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História Viajante - Cara a cara com o inimigo.


Escrita por: SaphirePrince

Notas do Autor


Perdoem os erros e boa leitura.


Lumos!

Capítulo 12 - Cara a cara com o inimigo.


- Milorde!

 

Esforcei-me para manter a passividade diante daquela cena. A palavra pronunciada com tanta facilidade, com tanta propriedade caiu sobre mim como uma bomba, mas não era hora de ser impulsivo, principalmente estando cercado pelos mais fieis seguidores de Tom.

Estava decepcionado. Não com Severus, é claro. Aos 17 anos tudo o que ele conhecia era a dor, o desprezo e as promessas vazias de um futuro cheio de glória. A minha decepção era comigo mesmo por acreditar que o pouco que eu tinha interferido ou feito ajudaria em alguma coisa, para no fim ver tudo seguir o mesmo rumo.

- É muito bom revê-lo, meu jovem. – minha divagação foi interrompida por Tom. – Confesso estar desapontado por não vê-lo em nenhuma de nossas reuniões.

- É difícil encontrar tempo, Milorde! – Severus respondeu humildemente, para o meu desespero.

- Você é um aluno brilhante, imagino que as atividades escolares tomem muito do seu tempo. Mas espero que aproveite as novas oportunidades que surgirão. – aparentemente aquele assunto se encerrou ali, e tom logo lançou outro olhar na minha direção. – E seu encantador par?

- Este, meu Senhor, é Harrison Seeley! – havia algo de orgulho e carinho em sua voz, mas quase não tive tempo de registrar isso. Voldemort estava agora parado exatamente na minha frente, com os olhos vermelhos fixos nos meus, analisando-me.

Era tão estranho vê-lo tão...normal. Apesar dos olhos vermelhos, todo o resto dele não lembrava em nada o Voldemort que eu conhecia. Não havia a pele doentiamente pálida, os dentes pontiagudos, nem o nariz ofídico. Sua pele tinha uma cor saudável, o nariz era bem feito, levemente arrebitado, os dentes eram perfeitos, o cabelo negro era milimetricamente bem cortado e impecavelmente penteado. E contrariando toda a sua maldade, ele sorria abertamente para todos. Não era a atoa que ele conseguia reunir tanta gente importante ao seu redor, era muito carismático. Se não o conhecesse de outros carnavais jamais poderia dizer que se tratava de um psicopata, um assassino em série.

Enquanto ele me encarava senti sua invasão na minha mente e várias lembranças passarem diante de meus olhos. Não sei se foi o susto ou o medo da minha condição de viajante ser descoberto que me fez ocluir a mente, mas foi extremamente satisfatório ver a confusão no olhar de Tom. Tudo o que ele conseguiu ver foram algumas lembranças relacionadas ao armário debaixo das escadas para logo em seguida assistir a lembrança de uma aula extremamente chata de história da magia. Sua expressão confusa não durou mais do que dois segundos, mas não deixou de ser satisfatório por isso.

- Oh, sim! O novo aluno de Hogwarts, transferido de Ilvermorny, certo? – assenti. – É um prazer conhece-lo, principalmente após ouvir maravilhas ao seu respeito. – ele estendeu a mão para cumprimentar-me. O anel dos Gaunt estava lá, em todo o seu esplendor, carregando um pedaço de sua alma e não havia nada que eu pudesse fazer no momento.

Quer dizer, até havia. Continuar com aquela encenação.

- Bem, se foi Lucius Malfoy quem lhe contou sobre mim, duvido muito que tenha ouvido maravilhas ao meu respeito. – gracejei enquanto apertava a mão estendida. Praticamente todos que estavam naquela festa já tinham entendido que eu e o herdeiro Malfoy apenas nos aturávamos.

- Acredito que o jovem senhor Malfoy jamais ficará contente o suficiente com qualquer pessoa que se aproxime do jovem Snape. Algo sobre ele ser extremamente possessivo com o que considera sua propriedade. – dizer que não gostei desse comentário seria um eufemismo, mas fiz meu melhor para me manter impassível. – De qualquer maneira minhas fontes são outras, bem imprecisas devo mencionar, afinal não me disseram que eras detentor de tamanha beleza.

Certo, isso foi inesperado, para não dizer bizarro. O homem estava flertando descaradamente, pelo amor de Merlin! Pelo menos isso serviu para fazer Severus sair daquela maldita subserviência e reagir. Visivelmente incomodado, ele soltou sua mão da minha e a colocou possessivamente sobre a minha cintura e me puxou para perto em uma demonstração de ciúmes que foi completamente ignorada. Uma parte de mim ficou desapontada por saber que aquilo não era nada mais que uma encenação, mas desviei meu foco disso para ouvir o que tom dizia.

- Alias, não é só beleza que possuis meu caro. Há muito poder fluindo de você. É uma lástima que o menino Snape o tenha encontrado antes de mim. Belo e poderoso como és daria um consorte precioso! Mas...- ele começou a afastar-se.- ...nunca se sabe o que pode acontecer... se me dão licença! – e se foi.

Seu tom de voz não era de ameaça, ele disse tudo isso como se estivesse comentando o tempo lá fora, mas foi o suficiente para fazer um arrepio percorrer minha espinha e meu estômago afundar em temor. Ter vindo a esse lugar foi uma péssima ideia!

- isso foi...estranho! – Severus disse quando Voldemort estava longe o suficiente para não ouvir, o que acabou me irritando.

- Oh! Você acha? Ah, deixe-me dizer que estou muito feliz que finalmente tenha reencontrado sua voz. – devolvi secamente.

- Vejo que estamos sarcásticos. – zombou. – Talvez essa seja nossa deixa.

- Eu agradeceria muito se nós pudéssemos voltar para casa agora mesmo.

- Certo. Vou apenas me despedir de Narcisa e Lucius, tudo bem? – assenti.

Enquanto Severus se afastava para falar com os noivos, eu fiquei esperando, aproveitando para observar ao redor. Encontrei o olhar de Tom pairando sobre mim enquanto ele conversava com um rapaz que não consegui identificar por estar e costas, mas que me parecia estranhamente familiar. O rapaz parecia ser mais novo que Severus, mas sua postura subserviente parecia ser mais grave, como se ele estivesse muito familiarizado com a posição. Provavelmente era um comensal, mas se ele era ou não, eu não tinha ideia, mas algo me dizia que nada de bom sairia daquela conversa. Só esperava estar errado.

 

-----x-----

 

Chegar em casa foi um verdadeiro alívio para mim, mesmo estando enjoado por aparatar. Sem me preocupar em parecer minimamente adequado, atravessei a porta principal chutando os sapatos para longe e me livrando do sherwani em seguida. Severus pareceu chocado por alguns segundos, mas logo me seguiu, no entanto de forma mais contida e organizada.

Aproveitando que ele estava distraído desabotoando a sobrecasaca cinza chumbo que ele escolhera para ocasião – uma escolha muito feliz, diga-se de passagem, tinha ficado muito bem nele – tentei subir sorrateiramente para o quarto. Ir direto para a cama parecia ser uma excelente ideia depois daquela noite. Infelizmente nem todos os presentes pareciam concordar comigo.

- Harry? – a voz de Severus chegou aos meus ouvidos quando eu já estava no meio das escadas. Congelei por alguns segundos, muito tentado a ignorar o seu chamado e seguir em frente, mas não é como se eu pudesse fazer esse tipo de coisa com ele. Derrotado, desci as escadas.

- Sim?

-Você está bem?

- Por que não estaria? – devolvi a pergunta sem conseguir esconder que estava na defensiva.

- Sinceramente eu não sei. Mas sei perfeitamente que esse seu comportamento de repente calado e na defensiva não é o seu normal. O que houve para te deixar assim? Se foi Lucius é só me dizer que eu vou resolver, juro!

Ótimo, agora eu me sentia mal. Enquanto eu pensava em ignorá-lo por estar irritado, ele estava preocupado comigo.

- Não. Lucius é um idiota pomposo, mas ele não me destratou. – disse enquanto tentava tirar o maldito diadema da minha cabeça.

- Espere, deixe-me ajudar com isso. – com todo o cuidado ele começou a afastar os fios que tinham emaranhado no diadema no decorrer da noite. – Me diz o que te incomoda.

- Hummm? – praticamente gemi enquanto as pontas dos dedos longos gentilmente massageavam meu couro cabeludo bem onde o diadema tinha apertado durante toda a noite. Uma risadinha soou atrás de mim e logo me recompus com a certeza de que nunca mais deixaria Lily chegar perto de mim com algo remotamente parecido.

- Pronto! – o diadema foi parar na mesinha de centro e internamente lamentei a perda daquela massagem. – Agora seja gentil e me ajude a tirar isso. – ele apontou para a presilha que mantinham seus cabelos meio presos. – o que te incomoda, Harry?

- Estou preocupado. – respondi lutando com a tal presilha. Quando finalmente consegui tirá-la nos sentamos no sofá, de frente um para o outro.

- Posso saber com o quê?

- Com você! – respondi categoricamente.

- Comigo? Por quê?

- Tenho os meus motivos. - respondi e ele me encarou confuso. - Escuta, vou te fazer uma pergunta e você vai me responder com toda a sinceridade possível, tá bem? – ele acenou afirmativamente. – Aquele homem, o tal Lorde, você vai se aliar a ele?

 - Sinceramente, eu não sei Harry! – claro que eu esperava uma resposta negativa, mas essa não era tão ruim, me dava alguma esperança. – Todas as vezes que eu penso sobre isso acabo em um impasse. Há muito a considerar. Mas porque me perguntas isso?

- Não gostaria que você o fizesse. Aliar-se a ele, quero dizer. Temo que ele não seja confiável.

- Você acabou de conhecê-lo, como pode saber? – questionou.

O que eu deveria dizer? Que sim eu o conhecia? Que minha vida esteve tão interligada a dele que a sobrevivência de um dependia da morte do outro? Que eu era um viajante, filho de Lily Evans e James Potter e que na minha linha do tempo Tom foi responsável pela morte dos dois? Responsável pela morte da única mulher que ele amou durante toda a vida? Ou que no momento em que Severus deixou de ter utilidade Tom o matou sem sequer hesitar? Eu com certeza despejaria tudo isso em cima dele se tivesse absoluta certeza de que isso iria dissuadi-lo da ideia de segui-lo. Mas agora tudo o que eu conseguiria era ser chamado de louco. Severus nunca acreditaria em mim. Eu não acreditaria em mim se estivesse em seu lugar, então engoli tudo o que eu queria dizer. Tudo o que eu poderia fazer era seguira com meu dever e esperar pelo melhor.

- Eu só... Tudo bem, me desculpe. Importo-me com você e não quero que nada ruim aconteça. – disse. - Talvez eu só esteja me preocupando a toa. - tentei amenizar, mesmo sabendo que estava mentindo.

A expressão de Severus suavizou de uma maneira que nunca vi antes. Havia tanto carinho no seu olhar. E era um carinho direcionado a mim, eu percebi. Foi algo que me deixou completamente desestabilizado.

- Aprecio que se importe comigo, Harry. Você não pode imaginar como! – suas mãos seguraram minhas e as levaram até seus lábios. Um beijo suave foi depositado no dorso de cada uma antes de serem abaixadas até seu colo, ainda seguras pelas suas mãos.  Tanta doçura vinda dele era desconcertante, mas não menos bem vinda. – Não posso te dar uma resposta definitiva agora, Harry, mas juro pela minha honra e magia que não vou decidir nada sem pensar bem e conversar com você. Sei que não é o suficiente, mas é o que posso fazer no momento.

- Bem, é alguma coisa. Obrigado!

Ele sorriu e se levantou. Outro beijo foi depositado na minha testa e ele se retirou para o quarto. Enquanto ele subia as escadas cheguei a conclusão de que não dava mais para adiar o inevitável. Tão logo chegássemos a Hogwarts, Dumbledore conheceria toda a verdade!


Notas Finais


Nox!


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