História Viciado em você (VKookmin) - Em público, somente estranhos

Se teve uma coisa que eu aprendi durante todo meu tempo de trabalho como na Casa Noturna, foi: "Eu não estou aqui para me apaixonar, estou aqui para acompanhar".

Infelizmente, apesar de ouvir isso todos os dias, só passei a acreditar quando o Jimin não me procurou mais.

Dois meses se passaram e apesar de voltar para a Casa Noturna, deixar outro homem segurar minha mão para dançar era impossível para mim. Inventei fazer qualquer trabalho para não atender um cliente sequer.

Antigamente, eu não era muito procurado pelo fato que eu não tinha experiência nenhuma com dança.

Com todos os defeitos, tudo que eu sei hoje é graças ao Jimin. Ele me ensinou tudo que "sei" e eu simplesmente reproduzia, mas isso era apenas com ele.

— Jeon Jungkook? — A voz de um conhecido me chamou e eu logo reconheci.

Como uma pessoa que estava sonhando e foi tirada de seu sonho repentinamente, eu acordei e deixei meus pensamentos.

— Oi — Dei um sorriso forçado.

— Vai me dizer o que está acontecendo? Você e o Jimin brigaram? — Xu Ma começou — Ele não gosta mais de você?

O Xu Ma foi meu veterano quando entrei na Casa Noturna, ele atua agora como subgerente, mas também tinha seus clientes VIP e sempre os fazia companhia para uma dança.

— Chega! — Bati as mãos na mesa por impulso fazendo um grande estrondo.

Eu podia sentir os demais olhos do Salão voltados para mim, mas eu não ligava.

— Eu sou um dos trabalhadores da Casa Noturna. Não devo me apaixonar! Eu era o passatempo do Jimin, agora que acabou, eu retorno a minha rotina é apenas isso! — De certo modo, o que eu disse era verdade, ao menos queria que fosse.

Mesmo com minha grosseira, os olhos dele mantinham um ar de preocupação.

Ele era um irmão mais velho para mim que sempre iria me proteger, já que era mais maduro e mente aberta que eu quanto ao mundo à fora.

— Teremos novos clientes essa noite. Se voltou mesmo a trabalhar, então retome sua rotina — Foi sua palavra final.

Eu tinha que voltar ao normal. Eu estava pior que cachorro abandonado pelo dono que estava morrendo de amor e saudade.

Eu sabia que ele falou aquilo de propósito. Falou para me "testar" e que serviria mais para mim que pra ele mesmo.

A noite chegou rapidamente quando passamos a arrumar o local. As luzes, mesas, bebidas, estavam todas prontas. Só faltava a gente se arrumar.

Fui para o meu quarto nos fundos, tomei um banho e vesti uma calça colada com uma camiseta da Kings.

Pouco a pouco os clientes chegaram e logo tudo estava lotado.

— Hora de trabalhar! — Xu Ma disse dando dois tapinhas no meu ombro.

Forcei um sorriso, mas na verdade estava mais nervoso do que a primeira vez que vim aqui.

Acho que fiquei tão preso ao Jimin que eu realmente queria "só" ele.

— Bem Vindo! — Falei sorrindo para um dos clientes que entrou desacompanhado.

— Oi — Ele me olhou de baixo  pra cima, parecia analisar se era comigo que gostaria de ser acompanhado. 

Mesmo que fizesse um tempo desde que eu não passava pelo estabelecimento, eu sabia que ele era novato porque conhecia cada um dos nossos clientes.

Ele tinha um olhar mais escuro, sorriso encantador e uma ótima saúde física, mas eu não parecia ser seu tipo.

— Já encontrou alguém que goste? — Perguntei olhando para o salão, estava torcendo pra que ele encontrasse alguém mais interessante que eu.

— Gostei de você — Olhei para cara dele surpreso — Meu nome é Fu Gung, muito prazer.

Ele estendeu sua mão e eu a apertei, folguei o aperto em seguida, só que ele não soltou mais.

— Onde vamos? — Perguntou com seus olhos caçando uma mesa vazia.

Com um movimento discreto e delicado larguei sua mão.

— Por aqui — Falei o guiando.

Nos sentamos em uma mesa no meio do salão já que estava tudo lotado. Como sempre tive uma boa visão e consegui enxergar algumas mesas vazias no meio do tumulto.

Fu Gung preferiu que eu não chamasse outros meninos. Era mais tímido, também, era a primeira vez dele na casa e por algum motivo, eu sentia que ele sabia que eu estava tão desconfortável quanto ele.

Em compensação consegui fazer com que ele bebesse bastante, então era ótimo lucro para mim.

— Está aqui todos os dias? — Perguntou enquanto bebia uma das nossas bebidas mais caras, nosso Drink Night, era uma bebida da casa com uma mistura peculiar de bebidas quentes.

— Sim. Estarei aqui frequentemente — Falei o acompanhando em um dos copos, se havia algo que meu gerente me ensinou, foi beber com educação e sempre acompanhar nosso cliente, isso o estimulava a beber mais, só que eu não era fã de bebidas alcoólicas.

Não seria muito educado da minha parte deixar que ele bebesse sozinho e com certeza não teria bons lucros se fizesse isso, mas havia um problema: minha tolerância ao álcool era baixíssima.

— Nesse caso é novo aqui? Um amigo meu me recomendou esse lugar, outro dia ele me apresentou alguns rapazes fora do horário de trabalho, mas não me lembro de você — Diferente de mim, Fu Gung parecia beber prazerosamente e estava longe de ficar bêbado.

— Passei uma temporada trabalhando para uma pessoa específica, mas quem seria seu amigo? — Perguntei simplista, evitava beber mais o máximo que podia, então passei a bebericar invés de tomar goles normais.

Ele olhou para seu relógio e logo depois para a entrada da boate. Segui seu olhar e não consegui esconder minha expressão de surpresa com o que vi — mesmo sabendo que Fu Gung me observava.

O Jimin adentrou a Casa Noturna e logo três de nossos funcionários o acompanharam.

Meus olhos não conseguiam desgrudar dele. Ele, calmamente, caminhou até a mesa onde estávamos e eu continuava sem reação.

— Pelo jeito já está se sentindo em casa — Jimin cumprimentou seu suposto "amigo".

— Digamos que uma pessoa que faz com que nos sentimos confortável faz muita diferença — Meu cliente lhe respondeu — Esse é o…

— Já nos conhecemos — O cortei, sem desviar os olhos do Jimin.

Fu Gung olhou para mim e depois para o Jimin.

— Se conhecessem? — Repetiu surpreso, talvez ele achasse que como eu não frequentava muito, as chances de  que nos conhecêssemos fossem mínimas.

— Eu costumo frequentar aqui, mas não acho que me ver fora daqui nos torna "conhecidos" — A frase do Jimin continha um sentido oculto, mas não precisei parar para pensar muito nela pra entender.

Eu sabia muito bem o que ele queria dizer. Como meus "serviços" não estavam mais à sua disposição, nós não tínhamos mais laço nenhum.

O que tivemos fora da Casa não queria dizer que a gente tinha alguma coisa e como um bom contrato, eu não deveria contar o que aconteceu no lado de fora entre a gente.

Ele iria me ignorar. Fingir que nada aconteceu. Fingir que aquilo tudo que passamos juntos "era" nada.

— Se me der licença, eu tenho uma noite para curtir, aproveite seu garoto — Jimin falou e beijou um dos meninos que estavam com eles o arrastando logo em seguida para as escadaa.

Ele me deu um último olhar em tom de provocação e então saiu. Cerrei meus punhos tentando conter meu ciúmes e minha raiva.

— Por acaso você e o Jimin… — Eu sabia o que ele perguntaria.

— Vamos subir? — Ignorei seu comentário e sorri, novamente estava sendo impulsivo.

— E você subiria? — Ele jogou a pergunta de volta, naquele momento tive certeza de que ele sabia que eu estava nervoso.

— Eu quero, você não? — Ergui uma mão.

Ele olhou para meu rosto, como não mudei de ideia, ele segurou minha mão e me seguiu.

Se o Jimin podia fingir que não me conhecia, eu devia fazer o mesmo. Se ele achava que eu ia parar somente porque dele, estava enganado.

Ele queria mostrar que eu realmente não conseguiria ficar sem ele, mas o mundo não girava ao seu redor. Se ele iria fazer o que quisesse sem mim, eu também podia fazer o que eu quisesse sem ele.