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História Vinte (Imagine Jeon Jungkook) - A culpa (não) é dos lençóis.


Escrita por: biasmut

Notas do Autor


Oi, vocês coisas lindas minhas! Então, finalmente um capítulo novo de Vinte! Já aviso com antecedência que esse capítulo tá bem bem bem tranquilo mesmo, e eu não dei quase nenhum tiro hahahaha mas a gente precisa passar por coisas mais calmas pra chegar nas partes complicadas e etc, né? Então, espero que vocês aproveitem mesmo assim! Boa leitura <3

Capítulo 2 - A culpa (não) é dos lençóis.


Fanfic / Fanfiction Vinte (Imagine Jeon Jungkook) - A culpa (não) é dos lençóis.

Ela inclina o corpo na direção de Jungkook e sussurra algo em seu ouvido, com um sorriso lascivo crescendo no canto dos lábios. Sua mão repousa preguiçosamente sobre a coxa dele, as unhas longas e pintadas de vermelho-sangue cravadas no tecido escuro do moletom. Ele passa os dedos na franja, bagunçando os fios como faz quando está se sentindo envergonhado. Seu olhar desvia para mim, e o meu desvia para minhas mãos, entrelaçadas sobre meu próprio colo. A única coisa que minhas unhas não-pintadas-de-vermelho-sangue e sim de preto-cor-da-minha-derrota tocam são minhas coxas sem graça, e não as dele. E isso me deixa incomodada. Os toques pequenos e discretos, os toques grandes e indiscretos, os malditos toques que não cessam nunca. Ela precisa mesmo ficar encostando nele o tempo todo?!

— Você quer alguma coisa? — Ela pergunta para ele, e acompanho a cena toda com o canto do olho, e com um gosto amargo contaminado minha boca (e, infelizmente, o gosto não tem nada a ver com a bebida). 

— Sim — Jungkook responde com a voz fraca e distante, e os olhos dele estão bem distantes da garota ao seu lado, e cravados em mim. Suas íris escuras continuam me encarando de um jeito que faz com que eu me sinta exposta e pequena. 

— O quê, lindo? — Ela volta a falar e no mesmo instante Jeon parece sair de um transe e olha para ela por alguns segundos, franzindo o cenho. 

— O quê? — Dele devolve a pergunta, e eu me afundo no sofá, o achando um completo idiota. E eu, uma idiota ainda maior. 

— Eu perguntei se você queria alguma coisa, você disse sim...  — Vejo a estranha explicar paciente e com um sorriso na boca rosada, e não é possível que toda essa paciência seja verdadeira, né? 

— Ah... — É isso que escapa da boca de Jungkook ao mesmo tempo em que o olhar dele se afasta da garota e volta a seguir em minha direção, mas dessa vez nosso contato visual dura apenas alguns segundos, e ele então olha para as próprias mãos, entrelaçadas sobre meu colo — Deixa pra lá — Ele completa, a voz novamente distante e um tanto vazia, e a garota apenas concorda e faz o que ele diz. 

Quando ela resolve que afundar o rosto na curva do pescoço de meu melhor amigo é uma boa ideia, eu chego a conclusão de que já passei tempo demais observando os dois e tempo de menos prestando atenção no que os outros garotos — que oh, também estão na sala! — estão fazendo. Me obrigo a deixar Jungkook e sua conhecida de lado e faço um esforço, ainda que mínimo, para fazer parte da conversa dos outros meninos. Namjoon e Seokjin estão discutindo de novo sobre alguma receita maluca que Jin tentou fazer e acabou falhando. Yoongi e Hoseok parecem ouvir a discussão deles, mas enquanto Hoseok se diverte e sorri o tempo todo, Yoongi apenas escuta em silêncio, perdido em seu próprio mundo. Enquanto isso, Jimin parece bastante entretido com Taehyung, e as palavras soltas e desconexas que consigo pescar dão a entender que os dois estão conversando sobre a faculdade. Paro por um segundo para fazer as contas e chego a conclusão de que não tenho nada a acrescentar a nenhumas das conversas, porque o único conteúdo que meu cérebro consegue produzir no momento tem bastante a ver com possíveis modos de assassinar alguém e esconder um corpo sem ser pega.

É sério.

Talvez eu possa dar um jeito de envenenar a bebida dela, e posso esconder o corpo no armário de Jungkook enquanto penso em algo melhor, é claro! Mas a questão que fica é: onde vou encontrar um lugar ou alguém que venda veneno essa hora da noite? E como vou arrastar o corpo até lá sem que os outros garotos acabem interferindo? É, não vai dar certo mesmo, e o fato de eu estar realmente pensando nesse tipo de coisa me assusta, então resolvo que preciso urgentemente de algo mais forte para beber, e de ar puro. E por ar puro, eu digo um ar que não esteja sendo compartilhado com a garota das unhas vermelho-sangue.

Me levanto calmamente e caminho devagar até a cozinha de Jungkook, em busca de uma nova garrafa de soju. Tenho certeza de que o olhar dele está cravado em minhas costas, mas me recuso a olhar para trás, porque ele não merece nem mesmo minha hesitação em me afastar. O clima parece centenas de vezes melhor na cozinha vazia, então acabo me sentando em uma das cadeiras para passar o tempo. Aproveito o momento de solidão completa para me livrar das sandálias de salto alto e apoio os pés na cadeira da frente, ignorando o vestido curto que repuxa e deixa minhas coxas expostas. Dá pra acreditar que gastei quase metade do meu salário pra comprar essa merda de vestido, só porque, semanas atrás, Jungkook passou por ele no shopping e resolveu brincar dizendo que eu devia começar a me vestir melhor? Pois é, não dá mesmo pra acreditar.

Eu continuo me perguntando o que é que eu tinha na cabeça quando resolvi que seria uma boa ideia fazer com que a nova amiga de Jungkook ficasse para a festa, sério. Depois de quase três latinhas de cerveja morna e de uma hora de conversas um tanto artificiais, a ideia de transformar a noite da garota em um verdadeiro inferno já não me parecia tão atrativa assim. Pra ser sincera, é a minha noite que está um verdadeiro inferno, e pensar em alguma solução para resolver isso parece ser uma tarefa impossível. Só consigo pensar em mil jeitos diferentes de fazer picadinho dela, mas, se eu deixar a raiva de lado e tentar raciocinar usando a voz da razão, que não parece passar de um sussurro fraco, eu sei que não é dela que preciso me vingar. 

É dele.

Mas o dilema é o seguinte: como é que eu faço isso? Todas minhas ideias parecem sem importância, e Jungkook me conhece o bastante pra saber que vou estar querendo irritá-lo. Suspiro frustrada, afundando ainda mais na cadeira.

— Você não vai voltar pra sala? — Ouço Jimin dizer assim que ele entra na cozinha, parecendo me procurar. 

— Não estou com muita vontade… — Confesso, dando de ombros e voltando a encarar minha garrafa de soju. 

— O que aconteceu? — Meu amigo pergunta, puxando uma cadeira livre e sentando-se ao meu lado. Ele coloca sua garrafa sobre a mesa e se inclina em minha direção, dando a entender que está mesmo disposto a escutar minhas lamentações. 

Quero dizer que a garota enrolada nos lençóis de Jungkook aconteceu. Mas, pra ser honesta, não sei se isso responde a pergunta e se Jimin vai conseguir entender, então apenas dou de ombros, levando minha bebida até a boca para fingir que estou ocupada demais bebendo para formular alguma resposta. Mas é claro que Jimin me conhece o bastante para reconhecer minhas tentativas falhas de fugir da conversa, e também é claro que ele não me deixa escapar assim tão fácil.

— É por causa da garota? — Ele pergunta, me encarando fixamente até que o peso do seu olhar me obrigada a parar de beber e a voltar para conversa. Ou talvez não seja realmente isso que me obriga, e eu só esteja desesperada para poder verbalizar todos meus pensamentos banhados a raiva e ódio em voz alta. 

— Talvez seja… Ela não fazia parte do plano. Era pra gente ver a porta sendo aberta pra encontrar um Jungkook surpreso e aliviado por perceber que eu, obviamente, não tinha esquecido o aniversário dele! Não era pra gente dar de cara com uma garota estranha enrolada nos lençóis dele… — As palavras saem todas depressa, mas vejo Jimin assentir, indicando que ainda está acompanhando — E, nossa senhora, eu também deitei naqueles lençóis o que só torna a situação uma centena de vezes pior, entende?! — Estou mesmo indignada por causa de lençóis. Que fase. 

— Você também deitou naqueles lençóis?! — Jimin questiona se afastando bruscamente e vejo seus olhos se arregalarem. Eu demoro para entender o motivo de sua surpresa, e quando as coisas fazem sentido e um clique surdo clareia meus pensamentos, sou eu quem fica de olhos arregalados e surpresa. 

— Não, não foi nesse sentido! — Eu digo alarmada, agitando as mãos no ar — Meu Deus, Park Jimin! Não tem nada a ver com sexo, caramba… Por que eu iria transar com o meu melhor amigo?! — Meu cérebro, sem permissão alguma, começa a atirar uma série de respostas bastante plausíveis para minha própria pergunta, e volto a falar para me livrar dos pensamentos incoerentes que se multiplicam depressa — Eu só quero dizer que eu quase sempre durmo aqui nos finais de semana, com esses mesmos lençóis, e isso é estranho e desconfortável. 

— Ah, por um segundo eu realmente pensei que vocês tinham se entendido finalmente — Quê? O que ele quer dizer? 

— Se entendido? O que tem a ver nós, hipoteticamente, — Eu friso a palavra. Friso com força, mesmo, alterando o timbre e o tom de minha voz, e até minha expressão facial, porque é importante deixar claro que as palavras sexo, Jungkook e eu, em conjunto, só existem hipoteticamente — fazermos sexo, com nos entendermos? E a gente tá bem, tirando o fato dele estar saindo com alguém e eu só estar descobrindo isso agora, desse jeito tão ridículo que chegaria a ser até engraçado se eu não estivesse puta.

A última parte saí sem permissão e de modo completamente involuntário. Eu não queria dizer que estou puta, mas talvez o sentimento seja tão intenso que precise ser mesmo externalizado em forma de palavras, vai saber.

Jimin fica em silêncio por alguns segundos e seu olhar curioso e meio embargado pelo álcool permanece fixo em mim, como se ele estivesse me analisando. Ele abre a boca algumas vezes, mas parece desistir de falar, e vejo seu olhar se estreitar ainda mais em minha direção, como se ele estivesse seriamente pensando a respeito de algo importante. Espero pacientemente até que ele finalmente resolve reunir a coragem necessária para voltar a falar, e então entendo o motivo de sua demora.

— Você nunca pensou em ficar com ele? — Ele me pergunta com certa cautela, como se temesse minha reação, e eu o entendo perfeitamente, porque meu primeiro instinto é levantar depressa e soltar a risada mais histérica do mundo enquanto corro pra longe. 

Essa definitivamente não é uma conversa agradável.

— Não… — Eu digo rápido demais, sem pensar — Por que é que eu seria masoquista a ponto de pensar em ficar com meu melhor amigo?

Mas é claro que isso é mentira. E é claro que eu já pensei. 

Mais de uma vez.

Ah, foda-se, vamos ser francos aqui. Eu já pensei nisso mais vezes do que deveria ser considerado saudável e normal, e porra, vamos ser francos mesmo, eu estou pensando nisso agora mesmo, e chegando a conclusão de que esses pensamentos devem estar enraizados em mim, porque parece cada vez mais difícil me livrar deles. Então, eu devo ser mesmo masoquista o suficiente.

E talvez isso explique o porque de eu estar tão irritada com a garota, e com os lençóis brancos. Penso em contar para Jimin sobre como é difícil não pensar em ficar com Jungkook quando nós, teoricamente, ficamos o tempo todo. Eu duvido que eu teria tempo para ter alguém na minha vida, porque todas minhas horas parecem preenchidas por Jungkook e eu não consigo nem mesmo pensar em como seria uma vida sem ele, e isso é ridículo. É pra ele ser só meu melhor amigo, não minha paixão platônica não correspondida.

Mas se ele fosse realmente só meu melhor amigo, eu não deveria estar tão péssima assim por causa de lençóis. Ok, vamos esclarecer as coisas… O problema não são realmente os lençóis, mas sim o fato de que nós dois poderíamos facilmente ter transado na porcaria dos lençóis, e poderia ser eu enrolada neles. E eu digo facilmente porque as coisas realmente poderiam chegar nesse nível, se eu fosse um pouco menos covarde e ele um pouco mais direto… Ou se a gente não estivesse ocupados demais tentando aprender a sermos melhores amigos quando claramente somos algo mais. O fato de quase sempre dormimos juntos nos finais de semana é a prova mais concreta disso, e quando digo juntos é juntos mesmo, na mesma cama, no mesmo lençol.

Eu não consigo lembrar quando foi que isso começou, mas lembro perfeitamente de que o rodízio entre o meu apartamento e o dele acabou sendo estabelecido em um contrato meio silencioso mas que foi perfeitamente compreendido e aceito por nós. Uma semana na casa dele, uma semana na minha casa — apesar de que as idas na minha casa começaram a se tornar mais frequentes, porque, segundo ele, minha cama é mil vezes melhor. Mas o que quero dizer é que dividir uma cama de casal nunca foi realmente um problema, porque era tudo fácil e não havia nada para se preocupar. Era só deitar, passar horas conversando sobre tudo e sobre nada, e fazendo confissões do tipo que você só faz pro seu travesseiro, e então virar pro lado e dormir. Assim mesmo, cada um no seu cantinho, sem invasões de espaço ou intimidade — na verdade, eu preciso dizer que nossas conversas antes de dormir tinham mais intimidade envolvida do que qualquer contato físico, e isso deve significar algo.

Mas o fato é que ficar tão junto assim não era um problema… até que começou a ser. Cada vez que eu paro pra tentar descobrir quando foi que as coisas deixaram de ser simples e nosso cotidiano compartilhado se tornou um problema pro meu coração, só consigo pensar que não sei. Não sei mesmo quando foi, ou como foi que isso aconteceu. Só sei que a situação claramente saiu do trilho, e eu só percebi isso quando já era tarde demais pra tentar consertar o estrago. Eu faço um esforço quase que colossal para lembrar se todas essas mudanças aconteceram de uma hora pra outra, ou se foram se desenvolvendo devagarzinho, sem chamar atenção. 

Eu também tento fazer um esforço pra lembrar quando foi que o espaço entre nossos corpos na cama começou a se tornar cada vez menor, até simplesmente deixar de existir, mas também não encontro uma resposta correta. Algo me diz que isso deve ter começado depois de uma noite de bebedeira intensa, quando, por efeitos claramente relacionados ao álcool, acabamos dormindo abraçados. Mas até aí tudo bem, porque somos melhores amigos e naquela noite éramos melhores amigos bêbados, e eu podia ter enterrado esse acontecimento bastante pontual se ele não tivesse se repetido depois, mais de uma vez… E, é importante destacar, sem ter álcool envolvido na história. Pois é.

Só sei que antes era assim, virar pro lado e dormir e depois deixou de ser. O virar pro lado se transformou em virar pra Jungkook e o dormir passou a ser escorregar para seus braços e apoiar a cabeça no seu peito, e ter conversas de travesseiro com ele fazendo um cafuné gostoso no meu cabelo. E agora você entende o que eu quero dizer com intimidade? Ficar enrolada nos lençóis dele, sentindo o cheiro fresco de sabonete que sempre fica impregnado na pele sensível do seu pescoço, e ouvindo ele confessar todas suas inseguras e medos mais profundos é bem mais íntimo do que simplesmente ficar enrolada nos lençóis dele depois do sexo.

E é por isso que o fato de estar tão amargurada por me dar conta de que existe outra pessoa ocupando essa posição me faz pensar, de novo, que talvez eu realmente queira ser egoísta e ocupar tudo. Os momentos de intimidade verbal e física, e todo o restante do que pode existir em uma relação entre duas pessoas. Então, já que estamos sendo francos, o problema realmente não é  o lençol branco enrolado nela. O problema sou eu, minha paixonite, e a ausência de um lençol enrolado em mim.

E puta merda, que péssima noite para ter um momento fodido de reflexão como esse e chegar a conclusão de que sou mesmo patética. Muito obrigada por abrir as portas para o caos interno, Park Jimin.

— Tem certeza que nunca pensou em nada do tipo? — Ele insiste, o olhar desconfiando deixando claro que ele sabe a resposta, e só quer me fazer confessar.

— E daí se eu pensei? Ele obviamente não pensa, então pronto, assunto encerrado, né? — Digo por fim, terminando o restante de meu soju em um só gole. 

— O que você vai fazer? — Ele me pergunta e lanço um olhar interrogativo em sua direção, sem entender o que ele quer dizer. Achei que estivesse bastante claro que não pretendo fazer nada, a não ser enterrar meus sentimentos e preservar minha amizade, coisa que qualquer pessoa em sã consciência faria, certo? — Eu ouvi você dizer pra ela ficar pra festa, e falar pro Jeon que só estava dando o que ele merece… — Abro a boca para rebater mas Jimin me interrompe, um sorrisinho divertido aparecendo na sua boca — E não, nem adianta mentir porque eu conheço aquele tom de voz. 

Suspiro derrotada, sabendo que é inútil esconder algo de Jimin, porque o fato de sermos amigos desde a época do colégio, e de, ironicamente, ter sido ele a me apresentar para Jungkook, faz com que ele acabe conhecendo todos meus mecanismos de defesa e fuga.

— No começo eu queria transformar a noite dela em um inferno, mas o plano acabou aí — Jimin parece decepcionado e eu compartilho de seu sentimento. A coisa toda parecia bem mais fácil quando eu pensei em irritá-la, mas quando precisei aplicar isso na prática, puf, nada fácil — Eu só conseguia pensar em mil jeitos diferentes de me livrar dela, mas todos eles envolviam morte e eu sei que nenhum de vocês ia ter dinheiro suficiente pra pagar minha fiança, então acabei deixando isso pra lá… 

— Você sabe que crimes de assassinato não tem fiança, né? — Jimin, o advogado, me pergunta seriamente e reviro os olhos, impaciente com sua inocência — Mas eu achei que você tinha mesmo algo em mente… Eu vi seu olhar na sala, e você parecia ter arquitetado a maior vingança do século, e eu estava 100% pronto pra te apoiar… Não com a parte do assassinato, só pra deixar claro — Ele confessa, entusiasmado e me fazendo rir de verdade pela primeira vez na noite.

— Eu queria ter pensado em algo, mas daí cheguei a conclusão de que não adianta muito me vingar dela, porque ela é uma desconhecida, e que eu só me sentiria melhor se me vingasse de Jungkook, porque foi ele quem fez a merda, não foi? — Jimin concorda prontamente, balançando a cabeça em sinal de afirmação — Então, daí eu tentei pensar em como deixar ele irritado, mas nada pareceu bom o suficiente ou a altura do que ele fez, então eu fugi pra cozinha pra beber mais e refletir sobre meus péssimos dons de planejamento de vingança. 

Pela segunda vez, vejo Jimin parar e me observar em silêncio, pensando em algo. Ele tem esse costume, de pensar mil vezes antes de falar as coisas, e devo confessar que sinto um pouco de inveja dessa sua capacidade. Por algum motivo, minhas palavras parecem sair por minha boca antes mesmo que eu consiga registrar o conteúdo delas, e às vezes isso é realmente um problema.

— É bem simples, na verdade. Você só precisa fazer o mesmo que ele. 

Boom!

Uma explosão de luz clareia todos meus pensamentos e Jimin parece ter me entregue a solução para todos meus problemas. É tão óbvio que a melhor forma de se vingar é dar o troco na mesma moeda, então porque não pensei nisso antes?! Eu só preciso dar um jeito de transar com alguém, enrolar essa pessoa no meu lençol, esperar que Jungkook vá até meu apartamento e bata na porta, e então eu digo para meu colega de crime e de transa me seguir e tcharam! Plano concluído com sucesso!

É.

Foi por isso que não pensei nisso antes.

Porque não tenho um colega de crime ou de transa.

Plano cancelado.

— Não dá pra eu simplesmente transar com alguém e esperar que Jungkook resolva aparecer lá em casa na hora exata — Falo desanimada, porque o plano realmente tinha muito potencial, se eu não estivesse ocupada demais nutrindo sentimentos por meu melhor amigo ao invés de arrumar potenciais contatos para sexo casual — Além disso, isso ia levar algum tempo, e eu queria extravasar a raiva agora.

— Bom, a gente não precisa pensar em algo tão radical assim… Ele te deixou com ciúmes, você só precisa fazer a mesma coisa com ele. 

Sim, Jimin realmente joga na minha cara a informação desnecessária de que sinto ciúmes de Jeon Jungkook. E sim, eu me sinto plenamente ofendida mas opto por ignorar o assunto porque, pasmem, essa também é uma conversa desconfortável e já tive reflexões o suficiente sobre meus sentimentos por uma noite. Ao invés de me apegar a esse pequeno detalhe na fala de meu amigo, resolvo focar no resto, determinada a fazer a ideia funcionar — porque é historicamente comprovado que todas as ideias de Jimin, sem exceção, sempre funcionam, e não posso ser a responsável por distorcer essa estatística.

— Certo… Mas não dá pra usar você pra isso porque ele nunca iria acreditar que existe algo rolando entre nós dois — Jimin franze os lábios em uma pseudo-careta, concordando comigo, e é assim que melhores amigos deviam se tratar, não? Com nojo só de pensar em se envolverem… E nojo é definitivamente a última coisa que sinto quando penso em me envolver com Jungkook. Mas certo, foco — Então, quem poderia me ajudar? 

— Eu tenho certeza que o Taehyung ia ficar feliz em ser útil — A voz de Yoongi me pega de surpresa e me faz pular em minha cadeira. Sem dizer mais nada, ele simplesmente entra na cozinha e caminha até a geladeira, em busca de outra cerveja, com a maior naturalidade do mundo. Puta merda, Min Yoongi. 

— Você, por um acaso, estava escutando nossa conversa?! — Pergunto, com uma calma que é totalmente falsa, e tenho certeza de que pelo menos 5% da raiva que sinto acaba de ser endereçada para Yoongi.

— Só escutei o final, e não é preciso ser muito inteligente pra entender tudo… Você tá com ciúmes e resolveu dar o troco no seu namoradinho — Ele explica, fechando a geladeira e encostando-se no balcão da pia, o olhar divertido pairando sobre mim. E, de novo, puta merda, Min Yoongi! E, namoradinho? Meu Deus, será que todo mundo pensa que Jungkook e eu somos secretamente apaixonados um pelo outro?! E será que todo mundo resolveu jogar isso na minha cara justo hoje!?

— Você não presta mesmo, Suga — Digo por fim, sabendo que tentar discutir com Yoongi é perda de tempo, e o sorrisinho convencido que cresce em seu rosto só comprova que, para ele, meu comentário é um elogio. 

— De qualquer jeito, ele tem razão… Jungkook já sente ciúmes do Tae só por saber que ele já tentou ficar com você, e tenho certeza de que o Taehyung não ia ligar de ajudar… — Jimin fala, e como se suas palavras fossem fortes o suficiente para atraírem seu amigo, eu vejo Tae adentrar na cozinha no mesmo segundo, como se tivesse sido invocado por nós. 

— Ajudar no que? — Ele pergunta, com a voz já embargada pelo álcool e arrancando a touca caramelo que esconde seus cabelos, se ocupando em organizar os fios bagunçados. Olhando assim pra ele, e levando em consideração que dois anos atrás ele realmente tentou ficar comigo, só consigo pensar que é um grande absurdo pedir que ele me ajude a fazer ciúmes em alguém, mas antes que eu tenha tempo de dizer algo, a voz de Yoongi surge outra vez e ele acaba com qualquer tentativa minha de fugir do assunto.

— Ela precisa fazer ciúmes no Jeon, e eu e Jimin achamos que você devia ajudar… — Ele fala direto, dando um gole longo em sua bebida ao final da frase, enquanto a boca de Taehyung se abre e ele fica paralisado por alguns segundos, sua expressão se tornando gradativamente mais confusa. 

— Mas é claro que você não precisa ajudar se não quiser — Digo depressa, vendo-o olhar em minha direção e afastar os dedos de seu cabelo claro. Eu falo isso mas, por dentro, algo em mim implora para que ele compactue com meu plano um tanto infantil e me ajude. 

— É por causa da garota? — Ele pergunta e, de novo, outra pessoa responde por mim, mas dessa vez é Jimin quem fala, assentindo prontamente — Entendi. Então tá, não é sacrifício nenhum, eu ajudo… O que eu preciso fazer? — Um sorriso discreto surge em seu rosto e seu olhar passeia entre Yoongi, Jimin e eu.

Eu tento repetir mentalmente o quão errado usar Taehyung é, mas no instante em que ele concorda com a ideia, a única coisa que penso é: preciso fazer isso dar certo. E é por isso que varro todas as inseguranças e poréns para debaixo do tapete e resolvo colocar a coisa toda em prática. Eu não posso deixar a noite acabar sem fazer nada, não posso. 

— Só fica perto de mim, e deixa o resto comigo! — Eu digo saltando da cadeira e puxando o vestido para baixo, sentindo uma onda de ânimo e disposição se alastrar por meu corpo. Pela primeira vez desde que a noite começou, sinto um lampejo de positividade e começo a pensar que talvez, se eu tiver sorte, esse plano dê realmente certo e eu me sinta um pouco vingada e, consequentemente, melhor — A gente precisa voltar pra sala! — Acrescento, vendo os três garotos concordarem, e o humor de Jimin também parece estar melhorando, já que ele sorri abertamente quando passa por Taehyung e, antes de sair para sala, pisca para nós dois e faz um sinal de positivo com o polegar. Yoongi o imita e também desaparece, me deixando sozinha com Taehyung.

Assim que me aproximo dele, ele passa um dos braços ao redor dos meus ombros e me puxa de encontro a seu corpo alto e esguio, a garrafa gelada que ele segura resvalando em meu braço e me causando calafrios. Ergo meu olhar até encontrar o dele e então ele sorri de maneira preguiçosa, com os olhos semi cerrados, e tenho certeza de que, se ele já não estiver bêbado, está muito próximo disso.

— Então é isso, vamos dar um show, anjo — Ele diz brincando, piscando para mim e começando a me arrastar para fora da cozinha, e assim que voltamos para sala, grudados um no outro, vejo o olhar surpreso de Jungkook avançar em nossa direção.

E a noite começa a se tornar divertida.


Notas Finais


Rapaz, esse Taehyung aceitando ajudar assim, sem crise nenhuma... E o Yoongi claramente sem saber os limites, e Jimin empolgadíssimo com a vingança. Será que isso vai dar certo? E, mais importante ainda, o que será que o Jungkook vai fazer? LDÇKASÇFKA me contem quais os pensamentos de vocês <3


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