História Vier Monde - Encontros

Talvez Jimin estivesse se saindo melhor do que esperava.

Quer dizer, estavam em um shopping, ele devia no mínimo ficar assustado com tantas pessoas no mesmo lugar. Jimin caminhava um pouco à frente de Jeongguk cumprimentando todos que vinham em sua direção; era como uma garotinha de um vídeo viral que Taehyung havia lhe mostrado dias antes, ela acenava para todos que a olhavam dentro do mercado. As crianças paravam para abraçar o Park e os olhos pequenos estavam sempre lá, sorrindo. A cada minuto que passava Jeon aprendia a gostar mais ainda da personalidade doce e a aparência acalentadora dele. Era como uma exposição de bom humor e alegria.

O alaranjado então parou em frente a uma das tantas vitrines, tomando cuidado com a distância que mantinha do vidro (o qual tornava-se normal lentamente), chamando Jeongguk para perto com uma das mãos. Eles já estavam caminhando pelos corredores extensos tinha algum tempo até que Kook começara a decorar o que agradava os olhos curiosos de Jimin ou não. Mas até então nada de experimentar, apenas olhar e julgar, julgar, julgar...

— Podemos usar as roupas aqui? — Jimin batia a ponta do dedo contra o vidro. — Queria testar aquela ali. Podemos, Kook?

Lá estava ele parecendo uma criança novamente. Jungkook nem ao menos conseguia parar de sorrir.

— Você diz experimentar? Podemos sim. Vamos entrar. — adentrou o ambiente olhando para trás, esperando que ele o seguisse.

Os olhos do Park então brilharam, fazendo Jeongguk rir baixinho. Ele observava toda a variedade de roupas e cores com espanto e ao mesmo tempo fascínio. Mas, sinceramente, não era para menos. Era uma das maiores lojas de roupas de todo o shopping e os preços não estavam absurdos, perfeito.

— Levando em conta o modo como as minhas roupas ficam um pouco maiores em você, só me diga o que você quer experimentar que eu pego o tamanho certo, okay? — fez um sinal com a mão, esperando que ele assentisse.

E assim a pequena aventura daquele dia começou. Jeongguk agradecia por não ser mais um dia monótono em sua vida enquanto Jimin decidia se pegava a camiseta azul ou laranja. Jeon deixava-o escolher sozinho e pegar o máximo que podia, afinal, ainda teria de experimentar tudo. Agradecia por tê-lo explicado sobre espelhos mais cedo. Sorriu para ele que colocava todas as peças dentro de uma grande sacola enquanto tirava o celular do bolso, Jin estava ligando.

— Fala, hyung. — dizia sem tirar os olhos da pequena ninfa.

— Onde você está, Kook? — ele falava como se fosse sua mãe, céus.

— No shopping, trouxe Jimin para comprar umas roupas. — notou a voz alta de Taehyung no fundo, além de muita movimentação. — Onde vocês estão?

Afastou o telefone da orelha assim que Jin passou para o outro Kim, caminhando um pouco atrás de Jimin que ainda escolhia peças para levar até o provador.

— Jeongguk! Ei! — Taehyung apenas parou de gritar quando o amigo deu sinal de vida. — Pode trazer seu filho para nos encontrar na praça de alimentação daqui uma hora? Enquanto isso vamos atrás de um presente.

— Presente?

— Longa história, até depois.

E então ele desligou, fazendo o moreno suspirar alto.

Focou então em Jimin que, finalmente, havia terminado com as escolhas daquela loja. Foram então a caminho do provador, a enorme sacola de Jimin sendo carregada pelos dois até o final do corredor onde existia um pequeno sofá. Jeongguk se sentou, vendo o Park entrar nervoso na pequena cabine, olhando uma última vez para o moreno.

— Não precisa ficar nervoso, Jimin-ah. Lembre de tudo que você aprendeu sobre como se vestir, ok?

[...]

— O... O que você acha desse, Jeongukkie-ah? — ele saiu, escondendo-se atrás dos braços.

Jimin vestia uma camiseta de mangas compridas listrada em preto e branco com um shorts preto e levemente largo. Ele apenas deixou-se sorrir quando Jeongguk estava sorrindo, até mesmo se levantando do pequeno sofá que existia ali.

— Uou. Ficou demais, Jimmi! — sorriu ainda mais, o puxando para perto. — Você gosta mesmo de listras, não é?

— Sim... São legais. — esfregou o indicador na longa linha de listra branca. — Devo experimentar outra?

— Claro. Separe essa para levarmos, ‘tá?

Jimin fez um sinal de ‘ok’, voltando para o provador só saindo quando estava vestindo uma regata azul marinho e uma calça de moletom preta. Deu uma volta de 360 graus na frente do moreno que assentiu rapidamente, batendo palmas com um bico brincalhão nos lábios. O Park começava a então perder a vergonha do rapaz mais alto, chegando a sair saltitante da cabine vestindo uma jaqueta jeans com mangas de moletom e um capuz do mesmo tecido, uma camiseta com um desenho antigo estampado fez Jeongguk sorrir, mandando-o trocar de roupas novamente.

Tudo estava indo bem, Jeon até estranhava a facilidade com que o alaranjando conseguia trocar as vestes, só então percebendo que não haviam chego ainda nas calças apertadas que Jimin até então não havia usado. Quer dizer, Jeongguk possuía dezenas delas, o único problema era que as coxas do Park eram nitidamente maiores que as suas e, por conta disso, não poderia emprestar uma única peça daquela que fosse. O espírito da floresta então apareceu com um moletom vermelho vestido por cima de uma calça jeans de lavagem clara, levemente rasgada na altura dos joelhos e muito larga.

— Acho que errei o seu tamanho de calça. Vem cá. — o alaranjado quase tropeçava nas barras grandes do jeans. Jeongguk verificou a etiqueta. — Vou buscar um tamanho menor, certo? Você gostou desse estilo de calça, Jimin-ah?

— Sim, achei bonito. Mas é normal ter buraco nas roupas? — ele enfiou os dedos nos rasgos, rindo por se lembrar de já ver Taehyung usando uma daquele tipo. — O Tae usa, mas... O Tae não é muito normal, né?!

O moreno riu, empurrando-o para dentro da cabine antes de ir atrás de um número menor daquela mesma calça, pensando se havia pego errado por imaginar que era o número certo ou se havia apenas se confundindo. Voltou ainda pensando nisso quando caminhou lento até o final do corredor de provadores, vendo que o Park ainda estava se trocando.

— Trouxe a sua calça, já tá experimentando outra?

Não recebeu resposta alguma, apenas ouviu grunhidos baixinhos e reclamações, como se Jimin não houvesse nem ao menos escutado sua pergunta.

— Preciso de ajuda, Kook... Eu... Eu não consigo vestir essa aqui. — Jimin quase sussurrava.

Lentamente Jeongguk abriu a porta da pequena cabine que – felizmente – tinha espaço para os dois. Só se amaldiçoava por ter de ajudar Jimin logo daquele jeito.

O alaranjado estava com uma calça jeans preta rasgada nas coxas e joelhos desabotoada enquanto os braços se enroscavam nas mangas compridas da camiseta roxa. Um pedaço do tronco liso e aparentemente macio da ninfa estava a mostra, fazendo Jungkook sem querer perder-se por alguns instantes ali. Mas, bem, ele preferia focar-se ali do que descer mais os olhos e encontrar o que não deveria. Aproximou-se apenas para ajudar o outro a vestir as mangas corretamente, descendo o tecido e, sem querer, roçando os dedos na pele macia do outro. Então prendeu a respiração, abotoando a calça dele com pressa, sorrindo nervoso.

— A... A calça não está te incomodando? — perguntou, puxando o ar com certa força. — Não me lembro de te ver usando roupas apertadas demais, se achar que está desconfortável é só me avisar e-

— Eu gostei, Gukkie. — ele riu pelo nervosismo do mais alto, não sabendo o real motivo daquilo. — Vou experimentar as que sobraram e então podemos ir embora, hm?

Jeongguk assentiu, saindo da cabine e quase caindo sobre o sofá. Seus dedos estavam levemente dormentes e ele não entendia realmente o motivo de ter ficado tão nervoso. Só estava ajudando o alaranjado a se vestir, oras. Não era o fim do mundo, era?

Pelo menos acreditava não ser. Até porque já havia esquecido o assunto segundos depois, quando o Park apareceu vestindo a calça que fora buscar em um tamanho menor. Não era tão justa quanto a preta, mas ficava boa do mesmo jeito. Jimin mostrou também ter uma atração forte por camisetas coloridas com desenhos antigos que ele nem ao menos conhecia. Já havia experimentado uma do Coragem, O Cão Covarde; uma amarela com vários rostos pequenos do Piu Piu; e talvez a preferida do alaranjado: uma camiseta cinza com o Vingador, o vilão de um desenho chamado A Caverna do Dragão. Jeongguk via graça porque ele nem ao menos conhecia, mas havia pego os personagens favoritos do guarda, ou pelo menos os que ele mais ansiava em ver quando os desenhos passavam na televisão.

Foram então pagar, a ninfa observando tudo como se fosse surreal e totalmente do mal. A pequena máquina onde o moreno passara o cartão fazia barulhos que assustavam Jimin de segundo a segundo, ganhando risadas baixas da mulher que os atendia. Ele também soltou um ‘oooh’ quando a nota fiscal surgiu de dentro do pequeno aparelho, fazendo com que dessa vez Jeongguk risse, já caminhando para fora da loja.

— Você quer ir em mais algum lugar? — o guarda checou seu relógio de pulso. — Daqui a pouco temos que encontrar Jin-hyung e o Tae.

— Não... Isso já é o bastante, Kook. — pegou algumas sacolas das mãos alheias. — Você não está cansado? Podemos sentar até eles chegarem.

— Então vamos indo até o lugar que está marcado? — indagou de forma quase retórica, recebendo um aceno positivo acompanhado de um sorriso leve.

Sem pressa e com bastante distrações pelos arredores, os dois acabaram chegando no lugar. Seria normal um lugar como aquele estar cheio ainda mais àquela hora, quando a noite já marcava presença. A dificuldade que acabaram encontrando foi a de acharem alguma mesa vazia dentre tantas outras, porém acabaram obtendo-a em algum tempo. Os dois se sentaram e ajeitaram as sacolas nos pés, tomando cuidado com o lugar que as colocariam.

Os orbes escuros de Jimin ora varriam o lugar e em sua expressão podia-se ver certa ansiedade e felicidade. O Jeon sentiu-se realizado por proporcionar aquele tipo de expressão ao espírito da floresta, seu coração parecia até mesmo não caber dentro de seu peito. Por mais que às vezes seus pensamentos fizessem uma confusão em sua cabeça, via que as coisas com Jimin, apesar de tudo, estavam indo incrivelmente bem.

— Você vem sempre aqui, Jungkookie? — o rapazinho perguntou inocentemente, e a primeira coisa que acabou surgindo na cabeça de Jeongguk foi a cantada indiscutivelmente velha. Achou graça, mas conteve-se, abaixando levemente o rosto.

— Às vezes, Jiminnie. É um lugar legal para sair com os amigos. — respondeu, e assim, embora visse o pequeno sorriso dele, não demorou tanto para que ele fizesse um bico pelo qual achara absurdamente fofo, reclamando que seu estômago roncava. Como o moreno tinha sonhos suspeitos com alguém que fazia manha por estar com fome? — Os garotos estão para chegar, assim nós comemos todos juntos. Você consegue esperar um pouquinho?

— Sim, sim... Eu consigo.

Dessa forma, o mais alto sacou o celular e conferiu as notificações, lendo que Taehyung e Seokjin já estavam quase chegando. Proferiu o mesmo para o alaranjado à sua frente, este cujo começou olhar para os lados, como se os procurassem. Havia perguntado com a inocência que se habituara se eles lhe localizariam naquele meio de gente, e apenas pediu para que não se preocupasse com isso. Logo, em questão de cinco minutos, já pôde-se ouvir a voz característica do ruivo e do loiro nas proximidades. Jeongguk caçou-os e esticou os braços, numa forma de sinalização.

— Jimin-ah! — o ruivo cumprimentou alegre, trazendo Seokjin ao seu lado. Ligeiramente ambos ajeitaram assentos e ficaram próximos aos outros dois. — Como você está bonito assim! Está num encontro com o Jungkookkie? — Foi falando à medida que puxava a cadeira mais para perto da mesa, com um tom malicioso que praticamente apenas o guarda entenderia.

Jeongguk até mesmo olhou com uma cara de pare-de-brincar-assim, mas acabou levando na brincadeira. Ele já estava acostumado com o jeito brincalhão de Kim Taehyung, de qualquer forma.

— Nós estamos em um encontro, Gukie-ah? — ele batia as mãos pequenas contra a mesa, não entendendo a proporção das coisas que Taehyung dizia.

— Ele é tão fofo, céus, eu não aguento! — Seokjin passou os dedos pelos fios alaranjados da ninfa, sorrindo.

— Estamos em um encontro de amigos, Jimmi... — sorriu levemente amarelo, fazendo uma nota mental sobre acabar com a raça do amigo ruivo mais tarde. — Vamos pedir algo para comer?

— Nem adianta você disfarçar, Jeongguk, nem venha. — Taehyung levantou-se, risonho enquanto puxava Jin pelo braço. — Vamos comprar algo para comer, ChimChim, não o deixe sair daqui até te responder o que é um encontro de verdade!

Enquanto o Park inclinava a cabeça para o lado como um cachorrinho perdido, Jungkook ficava com as bochechas totalmente coradas, imaginando onde se esconderia antes de ter que explicar para a ninfa o que um encontro significava.

Mas os minutos passavam, o dono de fios alaranjados via seu amigo de fios vermelhos apontando para si lá de longe enquanto sorria. Sabia que se não pressionasse o guarda florestal ficariam em um silêncio eterno e, bem, queria sim saber o que um encontro significava realmente. Cutucou o moreno nos ombros, vendo ele se afastar para então começar a tocá-lo no rosto, no cabelo, nas orelhas. Jeongguk ria da aproximação do outro, apenas se afastando para segurá-lo pelos pulsos.

— Tudo bem, eu explico! Eu explico! — suspirou fundo, ajeitando-se na cadeira. — Encontro é o que duas pessoas fazem quando querem se conhecer ou quando já se conhecem, mas querem passar mais tempo juntas, entende? Quando duas pessoas namoram e querem apenas sair e aproveitar uma a companhia da outra. E quando é apenas um encontro de amigos eles saem todos juntos, como estamos fazendo hoje, para se divertir e passar o tempo.

Jimin então calou-se, ingerindo as informações que Jeongguk o deu com certa cautela e calma. Gostava de não só parar para pensar no que havia escutado como também analisar e foi isso o que fez, vendo o moreno observando-o e sorrindo meio abobado, talvez com medo do que a cabeça curiosa da ninfa poderia entender do que fora dito.

E como bem temia, lá veio a pergunta que o Jeon não só não queria responder como também não sabia como responder.

— E o que são namorados, Kook?

O moreno então olhou para os lados, infelizmente sabendo que seria impossível fingir que não havia escutado. Levantou a cabeça para Jin que vinha com copos nas mãos, sorridente. Sorriu para ele, fingindo-se de desentendido.

— Oh, Jin-hyung, o que você trouxe para nós? — sorriu amarelo novamente.

— Taehyung inventou de comprar comida apimentada, então como eu fiquei preocupado com o paladar do nosso amiguinho aqui, trouxe água para ele e um suco de frutas vermelhas, tudo bem? — sorriu, colocando os copos na frente do alaranjado. — Espero que você goste de Kimchi, ChimChim.

Ele sorriu, totalmente curioso sobre o que seria aquela comida que só pelo modo como Jin cantarolava e Jeongguk lambia os lábios feito uma criança. Não sabia ao certo o que deveria ser uma comida apimentada, mas pela quantidade de líquidos que o mais velho o trouxe deveria ser algo ruim, ou quente, muito quente.

Ajeitou-se sobre a cadeira enquanto avistava o Kim de fios vermelhos vindo na direção deles, havia até mesmo esquecido de sua pergunta não respondida, mais preocupado com seu estômago que roncava alto.

Enfim sentaram todos, Jin agia como a boa mãe que era para seus amigos, sempre dando uma atenção maior para Jimin que sempre se perdia sobre o que usar para comer, o que deveria comer, o que deveria não comer, o que comeria antes ou depois e qualquer coisa desse gênero. Jeongguk até ficava feliz com a aproximação dos dois, afinal, quanto mais amigos o Park fizesse naquele plano, melhor.

Porém, o melhor de tudo foi quando ele finalmente comeu o repolho apimentado, arregalando os olhos minimamente quando a língua sentiu o sabor quente e muito diferente. Porém, para a alegria de todos, Jimin repetiu, até mesmo deixando os líquidos de lado.

— Será que a língua dele é mais avançada porque ele é mágico? — Taehyung falava entre uma mordida e outra, suspirando para aguentar todo o ardido.

— Tae! Ele não é um alienígena nem nada, céus... — Jin respondeu, revirando os olhos. — O que você achou da comida, Jiminnie?

Jimin sorriu, antes olhando para Jeongguk que sorria de volta, suspirando alto. Os lábios ardiam levemente por culpa de toda aquele molho forte e quente que compunha grande parte do prato tradicional do país.

— Eu gostei, é muito gostoso. — chupou um dos dedos sujos, só então olhando para Taehyung que olhou para Jeongguk. — Como é o nome disso mesmo?

— Tensão sexual. — o ruivo respondeu, recebendo um tapa de Jin. — Digo, Kimchi, Kimchi! O nome é Kimchi.

Jeon escondeu o rosto, comendo por baixo de uma das mãos enquanto imaginava se tinha como ficar tudo pior. Mas felizmente a conversa mudou de rumo, deixando com que comesse em paz. Jimin já suspirava com dificuldade – por culpa da pimenta – sendo que Jin fora buscar mais copos com água para os outros três. Seus lábios já fartos agora estavam intensamente vermelhos e inchados, os dedinhos sendo sugados até que não restasse gosto algum nas pontas. O moreno assistia a cena calado, imaginando se aquele era algum tipo de brincadeira de mal gosto feita por ninguém mais, ninguém menos que Kim Taehyung.

E falando nele, lembrou-se da conversa que tiveram por telefone mais cedo, quando ainda comprava roupas com Jimin. Tomou um gole longo de sua água antes de virar para o amigo, estranhamente calado.

— E qual era o tal presente que vocês estavam comprando? — limpou os lábios em um guardanapo, entregando um para o Park. — É aniversário de alguém?

— Logo vai ser o aniversário de bodas de ouro do Jin-hyung com o Nam e, né, ninguém melhor que eu mesmo pra achar um presente tão bom. — o ruivo deu de ombros, sorridente.

O mais velho entre todos deu um tapa em sua cabeça, rindo enquanto as orelhas tornavam-se vermelhas. Jimin prestava atenção em tudo, totalmente concentrado nas coisas que os três diziam.

— É nosso primeiro aniversário oficial de namoro, Kook... Acabei convidando o Tae para me ajudar. — deu de ombros, erguendo única sacola que tinha. — E vocês, conseguiram comprar muitas roupas para o nosso Chim?

Jeongguk não teve tempo de dizer nada, afinal, o Park rapidamente limpou as mãos com cuidado nos guardanapos, levantando-se para levar suas sacolas até o lado onde Seokjin estava. Abriu uma por uma, mostrando cada peça que havia comprado com toda a atenção do mundo.

Quer dizer, estava animado demais por ter agora suas próprias roupas, principalmente porque eram do jeito que queria e quem havia comprado consigo fora Jungkook. Havia sido um dia muito importante para ele e, do mesmo modo, nem havia acabado ainda.

— São muito lindas mesmo, você tem um gosto e tanto, hein?! — Jin sorriu, afagando novamente os fios ruivos do mais baixo.

— Obrigado... Appa Jin. — disse, sem pensar direito. — Eu não encontrei um apelido melhor que esse para você, tudo bem?

Jin olhou para o amigo moreno, sorrindo acalentado antes de abraçar o corpo da ninfa, deixando um beijo em sua testa.

— Eu odeio quando eles me chamam de pai, mas... Você pode.

[...]

Observava mais algumas vitrines enquanto caminhava ao lado de Jeongguk e Taehyung, enquanto Jin acertava a conta no balcão do restaurante. Estava realmente fascinado com aquele novo lugar, afinal, era sua primeira vez em um shopping e já estava adorando tudo o que olhava, tocava, cheirava e ouvia. Mas estava tão atento a tudo que até mesmo percebeu Hoseok vindo silencioso atrás deles, pegando o dono de fios vermelhos totalmente de surpresa.

— Olha só quem veio no shopping e nem me chamou! — acusou Taehyung, abraçando-o rapidamente. — O que vocês fazem aqui?

— Eu tava ajudando Jin-hyung a comprar um presente de namoro para o Nam, os dois estavam num encontro comprando roupas para o BabyChim. — deu de ombros, dando espaço para que ele andasse ao seu lado.

Jeongguk então procurou pela figura de Jin que agora estava acompanhado de Namjoon, cheios de sorrisos e abraços. Jimin também observava a cena, totalmente curioso. Segurava as sacolas fortemente contra uma das mãos quando até parou de andar, observando o rápido toque de bocas que Namjoon deu no outro. Jin claramente ficou envergonhado, mas, ainda sim, a pequena ninfa não conseguia entender o que aquilo significava.

Entretanto, antes que pudesse pôr sua curiosidade em prática, ouvira dos lábios de Hoseok comentários acompanhados com suspiros expressando o quão o amor era lindo, seguido de risadas. Sua mente de imediato trouxe seus conhecimentos sobre o que era amor, e recordou-se de determinados pontos comentados com Suga. Foi então que focou-se na maneira que Jin fitava Namjoon e, por incrível que pareça, ele conseguiu entender o que o de fios rosados dissera. Havia uma diferença. Havia amor, paixão.

Direcionou seu olhar para o moreno do lado direito, vendo-o distraído demais, resolveu não atormentar-lhe naquela hora que parecia tão absorto em seus pensamentos. Olhou, portanto, para o lado esquerdo, mordendo seus lábios com um pouco de acanhamento atípico em indagar sobre a situação para Taehyung.

— TaeTae... — murmurou, tocando em seu braço, chamando a atenção dele. — O que eles acabaram de fazer? O que significa?

O de cabelos avermelhados precisou de dois segundos para entender sobre o que ele dizia, contudo assim que o fez soltou um riso baixo e breve.

— Aquilo foi um beijo, Jimin. É uma demonstração de amor que acontece entre duas pessoas que se amam. — apesar de saber que não era necessariamente apenas aquele caso, quis dizer assim. Jimin não precisava saber que haviam aqueles que usavam daquilo apenas como uma forma de diversão ou que não possuísse valor algum.

— Hm... — mostrou-se pensativo por alguns instantes. Seria semelhante àqueles toques sutis de outro dia? Ou àqueles sorrisos abertos e bonitos? — Então você e o Hobi fazem isso também? Isso pode acontecer a qualquer momento que quiserem?

— É, acabamos fazendo isso também. — respondeu simplista. — E... Quando tem uma atmosfera agradável, eu acho. Por exemplo, se você está brigado com a pessoa que você gosta, você não vai pensar em beijá-la. — àquela altura, o Jeon já voltara ao mundo que existia, prestando atenção na conversa de ambos. — O beijo também pode acontecer quando se há dúvidas se ama alguém ou não, aliás.

O moreno que ouviu somente a última parte da conversa levantou o olhar para o ruivo, que retribuiu o mesmo. Jungkook que já conhecia Taehyung há um bom tempo sabia que ele estava aprontando, com mil ideias na cabeça, querendo tirar a inocência tremenda tão característica de Park Jimin. O sorriso que ele não conseguia disfarçar explicitava isso. Depois de uma troca de olhares com ele, quem acabou lhe olhando foi o próprio alaranjado. Jeongguk acabou ficando nervoso com a atmosfera que lhes envolveu, não demorando nada para desviar dos orbes dele. Não imaginava o que passava por sua cabeça, mas torceu para que não trouxesse aquele assunto para a casa. Não saberia lidar caso acontecesse.

[…]
 

Assim que a porta se fechou atrás de Jungkook, ele sentiu-se aliviado por finalmente estar pisando no piso de sua casa. Aquele fora um dia bem movimento para alguém que costumava ficar apenas em casa quando não no trabalho — com exceções, claro, de quando saía com os seus amigos. Diferente dele, Jimin aparentava estar disposto àquela hora. Não tanto como era normalmente, mas mais do que o moreno, com certeza. Talvez fosse a animação pelos lugares novos. Em sua mente ainda fixava-se os olhos pretos brilhando por visualizar as ruas lotadas de luzes e pessoas, como se fosse o ser mais maravilhado do mundo inteiro.

Por algum motivo os olhos do menor sempre estavam lhe atraindo de alguma forma. Não havia percebido isso até então.

As sacolas foram deixadas na sala de estar, e mais uma vez o pequeno alaranjado vasculhava uma delas, pegando sua blusa de listras, indagando se poderia usá-la primeiro que as outras. Sem focar-se muito o maior assentiu, encaminhando-se para a cozinha a fim de um pouco de água. Ofereceu ao menor, mas fora rejeitado assim que o fez. O silêncio que aparecia só tinha suas razões fundadas no cansaço, já que estavam bem fora do horário que normalmente chegavam. Havia, sim, se divertido com o pequeno espírito da floresta, porém aquelas sensações eram inevitáveis.

— Jungkookie, eu posso tomar banho primeiro hoje? — surpreendeu-se de leve com a questão, mas embora franzisse o cenho, deixou-o fazer o que quisesse.

Visualizou seu corpo sumir dentre uma das portas e com tal, acabou respirando fundo enquanto jogava-se no sofá. Pegara o controle mas acabara desistindo de ligar a televisão àquela hora, principalmente por estar cansado. Deixou o objeto de lado e se ajeitou no móvel. Sua visão atingiu o teto, e brevemente refletiu se estaria com problemas se Jimin soubesse mais ainda de assuntos amorosos. Não que se incomodasse com isso, porém temia o que poderia ser lhe perguntado por ser o mais próximo dele. Não tinha a mente como a de Taehyung que levava tudo numa completa brincadeira e não se importava em responder o que fosse. Ainda existia certa vergonha, principalmente por se tratar de Jimin, uma ninfa inteiramente imaculada.

Acabou fechando seus olhos com aqueles pensamentos. Será que Jeongguk ainda sentiria os batimentos acelerados quando estivessem bastante próximos novamente? Desde o dia em que Jimin fizera aquela pergunta sobre seu coração, imaginava qualquer coisa que poderia acontecer a partir daquele ponto e em instantes ficava preso em confusão. Nem conseguia aproveitar a presença de Park Jimin direito e já tinha questionamentos na mente.
 

Entretanto, o que Jeongguk não sabia era que Jimin não se encontrava tão diferente assim, no quesito de pensativo. O que conversou com o ruivo pairava em sua cabeça de forma fixa, como se fosse obrigado a se lembrar e possivelmente fazer algo com o aprendizado. Beijo. Como aquilo aconteceria na prática? Qual seria a sensação que lhe dominaria caso tocasse outra boca com a sua? Talvez daquele jeito descobrisse o que era sentir amor?

Mas ainda sentia medo. Como um aviso, Suga dizia em sua cabeça que se amasse sozinho, sofreria. E reconhecia o significado daquela sensação. Ele não queria sofrer.
 

O banho que tomou acabou demorando mais que planejava, até mesmo se assustou ao dar-se conta. Assim como lhe foi ensinado fechou o registro e pegou a toalha felpudinha, enxugando o corpo inteiro antes de vestir roupas confortáveis para dormir. Estranhamente sua vontade era ter o tronco de Jeongguk perto do seu para lhe aquecer e poder se aconchegar nele. Esses tipos de desejos não perambulavam sua mente quando começou dormir ali, não?

Porém, assim que voltou para o cômodo principal do apartamento, pronto para dizer ao maior que poderia ser a sua vez, calou-se ao vê-lo... Adormecido? Sim, Jeongguk estava adormecido. Ou pelo menos parecia. O alaranjado diminuiu o ritmo de seus passos, aproximando-se da figura jazida no sofá de braços cruzados e rosto pendido para o seu lado. Não havia parado para reparar em alguém dormindo pois sempre dormira antes, mas olhando daquele ângulo o moreno sequer aparentava ser o que caminhava consigo no dia a dia, e sim alguém muito mais novo ou algo parecido. Ele era bonito daquele jeito, respirando calmamente, e com alguns fios de cabelo desalinhados.

Suspirou baixinho, ajoelhando-se ao lado do guarda, ainda o observando. Os olhos de Jimin percorriam todo o rosto alheio, como se guardasse cada detalhe dele em sua memória. Os fios negros, os cílios, o nariz fofinho, e então... Os lábios entreabertos. Parecia loucura mas os seus pareceram formigar com a percepção. Umedeceu-os, e seu coração bateu mais forte, deixando-lhe assustado com as reações de seu corpo produzia involuntariamente.

Seria uma boa ideia? Ele pensava, lembrando do que Taehyung dissera novamente. Um reboliço intenso predominava seu interior, então julgava aquilo como o nervosismo que Yoongi outrora comentara. Seus batimentos estavam ligeiros e não existia discussões que lhe deixassem assustado. Isso seria correto? Ele ficaria zangado comigo? Assim, fitou o lugar mais uma vez, elevando seus dedos delicadamente até lá. Temia que acordasse o dono deles portanto agiu o mais sutil possível, tocando e sentindo-os quentes e macios.

Deveriam ser bons de tocar.

E foi então que, após segundos empacado naquele dilema, resolveu se aproximar. Jeongguk deveria lhe perdoar se fosse algo errado, mas se Taehyung também dissera que poderia ser como um tira-dúvidas, tentaria. No entanto, em nenhum minuto fora-lhe dito que conforme se aproximava a respiração alheia poderia ser sentida e que isso agravasse ainda mais o ritmo de seus batimentos cardíacos; que a fragrância fosse violar seus sentidos com tamanha força; e que fosse se sentir tão nervoso como estava.

As sensações não eram ruins, de fato. Eram novas, assim como boa parte das coisas daquele mundo, afinal ele estava em processo de aprendizagem. Almejava descobrir as coisas, saber sobre coisas, e beijar era definitivamente uma delas.

Ele até faria isso, faria de verdade, mas acabou travando totalmente quando a voz rouca soando tão pertinho de sua boca chamou-lhe pelo nome.

— Jiminnie...? O que está fazendo?

E fora um timbre de voz que mexeu consigo de verdade, de uma maneira pela qual ainda desconhecia.