História Victorious Defeat - Criança Perdida

Quando a sexta feira caiu,Atsumu prometeu que dessa vez não exitaria em,ter uma conversa menos eufórica—em sua cabeça— com Hinata. Dias antes o ruivo pareceu tão animado quando Atsumu disse que haviam casas sobrando em seu condomínio.

Ele ao menos esperava que sim.

Não queria mentir,saiu tão natural enquanto Shoyo o encarava;Ele gostaria tanto de não ser rendido a aqueles olhos. Porque,parecia que negar algo a ele era o pior crime do mundo.

Fugiu a semana toda de Osamu,ele realmente não queria conversar sobre "o quão idiota você é" com o irmão.

Mas nenhum fugitivo nasceu fugitivo. O gêmeo mais velho o esperou na porta daquela vez.

Atsumu tentou se esconder,até ele ir embora,mas não adiantou de nada,o raposa não moveu um músculo.

Quando o loiro se cansou,foi calmamente,já irritado,até o outro,este que o olhou com aqueles mesmos olhos julgadores.

"Cansou de se esconder?" Osamu não poupou o deboche,enquanto vía o loiro destrancar a porta,a adentrar o local.

Atsumu ao chegar no quarto se enfiou no banheiro,enquanto o outro ficou pela cozinha.

Não fez nada muito demorado para comerem,pos a mesa e esperou pelo irmão. Quando este apareceu na porta,amaldiçoou mentalmente Osamu por ser um bom cozinheiro.

Quando ambos estavam servidos em mesa,Atsumu se preparava para receber vários xingamentos e beliscões.

Ao contrário do que ele pensou,nada veio até o fim da refeição,nada além de perguntas sobre o treino e a convivência semanal com Shoyo.

Atsumu aproveitou a deicha do irmão,para pedir conselho sobre o que deveria fazer sobre,a casa que basicamente prometeu a Hinata.

"Quando nascemos,não tinha nada que nos diferenciasse,mas quando fomos crescendo percebi que,eu com certeza fui o gêmeo que herdou toda a inteligência" Osamu o encarava com uma cara convencida,enquanto o outro batia a testa na mesa. Ele estava perdido.

"Você já falou com o síndico?"

Atsumu apenas negou.

"Então por que diabos esta agindo como se não tivesse uma solução?" Osamu revirou os olhos. Céus por que tinha que ter um irmão tão idiota?

"-E se não tiver?" Atsumu fez um pequeno bico. "Eu disse que com certeza teria,não posso desaponta-lo agora"

Osamu não disse mais nada após aquilo,pegou o celular e discou despreocupadamente o número do síndico,este que não tardou a responder.

Era engraçado a forma como Atsumu o encarou após aquilo.

"Senhor Kahuí boa noite" Osamu esperou que,o outro o saudasse e continuou após um "posso ajudar em algo?Senhor Atsumu precisa de alguma coisa?"

-Bom na verdade ele precisa,um amigo famoso esta procurando uma casa,mas o Senhor sabe como é difícil encontrar lugares para descansar sendo famoso hoje em dia—Osamu fez uma pequena pausa —Enfim Atsumu o recomendou o condomínio,já que baseado em sua vivência é um ótimo lugar,e esta sempre mantendo a confidencialidade e conforto.

Ele sabia como persuadir alguém.

"Oh sim,muito obrigado pela sua confiança Senhor Miya"

Atsumu o olhava esperançoso.

"Temos algumas casas e apartamentos vazios,algumas quadras após a praça" o síndico pareceu pensar,talvez analisando algo.

-Isso é ótimo,será que ele poderia passar por aqui amanhã para dar uma olhada?" Osamu se levantou e deixou os pratos na mesa,Atsumu o seguiu como uma criança perdida.

"Claro,tudo bem as Onze?"

"-Verei com ele e lhe digo o mais rápido possível. Obrigado,tenha uma boa noite" O gêmeo desligou a chamada,e encarou o irmão.

"Você é tão fraco que me contagia a fazer as coisas por você idiota" Osamu parecia perplexo com o quão perdido ele se tornava quando o assunto era Hinata Shoyo.

Atsumu sorriu vitorioso.

-Já que eu fiz isso por você,não quero agradecimentos,vamos conversar. —Atsumu deixou de sorrir no mesmo instante,ele achou ter escapado.

Osamu lavou a louça,enquanto Atsumu se jogou na poltrona.

Quando o outro acabou sentou-se no espaçoso sofá,desligou a TV e encarou o gêmeo. Ele parecia assustador,qualquer um acharia isso,porém Atsumu sabia que era só preocupação.

"Como esta se sentindo?" Osamu buscava hora ou outra os olhos castanhos,que por sua vez,sempre fugiam dos seus. Atsumu nunca havia feito terapia,na verdade,após o abandono paterno,a mãe até tentou levá-los,Osamu era mais comunicativo e aberto com seus sentimentos. Ao contrário de Atsumu,ele nunca falava,não confiava em ninguém além do irmão.

No durou muito suas sessões já que,mesmo após sete meses,ele ainda não falava,apenas ouvia e era coisas que nem faziam muito sentido para ele,não fazia sentido para a Miya continuar o mandando.

O que muitos pais fazem,e esta errado.

Mas estava tudo bem,ele tinha Osamu. Sempre que ele ia para a terapia,falava do irmão,e contava o que ele sentia,então embora não pudesse lidar com a situação como um adulto ou um psicólogo profissional,ele sempre pedia conselhos do que,uma criança poderia dizer para ajudar outra.

Era ele por Atsumu. E nem mesmo quaisquer forças divinas existentes poderiam negar.

Era engraçado que,Atsumu era mais comunicativo com todos quando criança,principalmente com o time de voleibol infantil. Mas quando era sobre seus problemas,ninguém conseguia entrar na sua zona de conforto,ninguém além de Osamu.

-Sei lá —murchou os ombros

-Isso não é o que eu quero ouvir —Osamu encostou as costas no sofá,e cruzou as pernas calmamente. Esperou que o gêmeo dissesse algo,porém ele continuou na mesma.

-Na escola —Ponderou,queria ter certeza de que não diria algo que o deixasse ainda mais na defensiva —Quando eramos mais jovens,você o deixou ir,porque não havia se dado conta do que sentia. —Torceu lentamente cada um dos dedos quando os olhos do loiro caíram sobre si— Esta tendo uma nova oportunidade de ser feliz. Eu sei que tem medo de se machucar de novo,mas Shoyo não é igual o papai.

O Miya mais novo travou o maxilar,seus punhos se apertaram. Ele desviou novamente seus olhos.

-Já se passaram 17 anos.

"Eu não sinto mais falta dele" Atsumu disse calmo,e seco. Ele de fato não sentia,mas carregava as sequelas da partida; Era visível.

-Eu sei. Eu sei que não sente nada por ele,por alguém que nos abandonou,mas você ainda carrega as sequelas. 17 anos carregando um fardo que não deveria; Esta com medo,desde a partida dele,você não se abre,continua fugindo todas as vezes em que uma oportunidade de ser feliz vem até você,porque não quer sair da sua zona de conforto.

"Idai? No que isso te afeta?" Atsumu levantou elevando o tom de voz

-Esta perdendo tudo,você não vê? Tem 26 anos como pode continuar vivendo nessa farsa de que tudo vai ficar bem se não abrir? —Osamu se levantou,agora o encarando de igual pra igual.

"Não acha que já perdeu tempo demais por causa dele?Deixa as coisas rolarem cara" Osamu se aproximou,e forçou seu braço em volta do pescoço do loiro. O encarando na forma mais transparente que ele podia.

"Eu só quero o seu bem,acha que não me afeta te ver fugindo desde criança?Eu to aqui pra te ajudar,e se ele partir seu coração então ele nunca foi um cara que merece você!" Osamu forçava ainda mais suas testas.

"Mas não ache que vai conseguir faze-lo sentir algo,se continuar fugindo dos seus demônios. Você precisa encara-los de verdade,pare de fingir. Você não precisa mais fugir".

Atsumu o abraçou,e chorou feito um bebê depois de muito tempo nos braços do irmão. Estava tudo bem,Osamu jamais o julgaria.

"Eu quero tentar" Atsumu disse entre o choro "Eu quero muito" Ainda nos braços do irmão,agarrava sua blusa como uma criança perdida.

Ele era.