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História Vivo, ou apenas existo? - Peixe cozido


Escrita por: Hueitir10-NEW

Notas do Autor


Mais um capítulo neste lindo dia.
Leia calmamente, apreciando um pouco do “gostinho” da leitura que eu tenho a lhe oferecer <3 – Uma ótima leitura.

Capítulo 5 - Peixe cozido


Fanfic / Fanfiction Vivo, ou apenas existo? - Peixe cozido

Meus pés não estão se movimentando direito, tanto que acabo sendo carregado pelo tenente Homes. Meu braço esquerdo está ao redor de seu pescoço. E o forte braço direito do tenente circula minha cintura, enquanto ele me leva lentamente pelos corredores do quartel.

Tento ignorar a forte pontada de dor que está criando raízes em meu braço direito; apenas tento.

 

Vivo, ou apenas existo?

Capítulo 5: Peixe cozido

 

"Você vai ficar um pouco em meu quarto." - murmura o tenente, me colocando encostado na parede, bem no chão. Logo ele vai em direção à porta, fechando-a. - "O que está sentindo?".

Sinto-me como um pássaro que perdeu sua voz. E a voz grossa de Homes não parece estar me ajudando no momento.

"Pedro." - fala ele, olhando seriamente para mim. - "O que está sentindo no seu braço?".

"Virou médico agora." - sussurro com desprezo, olhando para o chão. E por um momento, acho que ele não escutou o que eu disse.

Homes vai até a sua pequena geladeira e retira uma garrafa transparente com contém bastante líquido. Põe em um copo de plástico e me dá. Recebo, agradecendo com um pequeno aceno de cabeça, e bebo lentamente.

"Eu não preciso ser médico para saber o que fazer em situações como essas." - diz ele. - "Meus alunos já passaram por coisa bem pior, e eu sabia bem o que fazer para com que a dor deles parasse.".

"Virou mágico também." - sussurro, bebendo o resto da água.

É quando ele senta no chão, vagarosamente, bem em minha frente. Seus olhos estão tão ligados aos meus, mas de um jeito grosseiro.

"Você me odeia." - murmura ele. - "Por quê?".

"Você deu um soco em meu amigo, isso foi uma humilhação para ele na frente de todos aqueles novatos." - falo, ofegante. - "Por que acha que ele desistiu do exército? Por causa disso.".

"Entenda uma coisa, garoto. Isto aqui é o exército. Não é um lugar para qualquer um." - sua voz se entona em seriedade. - "Ajudamos quando podemos, damos socos quando podemos. Mas quando o ser não aguenta, o que resta para ele é desistir." - olho para sua barba tão bem feita. - "Aqui, não aturamos assédios. E nem muito menos homossexuais.".

"Homossexuais." - falo a palavra cuidadosamente.

"Eu ainda peguei leve com você nos exercícios de hoje, dos objetos. Outros tenentes pegariam muito pior.".

E essas suas palavras me fazem temer um pouco o local.

"Provavelmente você está com fome, soldado." - diz ele, levantando-se. - "Vou enfaixar um pouco de gelo em seu braço, e iremos comer um bom prato japonês.".

"Por que agora me trata bem?".

"Porque quem realiza meus exercícios bem, merece ser tratado como um bom conquistador." - murmura. - "Aproveite, eu sou bonzinho apenas por pouco tempo.".

Meu braço direito está enfaixado com um lenço branco, e o gelo está deixando toda a localidade dormente – o que me deixa agoniado de certo modo -, mas parando pra pensar, é melhor a dormência e a frieza que está havendo, do que a dor que eu estava sentindo alguns minutos antes.

Eu e o tenente Homes fomos para o restaurante enorme que o quartel comporta, de várias mesas e cadeiras. Está um deserto, tudo fechado. Mas as luzes continuam acesas em plena três ou quatro horas da manhã – não sei ao certo.

"Esta comida japonesa eu guardei há um tempo na geladeira." - ressente Homes, sentado na cadeira de frente para mim, onde apenas uma mesa nos separa. - "Já comeu, num já?".

"Nunca, senhor.".

"Então pelo visto não sabe usar os Hashi; palitos de madeira.".

"Nem se eu quisesse poderia." - falo, levantando meu braço direito enfaixado. O que o faz rir.

Pela primeira vez eu o estava vendo rir, e o seu sorriso me trazia naquele momento uma sensação boa.

"Já teve nariz com curativo, agora braço enfaixado. Espero encontrar você inteiro até o dia que você receber sua farda." - fala ele.

"Vai depender das rigorosidades do senhor." - murmuro, e o ouço rir novamente. - "Agora falando sério, eu nunca comi esses Sushis.".

"Você logo se acostuma com o sabor do peixe." - diz ele, pegando os Hashi e movendo com profissionalismo o pequeno peixinho de cor vermelha em sua boca. - "Não vai comer?".

"Não dá. Os objetos de peso acabaram com os meus dois braços." – resmungo.

"Abre a boca." - pede ele seriamente. E eu obedeço.

Ele leva o pequeno Sushi com seus dois "palitos" - Hashi - em direção a minha boca, parecendo ser a coisa mais normal do planeta. O peixe chega até meu paladar e eu o engulo.

"O que achou?" – indaga-me, com uma expressão curiosa.

"Bom." - opino. - "Sem palavras." - solto um sorriso, e o vejo sorrir como resposta.

"Você sabe que os exercícios instrutivos ainda não acabaram, por enquanto, não sabe?" - pergunta ele, pegando um pedaço branco do peixe e molhando no molho.

"Como assim?" - só essa minha pequena fala faz com que minha boca fique aberta o bastante para que ele coloque a comida nela em tão pouco tempo. Mastigo surpreso. - "Uau.".

"Pois é." - ri ele.

"Quem te ensinou a comer com os palitos?" - pergunto, para que o silêncio constrangedor não apareça.

"Minha esposa." - responde ele, comendo com delicadeza a porção vermelha. - "Ela meio que ama este tipo de comida.".

"Ah, entendi." - assinto.

Quando terminamos de comer, o tenente Homes me guia pelos corredores até a porta de meu quarto. Já estou conseguindo andar - mesmo que lentamente -. E quando chegamos de frente à porta, Homes me para, e olha para mim em um tom sério.

"Tudo que aconteceu esta noite, os exercícios, o braço, a comida, tudo, não deve ser dito a ninguém." - sussurra Homes. - "Quero testar sua confiança, meu jovem soldado.".

"Sim, senhor." - afirmo, levando minha mão esquerda até minha testa. Homes faz o mesmo como resposta, indo embora logo após. Ponho-me a entrar caladamente no quarto escuro.

David e Carl não me escutam chegar, literalmente eles tem um sono profundo. Deito em minha cama. Eu até refletiria sobre os últimos acontecimentos, mas o cansaço parece estabelecer-se sobre minha mente e corpo.

As pessoas, elas aparentam ser uma coisa, mas quando você as conhece, elas passam a ser algo completamente diferente do que você imaginava. O tenente Homes, mesmo me fazendo ter uma grande demanda de raiva pelo que fez com Paulo, me mostrou ser uma pessoa ao qual eu não esperava vê-lo ser hoje... Uma pessoa legal.


Notas Finais


Infelizmente é a grande deixa de “Paulo” na história. Mal chegou ao exército, e já saiu. Um ponto tocante sobre homossexuais não serem aceitos em certo local, ponto horrível por assim dizer... Aguarde o desenrolar dessa trama.


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