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História Vigenére - Capítulo Dez


Escrita por: YsBelieber

Capítulo 10 - Capítulo Dez


Fanfic / Fanfiction Vigenére - Capítulo Dez

15 horas e 06 minutos.

Departamento Forense da Polícia de Nova York.

Justin Bieber Point Of View.

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— Lindsey era traficante? — Hailey olhou-me, com as mãos ainda dentro do cadáver.

— Ela eu não sei, mas os pais sim. 

Ainda tentava entender a história, juntar todas as peças. Olhei para a loira enquanto ainda conversava, vendo-a analisar uma larva encontrada no interior do cadáver e guardar em um frasco para análise. Depois de muitos conselhos da moça, eu me levantei indo de volta para a sala de Dean e sentei-me de frente a um dos computadores, pesquisando pelo incêndio na rua onde Lindsey morava. Havia algumas notícias, mas eram bastante rasas, sem muito conteúdo e nada que pudesse me ajudar. 

Quando Ryan apareceu, contei a ele o que tinha descoberto, vendo-o acessar uma parte da polícia que eu não tinha autoridade para pesquisas. Ele puxou alguns arquivos, e imprimiu a ficha dos pais de Lindsey. Peguei a cópia, olhando-a atento.

— Bruce Moore. 40 anos. — Falei, olhando mais uma vez para a tela do computador certificando-me de que lia as informações corretas com Ryan. — Não tem nenhum registro sobre passagens pela polícia ou alguma coisa que o ligue com o tráfico. 

— Também não relata o incêndio da casa. — O loiro comentou. — Não diz que ele morreu, assim como não diz a última vez em que foi visto.

— Depois do incêndio o homem virou um fantasma, se estiver vivo.

— E a mãe?

— Alice Moore.

Lindsey era semelhante à mãe, puxando os olhos europeus e os lábios rosados. O cabelo por sua vez era pintado, e a raiz entregava a cor natural que aos poucos se formava com a tinta amarelada deixando um degradê entre amarelo e preto. 

— Agora!

Olhei para cima, percebendo que Jake havia retornado à sala de vigilância onde Dean operava. Levantei-me, guardando os papéis dentro da pasta do caso e deixando na mesa para seguir os peritos até a entrada do departamento, ao perceber que se tratava de um incêndio.

— Para onde vamos?

— Brooklyn. — Respondeu Ryan, ajudando-me a colocar o equipamento de proteção. — Encontraram o casal.


 

16 horas e 42 minutos.

Nova York City, Nova York.

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Ajudei alguns bombeiros a esticarem suas mangueiras e me afastei sentindo a fumaça forte bater em meu rosto protegido pela máscara e óculos. A casa que antes representava uma construção antiga, de paredes desgastadas e rachaduras nas margens das janelas, agora estava em chamas terminando de se desmanchar, entregando as velhas torres de tijolos sustentadas por madeira ao fogo. Precisei tossir algumas vezes para livrar-me daquela inalação poluída e observei os homens correndo para conseguir apagar o fogo antes que destruisse qualquer - por mais mínimo que seja - prova que nos levasse a Lindsey. 

Dois homens invadiram a porta da frente, jogando água para permitir e facilitar a entrada sem exposição total às chamas. Senti algumas lágrimas escorrerem por minha pele suja, e eu torci para que o céu nublado colaborasse em fazer a chuva de madrugada voltar agora. Era a melhor ajuda que teríamos para preservar o local do crime.

Jake estava longe, encostado na porta da viatura conversando ao telefone. Eu olhei mais uma vez as pessoas, indo em direção da casa e decidindo ajudar os bombeiros, aproveitando a chuva jorrada por um balde para conseguir atravessar a porta escancarada, entrando assim na casa que se desmanchava sobre mim. 

Assustei-me ao ver uma madeira do teto cair, fazendo-me recuar. O calor era insuportável, e por mais que eu estivesse protegido com o equipamento apropriado, era como se ele derretesse em meu corpo. O tecido branco estava completamente sujo de poeira e cinzas que o fogo gerava, e ao longe, ouvindo as vozes gritando por meu nome, eu ignorei avançando e pulando a madeira que havia caído e se despedaçado, evitando tropeçar nos objetos quebrados e consumidos pelo fogo. Balancei a mão, tentando desviar da fumaça que inevitavelmente eu inalava para dentro de mim.

Comecei a correr para os fundos da casa onde o fogo já estava menor e apoiei-me na parede quente respirando fundo várias vezes. Era o que eu menos deveria fazer, mas precisava encontrar fôlego para continuar a jornada. Eu precisava encontrar alguma coisa.

Quando atravessei a cozinha, notei umas escadas que levavam para um subsolo. Chutei a porta, abaixando-me e assustando quando ouvi alguns pedaços de madeira caírem em algum lugar da casa. Voltei a correr, descendo os degraus rápido sem ter a chance de ouvir o metal ranger com meus pés devido ao grande barulho que os bombeiros faziam para apagar as chamas. Gritos apavorantes ecoavam pela casa, e o porão que eu entrava parecia imune ao fogo, desmanchando-se apenas pelo incêndio que queimava os objetos do chão e assim enfraquecendo o teto antigo que soltou poeira pela rapidez que as coisas se derretiam e pelos passos dos bombeiros que eu supus estarem apagando o fogo do lado de dentro da casa.

— Merda!

Olhei meu braço, percebendo que havia rasgado o equipamento e havia um corte não muito profundo em minha pele. Olhei para a frente, percebendo um ferro esticado para fora de uma cadeira que tinha a ponta afiada, o que entregou o meu machucado. Puxei com força o tecido rasgado terminando de arrancá-lo e envolvi meu braço fazendo assim um curativo temporário, torcendo para que aguentasse até eu conseguir sair dali. 

Voltei a andar, dessa vez mais devagar. O cheiro ali dentro, embora forte, não era tão exagerado quanto o de fora, permitindo assim que eu respirasse com mais clareza. Quando ouvi algum objeto de vidro cair e se despedaçar no chão, eu virei-me assustando e comecei a correr novamente, esbarrando em uma estante repleta de livros e puxando com força o braço da pessoa que eu tinha certeza de que era Lindsey. 

— Me solta. 

Fechei os olhos, recebendo despreparado o soco em meu rosto. Soltei-a na mesma hora um pouco desnorteado, e passei a mão no nariz sentindo-o sangrar. Respirei fundo, tomando impulso e voltando a correr até puxá-la de debaixo da mesa onde tentava se esconder.

Ela se debateu, fazendo o possível para se livrar das minhas mãos que rapidamente a puxaram novamente para mim e a impediram de continuar sua fuga. Tivemos outra luta, dessa vez para decidir quem tinha mais força manual em imobilizar alguém com pancadas na cabeça. Lindsey era uma boa lutadora, e eu presumi que tivesse aprendido com seus pais ou com os homens que trabalhavam para eles. 

Quando a senti se aquietar, olhei atentamente seus olhos que lacrimejavam pela fumaça que invadia o porão. Suas mãos estavam sujas de preto, e o rosto como o corpo, se manchava de poeira pelo chão que há anos não era limpo. 

— Se não gosta de me encontrar, precisa parar de ficar no local do crime quando matar alguém. — Aconselhei, sentindo-a se debater para se soltar das minhas mãos. 

Levantei-me rápido, trazendo-a junto e puxando com força seus braços podendo ouvir a mulher gemer de dor enquanto eu procurava pelas algemas dentro da minha roupa de proteção. Abri as algemas, respirando fundo enquanto encaixava nos seus pulsos e perdendo o controle dos meus dedos, fazendo o objeto cair logo depois que Lindsey desferiu um chute em meu estômago.

Fechei os olhos, soltando o ar com dificuldade pela boca tossindo pela falta de ar que sofri por alguns segundos. Meu corpo passou a doer, e eu precisei repousar na parede onde tinha amortecido a pancada, procurando forças para me levantar daquele chão que encardia cada vez mais o meu equipamento. 

Em um movimento rápido, afastei a cabeça da parede para fazer Lindsey acertar o pé nos tijolos. Minhas mãos agarraram uma tábua de madeira que rapidamente eu peguei e joguei contra ela, fazendo-a cair ao meu lado. Ela chutou com agilidade, levantando-se e unindo as mãos para desferir-me socos que eu desviei jogando seus braços para o lado e puxando-a contra mim na tentativa de imobilizá-la mais uma vez. Avistei as algemas não muito longe, caídas no chão.

Olhei para Lindsey mais uma vez, contornando o golpe que tentou dar-me e batendo minha testa contra a sua. Ela afastou, tonta, e eu aproveitei a oportunidade para correr até as algemas, agarrando-as e me virando rapidamente assustando quando vi seu corpo se jogar contra o meu, batendo as duas mãos em meu peito e empurrando-me contra a mesa. Gemi de dor, sentindo minhas costas baterem no contorno da madeira antes do meu corpo cair sentado no chão. 

— Acabamos aqui. 

Olhei-a um pouco ofegante, movendo minhas pernas com rapidez quando seu corpo se sentou sobre o meu, jogando todo o peso em minhas pernas que agora com dificuldade se mexiam. Seus braços levantaram os meus, e eu tive a chance de tentar acertar sua testa novamente, o que a deu distração o bastante para afrouxar os dedos em meus braços e eu poder soltar um deles para envolver sua cintura. Ela percebeu, impedindo que eu invertesse nossas posições. 

Para vingar-se, manteve o controle com as algemas em suas mãos e puxou meu braço na direção da perna da mesa.

— Ainda não.

Apertei os dedos com força em sua cintura, ouvindo-a grunhir e atrapalhar-se no que fazia. Puxei meu braço com força, me livrando da sua mão e conseguindo assim pegar seus braços os puxando para trás. Lindsey tombou a cabeça, encarando-me ofegante. Seu corpo ainda estava sobre o meu, com as pernas uma de cada lado da minha cintura. Respirei fundo, tentando normalizar a respiração enquanto cada vez mais a fumaça entrava naquele cômodo abandonado.

Em silêncio, ouvindo apenas a obra dos bombeiros ao fundo, eu encarei os olhos de Lindsey. Ela tentou se mexer algumas vezes inutilmente, imobilizada com os braços nas costas sendo sustentados por minhas mãos. Se a soltasse para pegar as algemas, ou tentasse, ela com certeza conseguiria escapar, então permaneci do mesmo jeito, podendo sentir o hálito quente sair de sua boca e se chocar nas poucas partes do meu rosto que estavam expostas. Seu cabelo bagunçado estava sujo de cinzas, e caía sobre o rosto dos dois lados. 

Quando desci o olhar para seus lábios, uma atitude inesperada tomou-me a cabeça, imaginando que, de alguma forma, eu poderia beijá-la. 

— Por que incendiou a casa? — Perguntei depois de alguns segundos, com a respiração se normalizando aos poucos. Ela respirou fundo, e percebi que tinha feito o mesmo que eu. — Por que matou o casal?

— É a única forma de destruir provas. 

— Por que não fez isso com as gêmeas então? 

— Não tive tempo. — Ela riu, com escárnio. Ao tentar mais um vez sem sucesso se soltar, ela bufou, mexendo-se sobre meu corpo. — E você?

— O que?

— Quando vai me soltar e deixar ir embora?

Fiquei calado. Ela sabia que eu não era capaz de prendê-la. Motivos eu tinha, e os que existiam eram mais do que suficientes para condená-la a pelo menos dez anos de prisão. Mas eu não o faria, porque não queria prendê-la, e sim entender o que estava acontecendo com ela. O departamento era apenas um edifício que solucionava casos encontrando o suspeito e o prendendo, já eu, mesmo trabalhando lá, não era capaz de apenas prender a pessoa. Eu queria entender porque ela fez o que fez, o que a levou a fazer aquilo, de que maneira ela fez aquilo, e com que objetivo ela o fez. Lindsey era um desses casos. 

Por Deus, era apenas uma menina de vinte e dois anos, com um futuro inteiro pela frente, e ela o desperdiçava sendo foragida da polícia de Nova York por matar corpos e tatuá-los. O que ela queria com aquilo? Por que ela fazia aquilo? Olhando-a na minha frente, com todo o rosto suado e sujo de resquícios de fumaça, eu não era capaz de julgá-la e condená-la, mas sim de dar a oportunidade de entender o que ela passou para chegar onde estava exatamente agora. 

— Não dá para fugir por aqui. — Respondi, enfim. — A menos que você volte pela porta que entrou.

O sorriso que tinha nascido em seus lábios se desmanchou logo depois. Ela encarou-me confusa, espreitando as sobrancelhas sem permitir que seus olhos desviassem a atenção dos meus. 

— Você…

— Eu não vou te prender. — Disse. — Mas se vai fugir, preciso que me garanta que não irá matar mais ninguém.

— Você é louco. 

Ela riu, e forçou-se a escapar dos meus dedos. Meu braço doía, e pelo sangue que ainda escorria eu podia sentir o membro pulsar junto com meu coração. Respirei longo, me levantando com todo o cuidado possível fazendo assim Lindsey levantar-se junto e mover o corpo em um movimento que a fizesse se soltar. Peguei seu braço novamente, com rapidez, algemando-a contra a cadeira ao nosso lado. Ela olhou-me incrédula, tentando de alguma maneira destruir o metal da cadeira para poder escapar. 

— Me tira daqui!

— Eu não posso. 

Ela continuou se debatendo, puxando de todas as maneiras as algemas que não se desmanchariam nem derreteriam diante o material ao qual estavam presas. Fiquei a olhando, e devagar me aproximei. 

— Por que seus pais morreram?

Lindsey parou de se mover, encarando-me atenta. Os olhos azuis agora carregavam uma certa fúria que em poucos segundos se transformou em desespero ao ouvir passos mais altos. Eu não estava preocupado se os bombeiros a encontrassem, mas precisava descobrir o que tinha acontecido com a sua família, senão eu não sossegaria. 

— Lindsey?

— Vai para o inferno! — Grunhiu, inutilmente lutando contra o assento. 

— Tudo bem, vou deixar que você responda na delegacia. 


 

20 horas e 03 minutos.

Departamento Forense da Polícia de Nova York.

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Vesti-me com o par de roupas no meu armário e saí do laboratório indo até o andar principal do departamento, preparando-me psicologicamente para o que me esperava. Os peritos andavam por todos os lados, assim como alguns médicos acompanhavam as camas com cadáveres para a realização das autópsias. Quando me aproximei do escritório de Jake, esperei alguns segundos antes de bater na porta e entrar.

Fechei a porta, indo até a cadeira vazia na frente da sua mesa. 

— Faz oito anos que você trabalha para mim, contando com os estágios, e eu sempre te considerei um tremendo moleque. — Começou. Apoiei as duas mãos atrás do corpo apenas ouvindo. — Me falavam para pegar leve com você porque você estava começando a trabalhar na carreira que queria e era apenas um iniciante, então eu pensei em dar uma chance para você. Mas hoje, depois de oito anos trabalhando para este departamento, você provou - e conseguiu - que eu não tinha a capacidade de manter o controle de uma situação quando entrou naquela maldita casa em chamas. 

— Desculpe, senhor. 

— Não peça desculpas, sabe que eu jamais o perdoarei. — Disse, bufando e acendendo um charuto para acalmar a raiva que o consumia a cada fala digirida a mim. — Mas também serei justo em não colocar a culpa completamente em você, pois sem você não teríamos encontrado Lindsey e a prendido.

Eu balancei a cabeça, sem saber se era o momento certo de agradecer.

— Ela tem muitos inimigos, e infelizmente um deles é daqui. — Comentou, me fazendo pensar se ele se referia aos policiais que investigaram o seu caso. — E para o seu bem, senhor Bieber, se envolver com a pessoa que procuramos não é muito apropriado.

— Senhor?

— Este é o seu trabalho, Justin. — Respondeu, pegando fotos de dentro de alguma pasta e mostrando os corpos ensanguentados. Observei-os com atenção, vendo Jake apontar. — Morto, morto, morta, e morta. Temos pessoas sem nenhuma relação mortas e com a mesma suspeita. Preciso que mantenha o foco, e não deixar se envolver por um rostinho bonito. Acha que não a acho encantadora? Foque em seu trabalho.

— Sim, senhor.

Ele dispensou-me com um aceno de mão, e eu saí de sua sala soltando só então o ar que eu percebi estar prendendo. Enquanto andava, perguntei-me se Jake sabia das vezes que Lindsey apareceu para mim, e se ela já o tinha feito na casa de Jake. 

Subi as escadas para o segundo andar, passando por algumas pessoas e acompanhando Ryan até a sala de Dean onde recuperei a pasta que tinha esquecido na mesa sobre a família de Lindsey e logo segui até a sala de interrogatório, encontrando a menina já sentada na mesa com as algemas parafusadas sobre o metal. Ela tinha se lavado, e usava uma camiseta e calça pretas. Seu cabelo estava limpo, amarrado em um coque. Pude olhar com mais clareza para seu rosto, que agora longe das cinzas e poeira, entregavam uma pele macia e livre de espinhas. Ela era realmente encantadora, dando a imaginar o quão poderia ser indefesa, senão fosse os crimes cometidos.

— Preparou as câmeras? — Ryan perguntou, e eu vi Dean balançar a cabeça.

— Podem começar a entrevista.


Notas Finais


ate o proximo. Xoxo Ys 💜


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