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História Violetta - She didn't forget you!


Escrita por: TiaClara

Notas do Autor


2 CAPÍTULOS PARA O FIM...
Tenham uma boa leitura e até o próximo..
Capítulo betado pela Bleah do fairy edits

Capítulo 35 - She didn't forget you!


Fanfic / Fanfiction Violetta - She didn't forget you!

Point of view — Isabella Bieber

O barulho das altas risadas infantis faz com que eu feche meus olhos curtindo a deliciosa sensação que é esse mundo fantasioso. A cada gargalhada me sinto mais feliz, eu gosto da sensação de poder ajudar um pouco cada criança que está conhecendo o mundo agora.

Podendo “ver” o mundo a nossa maneira e poder perceber que mesmo com algumas limitações, isso jamais impedirá que eles tenham as mesmas sensações que qualquer pessoa possa ter, arrisco-me afirmar que nós sim sabemos apreciar cada nova sensação e descoberta. A cada descoberta a intensidade chega a cem por cento. Coisas que muitos deixam passar despercebido por considerar algo banal.

O sabor de algum alimento, o cheiro de uma colônia, o barulho da chuva, o vento sobre a face. Coisas que para mim deveriam ser apreciada com alegria.

O primeiro beijo e a sensação de formigamento que o mesmo deixa.

A primeira noite de amor. A minha primeira noite de amor.

Lembro-me perfeitamente que Justin se vendou pois queria que ficássemos de igual para igual, especialmente naquela noite. E quando conversamos sobre a noite no dia seguinte, ele foi categórico em afirmar que foi a melhor coisa que sentiu em toda sua vida.

Isa, foi a melhor noite de toda minha vida, eu ainda vou tê-la em meus braços incontáveis vezes, mas nenhuma será como a de ontem. Os toques em meu corpo fazia com que eu me arrepiasse por completo, seus beijos se tornaram mais ávidos e macios. Seu cheiro ficou extremamente marcante, os sons de satisfação que saia de seus lábios eram altos, o que me deixou completamente perdido em seu corpo. Eu, com certeza, irei querer mais noites assim onde seremos completamente um do outro.”

Justin… Minha garganta se aperta ao lembrar do meu marido, é tanta saudade em meu peito que eu não consigo mais lidar com sua ausência.

Cinco anos.

Cinco anos que conto cada hora, cada dia, mês e ano. Eu o quero de volta.

Por muitas vezes pensei em pegar o primeiro voo para Tóquio e buscá-lo, entretanto, me contive, não estou no direito de impedir o seu sonho. Cada ligação que eu recusei doía como se uma bala estivesse atravessando meu peito, rasgando e queimando o local, porém eu sempre soube que se Justin escutasse minha voz abatida e com entonação de choro ele chutaria o que quer que fosse e voltaria para casa e tentaria consolar-me. Agora eu sei que tenho que pedir perdão por ter sido tão fria, não acho que fria seja a palavra correta, talvez decidida. Enfim, eu sei que fiz nós dois sofrer de uma maneira extrema.

— Tia? — Passo a mão em meus olhos rapidamente para evitar que alguma lágrima teimosa resolva escorrer sobre minha face. — Eu não consigo descobrir o que é isso. A senhora me ajuda?

Reconheço a voz de Júlia, sua mão alisa minha perna que está dobrada em forma de índio, enquanto estamos sentados em uma grande roda no jardim do instituto.

— Claro, meu amor.

Toco seus bracinhos finos e desço lentamente sobre o mesmo até encontrar suas mãos pequenas. Sinto o pequeno objeto em sua mão.

— Vamos descobrir juntas, tudo bem?

— Sim

Seguro sua mão e faço com que a dela fique por baixo, faço sua mão explorar todo o objeto.

— Primeiro preste atenção na forma, vamos apalpar todos  seus lados. Que forma tem?

— Quadrado.

— Muito bem, agora com as pontas dos dedos sente se tem alguma textura, ou alguma coisa que ajude a descobrir do que se trata. Tipo uma deformação característica do brinquedo. Lembre-se, hoje não podemos usar o olfato e paladar.

Seus dedos corriqueiros exploram sem medo o brinquedo, sorrio ao perceber o que é, e devo admitir que não é fácil.

Eu mesma, na idade dela, quando estava na fase dois tive dificuldade em acertar o que era e a professora que teve que me revelar do que se tratava, e me ensinou a perceber pequenos detalhes que o entregava.

— Eu sinto pequenos furinhos, mas não são fundos, na verdade são rasos, o que predomina no objeto são as extremidades lisas.

Sorrio satisfeita por ela ter identificado os detalhes.

— No primeiro momento eu senti uma temperatura fria, porém depois de um tempo em minha mão aqueceu um pouco.

— Isso mesmo, Julia. Você é muito inteligente, bonequinha. O que acha que é?

— Um dado? Parece com um dado, tia Isabella.

— Acertou.

Ela bate palmas animadas e eu a sigo incentivando o seu feito.

— Vamos para o próximo, princesa. — A voz da professora efetiva adentra meus ouvidos. — Porém agora tem que fazer sozinha, ok?

Julia se levanta do meu colo e se senta ao meu lado e sinto o movimento dos seu braços.

— Qual é o próximo brinquedo? — Pergunto a Eva que está ao meu lado direito.

— Um coelho de pelúcia, ela está fazendo cara e bocas por saber que se trata de uma pelúcia, mas ainda não identificou qual. Ela tem que ir para as orelhas e rabo, então ela irá identificar. Por enquanto vamos deixá-la tentar sozinha.

— Sim.

— Senhorita Cavanaugh, já pode ir se quiser, seu turno acabou de chegar ao fim.

— Obrigada.

Levanto devagar e dou tchau para as crianças nas idades entre sete e nove anos. Eu tive vontade de falar com a professora que agora é senhora Bieber, mas sou idiota o suficiente para conseguir me impor.

Conheço o instituto como se fosse minha casa, afinal, eu vivi aqui boa parte de minha infância e pré adolescência, caminho devagar enquanto o vento se faz presente, calmo e acolhedor. O cheiro de flores invade minhas narinas, uma mistura adocicada e cítrica agradando meu olfato.

— Precisa de ajuda, senhora Bieber? — Apenas nego indo em direção a Maciel — meu motorista — que me aguarda pacientemente como sempre.

— Seu pai pediu que fosse direto para casa, ele aguarda a senhora e tomo a liberdade em dizer que um tanto ansioso.

— Meu pai ansioso? Isso sim é novidade, ele sempre é tão calmo. Vamos então, não vamos deixá-lo esperando.

Com ajuda de Maciel entro no carro  encosto minha cabeça no encosto do banco do passageiro fechando meus olhos, enquanto o vento forte bate contra meu rosto. O trajeto parece ser estupidamente mais lento que o normal, sinto as palmas das minhas mãos suarem, meu coração bate aceleradamente ao mesmo tempo que tenho a sensação de estar pequeno e apertado. Nunca acreditei em mal presságio, porém começo a mudar de ideia, pois posso dizer que eu não estou no meu normal.

Sempre me considerei uma pessoa calma, serena e centrada e tudo que eu sinto agora é uma incontrolável vontade de correr enquanto grito com vontade a plenos pulmões.

Porque eu me sinto assim? É no mínimo estranho. O carro reduz a velocidade até finalmente parar por completo, esfrego minhas mãos uma outra para conter toda minha ansiedade, levo a mão até meu colo encontrando minha bolsa, tateio a mesma até encontrar a abertura e quando encontro enfio minha mão para encontrar meu bastão, o encontro e solto um suspiro aliviado, conheço perfeitamente o caminho de casa, mas me sinto tão insegura, ansiosa e com um medo injustificável que tenho certeza que eu cairei durante o trajeto até minha casa se tentar seguir o caminho por mim mesma.

Com ajuda de Maciel saio do carro e vou caminhando lentamente e contando cada degrau conhecido por mim a tanto anos.

— Finalmente chegou minha princesa.— Posso ouvir a voz do meu pai totalmente afoita e percebo que seu nível de ansiedade está altíssimo, ele segura minha mão e juro que posso sentir sua pulsação acelerada.— Sente-se aqui, bonequinha — ele fala quando sei que nos aproximamos do sofá.

Sorrio ao ouvir seus apelidos, já sou uma mulher adulta e ainda assim ele me trata como se eu fosse uma menina. Bom, eu sempre serei sua menina.

— Isabella, um milagre minha filha, você poderá voltar a enxergar se quiser.

Ele me abraça assim que acaba de falar, ele não fez mistério, não teve voltas para dizer o motivo de toda sua ansiedade. Um pouco eu sei que é de sua essência ser assim, direto, e juntou ao fato de sua alegria. Solto um suspiro pesado, eu não quero acabar com seus sonhos, mas… eu estou cansada de tantos exames. Eu sempre me sinto uma cobaia, algum tipo de experimento para meus médicos e nesses últimos anos meu pai se dedica somente a mim, e de certa forma eu me sinto mal por isso. Como dizer isso a ele?

— Eu não quero fazer mais exames, papai, me desculpe.

O silêncio toma conta da sala fazendo com que o som do tic tac do relógio se torne absurdamente alto aos meus ouvidos sensíveis.

— Porque?

Eu pensei que ele surtiria e iria brigar comigo, mas não, tudo que eu percebo que ele quer entender o que se passa em minha mente.

— Papai, o senhor passou vinte e cinco anos da sua vida tentando achar uma cura para mim e nos últimos cinco anos se tornou uma obsessão. Desde que a mamãe se foi o senhor passou a viver unicamente para mim. Eu não quero parecer ingrata e injusta, mas quero que viva por você. Quero que namore novamente, saia com amigos e volte a jogar seu golfe. Eu estou bem assim. — Dou uma pausa umedecendo meus lábios — Eu sou feliz assim.

Falo certa de minhas palavras e sua mão alisa minha bochecha um beijo casto é depositado em minha mão direita.

— Eu só quero devolver algo que tinha que ser seu meu anjo, a sua visão. Que por irresponsabilidade minha e de sua mãe você perdeu. Eu sei que você pensa que eu estou me privando de muita coisa para cuidar de você, porém afirmo em dizer que eu não estou. Eu sou apenas um viúvo convicto, eu amei demais sua mãe para substituí-la assim, me entende?

Como não entender? Já faz anos que espero pelo Justin e esperarei o quanto for necessário. Ao meu lado aceito somente ele.

— A culpa não foi de ninguém papai, quem poderia imaginar que isso aconteceria? Tenho certeza que se a mamãe soubesse que seus remédios teriam efeito colateral em uma de suas filhas, ela jamais tomaria eles e sequer ingeria bebida alcoólica junto.

— Fico feliz que pense assim, você é sempre meiga e compreensiva, entende tudo e todos. Obrigada por perdoar sua mãe.

— Eu sei que a sua maneira ela me amou. — E eu realmente sinto isso dentro de mim, não falo apenas para o confortar.

— Isa, eu te peço uma última chance, esse médico, ele vai te fazer conhecer o mundo, ele te dara a luz que precisa.

Ele fala com uma certeza tão grande que chego arrepiar-me e uma pequena chama se acende dentro de mim.

— Como pode ter tanta certeza papai?

— Eu conheço o doutor Alessandro, ele estudou por muitos anos e se especializou em uma nova pesquisa e teve bons resultados, ele ama o que faz e tem motivo especial para ter se dedicado tanto a oftalmologia.

Eu ainda estou reticente, não quero me frustrar mais uma vez e meu pai parece perceber isso pois aperta minha mão que está entrelaçada a sua.

— Faça por mim, minha filha, faça pelo seu marido. Uma uma surpresa para quando ele voltar de Tóquio.

Ele toca em meu ponto fraco, se colocou e levou Justin para minha decisão final. Colocou os dois homens da minha vida em jogo. O que eu podia esperar? Estamos falando de um dos maiores empresários do mundo. Claro que ele saberia me fazer mudar de opinião.

— Tudo bem, senhor Cavanaugh. — Olho em direção onde sei que seu rosto está — O senhor venceu dessa vez, mas, essa é a minha última tentativa.

Falo firme enquanto estico minha mão e ele aperta enquanto posso escutar a satisfação em sua voz.

— Fechado, senhora Bieber, e te dou minha palavra que será o último médico que conhecerá.

Point of view — Justin Bieber.

A água quente caí sobre meus ombros relaxando meu corpo por completo, oito dias de volta a Londres e tive que me segurar para não correr até Isabella. Tudo que fiz foi ligar para seu pai e dizer que estava de volta e que queria operar minha mulher, ela seria minha primeira paciente aqui. Quando o conselho aprovou o tratamento tive que viajar por mais três meses por vários hospitais para alguns congressos e participar de cirurgias, provando a veracidade do tratamento e, graças a Deus, de quinze cirurgias doze foram um sucesso.

Desligo o chuveiro pegando a toalha azul escura, passando em meu corpo retirando todo excesso de água presente no mesmo. Saio de dentro do box passando a toalha úmida em meu cabelo, subo por minhas pernas a cueca cinza e depois a calça branca do hospital. Abro a porta do banheiro sentindo o ar frio contra meu peito desnudo e o frio do porcelanato sobre a sola do meus pés.

— Vai ficar resfriado, Justin. Nem parece ser um médico!

Minha mãe fala indignada ao me olhar sem camisa e pé no chão. Sorrio e me aproximo dela lhe dando um beijo em sua testa.

— Já ouviu o ditado que os médicos cuidam de todos menos de si mesmo? Comprovei ser fato, mãe. — Ela sorrir — Vou acabar de me arrumar, senão me atrasarei e a senhora sabe que dia é hoje.

Só de pensar o que vai acontecer hoje meu coração acelera, eu tenho que me acalmar não posso deixar meus  sentimentos me dominar.

Ela assente e um sorriso acende em seu rosto, vou a passos rápidos até minha mala que está no canto do quarto e visto a camisa de manga curta branca, sento-me na cama calçando o tênis também branco e por fim pego meu jaleco que está com meu crachá já preso a si.

Eu iria ficar em um hotel, mas só faltou minha mãe me bater quando lhe disse e me obrigou a ficar aqui somente esses dias antes de voltar a minha casa juntamente com a minha mulher, de onde nunca mais pretendo sair.

Só mais uns dias, é o que eu falo para mim toda manhã.

Observo a casa onde cresci, dona Pattie jamais sairia daqui pois foi o que meu pai e ela construíram juntos, talvez uma reforma. Eu quero dar a minha mãe tudo que antes eu não podia e agora eu posso graças a carreira que conquistei.

O telefone da casa toca e meu corpo se contrai pelo medo de ser minha mulher, eu não suportaria fazer minha mãe rejeitar a visita de Isabella mais uma vez e quando a ouço gritar pelo nome da minha irmã suspiro aliviado.

Minha mãe teve que mentir para Isabela no começo da semana que iria sair e disse que ligaria para marcar um almoço e nada até hoje. Isabella não poderia sonhar que estou aqui. Minha mãe que sempre a recebeu em casa se sentiu mal por ter que mentir, porém ela mesma disse que é por um bem maior.

— Eu disse não, Jazz. — Minha mãe usa seu tom mais severo e sei que está cansada, talvez minha irmã esteja insistindo em algo. Me levanto da cama e vou até a cozinha vendo minha irmã com seus quase onze anos impaciente batendo os pés no chão enquanto olha a minha mãe.

— Porque não? A Bruna e a Julia também vão, porque só eu não posso ir? Por favor, mamãe, deixa eu ir!

— Porque não pode, essas festas nunca são inocentes e você é só uma criança pra se misturar com os alunos do ensino médio, só terá pessoas em média com seus quinze e dezesseis anos. E respondendo sua pergunta, eu sou a sua mãe e não a de suas amigas.

— Deixa mãe.

Reviro os olhos ao ver sua teimosia, vejo minha mãe levar os dedos até sua cabeça para massagear as têmporas.

— Jazz, a mãe disse não. — ela finalmente me nota. — Se arrume ou vai chegar atrasada em sua aula.

— Você não manda em mim, Justin. E não é meu pai.

Minha mãe arregala os olhos azuis quando Jazz me enfrenta, enquanto cruza os braços finos em frente ao corpo infantil. Quando minha mãe me disse que meus irmãos estavam um pouco difíceis de lidar não pensei que eles estivessem tão rebeldes assim. Abaixo o tronco, ficando da sua altura.

— Não, eu não sou e nunca serei. — afirmo. — Mas também nunca serei o tipo de homem que deixa a irmã rebelde falar desse jeito com nossa mãe. Sabe que tudo o que ela faz é pensando em seu bem estar. Um dia, quando for mãe, irá perceber isso. — ela engole em seco. — Não estou brigando com você, apenas quero que compreenda.

— Desculpa, mãe. — ela diz em um tom baixo, quase como se estivesse com vergonha.

— Tudo bem, agora vá se arrumar ou vai se atrasar para o ballet.

Ela sai da cozinha em passos lentos e minha mãe me lança um olhar melancólico, quase como se agradecesse em silêncio. Suspiro. Sei como Jazmyn se sente, está começando a entrar na adolescência, fase de descobertas e desejos, mas ainda sim é uma criança e precisa entender que não, é não.

— Onde está Jaxon? — Pergunto para minha mãe que voltou a colocar a mesa do café da manhã.

— Já o chamei duas vezes, porém ele não se levantou ainda é sempre assim, depois arruma aquela correria pela casa.

Não falo nada apenas viro meu corpo e vou até meu antigo quarto, acendendo a luz e puxando o edredom de seu corpo. Meu irmão caçula se contorce devido ao frio da manhã e as pálpebras começam a se incomodar com a claridade.

— Mas que merda, Justin. — O loiro coça os olhos ao me ver e fecha a cara.

— Se a mãe te chamou duas vezes, não existe a terceira. — digo simples. — Não podemos parar nossas vidas para ficarmos a seu dispor. Você sabe que horas tem que acordar e precisa começar a ter responsabilidade desde cedo, entendeu? Não é com esse tipo de comportamento que vai chegar a onde quer.

Saio do quarto indo até a cozinha me servindo com uma xícara de café.

— Me desculpe pelos seus irmãos, é só uma fase, meu filho, vai passar.

— Não se preocupe com isso, mãe, e agora a senhora tem a mim. Eu vou te ajudar na criação deles.

Ela sorrir enquanto adianta algumas coisas do almoço, pego meu celular conferindo as horas, pelo canto do olho vejo meus irmãos entrando na cozinha com bicos enormes em seus rostos, porém arrumados. Jazz com o tutu e sapatilha e Jaxon com o uniforme preto com amarelo da escolinha de futebol.

— Tomem café depressa, pois vou levar vocês e não posso me atrasar para o trabalho. — falo intercalando o olhar entre os dois. Odeio ser duro com eles, sei que são ótimas crianças, mas às vezes é preciso ter pulso firme.

— Jaxon, eu olhei seu caderno ontem a noite e as subtrações estão erradas. — diz minha mãe.

— Quando chegar do futebol concerto antes de ir para o colégio.

— Tudo bem, meu pequeno.

Como um pedaço de mamão olhando um e-mail em meu celular do hospital, coloco o mesmo sobre a mesa e encaro meus irmãos.

— Quero falar algo com vocês. — eles me olham atentos. — Sei que estão crescendo e não quero privá-los disso, mas precisam obedecer ao que nossa mãe diz. Um dia vocês terão idade o suficiente para fazerem tudo o que desejam, desde que não fira ninguém e não vá contra a educação que tivemos, mas até que esse dia chegue vocês precisam obedecer ao que ela diz, estamos combinamos?

— Sim.

Falam baixo, mas fico satisfeito por ver os olhos assustados dos dois, olho para minha mãe e mando uma piscadela para ela que sorrir em agradecimento.

— Então vamos ou quem vai levar bronca sou eu, por me atrasar.

(...)

A cada passo meu dado pelo arejado, grande e silencioso corredor, parecem dar eco e as respirações de enfermeiros e médicos que transitam pelo local parecem mais altas.

— Bom dia, doutor Bieber. — O cardiologista que passa por mim me cumprimenta contente.

— Bom dia, doutor West.

Paro em frente ao quarto duzentos e oitenta e sete, batendo duas vezes na porta, a enfermeira abre depois de alguns segundos e meu coração para ao vê-la deitada dormindo serenamente, não falo nada e vou até ela não contendo a umidade que se forma em meus olhos vendo seus lábios finos e rosados formando apenas uma linha, aliso sua bochecha que está quente mostrando que dessa vez é real e não apenas um sonho.

— Eu senti tanta sua falta, Violetta.

Não me importo por seu pai e a enfermeira estarem presentes no quarto, tudo que eu quero é olhar para ela.

Desço minha mão por seu braço, sorrindo ao ver a aliança de noivado e casamento em sua mão esquerda.

— Porque ela está dormindo?

Olho para a enfermeira que se aproxima com a prancheta em mãos enquanto analisa.

— Lhe deram um calmante algumas horas atrás, ela estava com um grau de ansiedade alta então o doutor Winter achou melhor que lhe colocasse para dormir.

— Foi o melhor. — Olho para meu sogro que está de pé do outro lado da cama, ele sabe exatamente meus temores.

— Não precisa ter medo, Justin. Isabella não tem raiva de você, ela nunca ficou  um dia sem pensar em você. Ela não esqueceu você.

Sorrio ao alisar sua bochecha novamente.

— Eu também. É o que penso.

— Nada mais vai me tirar do seu lado Violetta.

Ela se mexe na cama rigidamente coloco a máscara em minha boca e me afasto um pouco, olho para a enfermeira.

— Não se esqueça do combinado.

Ela assente e então Isabella abre seus olhos, pisca três vezes e suspira lentamente, um sorriso pequeno surge em seus lábios, me fazendo por debaixo máscara sorrir junto.

— Cacau, o quarto inteiro está exalando um leve aroma de cacau.

Prendo a respiração, como eu pude esquecer desse detalhe. Isabella sempre disse que meu cheiro a lembrava a cacau. Seu pai me olha aflito, mas tenta manter a calma.

— Eu não sinto nada minha filha.

— Eu estava sonhando com ele papai, sonhei que Justin dizia que sentia minha falta e que mais nada iria separar a gente. Parecia tão real, talvez esse cheiro que causou meu sonho.

— É minha filha, pense que depois da cirurgia você poderá ir ao encontro dele ir fazer uma surpresa.

Meus olhos enchem de lágrimas ao vê-la assenti e sorrir enquanto fecha os olhos novamente.

— Senhora Bieber, como prometido  o doutor Alessandro está aqui em seu quarto e lhe responderá todas suas dúvidas antes de iniciarmos a cirurgia.

Sandra — a enfermeira — faz como combinamos, solto um pigarro tentando mudar minha voz o máximo que consigo e não tiro a máscara para que a mesma fique abafada pelo pano branco e fico onde estou.

— Eu confio nele, se meu pai confia eu também confio.

— Obrigado pela confiança, senhora.

Faço com que minha voz saia mais rápida e grossa e a máscara ajuda um pouco, porém linhas de expressão se formam entre suas sobrancelhas.

— Eu irei mesmo dormir durante toda a operação?

— Exatamente, não precisa se preocupar com nada, esse lindos olhos irão pela primeira vez conhecer a luz do dia, daqui quinze dias.

Tento falar o menos possível, apesar da vontade de gritar que sou eu.

— Vou me preparar para a cirurgia assim como você, nos vemos em algumas horas e, por favor, tente ficar calma, senhora.

Ela assente e eu saio do quarto rapidamente antes que eu me entregue, sinceramente não sei de onde estou tirando tanta força para seguir com isso. Espero que ela não se chateie pois eu e seu pai fizemos isso pensando unicamente nela.

A manhã passa em um passe de mágica, dentro da sala de cirurgia minha equipe aguarda a paciente mais esperada da semana.

— Luvas, por favor — Meu assistente vem até mim e coloca cada uma em minha mão, me ajudando a evitar qualquer contato com nada que seja esterilizado. As portas duplas se abrem e por ela passa a maca com minha Violetta totalmente acordada, seu pai para em frente a porta e a mesma é fechada em seu rosto. Quando a mesma para ao meu lado, fico tranquilo pois sei que o aroma que predomina esse local é o da esterilização.

— Está pronta, senhora? — Pergunto com a máscara azul presa em minha boca.

Seus lábios tremem um pouco, mas ela assente depois de alguns minutos.

— Então, a senhora vai dormir um pouquinho e quando acordar já estará em seu quarto. — Ela assente novamente. — Podem seda-la.

A enfermeira leva a agulha até seu braço esquerdo e aplica a injeção em sua veia para que é efeito seja mais rápido, enquanto isso os aparelhos para monitoramento são ligados nela.

Suas esferas violetas começam a se fechar lentamente pela dosagem forte, tenho vontade de tocar em seus cabelos, entretanto sei que não posso e tem a touca branca que ela usa que impediria tal contato.

— Podemos começar. — Falo quando o bisturi é colocado em minhas mãos, que poderá mudar toda história da mulher que amo.


Notas Finais


Então o que acharam?


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