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História Verdade ou Desafio - Debrah's Five


Escrita por: lineya21

Notas do Autor


Ok, não vou tagarelar sobre a ausência.
Apenas dois pontos referentes ao capítulo abaixo:

1 - Virei a noite terminando ele (vou dormir agora, as oito da manhã) então se virem algum erro crasso ou incoerência, me avisem
2 - Meu teclado está sem a letra "b" e só consigo colocar ela no ctrl+c/ctrl+v então, apesar de ter revisado, como estou morta de sono, pode ter passado algo então, novamente: me avisem.

Capítulo 59 - Debrah's Five


Fazia cerca de 36 horas desde que eu tinha visto Debrah sendo arrastada pela polícia, mas ela parecia ter envelhecido dez anos. Ela estava agachada a alguns metros de mim, me encarando com ódio, e remexendo no chão de terra com a ponta de uma faca de caça.

Me mexi, tentando levantar automaticamente, para longe dela, e percebi rapidamente que estava presa. Olhei em volta, desorientada, sentindo que o pânico me impedia de raciocinar.

- Onde estou? – falei sem pensar, sentindo um bolo na garganta.

Debrah se demorou a responder, uma sombra de um sorriso indicando que ela estava se deliciando com meu desespero.

- Há uns anos, tentaram fazer exploração de minérios nessa região – ela disse calmamente, encarando os movimentos que fazia com a faca no chão – mas em poucos meses verificaram que não era seguro continuar a exploração e a mina foi abandonada. Mas já faz muito tempo, quase ninguém lembra que esse lugar existe. Estamos embaixo da cidade.

Respirei fundo, o que era difícil considerando o pânico, e olhei em volta novamente com esta informação. Percebi que ela parecia ter razão – estávamos em um tipo de túnel rústico com um teto alto, sustentado por algumas vigas de metal espaçadas e mal iluminado com algumas lanternas penduradas de modo improvisado. Percebi também que estava sentada no chão batido de terra, as mãos algemadas atrás das costas, presas em uma das vigas.

Tentei encarar Debrah, mas ela continuou olhando para o chão, sorrindo desta vez. Percebi que ela esperava que eu implorasse e chorasse, então decidi que por mais aterrorizada que estivesse, não ia fazer isso.

- O que você vai fazer? – perguntei, no tom mais neutro que consegui. Tinha certeza que ela ia me matar. Mas se me quisesse morta, simplesmente, teria feito isso enquanto eu estava desacordada.

Isso me lembrou de Nina. Olhei em volta, procurando a garota, e notei que havia mais gente conosco.

- Mas... – murmurei, surpresa.

Melody, Ambre, Peggy e Bia estavam paradas a alguma distância, todas com cara de choro e um tanto amarfanhadas, como se tivessem passado por um furacão. Todas tremiam, encolhidas umas com as outras, mas era óbvio que nenhuma delas estava ali amarrada ou algemada, como eu.

- O que vocês estão fazendo...? – murmurei. Melody foi a única a tomar coragem e me encarar.

- A gente não queria, Lynn, eu juro, as coisas saíram do controle...

Nina finalmente entrou no meu campo de visão, e veio literalmente saltitando. Ela pulou até estar entre eu e Debrah e se abaixou delicadamente, como se não quisesse sujar o vestido no chão de terra batido.

- Sou pequena demais para te carregar sozinha – ela disse em sua voz meiga, como se comentasse que era pequena demais para carregar uma casa de bonecas – precisava de ajuda. Ainda bem que Debrah pensou em tudo.

Nina sorriu para Debrah como se ela fosse uma irmã mais velha prestativa, e Debrah até ergueu os olhos para ela por um momento, retribuindo o sorriso. Então ela lançou um olhar para as outras garotas e se levantou, irritada, fazendo com que elas se encolhessem ainda mais.

- Ah, por favor – Debrah rosnou para elas – parem de frescura. Não é nada demais, sério – Debrah finalmente me encarou, parecendo calma e sensata apesar do cansaço evidente – É óbvio que eu tinha um plano pra poder escapar caso as coisas dessem errado. Nas últimas horas todas as minhas contas bancárias foram encerradas e todas as minhas providências desfeitas. Eu sei, você achou que eu ia presa, ou pelo menos Castiel achou, mas ele obviamente subestimou o amor dos meus pais por mim. Eles nunca me deixariam tempo demais de castigo não importa o quanto eu tenha aprontado - registrei o uso da palavra “castigo”, como se ficar na prisão fosse o mesmo que ficar sem sobremesa alguns dias – Então relaxem – ela encarou as garotas novamente, com aquela expressão tranquila – isso é só um sequestro padrão. Vou deixar ela ir assim que tiver na minha mão uma grana pra sumir, ok?

Enquanto Debrah falava, eu analisava sua expressão, seus gestos, a reação das garotas. Fechei os olhos por um momento e respirei fundo. Eu estava... calma. Bom, não exatamente calma, mas com certeza mais calma do que esperaria estar em uma situação daquelas. Talvez eu finalmente estivesse aprendendo a lidar com situações de crise, ou talvez eu simplesmente estivesse em uma situação tão ruim que minha mente se recusava a reconhecer a gravidade da coisa – mas eu simplesmente não conseguia ficar com medo como deveria. Principalmente, não conseguia ficar com medo dela. Como na vez em que ela atacou minha tia, só o que eu sentia era... raiva.

- É isso que você está dizendo a elas? Sério? – falei em um tom sarcástico, a voz alta e clara, fazendo com que Debrah olhasse para mim outra vez. Pelas suas sobrancelhas erguidas, tive certeza que ela tinha sido pega de surpresa. Isso me deu mais coragem – Qual é – acrescentei, olhando para as garotas – Vocês realmente acham que eu vou sair viva daqui? Ou inteira? Não sei como ela fez para convencer vocês a entrarem nisso, embora eu tenha certeza que envolva chantagem e ameaça, mas vocês estão sendo muito, muito burras se acreditam que isso vai acabar sequer remotamente bem. Vocês vão só se enrolar e quando a situação ficar feia, vai ser tarde demais.

Parecia ser a primeira vez que alguma delas parou para pensar em como aquilo ia acabar. Estranhamente, eu queria rir, porque pensei em quanto as pessoas diziam o quanto eu e Debrah éramos parecidas, e parecia que eu tinha atingido seu plano de ataque exatamente onde precisava.

Bia se destacou das outras meninas, dando um passo à frente, sua expressão e o queixo empinado dando a entender que estava se enchendo de coragem. Notei que Debrah endireitou a coluna.

- Ela está certa? – Bia perguntou, dura, a voz um pouco trêmula – Você vai mata-la? Porque por menos que eu goste dela, não concordo, Debrah. É isso que está tentando fazer, nos colocar na berlinda como suas cúmplices?

Debrah apenas ergueu as sobrancelhas.

- Bia, querida – ela falou na voz mais gelada que já tinha ouvido – você... está me questionando?

Eu senti o perigo no segundo em que ela terminou de falar, mas Bia aparentemente não, porque de repente estava parecendo mais confiante que nunca.

- Pra mim chega, Debrah – ela falou com uma atitude que raramente demonstrava – Já estou vendo como isso vai acabar. Você vai nos encrencar e sair ilesa e eu não quero que sobre pro meu lado.

Bia fez menção de se afastar, e pensei por uma fração de segundo que devia prestar atenção para onde ela estava indo, para ter uma ideia de que lado ficava a saída. Mas é claro que não houve tempo e eu devia ter imaginado, e Bia também. Aconteceu rapidamente.

Debrah puxou Bia pela manga do casaquinho e enfiou a faca de caça na barriga dela.

E enquanto estávamos todas em choque, e o grito da garota nem havia terminado de ecoar no local cavernoso em que estávamos, Debrah cortou a garganta dela e a empurrou para o chão.

Eu não consegui gritar.

Lembrei de repente do dia que achei que ia matar Bia. E percebi que não ia. Teria parado se não tivessem me tirado de cima dela, porque estava apenas irritada, mas não teria estômago para aquilo. E lembrei que quase matei Debrah, de verdade, e por mais que tivesse me divertido por alguns instantes, eu não ia fazer aquilo levianamente – ia fazer porque era minha única escapatória, porque estava com ódio e rancor e terror.

Mas vendo Bia jogada no chão, o sangue se espalhando em uma poça enorme ao redor dela enquanto o corpo da garota dava os últimos espasmos, entendi que nunca, jamais seria como Debrah. Essa era nossa diferença fundamental. Éramos, as duas, bem capazes de matar. Mas eu nunca, nunca seria tão leviana quanto ela a esse respeito.

Debrah ficou olhando para a garota até ela parar de se contorcer. Ela me encarou por um segundo com um brilho de ódio no olhar e então olhou para as outras garotas que estavam chorando. Ela parecia descontrolada de repente, mas eu tinha certeza que ela sabia muito bem o que estava fazendo.

- Bom, acho que Bia tinha razão – ela falou em um tom raivoso que era um pouco ensaiado – E agora, querendo ou não, vocês são minhas cúmplices de sequestro e assassinato. Então acho que não vão poder abrir a boquinha, não é?

As garotas choravam de modo histérico e trocavam olhares, mas eu tinha certeza que Debrah tinha conseguido o que queria. Elas estavam com medo demais de serem as próximas, exatamente como Debrah planejava. Apenas Nina continuava com uma expressão completamente calma, como se não tivesse acabado de presenciar um assassinato. Ela uniu as sobrancelhas, pensativa.

- Debrah – ela falou de modo casual – mas agora vão dar pela falta de Bia também. Isso não vai atrapalhar?

Debrah ficou pensativa por um momento. Então deu de ombros.

 - Provavelmente – ela disse finalmente – mas acho que posso usar isso para mostrar que não estou de brincadeira. Que posso fazer o que estou prometendo. Mas não agora – ela sorriu abertamente, soando até contente – Tenho que correr atrás se quiser pedir resgate e tudo o mais, e vocês – ela gesticulou com a faca ensanguentada para as garotas assustadas – vão me ajudar, ou sobra pra vocês. E Nina também. Mas não se preocupe, Lynn – ela disse com um sorriso carismático na minha direção, inclinando a cabeça de lado – vou deixar a Bia te fazendo companhia.

Eu tremia tanto com o choque fiquei encarando o corpo a alguns metros de mim enquanto Debrah e as garotas se afastavam. Ela era um monstro horrível, horrível, e eu era uma idiota de ter acreditado sequer por um segundo que poderia ficar livre dela sem que uma de nós morresse.

E aparentemente, seria eu.

Me deixei recostar contra a viga onde eu estava presa, prestes a ceder a vontade de chorar agora que estava sozinha, nem que fosse para evitar a visão do cadáver próximo.

Então a lembrança de Castiel veio na minha mente, e das coisas que ele havia dito na noite anterior, depois de todo sexo e declarações, pouco antes de eu dormir.

“Mesmo que ela dê um jeito de mover céus e terra pra te atormentar outra vez. Não vai ser a mesma coisa. Porque eu estou com você. Com ou sem o seu perdão, com ou sem nosso relacionamento de volta eu vou estar do seu lado, e não vou deixar ela te machucar outra vez, não importa o que eu tenha que fazer pra isso. Lynn, eu amo você. E vou estar com você a partir de agora. Não importa o que aconteça.”

Respirei fundo.

Não.

Dessa vez ela não ia ter o prazer de me partir em pedaços.

Eu confiava em Castiel. Depois dos últimos acontecimentos, eu tinha que confiar. Porque ele me prometeu com tanta sinceridade, mas mais ainda porque ele tinha feito de tudo – se arriscado, colocado seus escrúpulos de lado, ido contra sua própria natureza sincera e espontânea – apenas para me proteger. Mais que isso, para me vingar, humilhando Debrah publicamente como ela tinha feito comigo. Eu precisava confiar, e confiava. Tinha certeza que, no segundo em que ele notasse minha ausência, ele ia fazer o que fosse preciso para me ajudar outra vez.

Mas principalmente, eu havia prometido a mim mesma que não ia deixar o medo me dominar outra vez. Nunca mais.

Analisei minha situação, tentando ser fria, pensar como Debrah pensaria. Tentei me mexer, me levantar, mesmo que presa, mas não consegui, as algemas estavam presas à viga atrás de mim. Tomei coragem para olhar para Bia, estirada em uma poça de sangue e me esforcei em olhar a situação de fora. O que Debrah estava tentando fazer?

Lembrei então de outra ocasião onde ela havia feito a mesma coisa – me largado indefesa, de mãos literalmente atadas e com um cadáver ao lado. Quando me jogou na cova de Daisy. O que ela havia feito então? Apesar de ter falado sobre como queria ser compreendida na ocasião, o intuito primário de Debrah tinha sido me quebrar, me deixar histérica e confusa e abalada – abalada o suficiente para ficar traumatizada pelo resto da vida.

Mas havia mais dessa vez. Ela não tinha planejado o assassinato com antecedência, ela estava improvisando conforme a necessidade, e seus planos pareciam ter sido delineados de forma superficial. Tive certeza de que ela não tinha planejado aquilo, como havia dito, só tentando passar a impressão de segurança. Isso era bom para mim por um lado – era mais fácil pegá-la desprevenida. Por outro lado, animais acuados atacam. Nas últimas horas ela tinha perdido não só a credibilidade como a confiança de qualquer pessoa ligeiramente sã que pudesse ajuda-la. Debrah realmente não tinha absolutamente mais nada a perder.

No entanto, Debrah estava confiando nas garotas e eu não saia o porquê, mas havia assim pelo menos a possibilidade de que uma delas quebrasse e confessasse tudo para alguém. Minha melhor chance era que Melody, Ambre ou Peggy surtassem e dissessem a alguém onde eu estava.

E ainda assim...

Havia uma parte do meu cérebro que estava muito mais preocupada em entender. Mesmo agindo de improviso, aquilo parecia ser mais do que Debrah dava a perceber. Eu tinha certeza que ela ia me matar eventualmente, mas algo não encaixava. Acima do medo, eu tinha uma estranha vontade de falar com ela sem plateia. Talvez assim ela ouvisse.

 

Algum tempo depois  - eu não tinha a menor ideia de quanto tempo havia passado ali, se meia hora ou duas horas – escutei passos e fiquei alerta imediatamente. Melody apareceu, ainda trêmula e hesitante carregando uma sacola do mercadinho. Ela parou a alguns metros de distância e olhou para o corpo de Bia, então fechou os olhos e respirou fundo. Então veio na minha direção e se ajoelhou ao meu lado.

- Ela mandou te dar água e comida – Melody falou sem emoção, e sem me encarar, tirando uma garrafa de água da sacola e um pão seco em um plástico – Não posso te soltar então vou ter que dar na sua boca.

Hesitei, sem saber como começar.

- Não quero – falei com a mesma falta de emoção que ela. Antes que ela protestasse, comecei a falar, tentando soar calma – Melody, porque vocês estão colaborando com isso? Você sabe que vocês vão se dar mal.

Como eu esperava, Melody imediatamente surtou.

- Até parece que você não sabe como ela é! – a garota rosnou para mim – Nós achávamos que estávamos livres dela, e ela aparece na escola com aquela psicopata mirim, cheia de ameaças contra tudo e todos! Ela conhece os meus pais, sabia? Já foi na minha casa quando éramos amigas, e eu não contei aos meus pais sobre o baile de sexta. Ela deixou bem claro que se eu não ajudasse, ia perder meus pais antes que eles sequer entrassem na escola.

Ah. Isso explicava muita coisa. Debrah estava desesperada por ajuda e Nina obviamente não bastava. Então ela escolheu ameaçar Peggy, Bia, Ambre e Melody, as quatro pessoas dentro da escola que ainda tinham medo dela, porque saiam do que ela era capaz e não estavam sendo muito bem vistas depois que a verdade veio à tona, e certamente não tinham contado a seus entes queridos sua participação nos fatos – algo que Debrah podia usar contra elas. E uma vez que tinham se envolvido no meu sequestro, eram diretamente responsáveis pelo que ela fizesse comigo. E agora, também estavam envolvidas em um assassinato.

- Mas... – falei com cuidado – ela está deixando vocês falarem com as pessoas, irem pra casa? Porque se ela estiver longe, vocês podem... sabe, falar com alguém...

- Ela não é urra, Lynn – Melody disse com desgosto – Pegou nossos celulares. Fez a gente dizer a nossos pais que estamos umas com as outras. Deixou a gente subir por alguns momentos só para não levantar suspeitas, mas nos fez levar Nina junto, pra ficar de guarda. E pra ser sincera, ninguém está prestando atenção depois do seu sumiço.

Meu coração se apertou.

- Já saem que fui sequestrada? – falei em uma voz estrangulada – Você sabe dos meus pais? Castiel?

Melody balançou a cabeça vigorosamente.

- Ela mandou não te contar nada – a garota disse, parecendo segurar o choro. Comecei a ficar com pena dela. Afinal de contas, eu tinha também passado meses sob o controle de Debrah, ao ponto em que, mesmo quando ela não estava por perto, eu tinha medo de reagir. Mas nesse momento eu dependia de uma reação de alguém, e das três que sobravam, Melody era minha melhor escolha.

- Melody, acredite, eu sei como ela pode ser apavorante – tentei dizer com cuidado – mas se você disser a verdade pra alguém agora... se você explicar, as pessoas vão saber que você foi coagida...

- Não posso! – ela quase gritou – Se eu contar aos meus pais tudo que eu fiz... não tenho coragem de explicar a eles que me envolvi nessa bagunça por causa de um garoto. Eles vão ficar desapontados.

Minha pena de Melody sumiu completamente. Claro, eu tinha esquecido outro motivo pelo qual Debrah estaria confiando naquelas quatro... naquelas três, agora. Elas eram egoístas o suficiente para se importar muito mais com o julgamento alheio do que com a possibilidade de que eu ia morrer.

Não consegui evitar a amargura em minha voz ao falar.

- Claro – abri um sorriso que era mais um esgar – seria terrível se seus pais ficassem desapontados com você. Muito pior que eu morta igual a Bia ali. Desculpa, me enganei.

Melody arregalou os olhos com o que eu disse, mas antes que tivesse oportunidade de responder, ouvimos as botas de Debrah atendo no chão de terra. O som ecoava muito mais no túnel.

- Meu deus, Melody – ela disse de modo casual, mas com uma frieza característica na voz – eu disse a você para não conversar com ela. – Melody abriu a boca para se explicar, mas Debrah entrou em meu campo de visão erguendo uma mão para ela. – Cai fora. Deixa essas coisas aí. – Ela chegou mais perto e segurou meu rosto, me forçando a encara-la – Acho que precisamos conversar um pouquinho.

Melody não hesitou em sair correndo, largando a sacola que tinha trazido. Eu queria gritar algum insulto engraçado sobre a covardia dela, mas não consegui.

Debrah foi até alguns metros além do corpo de Bia e voltou com uma cadeira velha que parecia muito com as que usávamos na escola. Ela se sentou na minha frente e percebi que ela esperava que eu fizesse varias perguntas, então apena a encarei em silêncio.

Ela acabou desviando o olhar primeiro. Inclinou a cabeça na direção da sacola.

- Você devia ter comido – ela disse. Eu deixei escapar uma risada triste e ela revirou os olhos – Não está envenenado nem nada.

- Não – respondi, seca – mas imagino que você não vai me soltar mais tarde caso a água que eu tomar tenha que sair.

Ela deu de ombros.

- De fato, não acho que você mereça nem ter um lugar para urinar no momento.

Continuei quieta.

- Não vai adiantar tentar fazer uma delas ficar do seu lado, sabe – ela voltou a falar – me certifiquei de que elas estejam apavoradas demais pra confessar e desconfiadas demais para ajudarem umas as outras.

- Andou vendo How To Get Away With Murder, eu suponho – deixei escapar, sem olhar para ela. Debrah riu.

-De certa forma. O que importa é que Nina não vai deixar nenhuma delas ir longe demais desses túneis sem supervisão. Então não adianta converter nenhuma delas.

Pensei em dizer que tinha notado, que saia que não ia conseguir convencer nenhuma daquelas garotas egoístas, mas não queria lembrar a Debrah que entendia sua linha de raciocínio.

- É uma pena Bia ter sido uma idiota – Debrah falou novamente, me provocando – mas acho que ela é uma companhia melhor caladinha.

- Ah, qual é – falei, sem conseguir me conter – Não se faça de sonsa. Você pode até não ter planejado esse assassinato com antecedência, mas eu sei que você saia muito bem o que estava fazendo, usando isso para envolver as garotas em mais sujeira e para me deixar mais desorientada. Por que não me diz, Debrah – explodi finalmente – me diz o que é tudo isso. Porque eu posso ver que você está agindo de improviso, mas eu sei que se fosse só o dinheiro você teria sido bem mais prática. Então só fale.

Por um momento ela não disse nada. Então, subitamente, pulou da cadeira e agarrou meu pescoço, tão rápido que fez com que minha cabeça batesse contra a viga. Debrah aproximou seu rosto do meu com tanto ódio na expressão que eu tive que conter um grito.

- Você não tem ideia das coisas que pensei nas ultimas horas. – ela rosnou baixo enquanto eu tentava respirar – Eu tive muitas, muitas ideias do que fazer com você enquanto eu fui arrastada pela polícia, fichada, enquanto ouvi o pior sermão de todas as partes. Tive que trabalhar muito para que meus pais confiassem de novo em mim pra pelo menos não me trancarem em uma cela. Aí eu pensei se queria matar você ou Castiel, até que percebi que se você morrer, Castiel também vai sofrer bastante.

- Mas você não vai me matar ainda – consegui dizer, ainda engasgando.

Ela arreganhou os dentes como se sorrisse.

- Ah, claro que não – respondeu – não, é fácil demais. Eu pensei em tantas, tantas torturas pra fazer com você. Eu quero que chegue um momento onde você me implore pra que eu te mate. Mas eu não vou fazer isso, não enquanto puder evitar.

- Então o que – resmunguei – vamos passar o resto da vida nesses túneis?

Debrah sorriu mais suavemente e soltou meu pescoço. Ela se pôs de pé e se inclinou para me olhar nos olhos.

- Não, querida – respondeu calmamente – assim que eu tiver o dinheiro na minha mão, nós duas vamos embora. Nina vai me ajudar a te colocar dentro de um carro e nós vamos pra bem longe. Só nós duas, pode imaginar? Todo o tempo do mundo pra colocar em prática todas as torturas divertidas que imaginei pra você. Pelo. Resto. Da sua. Vida.

Encarei Debrah sem conseguir pensar em uma única coisa para dizer. Toda minha capacidade de não demonstrar medo se esvaiu. Pude visualizar claramente a mim mesma, anos a frente, ainda amarrada, mas irreconhecível sob as cicatrizes e o medo, e só o que consegui expressar foi terror.

O sorriso de Debrah aumentou.

- E aí, Lynn – ela disse em uma voz calma e controlada – você vai lembrar todos os dias que podia ter sido diferente. Podíamos ter sido até amigas. Se você não tivesse ficado no meu caminho.

Ela se endireitou. Senti uma lágrima escapar e correr pelo meu rosto.

Debrah puxou uma pistola de dentro da jaqueta.

- Agora com licença, tenho que cuidar de um pedido de resgate. E você precisa pensar sobre o resto da sua vida. Tchauzinho!

Mesmo quando os passos dela se afastaram, eu não consegui chorar. Só o que conseguia era torcer para que Castiel se apressasse.


Notas Finais


Pra quem ainda está perdido sobre como raios a Debs conseguiu tudo isso, relaxem que aos poucos vou explicando.
Sobre a playlist, ela sai logo mas provavelmente vou fazer no youtube.
A fanfic está planejada para ir até o capítulo 62. Aviso se essa programação mudar.

Vou tentar voltar logo prometo prometo.


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