História Verdadeiro eu - Drarry - “Aquele maldito loiro.”

 Como ele tinha dito a si mesmo, precisava ir atrás de Ginny. Precisava tirar a cabeça daquele sonserino. Não entendia o porque de pensar tanto naquele cara, ou nos malditos cabelos, ou no rosto-

 Estava quase gritando de frustração. Malfoy não saía da sua cabeça e ele odiava isso. Não gostava, não queria. Poderia estar pensando na namorada dele, em qualquer outra coisa, mas não em Malfoy!

 Os amigos perceberam como ele parecia uma pilha de nervos, algo que tinham visto muito nas férias. Harry andava nervoso demais, nem ele sabia o porque, mas as coisas o frustravam, e quando pensava em Malfoy, ele sentia algo estranho e depois ficava com mais raiva ainda.

 Raiva por não entender que sentimento era aquele, e porque era Malfoy em sua cabeça. Ele NUNCA saía de lá.

 Por isso precisava relaxar, do melhor jeito possível.

 Viu Ginny no Salão Comunal da Grifinória e pegou ela pela cintura, dando um beijo demorado em seu pescoço. Viu que a mulher sorriu com isso, aproveitando para pegar nos ombros dele, e beijando ele de uma forma quente.

 Ron grunhiu e saiu do lugar, não estando afim de ver aquilo. Nem queria que o melhor amigo namorasse a irmã mais nova dele. Era estranho demais!

 - Quer fazer algo mais interessante que isso?- Harry sussurrou na orelha da namorada, que riu e acenou com a cabeça, tendo um olhar malicioso.

 - No seu ou no meu?

 - No seu mesmo. Ronald não vai subir aqui tão rápido.

 - Faz sentido.

 Ele levou Ginny até o quarto e trancou a porta com um feitiço, tirando a roupa o mais rápido que pode, sem paciência. Só queria tirar Malfoy da cabeça, e por enquanto, não tinha conseguido.

 A ruiva achou diferente essa pressa dele, mas até que tinha gostado.

 Ela deitou na cama do moreno e ele subiu em cima dela, voltando a se beijarem com intensidade, só podendo se ouvir os dois soltando suspiros.

 Mesmo quando já tinha penetrado a namorada, e ela estivesse até mesmo gemendo, ele começou a ficar puto da vida.

 Aquele maldito loiro.

 Perdeu a cabeça quando abriu os olhos e teve um flash, alucinando. Por uma fração de segundos, ao invés da namorada dele, viu Malfoy, gemendo bem abaixo de si.

 Nunca ficou tão confuso na vida, então começou a dar investidas mais fortes, como se quisesse acabar com a frustração dessa forma. Fez questão de olhar para Ginny, assim não tinha como alucinar de novo.

 O que caralhos estava acontecendo?!

 Com a velocidade aumentada, e toda aquela brutalidade, a garota foi a primeira a chegar em seu ápice. O moreno ainda demorou uns 20 segundos a mais que ela.

 Nem conseguiu aproveitar direito, já que ficou frustrado no meio do sexo.

 - Estava mais selvagem hoje, hum?- Ginny riu, dando um selinho nele, que deu um sorriso forçado.

 - É....- Ela chamava aquilo de “selvagem”? Por merlin...- Pensou Harry, ficando cada vez mais frustrado. Talvez não estivesse em um momento. Não era culpa de Ginny.

 Era de Malfoy, que nunca saía da cabeça dele, nem mesmo quando estava transando! O que tinha feito ao universo para merecer isso? Salvou o mundo-bruxo e ainda tinha que ter aquele cara assombrando sua mente? E o porque?

 Porque Malfoy não saía da cabeça dele? Ficava pensando no rosto dele, ou como o assistiu o dia todo, seu jeito e manias ao escrever. Quando não entendia algo, batia o dedo indicador de leve na mesa. Percebeu que ele parecia nervoso, e quando parecia piorar, começava a coçar o pulso.

 Sabia as aulas deles, o que comia de café, e as manias na aula. Mas que porra ele estava fazendo?

 Sabia que o doce que o babaca loiro mais gostava era torta de maçã. Mas o doce favorito da namorada? Não tinha a mínima ideia.

 O qualquer fodido era aquilo?

 Porque seu cérebro estava fazendo aquilo com ele?

 Gostava de Ginny, era legal, inteligente e atraente. Então porque ele se sentia tão focado em saber coisas sobre Malfoy?

 Era ridículo.

 O fato que ele não tinha falado com ninguém o ano todo, muito menos feito piadinhas com ninguém, o deixava ainda mais frustrado.

 O que ele estava bolando? Devia ser alguma coisa.... Tinha que ser alguma coisa!

 - Harry?- Weasley chamou a atenção dele, colocando as roupas dela de volta.

 - Hum?

 - Tá tudo bem? Te chamei umas duas vezes e você parece irritado.

 - Tá tudo bem. Só viajei aqui.

 Ela soltou um riso curto, achando o namorado estranho, e se retirou, não antes de dar um beijinho nele.

 Que mais uma vez forçou o sorriso.

 Porque estava forçando emoções? Nunca fez isso. Não com Ginny.

 Malfoy não era mais importante que a namorada dele, então porque ficava tão mais interessado no loiro, do que na garota?

 Algumas horas mais tarde, Ron entrou no quarto, até mesmo suspirou aliviado ao ver que a irmã mais nova não estava ali. Se recusava a pensar que Potter teria a coragem de tirar a “pureza” da irmã dele.

 Pobre Ron...... Ele nem sabia.

 - Eu e a Mione estávamos querendo dar uma saída hoje, pra um pub na Londres trouxa, sabe?

 - Sei. É cheio de pub legal.

 - Topa vir? Você está precisando dar uma relaxada.

 “Estava tentando, mas ai eu pensei no Malfoy enquanto estava transando com a sua irmã, então não funcionou muito”- Harry disse sarcasticamente em sua própria cabeça. Não era louco de falar aquilo para o amigo. Nunca.

 - Tudo bem. Deixa eu me trocar e nós vamos.

———————————————

 E isso, nos trás ao momento atual.

“ Foi ao passar ao lado de um pub, que ele trombou com alguém, e quase caiu no chão. As sacolas todas não ajudavam no equilíbrio.

 Sentiu-se travar e querer sumir ao ver quem era, a confiança que tinha a um segundo atrás sumiu por completo ao ficar tão próximo daqueles olhos verdes intensos.”

 - Malfoy?!- Weasley exclamou, logo ao lado da namorada. O trio de ouro todinho na frente dele, era só o que lhe faltava.

  Ele não sabia se agia como normalmente, ignorava eles, ou saía correndo o mais rápido que pudesse. Então ele fez absolutamente nada. Só congelou, sentindo o corpo inteiro gelar. Não tinha ideia do que responder.

 - Weasley.- Disse com a melhor voz indiferente que conseguiu imitar. Mas era mentira, estava quase morrendo de ansiedade e sabia disso.

 - O que você está fazendo em um lugar trouxa?- Granger o olhou confusa, e ele queria ir embora cada vez mais.

 - Coisas. Não preciso te dar satisfação.

 - Desde quando você tem piercings?!- Harry adicionou, ainda o olhando surpreso.

 Ron soltou um riso, o que fez o três olharem para o homem ruivo, que apontou para Draco.

 - Você está de maquiagem?!- Ele riu mais, como se tivesse visto a coisa mais engraçada do mundo.

 - E você? Está de máscara ou é horroroso assim mesmo?- O homem ficou bravo, e se sentiu inseguro. Tinha gostado da maquiagem.....

 Os três olharam irritados para ele.

 - Tsk- Só a aparência que mudou. Falei que ele continuava o mesmo babaca de sempre.- O moreno olhou com raiva para ele, que sentiu seu coração quebrar.

 Tinha ferrado com tudo.

 Apenas mandou o dedo do meio para ele e se retirou dali, segurando as lágrimas até chegar em um beco escuro.

 Deu um chute em uma garrafa de cerveja fazia, que se chocou contra um muro e quebrou em milhares de pedaços.

 Porque ele continuava fazendo aquilo?! Ele só queria fazer Harry gostar dele, mas tudo o que fazia, fazia ele gostar cada vez menos de si.

 Soltou um soluço doído, mas cobriu a boca em seguida, não estando afim de que o trio ouvisse ele chorando.

 Realmente queria se cortar naquele momento. Seu corpo ansiava para algum cortes, então foi colher um dos cacos de vidro no chão para se cortar, mas foi interrompido quando ouviu um barulho de sirene e gente correndo.

 - Corre, porra! Esconde ali, depois a gente pega!- Viu im homem com um capacete de moto gritar, e o segundo homem usando uma máscara que só mostrava seus olhos.

 Draco se manteve em silêncio, apenas esperando eles se afastarem. A curiosidade foi maior e ele abriu a mala, querendo saber o que era. 

 Viu alguns cigarros, uns pacotes com algo verde dentro, e vários sacos com um pó branco dentro. Ouviu um barulho novamente, e no desespero, colocou o pacote no bolso e deu no pé.

 O que era aquele pozinho? Devia ser algo importante, ou caro, se a polícia estava atrás. Iria analisar melhor depois.

 Foi fungando, já que tinha acabado de chorar para a passagem de volta a Hogwarts, quis gritar um palavrão quando ele chegou lá ao mesmo tempo que o trio.

 Harry abriu a boca pra brigar com ele, mas os três se calaram ao ver maquiagem preta escorrendo. Ele tinha chorado.

 Ficou meio envergonhado com aqueles olhares todos, então apenas olhou para baixo, não queria corar na frente de Potter.

 Foi o primeiro a passar pela passagem.

 Quando o trio passou, viram apenas o vulto do sonserino virando o corredor. Draco precisava chorar e se cortar. Não aguentava mais aquele dia.

 Já Harry, ele se sentia ainda mais frustrado. Aquele sentimento no peito voltou ao ver Malfoy com aquela maquiagem e aqueles piercings....

 “Ficou bem nele...” O moreno pensou por um momento, e quase se deu um soco no olho. Agora estava elogiando a aparência dele mais um vez?! Primeiro era o cabelo, agora foi o rosto, o que mais estava por vir?!

 Mas.... Os olhos acinzentados que ele tinha realmente tinham ficados mais expressivos e destacados com aquela maquiagem. Ou como a ponta do nariz dele e as bochechas estavam um pouco rosadas..... Ele tinha ficado muito bonito.

 Potter dessa vez, realmente deu um grito de frustração, assustando os outros dois.

 - O que foi, Harry?!

 - Caralho- Virou um bicho?

 - Malfoy me deixa puto.

 Hermione suspirou e revirou os olhos.  O amigo já tinha 18, mas às vezes agia como se tivesse 11.

 - Ele nem fez nada.

 - Chamou o Ron de horroroso !

 - Harry- Foi comigo cara. Sem falar que parece ofensa de criança me chamar de feio. Sinceramente- Eu odeio ele...Mas fiquei meio mal de ter rido da maquiagem dele.

 - Sério?- Os outros dois falaram, olhando surpreso para o ruivo.

 - É. Quer dizer- Tudo bem que ele é um babaca, mas eu brinquei com uma coisa meio chata. Bill já usou lápis de olho e sombra várias vezes, fica incrível. Talvez não.... Ele tinha ficado na dele se não fosse pelo meu comentário, sei lá.

 Granger sorriu com a fala do namorado, achando aquilo super maturo da parte dele.

 - Aw, meu amor! Que orgulho de te ver deixando as coisas pra trás!

 Ron olhou bobo para ela. Era como um cachorrinho, ficava todo feliz se Hermione o elogiava.

  Harry os olhou perplexo, agora estavam defendendo o desgraçado? 

 - Não me digam que você acham que ele não foi babaca!

 - Não dessa vez, Harry. Malfoy tem deixado todo mundo em paz. Eu literalmente ouvi ele falar desculpa sem nem perceber hoje de manhã. Tinha tropeçado no Neville.

 Os garotos olhares chocados para ela, não esperando por aquilo.

 - Talvez devêssemos deixar as pessoas amadurecerem. Se ele se desculpar, desculpou. Se não, paciência.

 Potter ainda não gostou. Não gostou principalmente de como ele sentiu CULPA ao ver que o loiro tinha chorado.

 Não gostava nada disso.

———————————————

 Draco ficou aliviado que Nott ainda não estava ali, e resolveu se trocar o mais rápido que pode, principalmente lavar o rosto. Só queria sangrar e dormir, e era esse o plano.

 Mas antes tinha que colocar as coisas no armário. Tinham horas que ele nem tentava usar as mãos, como agora. Apenas lançou alguns feitiços, e estava tudo guardado.

 Queimou as sacolas em seguida, não queria receber perguntas de Theodore.

 Não queria.

 Se cobriu, sentindo-se ser aquecido pela manta. Mas aquilo não era o suficiente para lhe acalmar. Chorava em silêncio, e tateava pelos bolsos, tentando achar a lâmina que tinha colocado ali.

 Ouviu a porta abrir, e parou de se mexer, esperando que Theodore fosse dormir.

 A porta do banheiro foi trancada, e ele pode respirar novamente, não queria conversar com aquele bastardo.

 Passou a lâmina de leve em uma das cicatrizes antigas, a abrindo. Sangue começou a sair quase instantemente, e ele soltou um suspiro com a sensação, com o ardor começando em seu braço.

 “ Só a aparência que mudou. Falei que ele continuava o mesmo babaca de sempre.”

 Fez outro corte mais fundo, segurando um soluço que queria sair da boca. Só queria morrer, não conseguia ver o porque continuar, mesmo que tivesse prometido a si mesmo esperar até o meio do ano.

 Mal tinha começado, mas não gostava. Não queria mais nada. Poderia morrer, já que nem sequer quem ele estava apaixonado gostava de si.

Nem um pouquinho.

 Caiu no sono em meio a lágrimas e sangue, que demorou um pouco para parar de sangrar, sujando os lençóis e parte do pijama. Estava mal demais pra ligar com o que iria sujar.

 Pelo menos acordou cedo no dia seguinte, assim não teria que olhar para Theodore. Ainda não iria ter que lidar com o julgamento de quem ele gostava de ser tão cedo.

 Pode tomar banho em paz, tirando os cortes que ardiam com a água caindo sobre seu corpo.

 Percebeu que não era apenas água quente que caía de seus olhos, eram lágrimas. Não conseguia tirar a memória de como Harry o olhou com raiva, como se o simples fato de ter respirado perto de si fizesse ele irritado.

 Dessa vez ele não conseguiu suprimir os soluços que vinham entre as lágrimas. Doía tanto.....

 Já deveria ter se acostumado com aquela raiva e desprezo para si, mas doía muito. Toda vez que Potter o olhava daquele jeito, doía.

 Talvez hoje... Com ele se arrumando mais.... O grifinório poderia começar a vê-lo com outros olhos. Pelo menos é isso que esperava.

 Espiou pela porta do banheiro, vendo que Nott não tinha levantado ainda, e ficou feliz. Pegou um jeans preto e rasgado, com duas blusas que iria usar uma em cima da outra, um chocker ( que Lilith tinha comentado que ele tinha ficado lindo) e uma plataforma.

 Queria tanto que Harry gostasse.

 Mas o importante era se sentir bem, finalmente se sentindo como ele mesmo.

 Vestiu-se e olhou contente para o resultado no espelho. Se sentia bonito, e isso era ótimo. Sentia-se como ele mesmo.

 Olhou hesitante para aquele bando de maquiagem que a mulher tinha o dado como “por conta da casa”. Não sabia se iria fazer direito, ou se a reação das pessoas seria muito ruim. Mas iria tentar. Afinal, não importava.

Iria morrer no final, não?

 Abriu a porta morrendo de medo. Agora tinha que aguentar as consequências de como queria ser.

 Teria que aguentar as reações por estar sendo ele de verdade.

 Nott quase engasgou na própria saliva quando o viu, e começou a gargalhar e seguida. Draco sentiu-se envergonhado, queria voltar para a cama e nunca mais sair. Sentia-se bem daquele jeito, mas as reações iriam ser difíceis. Sabia disso.

 - O que- O QUE É ISSO?- Theodore falou entre gargalhadas, mal se aguentando em pé.

 - Uh.... O que exatamente? Só me vesti.

 - Parece uma puta!- Ele voltou a rir, mas Draco deu um soco bem no nariz de Nott, que se surpreendeu e deu uma andada para trás.

 Mas logo voou no pescoço de Malfoy, o enforcando com as mãos. 

 - Não ouse tocar em mim seu bichinha!- Ele gritou e se trancou no banheiro com uma forte batida da porta.

 Draco ofegou, recuperando o fôlego. Aquilo tinha sido uma reação horrível. Porque estavam rindo dele?! Era feio? Ficava ridículo e não sabia? O que estava acontecendo?

 Ia perdendo a coragem quando foi andando pelo corredor.

 Havia diversos comentários... Cada um pior que o outro. As maioria das garotas estavam desapontadas, levando aquilo com ele se revelando como gay.

 Abriu a porta do Grande Salão, e houve um silêncio mortal quando as pessoas o viram.

 Harry pensou que o coração iria sair pela boca, se surpreendendo com a visão. Já tinha se surpreendido na noite passada, mas hoje ele realmente tinha se superado.

 Se sentou na mesa da Sonserina, e a reação foi a de todo dia, as pessoas saíram de longe.

 Algumas (muitas) pessoas começaram a rir por todo o Salão. Olhou para Potter, e ele o olhava chocado, mas não sabia se isso era bom ou ruim.

 - O que aconteceu com o Malfoy?!- Alguém da Sonserina gritou, e ele deu o dedo do meio para o cara, tentando não dar a mínima para eles.

 - Parece uma puta trouxa!- Ouviu alguém da mesa da Grifinória gritar, e sentiu o rosto corar de vergonha. O comentário maldoso fez mais pessoas rirem.

 Talvez estivesse recebendo do próprio remédio....

 - Ele é gay?!

 - Mas que porra ele esta usando?!

 - Ele está usando maquiagem! Bicha!

 Os risos pareciam aumentar para ele, que queria correr dali e se jogar da Torre de Astronomia.

 Confirmou que ninguém gostava dele, as pessoas ficariam melhores se ele morresse.

 Por mais que focasse em sua xícara de chá, só conseguia ouvir os comentários, o que fazia ele querer se matar mais ainda.

 Será que Harry também pensava assim do jeito que ele era de verdade? Será que ele também não gostava?

 Sentiu a presença de alguém chegar no outro lado da mesa, mas nem sequer olhou para quem era. Não esperava nada de bom daquilo.

 - Posso me sentar com você?