um olhar ameaçador de Castiel e se afastar. Ele então voltou a sorrir para Debrah e se inclinou, seus lábios se encostando de leve.

Senti o mundo sair de sintonia por um segundo, como se alguém tivesse puxado uma tomada subitamente, e meio que achei que era o que estava acontecendo, já que tive a impressão de que tudo escureceu. Então senti o braço de Lysandre a minha volta, firme, e percebi que quase caí naquele segundo. Senti a mão de Rosalya, delicada, no meu cotovelo, como se me firmasse também.

- Lynn... – Rosalya começou, e eu reconheci um tom de pena na voz dela que me deixou um pouco irritada. Balancei a cabeça, os olhos fechados.

- Me dê um segundo, sim? – falei devagar.

Respirei fundo, contando até dez, apertando a mão de Lysandre na minha cintura. Era ele quem estava me mantendo sã durante aqueles dias, e agora que estávamos de pleno acordo em ter um relacionamento superficial, eu me sentia mais confiante em me apoiar nele como amigo e namorado ao mesmo tempo. Minha mente clareou devagar.

- Estou bem – falei, me surpreendendo com a firmeza da minha voz. Olhei para meus amigos, me sentindo estranhamente calma – Foi mais a... surpresa. Eu devia estar esperando por isso, eu só... esqueci.

Olhei para Lysandre, nervosa, mordendo o lábio. Só então me ocorreu que, se alguém tivesse notado, se alguém percebesse que eu quase tive um ataque ao ver Castiel com Debrah, não ficaria só feio para mim, a ex que não sabia seu lugar. Visto de fora, ficaria também parecendo que Lysandre era um idiota por estar comigo, me segurando enquanto eu suspirava por outro. Mas Lysandre, afinal, não parecia se importar com o que parecia para os outros. Ele sorriu e me abraçou gentilmente, permitindo que eu escondesse o rosto contra sua jaqueta para desviar o olhar do corredor. Respirar seu perfume me acalmou.

- Lynn – Lysandre disse, sobre minha cabeça – se você quiser ir...

Me soltei de leve, me sentindo bem melhor.

- Não, estou bem. Sério.

E estava mesmo. Tão bem quanto estava desde que minha vida começou a desabar, tão bem quanto alguém que anda por aí com uma faca enfiada no estômago, mas sabendo que podia ser pior. Sempre podia ser pior, e eu ainda tinha Lysandre e Rosalya e minha família e a perspectiva de que, quando Debrah resolvesse ir embora, mesmo que levasse Castiel, eu ficaria livre dela.

Alguns grupos ainda não haviam se apresentado, pois não deu tempo na sexta-feira, incluindo o grupo de Debrah. Nathaniel e Ambre também voltaram, mas ficaram isolados em um canto da sala, sem rumo, sem ter trabalho para apresentar nem grupo com o qual se juntar. E por mais que eu tivesse esquecido àquela altura, logo depois da aula começariam os preparativos para o dia do evento para os pais: haveria audições para a peça e a definição da equipe técnica. Eu agi com naturalidade a respeito, como todos os alunos, como se quisesse logo escapar das obrigações, mas a verdade era que, no fundo, estava me roendo de raiva de não me permitir fazer parte da peça. Suspeitava que Debrah não me incomodaria tanto se o fizesse, considerando sua reconciliação com Castiel, mas não tinha certeza se poderia me arriscar.

Pela primeira vez me senti muito grata por ter tarefas a cumprir depois da aula. Àquela altura a diretora não verificava mais se estávamos mesmo as cumprindo, mas naquele dia a maioria dos alunos ia ficar depois da aula, mesmo, e eu resolvi ficar também, já que sabia que Rosalya queria ficar para se candidatar a tomar conta dos figurinos. Perguntei a Lysandre se ele ia querer fazer os testes de elenco e ele pareceu indeciso, e tentei explicar a ele que ninguém era mais apto a fazer Shakespeare do que ele, mas Lysandre disse apenas que ia pensar no assunto.

Quando os alunos foram se reunir no ginásio, pedi para Rosalya e Lysandre para me esperarem por lá e fui para o banheiro feminino. Foi uma atitude um pouco automática, e eu não percebi o motivo de ter feito aquilo até estar sozinha no ambiente frio, deixando a água da torneira correr pelas minhas mãos e passa-la pela nuca. Eu precisava ficar sozinha.

Porque eu amava aqueles dois, era óbvio, mas ainda assim, não conseguia me sentir bem. Lysandre era minha tábua de salvação, e parecia estar numa boa com isso, assim como eu dizia estar.  Mas não parecia bem certo. Estar sozinha era difícil e doloroso, mas estar com um namoro por conveniência não era tão melhor quanto eu pensava. Era mais ou menos como tomar um analgésico. Na hora que estávamos juntos, nos beijando, a dor amortecia e eu quase esquecia o tamanho dos meus problemas. Mas eles não sumiam de verdade. E no resto do tempo, eu era lembrada disso, e a não ser que arrumasse um jeito de ficar vinte e quatro horas por dia agarrada em Lysandre, eu não sabia como me sentir bem outra vez. E estava começando a ter o efeito colateral de tomar muito analgésico – o mundo todo se torna opaco e estranho porque você esquece como é sentir qualquer coisa.

Fiquei respirando fundo no banheiro, tentando me permitir ficar sozinha e em silêncio por um momento. Fechei os olhos e a primeira coisa que me veio na cabeça foi Castiel – estar com ele pela última vez, a pele dele na minha os lábios dele junto aos meus, seus braços me apertando contra ele. Se me concentrasse e inspirasse fundo, poderia sentir o seu cheiro.

Então abri os olhos e ainda estava ali, sozinha, no banheiro frio, e a dor foi tão forte que comecei a chorar compulsivamente. Era estranhamente bom fazer aquilo – me permitir sentir por um momento, saber pelo menos, que não estava tão morta quanto me sentia. Imaginei que se pudesse continuar daquele jeito – me fingindo de forte o tempo todo e deixando a dor escapar aos pouquinhos quando estivesse sozinha, apenas para não explodir – agüentaria passar por aquilo.

Nem pisquei quando Debrah entrou no banheiro. Estava me acostumando a tê-la me vigiando, mesmo que ela dissesse diminuir o cerco, porque era um cálculo simples – eu devia estar no meio da multidão, invisível, com meu novo namorado, e não estava, e isso podia chamar a atenção. Apenas suspirei.

- Eu vou em um segundo – falei, antes que ela dissesse qualquer coisa – só precisava ficar sozinha um pouco.

Debrah estava sorrindo serenamente. Eu não me lembrava de já tê-la visto tão calma, pacífica, contente consigo mesma.

- Sem pressa – ela falou gentilmente – Só estranhei que você não esteja colada vinte e quatro horas por dia no seu novo namorado, é o que as pessoas fazem quando começam a namorar.

Ela parecia genuinamente curiosa, nem um pouco agressiva. Mas tomei cuidado com as palavras.

- Tenho certeza que ninguém espera que eu leve meu namorado junto comigo ao banheiro, Debrah – falei, sem emoção. Sabia que era óbvio que estava chorando, mas apenas abri a torneira e lavei o rosto, sem me preocupar.

Debrah ficou em silêncio, e eu não queria compeli-la a falar. Mas estava estranhando que ela estivesse tão pensativa, quando tinha tanto material para me torturar.

- Sabe, Lynn – ela falou quando desliguei a torneira, me alcançando uma toalha de papel, gentilmente – eu estou muito feliz com  sua dedicação em seguir o plano e tudo o mais, não entenda mal, mas... estou intrigada. O que aconteceu enquanto eu estava fora?

Apertei o rosto contra a toalha de papel, rezando para qualquer divindade me ouvindo para que ela não percebesse o quanto eu tremi. Repeti para mim mesma que, depois das coisas que disse a Castiel, aquilo não podia ser tão difícil.

- Como assim? – falei, sem expressão

- Ah, Lynn, qual é – Debrah disse com um sorriso meigo – não sou idiota. Passei semanas tentando investir em Castiel e ele se fazendo de desentendido. Então ontem voltei de viagem e ele me ligou e tudo está as mil maravilhas. Então, por mais que eu quisesse acreditar que ele foi finalmente vencido pelo meu charme, tenho certeza que você disse ou fez algo enquanto eu estava fora.

Encarei a torneira com tristeza.

- Por que se importa? – murmurei. Debrah riu, contente.

- Não me importo, só quero garantir que você não está abusando da liberdade.

Comecei a sentir que saía do ar outra vez. Estava me adaptando àquilo – deixar a dor sair toda de uma vez, e quando precisava – quando Debrah estava por perto – eu voltava a ficar amortecida.

- Ele disse que sabia que eu estava, ou no caso, ia estar com Lysandre – falei em um tom monótono – E falamos sobre... seguir em frente. Ele disse que você parecia interessada e eu disse a ele que fizesse o que achasse melhor, que não tinha volta.

Não era uma mentira, exatamente. Só não era toda a verdade. Debrah ergueu as sobrancelhas, mas não parecia muito impressionada.

- Eu deveria te agradecer, então? – ela falou em um tom sarcástico.

- Só estou relatando – falei, ainda encarando a torneira – Você perguntou o que houve para que ele mudasse de idéia, estou dizendo o que pode ter sido.

Senti que Debrah me analisava, e eu tinha certeza que ela estava desconfiada. Eu também ficaria no lugar dela. Mas procurei uma mudança de assunto porque aquilo estava me enervando.

- O que você fez com Nina, afinal? – falei, tentando me forçar a soar intrigada.

Debrah deu de ombros.

- Eu te disse. Tive uma conversa com os pais dela, expressando minha preocupação. Acredita que eles não tinham idéia de que a filha deles é uma stalker maluca? Nunca tinham notado os equipamentos de vigilância na fatura do cartão de crédito. É claro que eu sugeri que ela fosse institucionalizada antes que machucasse alguém. Inclusive recomendei a clínica de um amigo do meu pai. Eles são muito bons, apesar das críticas. Dizem que pesam a mão nos calmantes e fazem terapia de choque, mas achei desnecessário mencionar isso.

Encarei Debrah por alguns segundos, em choque.

- O que foi? – ela perguntou, com as sobrancelhas unidas. Só então eu percebi que estava de queixo caído. Mordi o lábio, tentando conter minha indignação: por menos que gostasse de Nina, por mais que a quisesse longe de mim, aquilo era frio demais até para Debrah.

- Pensei que você tivesse dito que gostava dela – falei cuidadosamente.

Debrah ergueu as sobrancelhas, parecendo genuinamente surpresa com meu comentário. Ela se aproximou e passou um braço ao redor dos meus ombros, encostando a cabeça na minha, como se fossemos amigas prestes a tirar uma selfie. Ela encarou o nosso reflexo no espelho.

- E gosto, mas eu faço o que tenho de ser feito – Debrah disse, parecendo um pouco chateada, como se tivesse sacrificado um dia de sol estudando, e não a liberdade e bem estar de uma garota mentalmente instável – E acho também que isso te dá uma dimensão, não é? Do que estou disposta a fazer.

Senti mais uma vez um aperto no estômago com a idéia de que ela ficasse sabendo do que houve entre eu e Castiel, mas contive um tremor. Ele não contaria. Não era nem que eu confiasse nele – mas o conhecia. Ele estava tentando sair de pegador, de bad boy outra vez. Ele nunca confessaria, principalmente para Debrah, que tinha fraquejado comigo. Que tinha me implorado para ficar com ele mais uma vez.

- Dá sim – respondi com frieza.

- Que bom! – Debrah falou, sorridente, me soltando e se dedicando a arrumar os cabelos no espelho – Agora vou te dizer o que vai acontecer. Você vai pro ginásio e vai se oferecer para fazer alguma coisa, tipo trabalhar nos figurinos com sua amiga, sei lá, qualquer coisa que te tire dos holofotes. E vai ficar agarradinha no seu namorado. É sempre bom dar uma demonstração pública do quanto você está feliz.

Assenti, engolindo em seco.  Só queria que ela me deixasse em paz.

Dei alguns minutos de dianteira para Debrah, para que ninguém nos visse juntas. Quando saí do banheiro, no entanto, quase trombei com Castiel, no corredor. Fiquei gelada.

- Me desculpe – falei automaticamente. Ele me encarou com frieza e eu apenas dei de ombros. Então notei que ele tinha um cigarro apagado entre os lábios e um isqueiro na mão. Fiz cara feia, sem conseguir me refrear – Você voltou a fumar?

Castiel tirou o cigarro da boca e ergueu as sobrancelhas para mim. Ele parecia... um estranho. Parecia o garoto que me recebeu mal no meu primeiro dia em Sweet Amoris, o garoto que passou semanas rindo da minha falta de seios, o garoto que todas as meninas queriam e os garotos temiam. Aquilo me causou uma dor estranha, um sentimento de culpa, porque ele não era assim quando estava comigo. E eu assumia que era uma coisa boa, porque assumia que aquilo era uma cena que ele fazia por causa de Debrah. Mas me perguntei se realmente, nós não conhecíamos um ao outro, não esperávamos mudar um ao outro e agora, com Debrah, ele estaria realmente sendo ele mesmo. Eu não conseguia ter certeza.

- Nunca deixei de fumar – ele disse em um tom sarcástico – Só evitei fazer isso quando estava com você porque, bom, você não gosta.  Mas não vou ficar no ginásio aturando aquela palhaçada. – ele uniu as sobrancelhas – Achei que já estaria lá, se candidatando ao papel principal.

Balancei a cabeça. Ali estava a prova final de que ele não contaria nada a Debrah, porque ele estava mesmo agindo como se nada tivesse acontecido, como se eu fosse mais uma vez uma caloura enjoada e aleatória. Repeti para mim mesma que era para o melhor.

- Talvez – falei, dando de ombros, pensando que ele estranharia se eu dissesse que não queria atuar. Mas talvez ele não se importasse mais, e eu não sabia qual das opções era pior.

Castiel deu um sorriso carismático.

- Boa sorte com isso – ele falou, colocando de novo o cigarro na boca. Reparei que havia algo rabiscado em sua mão, em uma letra delicada, feminina. NEOQEAV. Engoli em seco.

- Até mais – resmunguei em uma voz fraca, lhe dando as costas, me concentrando em engolir o choro no caminho até o ginásio.


Notas Finais


ENFIM. A partir do próximo acontecem mais coisas, eu só precisava colocar os acontecimentos em ordem de acordo com o planejado.
E é isso pq to com sono
xoxo


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