História Verleugnen - Capítulo 3

Mudança, aquela palavra assustava Junmyeon. Claro que ele gostava da idéia de poder ter um emprego melhor, em uma cidade melhor e com – talvez – pessoas melhores.

Porém não havia como Yixing mudar de trabalho assim, seu chefe já não gostava de si, ainda mais depois de ter faltado uma semana após a quase adoção. Caso que ainda estava por ser resolvido. 

– Você chegou tarde novamente... – comentou a Yixing que agora trancava a porta. – Trocou de horário com algum colega?

– Não, eu estava falando com o Jongdae – acomodou-se no colo do outro enquanto fechava os olhos. 

Junmyeon estava enciumado sim e Yixing via isso no seu rosto, mas nada podia fazer. Após seu namorado resmungar sobre eles estarem juntos demais, apenas dormiu ali em seu colo. O coreano acariciou os seus fios de cabelo e adormeceu junto a ele. 

Passaram-se duas semanas e o dia da mudança estava mais próximo do que nunca, Junmyeon não sabia como Yixing iria consigo, mas o mais velho lhe pediu para esperar, disse que tudo estava se resolvendo. Ele continuava a se ver com Jongdae, o ciúmes ainda existia e crescia cada vez mais.

Ligaram para a tia de Yixing em Bucheon, ficariam em sua casa até conseguir achar uma para acomodá-los. O mais velho já havia conseguido um emprego pela cidade, o qual dissera ser temporário. 

Junmyeon, que foi buscar seu namorado na sua festa de despedida da clínica, acabou por ganhar um passageiro extra. Pegou o chinês no colo e enquanto esse resmungava o abraçando, o seu amigo reclamava por eles serem tão fodidamente gays. Palavras de Jongdae. 

Assim que chegaram em casa, somente os dois, o coreano foi dar banho no chinês. Aproveitando-se da franqueza do outro por conta álcool, Junmyeon lhe fez perguntas sobre o que tanto fazia com Jongdae. Perguntando também – mesmo que se culpando – se ele não tinha qualquer interesse no pediatra.

– O Jongdae é um dos piores tipos de homofóbicos existentes. Ele me considera um amigo, mas se eu digo sobre você ou se você me liga quando nós dois saímos, ele finge que é uma brincadeira nossa. Ele se nega a acreditar que eu sou gay.

–Porque se você fosse, ele teria que se afastar.

–Isso – disse tristonho. – Mas vem cá, me abraça?

Após abraçar o seu amado, lhe fez a primeira pergunta novamente. E sobre o que eles tanto faziam juntos? Bom, sobre isso seu namorado negou-se a dizer. 

Semana da mudança, o apartamento estava em caos. Móveis para todos os lados, o caminhão da mudança logo se foi. O lugar estava praticamente vazio, se não fosse pelo casal e o nervosismo deles. 

Junmyeon estranhou o caminho que o seu namorado tomou, a casa da tia do chinês não ficava por ali. Quando chegaram em um prédio de tamanho médio, e muito fofo por sinal, o coreano teve a sua surpresa.

– Como você... São as nossas coisas.

– E o nosso apartamento – puxou o outro para terminar de ver tudo antes de confessar. – Esse apartamento era do primo do Jongdae, foi assim que ficamos mais próximos. Eu só queria te fazer uma surpresa. 

– Ele te ajudou a arrumar isso para nós dois?

– Não exatamente, como ele leva na brincadeira isso de nós namorarmos, apenas pensou que seríamos colegas de apartamento, ou sei lá o que. 

– Será que se eu te beijar na frente dele, ele acredita? – disse em tom brincalhão puxando o seu namorado para si.

– Acho mais capaz de ele desmaiar e não se lembrar de nada depois.

– Isso é fácil, é só eu te beijar de novo e de novo, até ele acreditar. 

Risadas e mais risadas, beijos e mais beijos. Tinham confiança em uma vida melhor ali, eram as suas únicas esperanças. Após curtirem cada espaço do seu novo lar e deitarem para descansar, uma ligação. 
Yixing só faltava saltar de alegria.

–Ainda bem que esse apartamento tem um quarto extra.

– Por quê?

– Nosso advogado ligou, teremos um novo morador ainda este mês. 

– Isso significa que... – não completou a frase e foi logo dar um beijo em seu namorado, ou talvez, futuro noivo. – Nós seremos pais!

– Os melhores.