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História Vestido Ideal - Tempo? Desconexo.


Escrita por: aebora

Capítulo 6 - Tempo? Desconexo.


"But you gave me courage to write on a new page. What to do? I’ll just start writing again." 

 

 

Libertação. 

Era o que Baekhyun precisava. Mas ele também precisou ficar três semanas longe de Chanyeol para descobrir isso. 

O Park, que supostamente deveria estar de férias para ajudar Sohyun com o casamento, acabou tendo que fazer uma viagem de negócios. Três semanas na China. Três semanas ocupado. Três semanas sem contato. 

Três longas semanas. 

Baekhyun tentava fingir que seus dias não eram vazios sem a presença de Chanyeol. Fingia que estava ocupado demais com as flores e com as provas de terno e os ensaios de casamento com Jinhee, e que a rotina era suficiente para manter sua cabeça longe de sonhos de noites alegres, mas é claro que estava apenas se enganando. Baekhyun sentia falta das ligações de Chanyeol e dos momentos que tinham juntos. Ele se sentia escorregar um pouco mais a cada dia que ficava longe; ficava um pouco mais rabugento, um pouco mais frio, um pouco mais triste. Cada dia era um pouco mais vazio que o anterior, sempre esperando o dia em que Chanyeol ia chegar, abrir a porta do apartamento, sorrir e fazer Baekhyun se sentir melhor, como sempre.

O texto que Baekhyun escrevera na madrugada seguinte à partida de Chanyeol estava mofando na gaveta, junto com alguns vários rascunhos. E Jinhee, que sempre via ele rastejar pelos cantos em silêncio, havia ficado extremamente feliz ao vê-lo escrevendo. Apesar de odiar escrever no papel, Baekhyun se acostumou à ideia. Queria mostrar o que escrevia a Chanyeol, queria dar a ele um presente com a única coisa que sabia fazer bem.

Depois daquele último dia com Chanyeol, muita coisa mudou em Baekhyun. Inconscientemente, ele começou a mudar de opinião sobre as coisas ao redor, sobre si mesmo. Porque começou a se lembrar das palavras de Chanyeol no dia em que quase desmaiou. Se lembrou do cuidado, da preocupação e dos abraços. 

Chanyeol tinha aquecido o interior congelado de Baekhyun e aquela chama durou pelos próximos dias. Naquela mesma noite, ele ligou avisando que passaria três semanas longe. A viagem seria no outro dia bem cedo e Chanyeol não teria tempo de se despedir. 

Baekhyun ficou triste, sim, mas determinado porque Chanyeol pediu a ele que escrevesse algo que ele pudesse ler. E, pra completar, deixou os temas com Baekhyun. Suas quatro coisas favoritas; era sobre isso que ele deveria escrever. 

E foi o que o Byun fez. Escreveu sobre as quatro coisas favoritas de Chanyeol. Depois de vinte noites mal dormidas por causa da inquietação, e horas e horas de rascunhos, Baekhyun acabou com quatro textos sobre as coisas favoritas do Park. 

Aves, madrugadas, calor e a cor vermelha. Coisas estranhas. Mas Baekhyun se esforçou ao máximo porque queria mostrar a Chanyeol o que achava daquelas coisas. 

As notícias que tinha ouvido dele naquelas semanas vieram de Sohyun nas poucas vezes que se encontraram nas preparações do casamento. Baekhyun perguntava sobre Chanyeol, e ela respondia com uma expressão irritada. Mas Baekhyun não se incomodava com a raiva de Sohyun. O que o incomodava de verdade era ouvi-la falar como se ele pertencesse a ela. E também o incomodava pensar em Sohyun e saber que, muito em breve, o nome dela seria Park Sohyun. Isso incomodava Baekhyun mais do que qualquer coisa. 

— Baek, estou indo buscar os exemplares dos convites na gráfica — avisou Jinhee, passeando as mãos pelo vestido rodado que vestia. 

Baekhyun concordou com um aceno de cabeça, sem tirar os olhos do papel sobre o balcão. Era o texto sobre madrugadas e, na opinião de Baekhyun, o mais fraco. Ele estava pensando em trocar a ordem dos parágrafos para dar mais sentido.

— Um dia vai me deixar ler isso que esteve escrevendo? — perguntou Jinhee, parada na porta da cozinha. Baekhyun ergueu os olhos.

— Um dia, talvez — mentiu. Jinhee sorriu, alegre, e saiu saltitando pelo corredor. 

Se dependesse de Baekhyun, ninguém jamais leria aqueles textos. Mas eles eram um presente para Chanyeol, então ele faria o que quisesse com as palavras quando as recebesse. Se quisesse ler, ou se quisesse mostrar ao mundo, seria uma escolha dele.

— Solitude... — Baekhyun leu, murmurando para si mesmo. Ouviu a porta da frente se fechar depois de Jinhee sair, sem prestar muita atenção. Estava focado na tarefa diante de si.

Baekhyun tinha aprendido há muito tempo que escrever era muito mais sobre reescrever até ficar perfeito do que escrever em si. A escrita crua podia ser bonita e cheia de sentimento, mas era sempre lotada de erros e partes que poderiam ser consertadas. Por isso ele escrevia de madrugada, totalmente bêbado de sono, e deixava para revisar tudo durante o dia quando estivesse sóbrio. De qualquer forma, era muito perfeccionista, e sempre encontrava uma parte que podia ser melhorada. Reescrevia todas as ideias que tinha durante a madrugada até enjoar do texto, tanto que nem conseguia mais ler. Aí sim, julgava uma obra perfeita para que outros lessem. 

Já tinha reescrito dezenas de vezes o texto sobre as madrugadas, mas ainda encontrava erros.

Ele olhou para a janela aberta da sala, visível de onde estava sentado. O sol tinha acabado de se pôr e a noite estava caindo. O céu estava em uma mistura de restos de laranja e um azul escuro. Baekhyun viu a primeira estrela brilhar sobre a linha do horizonte iluminada pelas luzes da cidade. A visão abriu a mente dele para uma ideia melhor do que a que tinha tido para aquele texto. Logo, estava apagando algumas palavras e substituindo-as por outras, consertando os detalhes.

Baekhyun mergulhou no papel e nas palavras que escrevia para consertar e finalizar de vez, mas foi interrompido pelo toque do celular. Ele deu uma olhada par a tela acesa, sem virar o rosto.

Era uma mensagem de um número desconhecido. Dizia simplesmente, "você deveria fugir."

Baekhyun suspirou.

Ele recebia mensagens daquele número desconhecido há muito tempo e a maioria dizia a mesma coisa: que Baekhyun deveria fugir. Ele tinha certeza de que era algum tipo de trote, ou um robô que mandava mensagens aleatórias. Nunca respondeu nenhuma delas, mas tinha curiosidade quanto à origem daquilo. Eram mensagens estranhas, no mínimo, mas não mereciam a atenção dele. Baekhyun voltou a se concentrar no texto.

Estava terminando de trocar a ideia escrita pela nova quando ouviu o som da porta da sala ser aberta.

Não se incomodou em olhar. Devia ser Jinhee esquecendo alguma coisa. Continuou imerso nas palavras quando ouviu os passos se aproximarem. 

— Seu celular ficou carregando no quarto — avisou ele, a caneta em mãos.

— Na verdade, meu celular está bem aqui. 

Baekhyun levantou a cabeça de uma só vez ao ouvir aquela voz. Não conseguia acreditar. 

Não era Jinhee ali, parada entre a sala e a cozinha, mas Chanyeol. Ele estava com um terno cinza, uma maleta preta em mãos e com os cachos bagunçados. Parecia exausto, mas exibia o mesmo sorriso brilhante de sempre. A presença dele iluminou o ambiente de um jeito que nada mais conseguiria. 

Baekhyun nem pensou ao ver Chanyeol ali, com aquela expressão encantadora por cima do cansaço exposto na forma de olheiras e a gravata larga ao redor do pescoço. Desceu do banco em que estava sentado e atravessou a cozinha, correndo direto para os braços abertos do maior. 

— Chanyeol! — exclamou um segundo antes de colidir com o corpo do Park. Abraçou-o forte, tão forte quanto pôde, e escondeu o rosto no peito dele, feliz em poder sentir aquele aroma doce e eletrizante outra vez. 

Saudade não era nada perto do que Baekhyun havia sentido. Ele estava quase enlouquecendo com todos aqueles dias vazios. A falta de Chanyeol era imensa e a ausência dele doía em cada parte de Baekhyun fisicamente, psicologicamente e emocionalmente. Tinha se tornado dependente de Chanyeol e não tinha percebido até passar pela abstinência e, finalmente, o reencontro. 

— Byun Baekhyun, você tem cheiro de cobertura de bolo — sussurrou Chanyeol, balançando o corpo de Baekhyun de um lado para o outro. — Senti sua falta, Baek.

Baekhyun apertou-o ainda mais. Chanyeol riu. 

— Tudo bem, baixinho, vai me esmagar. — Chanyeol se afastou e o segurou pelas bochechas. — Sentiu minha falta? 

— Não! 

E então ele abraçou Chanyeol outra vez, apenas para ter certeza de que ele realmente estava ali. E, sentindo a quentura do maior, percebeu que teria que reescrever o texto sobre calor, porque o contato com Chanyeol lhe jogou em um rio de novas ideias. 

— Você esteve escrevendo? — perguntou ele, sem se soltar de Baekhyun. Recebeu um aceno de cabeça como resposta. Tentou olhar o rosto do menor, mas ele o escondia. — Você está chorando? 

— Não! — Baekhyun balançou a cabeça e escondeu o rosto na manga do paletó de Chanyeol. Ele gargalhou. 

— Você é realmente adorável, Baekhyun. — Chanyeol se afastou e puxou do bolso um pequeno pacote de presente. — Adorável, assim como seu presente. 

— O quê? — Baekhyun pegou o embrulho. Chanyeol riu. 

— Isso é só um medalhão. Seu presente está lá na sala. 

E, como se fosse a deixa, um pequeno miado encheu o apartamento. 

Baekhyun arregalou os olhos. 

— Não acredito!

Mas era verdade. No chão, ao lado da porta, estava uma pequena gaiola de grades brancas. Dentro dela estavam dois filhotes de gato. Um tinha a pelagem inteira preta e olhos de duas cores, e o outro era caramelo com olhos da mesma cor dos pelos. 

Baekhyun abriu a gaiola e tirou os filhotes de lá. Chanyeol se aproximou e pegou um nas mãos. 

— Essa é a Luna. — Ele apontou para a de pelos pretos que estava nas mãos de Baekhyun e então ergueu a mão. — Essa é a Solar. Elas são irmãs. 

— E são lindas — acrescentou Baekhyun, acariciando a gata que se remexia em suas mãos. — Você as trouxe até aqui? 

— Sim — disse Chanyeol. — Elas estavam sendo doadas, mas ninguém as queria e a dona não queria que fossem separadas. Então eu peguei as duas. Luhan disse que você gostava de gatos. 

— Teve tempo de falar com Luhan, mas não teve tempo de me mandar uma mensagem? — perguntou Baekhyun, tomando Solar das mãos de Chanyeol. 

— Ele me contou isso antes da viagem. Eu até tentei ligar pra você quando estava lá, mas meu pai ficava me vigiando o tempo todo. Eu só podia falar com Sohyun. Pedi para ela me dar notícias suas, mas ela nunca falava. 

— Vocês são lindas — sussurrou Baekhyun para as gatas. Colocou as duas no chão e ergueu o olhar para Chanyeol. — Eu quase morri nos ensaios de casamento, era pra você estar lá! 

— Sinto muito, eu não tive opção — justificou com uma expressão triste. Baekhyun soltou uma risada e o abraçou outra vez. 

— Ainda bem que voltou — sussurrou com o ouvido colado no peito de Chanyeol. Pôde ouvir os batimentos dele através do tecido e sorriu. 

— Ainda bem — Chanyeol concordou, o abraçando de volta. 

Mas não durou muito. Chanyeol se afastou. 

— Queria ficar e conversar, mas eu só passei para deixar as gatas com você. Tenho mesmo que ir pra casa. Se Sohyun descobrir que vim aqui ver você antes de ir pra casa e que te trouxe dois presentes e nenhum pra ela... 

— Ela vai matar você. — Mas Baekhyun estava se sentindo bem especial naquele momento por ter sido o primeiro a ver Chanyeol depois das duas semanas. 

— Você escreveu tudo o que eu pedi? — perguntou Chanyeol se abaixando para fazer carinho em Solar. Baekhyun sorriu. 

— Sim. Está tudo pronto, mas preciso passar à caneta antes de te entregar. 

— Então eu volto amanhã para buscar. — Chanyeol se levantou e abraçou Baekhyun outra vez, bem apertado. — Eu senti sua falta, Baek. 

— Eu também — sussurrou Baekhyun. — Você volta amanhã? 

— Sim, às onze, e vou trazer o almoço — Chanyeol prometeu. Fez um último carinho em Luna e Solar antes de ir até à porta do apartamento. — Tem um saco de ração na sacola e elas vão precisar de uma caixa de areia. 

— Pode deixar. — Baekhyun mordeu o lábio e sorriu. Era tortura Chanyeol aparecer e ficar tão pouco tempo, mas ele devia estar cansado, então era melhor que fosse logo.

Chanyeol sorriu uma última vez antes de sair do apartamento. Baekhyun ficou sozinho ali, com apenas o som da cidade e o miado das gatas que caminhavam pelos cantos do apartamento, explorando e cheirando tudo o que encontravam. 

— Vocês são tão lindas — murmurou ele, pegando Luna no colo. — E são minhas. 

A porta do apartamento se abriu enquanto Baekhyun estava sentado no chão entre as duas gatas. Jinhee paralisou na entrada, olhando para os bichos e para ele. 

— O que é isso? — perguntou ela, meio surpresa e meio encantada. 

— Acabei de ganhar — contou Baekhyun. — Chanyeol passou aqui. 

— Elas são tão bonitinhas. — Jinhee se aproximou e acariciou Luna. — Quais são os nomes? 

— Essa é a Solar. — Ele ergueu a que tinha em mãos. — A que está com você é a Luna.

— Chanyeol te deu de presente? E vamos ficar com elas? — Jinhee estava contrariando todas as expectativas de Baekhyun, que achou que ela não ia aceitar as gatas. Mas ela se sentou no chão e encheu o vestido de pelos para brincar com as filhotes. 

— Elas precisam de uma caixa de areia — disse Baekhyun. — Pode trazer quando voltar da gráfica? 

— É claro — sorriu Jinhee. Deu um beijo em Solar e a colocou no chão cuidadosamente. — Eu vim buscar uma coisa, mas esqueci o que era. 

— Seu celular? — adivinhou ele. 

— Ah, era isso mesmo. Sabe onde está? 

— Ficou carregando em cima da cama.

Baekhyun se deitou no chão e deixou as gatas subirem nele e brincarem com a manga da blusa. 

E, depois que Jinhee saiu e as gatas se distraíram comendo a ração, ele até tentou voltar a escrever, mas percebeu que estava inquieto e animado demais para fazer isso. Ficou assistindo Luna e Solar enquanto pensava no significado daquele presente. 

Presente... E Baekhyun se lembrou do embrulho que Chanyeol havia trazido. Ele tinha dito que era um medalhão. 

Baekhyun encontrou o pacote jogado no sofá da sala, perto da gaiolinha das gatas e a ração. Abriu com cuidado. 

Mal acreditou quando puxou a corrente. Era de ouro, brilhante, e tinha um pingente retangular. Na parte de trás havia algo gravado, mas Baekhyun não conseguiu ler, nem entender o que era. Tentou abrir o medalhão, mas também não conseguia, então ficou só admirando a peça por alguns instantes antes de guardá-la de volta no embrulho de presente. Nem pensou em colocá-la. 

Queria que Chanyeol o fizesse. E ele faria, no dia seguinte. 

 

 

 

>< 

 

 

 

Chanyeol apareceu na casa de Baekhyun com um sorriso no rosto, um banquete em uma mão e um buquê de flores na outra. 

Baekhyun não entendeu o motivo das flores. Eram de cerejeira e tinham uma cor rosa linda. Baekhyun também não acreditou que o buquê era para ele quando Chanyeol o entregou. O Park disse que iria explicar depois do almoço o que significava. 

Para o almoço eles tiveram peixe, arroz, batatas e salada de macarrão. Era uma combinação que Baekhyun nunca tinha provado, mas que ficou feliz de experimentar ao lado de Chanyeol. Ele ditava todos os ingredientes que havia usado enquanto comia e contava como tinha aprendido a fazer cada prato. Baekhyun, que tinha sentido falta da voz de Chanyeol quando ele falava pelos cotovelos daquele jeito, estava aproveitando cada segundo ao lado dele.

Luna e Solar ficaram ao redor de Chanyeol enquanto ele lavava a louça do almoço. Baekhyun colocou ração e água para as duas e contou sobre a primeira noite delas ali, e como tinham gostado de Jinhee e da gaveta de vestidos dela. Aquela gaveta tinha se tornado a cama oficial das gatas porque assim que Jinhee a abriu, elas se enfiaram entre os tecidos e dormiram durante toda a noite com um ronronar agradável enchendo o quarto. 

— Adivinha o que eu trouxe — exclamou Chanyeol depois de lavar as louças, fuçando em uma das sacolas. Baekhyun levantou o olhar para ele.

— O quê? 

Chanyeol puxou uma caixa da sacola e a colocou sobre a mesa.

— Esse é o famosíssimo e extraordinário bolo de baunilha feito por Park Chanyeol e decorado por Kae Sohyun esta manhã — anunciou com uma voz grave e formal. Baekhyun soltou uma risada. 

— Sohyun decorou o bolo pra você trazer pra mim? 

Chanyeol pegou dois pratos e serviu os pedaços de bolo em cada um. 

— Kae Sohyun nem sonha que eu estou aqui almoçando com você. — Ele se sentou ao lado de Baekhyun e colocou um dos pratos na frente dele. — Ela decorou o bolo sem saber que eu ia vir aqui, e eu fiz o almoço escondido depois que ela saiu. 

Baekhyun gargalhou, soltando Solar para pegar o garfo. 

— Você está tendo um caso comigo? Por que tem que esconder da sua noiva que veio almoçar aqui? 

— Sohyun detesta que eu faça qualquer coisa sem ela, que dirá com outra pessoa. — Chanyeol mordeu o primeiro pedaço do bolo. — Eu prefiro não despertar a ira da fera contando que vim aqui. 

Baekhyun assentiu. Se sentia minimamente bem sabendo que Sohyun não podia controlar Chanyeol. E, por mais que ela tentasse impedi-lo de ir até Baekhyun, eles continuavam se encontrando. Isso fazia Baekhyun se sentir melhor. 

Ele pegou um pedaço do bolo, mas ao invés de comer, cheirou a sobremesa. Fungou alto, chamando a atenção de Chanyeol. 

— Por que você está cheirando o bolo? — perguntou ele. Baekhyun mordeu o pedaço. 

— Você vive dizendo que o perfume que eu uso tem cheiro de cobertura de bolo. Queria saber se é verdade. 

— Você tem cheiro de cobertura de bolo. — Chanyeol se inclinou para perto, ficando a poucos centímetros de Baekhyun. — Está com cheiro de cobertura de bolo agora mesmo. 

— É o perfume de Jinhee, ela não usa mais então eu uso. — Baekhyun desviou o olhar para as flores sobre a mesa. — Então, vai me explicar o motivo das flores? 

— Ah, vou. — Chanyeol largou o garfo e se levantou. — Onde está o medalhão? 

— Aqui. — Baekhyun tirou o embrulho do bolso e entregou a ele. 

— Você viu? 

— Sim, mas não consegui abrir. 

Mais uma vez, Baekhyun ficou maravilhado com a beleza do colar quando Chanyeol o tirou do pacote. Nas mãos do Park, cada centímetro parecia ter muito mais brilho. 

— Tudo bem. — Chanyeol se ajoelhou no chão ao lado de Baekhyun. — Aqui atrás está escrito "A flor que mora no centro do meu jardim." — Ele abriu o medalhão com facilidade. Ali dentro, levemente amassada, estava uma pétala cor-de-rosa, idêntica às das flores no buquê. — A tradição do medalhão é que se deve colocar uma pétala da flor que lembre a pessoa presenteada e junto do medalhão se dá um buquê das mesmas flores. 

— Pode colocar em mim? — Baekhyun pediu. Chanyeol assentiu e passou para trás dele. 

Baekhyun sentiu a corrente gelada tocar a pele descoberta do pescoço e o peso do pingente assim que Chanyeol terminou de fechar. Tocou o medalhão e olhou para as flores sobre a mesa. 

— O que significa? — perguntou olhando para o maior. — O que significa a frase atrás dele? 

— Hum, acho que não posso te contar ainda. — Chanyeol se sentou e voltou a comer o bolo. 

— Ah, agora que jogou o mistério no ar, vai ter que me contar. 

— Eu conto depois que me mostrar o que escreveu. 

Baekhyun estreitou os olhos. 

— Está tentando me zoar? 

— Não, eu vou contar, juro, mas primeiro quero ler. 

E foi com um aperto no coração que Baekhyun se levantou e foi até o quarto. Pegou os quatro textos dispostos sobre a cômoda, mas não teve coragem de voltar. Ficou encarando o papel em mãos. Pensou na agonia que ia sentir ao ver os olhos de Chanyeol viajarem pelas linhas, todos os pensamentos que tivera naquelas semanas expostos para ele ver. Entregar os textos seria como abrir a própria cabeça para Chanyeol olhar dentro.

Então Baekhyun decidiu que não poderia fazer aquilo. Olhou em volta, pensando em onde poderia jogar os papéis antes que o Park os lesse. Estava quase indo até à janela quando se lembrou do novo peso que carregava no pescoço. Pensou no que o medalhão significava e que nunca saberia se não entregasse aqueles textos a Chanyeol. Era quase uma tortura. O que ele faria? Poderia se corroer de curiosidade ou ir até a China perguntar a alguém o que diabos aquilo significava. 

Ou... Ele podia simplesmente deixá-lo ler. 

Não importava, na verdade, porque ele não ia ficar debatendo a dúvida ali sozinho, não mesmo. Com um único gole de coragem, saiu do quarto com os papéis em mãos. 

Chanyeol estava com uma das flores em mãos, sentado do mesmo jeito, mas com um sorriso sugestivo. 

— Você estava quase desistindo de me mostrar, não estava? 

— Foi uma batalha intensa, mas minha curiosidade venceu. — Baekhyun jogou os papéis na mesa e deitou a cabeça ali, o rosto escondido nas mãos. — Vai logo, antes que eu queime esses papéis e me jogue no fogo depois. 

— Eu não. Qual seria a graça? Você que vai ler. 

Baekhyun levantou a cabeça de uma só vez. 

— O quê? 

Chanyeol entregou os papéis para ele. 

— Vai ler pra mim, agora. 

— Há! Nem por um milhão de gatos eu vou ler isso. 

— Ah, Baek, eu quero ouvir você lendo. 

Baekhyun já conseguia sentir o suor de formando na testa, o estômago embrulhando. Olhou para o prato de bolo, pensando em como conseguiria comer se estava até com dor de tanto nervoso, mas percebeu que o prato estava vazio. 

— Chanyeol, você comeu meu bolo! — acusou ele. Chanyeol soltou uma risada, e Baekhyun deu um soco no braço dele. — Seu idiota! 

— Vai, lê pra mim, só um deles — pediu o Park mais uma vez. 

— Não vou, eu não quero nem que você leia, como vou ler eu mesmo? 

— Se não ler, nunca vai saber o que o medalhão significa. 

E, mais uma vez, a curiosidade de Baekhyun se tornou maior que a teimosia ou a vergonha. Ele começou a considerar a ideia. 

Chanyeol estava sério, segurando os papéis. Ele se inclinou e colocou a palma da mão sobre a testa de Baekhyun. 

— Você está pálido e suando frio — comentou. Baekhyun o afastou com um tapa. 

— Deixa eu me concentrar, ou não vou ler nada. 

Chanyeol recolheu a mão e ficou esperando. 

Baekhyun fechou os olhos e respirou fundo. Teria que ler para saber o significado do medalhão. Tentou pensar pelo lado bom da coisa. Pelo menos, ele poderia ler e dar a entonação certa em cada palavra, bem do jeito que havia imaginado quando escreveu. Poderia fazer as pausas e as vírgulas e tornar a tinta fresca outra vez com a própria voz. 

Que mal faria, afinal? Já tinha escrito tudo, de qualquer forma. E daí se seria ele a ler? 

Pegou os papéis da mão de Chanyeol. Sentiu aquele gole de coragem fazer efeito outra vez e a determinação escorrer pelos olhos. O apartamento estava em total silêncio, exceto pelo som do vento entrando pelas janelas. Nem as gatas estavam miando, deitadas embaixo da mesa. 

Baekhyun separou o primeiro texto. Tossiu levemente, preparando a voz. 

— Você me pediu para escrever algo que eu sentisse sobre as suas quatro coisas favoritas — começou ele. Chanyeol assentiu. — Você me disse que gosta de aves, madrugadas, calor e da cor vermelha. Tentei encontrar um meio de relacionar esses quatro gostos, mas não consegui, então preferi falar sobre eles separadamente. 

Baekhyun, naquele momento, não sentia medo algum, porque Chanyeol estava transmitindo a segurança que precisava. Sabia que ele seria sincero e que jamais iria ridicularizar qualquer coisa que ele dissesse. 

Ali estava a diferença que Baekhyun tanto temia e o motivo para preferir a escrita. Quando ditas, as palavras pareciam muito mais pesadas do que quando estavam no papel.  Baekhyun acreditava que as palavras eram a cura, eram o sentido de tudo que existia, eram tudo. As palavras construíam o mundo onde ele queria viver. 

Mas, ao mesmo tempo, ele sabia que a língua era como uma âncora. As coisas que dizia, as palavras que saíam de sua boca, eram elas que o condenavam, que o atormentavam. As palavras ditas eram os fantasmas do passado, o monstro embaixo da cama que ele tinha que alimentar diariamente. As coisas que dizia eram seus maiores arrependimentos, até porque, depois de ditas, as palavras não desaparecem mais, se tornam eternas e inescapáveis. O fato de que Baekhyun estava disposto a ler em voz alta aquelas palavras, e que cruzaria o limite por Chanyeol, só provava como confiava nele. Porque só eles estavam ali e aquelas frases estariam marcadas apenas nos dois. Seriam eles os portadores da eternidade do que Baekhyun ia dizer. Começaria nele, e em Chanyeol se encerraria. Para sempre, as palavras fariam morada nos dois. 

Para enfatizar isso, escolheu o texto sobre madrugadas, porque nele falava sobre a relação dele com as palavras. Respirou fundo, e começou a ler: 

— Madrugadas. As madrugadas são, provavelmente, o momento mais criativo do meu dia. Por serem silenciosas, são nas madrugadas que eu costumo abrir minha mente e permitir que minhas mãos traduzam os pensamentos em palavras. Foi em uma madrugada que eu escrevi isso. 

“As madrugadas trazem o silêncio, e nele eu costumo viver. O silêncio de vidro onde eu posso escrever as coisas que penso. Desde sempre, as palavras são o meu lar. Elas são o que há de mais importante no meu mundo porque são a única coisa que pode ser tudo e nada ao mesmo tempo. Tudo o que existe de mais verdadeiro mora nas palavras. Elas são o motivo, o sentido, o início, o final, o caminho. Podem ser qualquer coisa que quiserem. Podem ser o mal e podem ser o bem, depende apenas de como são usadas. 

É sempre de madrugada que eu escrevo e escrever é o único meio em que posso usar as palavras e me sentir seguro. Porque as palavras que são ditas não têm volta, são perigosas. Falar me assusta, muito, e usar as palavras através da minha voz sempre me assusta. Mas escrever não me assusta. E eu só posso ser sincero de verdade quando estou no silêncio de uma madrugada. 

Muitas palavras moram nas madrugadas e, geralmente, são usadas para descrevê-las. São coisas como depressão, desespero, amargura, entorpecimento, fome, tormenta, sono. 

Mas as madrugadas não são só o lar do que é ruim. São também a morada do silêncio, da saudade, da sabedoria. Toda madrugada é marcada pelas milhares de palavras não ditas, e que em muitos casos, salvam a pele de quem não as disse, mas só se percebe isso quando elas chegam. 

Madrugada não é solidão, é solitude. Sabe a diferença entre as duas? Sim, você sabe. Sabe a definição de ambas, conhece profundamente o que cada uma significa. Sei disso, porque todo ser humano sabe a diferença entre elas, mesmo sem saber que sabe. E você sabe também por mais que nunca tenha percebido. 

Há uma lista de coisas que todo mundo sabe, mesmo sem nunca ter aprendido o que é. São as partes que formam a nossa essência, e são impossíveis de esquecer ou desconhecer. 

Sabemos o que é bom e o que é mau. O que é verdade e o que é mentira. O que é seguro e o que é incerto. Todos sabemos o significado de certo e errado, e o significado de liberdade. Nada disso jamais foi explicado a nós e nunca foi preciso, porque essas coisas não podem ser tiradas de dentro de quem somos. E não importa se sua madrugada é de solidão ou de solitude, se ela é silenciosa ou não. Ainda é nessa hora do dia que tudo se separa e entra em harmonia, é quando os planetas se alinham e todos passamos a fazer parte de uma única resolução. 

Tudo se explica na madrugada, quando se está sozinho e dá pra ver, escrito no teto sem luz, que as atitudes que tomamos foram as certas. As palavras ditas estavam certas. Tudo o que se fez foi certo. Porque não tem volta e o imutável está finalizado e é correto. Sabemos disso, mesmo sem saber. 

O que nós não sabemos, de verdade, mas que se revela depois do relógio bater meia-noite, é que tudo é completamente relativo. Assim como a madrugada que traz agonia e arrependimento, mas também traz alívio e autoconhecimento, tudo tem dois lados. Nada se pode afirmar, nada se mantém, nada é inquestionável. E o passado imutável que hoje parece errado, amanhã se mostrará certo. Mesmo entre as coisas que sabemos sem precisar de explicação, existe o outro lado. 

Minhas madrugadas já foram solitárias, mas hoje, são horas de solitude, onde me encontro na segurança da caneta, do papel e das palavras. Essas palavras nunca vão me ferir, porque o que se diz é eterno, o que se escreve é infinito. Sabemos a diferença entre os dois mesmo sem saber. O eterno e o infinito são paralelos, incompletos, são os dois olhos de uma mesma face.

A solidão eterna, a solitude infinita, a madrugada entre elas, separando quem somos do que sabemos, e o que é real ou não. O chão onde se constrói o lar, o imutável, o irreal, o caminho e o final." 

Um silêncio se instalou no apartamento. Baekhyun não ousou erguer os olhos do papel, apesar de ter terminado. Continuou a ler e reler as palavras dentro da própria mente. Não diria nada até que o silêncio fosse quebrado. 

E foi Luna que emitiu o primeiro som, um miado baixo e distraído enquanto andava pela cozinha. Depois daquilo, foi como se Chanyeol despertasse. 

Primeiro, ele soltou um som engraçado, quase como uma tossida. Baekhyun espiou por cima do papel e no rosto dele viu nada além de surpresa e encantamento estampado. 

— Baekhyun, isso é incrível. — Chanyeol estava maravilhado. Ele levantou e pegou o papel das mãos de Baekhyun com delicadeza. Passou os olhos pelas linhas, do jeitinho que o Byun imaginou que ele faria. Estava sorrindo abertamente quando os olhos dos dois se encontraram outra vez. 

— Acha que ficou bom? 

— Bom? Bom seria olhar pra você pelo resto do dia. Isso aqui está mais que bom, está perfeito. Meu amigo, você tem um dom extraordinário. 

— Você não vai querer que eu leia os outros, né? Você pediu um só. Minha pressão quase caiu de nervoso. 

Chanyeol negou com a cabeça, deixando os papéis sobre a mesa. 

— Eu queria te ouvir ler todos, mas vou cumprir a promessa.

— Obrigado, eu estava quase tendo um ataque. — Baekhyun também se sentou. 

— Qual a diferença entre solidão e solitude, afinal de contas? 

— A diferença é que a solidão dói e nós não escolhemos senti-la. Mas a solitude é quando estamos confortáveis sozinhos, é o tempo que aproveitamos na nossa própria companhia e escolhemos apreciar. 

— Tem razão, eu sabia a diferença, só não tinha descoberto isso ainda. — Chanyeol sorriu, exultante. — Você é um gênio. Não acredito que estava dormindo na sua habilidade todo esse tempo. Tinha um gênio bem debaixo do meu nariz e eu não sabia. 

— Para, vai me matar de vergonha. — Baekhyun escondeu o rosto nas mãos. — Agora que já li um dos textos, você já pode me explicar o medalhão. 

A expressão de Chanyeol não demonstrou hesitação. Ele pegou uma das flores da mesa e cheirou as pétalas.

— Sabe por que eu pedi que escrevesse esses textos? — perguntou sem tirar os olhos da flor. 

— Por que queria me distrair de uma possível crise nervosa enquanto você estivesse fora? — adivinhou Baekhyun. Chanyeol pareceu um pouco surpreso com a sugestão. 

— É, em partes. Mas eu também queria testar você. Testando você, eu poderia testar a mim mesmo. 

— Como assim? 

Chanyeol se aproximou de Baekhyun, se inclinando na cadeira. Pegou o medalhão e o ergueu na linha de visão dos dois. 

— A tradição desse colar é séria. Quando eu fui até a tenda e a mulher me explicou, ela também me deu o medalhão de presente. Me pediu para dar ele a alguém que realmente valesse a pena. 

— Então você estava testando pra ver se era eu?

— Eu sempre soube que era você, a questão é que eu não sabia se eu tinha coragem de tornar essa tradição uma realidade. E, depois de ouvir o que escreveu, tenho certeza suficiente para saber não que você é a pessoa que vale a pena, mas que eu tenho coragem de lidar com a realidade da decisão de te dar o medalhão. 

Com os olhos semicerrados, Baekhyun se afastou. 

— Então tá. Isso está começando a me assustar, esse papo de medalhão, tradição e lidar com decisões. Ontem você disse que era só um medalhão. 

— Eu menti. — Chanyeol não demonstrou o mínimo de arrependimento. — Esse medalhão é importante, tem um significado sim. 

— E o que é? 

Chanyeol se inclinou e pegou o pingente dourado.

— Está escrito "A flor que mora no centro do meu jardim". Significa que eu, dono do jardim, pertenço à flor que mora dentro de quem eu sou. 

Em silêncio, Baekhyun franziu as sobrancelhas e apontou para as flores sobre a mesa. 

— Que é uma flor de cerejeira? 

— Exato — assentiu Chanyeol. 

Baekhyun ficou em silêncio, olhando para o medalhão. 

— Acho que não entendi. 

— Estou quase retirando o que disse sobre você ser um gênio — disse Chanyeol. Baekhyun estreitou os olhos, fingindo irritação. — Calma, é brincadeira, eu vou explicar. 

O Park se levantou da cadeira. Pegou uma flor sobre a mesa e se ajoelhou na frente de Baekhyun. 

— Conhecer você me mudou muito — disse Chanyeol, segurando a flor acima dos joelhos de Baekhyun. — A flor de cerejeira me lembrou você, por isso coloquei a pétala dentro do medalhão. Não é uma flor de cerejeira que está no centro do meu jardim, é você. Você está no centro de quem eu sou e a tradição diz que esse meu jardim pertence a você.

Uma risada nervosa e tímida irrompeu de Baekhyun. Ele não sabia muito bem como reagir à sinceridade de Chanyeol. O primeiro instinto dele foi achar graça, porque pensar demais no que Chanyeol estava dizendo traria sentimentos arriscados ao coração de Baekhyun.

— Para com isso. Como consegue dizer essas coisas? Vai me matar de vergonha! 

— É a verdade — riu Chanyeol, os cotovelos apoiados nos joelhos de Baekhyun. 

— Chanyeol... 

Ele abaixou os olhos para a flor de cerejeira e sorriu levemente. 

— Por que você faz essas coisas? Quer me matar do coração? 

— Faço porque você merece e porque fica todo vermelho de vergonha. 

Baekhyun sorriu outra vez. 

— Chanyeol, você diz que eu sou a flor no centro do seu jardim, sendo que foi você quem fez nascer esperança dentro de mim. Tem noção de que você é incrível? Eu estava perdido antes de você. Nem sei se ia estar aqui se não tivesse aparecido. 

— Eu fiquei com medo de não te encontrar quando voltasse — contou Chanyeol, girando a flor entre os dedos. — Tive medo de que não estivesse mais aqui.

Baekhyun usou as duas mãos para segurar o rosto de Chanyeol. Abriu um sorriso brilhante. 

— Não precisa se preocupar. Sempre que me procurar, vai me encontrar bem aqui. 

Chanyeol balançou a cabeça, rindo baixo. Baekhyun não sabia ler a expressão que ele tinha no rosto, mas apreciava aquele sorriso mais do que tudo, porque tudo se alinhava quando via Chanyeol sorrindo para ele. Era a harmonia que tinha descrito no texto, toda exposta no Park.

— Se eu ficar louco, a culpa vai ser sua — avisou Chanyeol. 

— Sai pra lá. — Baekhyun empurrou Chanyeol de lado e se levantou para pegar os pratos de bolo na mesa. Levou para a pia e começou a lavar, ouvindo quando o Park foi até a sala. 

Quando terminou a louça e foi para a sala, Baekhyun encontrou Chanyeol deitado no chão, brincando com Solar. A gata subia no peito dele e batia as patas na franja castanha, tentando morder os dedos dele. 

— Chanyeol — ele chamou, indo até à TV. Ligou e mudou de canal. Ouviu um resmungo de resposta. — Futebol ou luta? 

— O quê? — Chanyeol perguntou, ainda deitado. 

Baekhyun foi puxando os fios do controle e ligou o videogame. 

— Futebol ou luta? 

— Eu tenho que escolher? 

— Fala logo. 

— Futebol. — Chanyeol sentou e se arrastou até mais perto. — Não acredito que você tem videogame. Achei que passasse as tardes dormindo e cochilando na banheira, não fazendo algo legal.

— Eu passo as tardes dormindo e cochilando na banheira, mas eventualmente preciso jogar para me distrair. — Baekhyun jogou um dos controles para Chanyeol e se sentou ao lado dele no chão. — Eu sou o Barcelona. 

— Que Barcelona? Eu sou o Barcelona! 

— Ah, sai daqui. — Baekhyun o empurrou e sorriu enquanto escolhia o time.

Chanyeol de repente ficou animado.

— Cancela o Barcelona. Eu sou a Alemanha. Tenho o melhor goleiro.

Baekhyun revirou os olhos.

— Eu tenho o melhor jogador do mundo. 

— E daí? Eu vou ganhar mesmo. 

E logo os dois estavam vidrados na tela, jogando, discutindo e brincando. 

Baekhyun percebeu, enquanto fazia inúmeros gols no jogo, que ele e Chanyeol eram de certa forma imprevisíveis. Estavam trocando presentes e palavras na cozinha, mas logo depois estavam gritando insultos e gargalhando enquanto jogavam videogame.

Exatamente como o clima, que uma hora era chuva e na outra era sol, Chanyeol e Baekhyun mudavam de estado a cada instante, maleáveis, intensos, cada qual com seu infinito eterno, se juntando para tornar o impossível real.

Baekhyun era a flor de cerejeira no centro do jardim de Chanyeol, e o Park era a madrugada do Byun. Estavam, sem perceber, se completando. Baekhyun relâmpago, Chanyeol trovão, uma infinidade de tons de cinza entre eles e a liberdade.

 



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