História Você também me queria - Korrasami - Capítulo Único

Asami respirou meio preso, a carta no seu bolso parecia pesar mais do que seu corpo todo, como se as linhas fossem mais ela do que ela mesma. “Não seja covarde” ela se disse e encarou a porta, “mas também não seja idiota”, ela deixou os ombros abaixarem. Ela olhou o relógio, se sua coragem não era o suficiente, então que o tempo a empurrasse para fazer o que ela devia.

Ela abriu a porta e Korra estava lá, com Mako e Bolin. Já tinha girado muitas maçanetas esperando ver aqueles olhos, e sempre parecia um choque quando acontecia. Eles planejavam o ataque surpresa contra Kuvira, Asami sabia que devia estar interessada porque estavam falando das armaduras que ela projetou, mas sua concentração estava em Korra. Como ia pedir sua atenção num momento tão crítico? Sorte sua que Korra percebeu, seus olhos travaram nos dela e suas sobrancelhas questionaram a expressão de Asami. Ela engoliu seco e se aproximou do Avatar.

— Korra… posso falar com você a sós?

— O que foi? Recebemos alguma mensagem do general? - Korra disse alerta.

— Recebemos mensagem do general? - Mako que parecia ter a audição de um morcego repetiu mais alto.

Asami levantou as mãos.

— Não, não tem nenhuma mensagem… - ela virou para Korra já exasperada por causa da ansiedade - Pode vir comigo um minuto?

Korra olhou para os outros na sala e depois para Asami.

— Claro, parece que é importante…

— Asami, preciso que você…!

— Agora não, Mako!

Ela tinha que sair dali com Korra o mais rápido possível. Ela não tinha tempo, a guerra eminente ficava cutucando no fundo da sua cabeça assim como devia estar na de todos.

— Asami, o que aconteceu?

Korra estava em alerta, como se estivesse consciente até dos flocos de poeira que circulava o escritório da senhorita Sato. Sua voz também parecia meio irritada por todo o suspense, afinal, ela já ia lutar uma guerra com uma lunática.

— Korra, sei que não temos tempo para… para conversas e antes de tudo eu não estou exigindo nada, é só que, da última vez nos quase te perdemos... Eu quase te perdi.

Korra baixou os olhos, ficou mais difícil de engolir, o jeito que Asami falou fez seu estômago pular. Ela voltou a olhar Asami, mas era tão difícil.

— O que… tipo, o que você...

Asami se aproximou dela e puxou a carta do bolso.

— Eu não sei se vou conseguir te dizer tudo, mas eu escrevi uma carta que nunca te enviei...

Korra assistia sem acreditar a própria mão tocando o envelope, “isso está acontecendo?”. Parecia tão surreal, como se o escritório de Asami fizesse parte de outra dimensão, flutuando no espaço, que não tinha uma guerra atrás da porta.

Ela abriu, pela primeira impressão a mensagem era curta, seus olhos foram para a primeira linha. Apesar de não olhar, ela sabia que Asami a assistia e podia quase tocar a intensidade com que ela fazia isso.

Querida Korra,

Você está tão longe, por tanto tempo. Suas cartas me lembram que você ainda existe, que tudo não foi invenção da minha cabeça. Que eu não estou ficando louca quando sinto saudade da sua voz e do seu sorriso. Que eu não perdi a noção quando tento imaginar o dia todo o que você está fazendo, se pensa em mim como penso em você, do jeito que penso… depois imagino se você ficaria surpresa.

Mas talvez eu esteja louca mesmo quando rezo todas as noites para sonhar com você, é o mais perto da realidade que posso chegar. Ou será que posso chegar mais perto, Korra? Por favor me deixe ir te visitar, juro que queria ser mais forte por você, mas não consigo com você tão longe.

As coisas estão bem confusas na minha cabeça, como você pode ver, mas mesmo não tendo certeza de nada quero dizer que te amo. É a única coisa que parece certo agora.

Sua Asami.

Korra ficou mais tempo na carta do que necessário, ela releu e na terceira vez seus olhos só saltavam de palavra em palavra. Ele estava tentando entender se Asami realmente tinha escrito aquilo ou se era um recorte dos próprios pensamentos. Ela sentiu longos dedos brancos no seu pulso. Seus olhos se encontraram. Tinha eletricidade no seu toque. Korra era bem eloquente quando se tratava do que sentia, porque ela sentia demais até, mas ela se viu sem fala.

— Asami…

Asami se aproximou. Primeiro, os lábios pressionados um no outro e depois suas bocas se entreabriram. Ela deve querer também, Asami pensou, deslizando a língua no lábio inferior de Korra. Ela arfou com o tremor no seu abdômen e o calor que crescia entre suas pernas. Como um instinto, ela puxou Asami pra perto e deslizou a língua toda na boca dela fazendo ela gemer baixo. Suas mãos foram parar no cabelo dela, enquanto Asami deslizava as mãos nas suas costas e lados. As duas quentes, procurando fechar cada espaço entre elas. Foi Asami quem deu alguns passos pra frente, fazendo Korra encostar na mesa, dando a oportunidade de encaixar uma perna entre as dela. Korra gemeu alto e inclinou a cabeça para trás quando o quadril de Asami fez o movimento de um onda e acertou o ponto onde ela queria ser tocada.

— Meu deus… - Korra sussurrou.

As duas ofegavam, os rostos ainda muito próximos.

— Você quer que... a gente pode continuar?

Ela sorriu de leve com a pergunta, nunca tinha visto a outra tão insegura. Korra voltou os olhos pra ela, os olhos de Asami fitavam sua boca e depois subiram lentos para até os seus. Ela é tão linda, Korra pensou, era de quebrar o coração. Asami acompanhou seu sorriso, mas depois mordeu o lábio quando viu as pequenas lágrimas se formando no canto dos olhos da outra.

— Korra...

— Desculpa, eu…

Ela escondeu o rosto no seu ombro. Não queria que ela a visse chorando. Ela ficou assim por alguns segundos, sentindo o perfume do seu cabelo, pensando em quantas vezes tinha querido isso, quanto medo tinha por querer isso.

— Me desculpa - Asami cortou o silêncio - com tanta coisa acontecendo eu deveria ter...

Korra voltou a olha-la.

— Não, Asami… - ela respirou fundo, tentando limpar o rosto com as mãos - eu queria isso, eu nunca achei que você… poderia me querer também.

Asami sorriu de alívio, ela parecia tão vulnerável, foi quando ela lembrou que ainda estava pressionando-a contra a mesa.

— Acho que eu sempre quis - Asami riu de novo - se eu soubesse que você beijava tão bem provavelmente isso teria acontecido mais cedo.

Ela pegou os lábios de Korra no meio de um sorriso, num beijo tão profundo quanto o outro. Mas Korra, com toda a delicadeza, segurou seu rosto nas suas mãos e afastou seus lábios.

— Depois, depois que nós terminamos de planejar o ataque... - ela olhava nos olhos de Asami - Desculpa...

— Não, não tudo bem, claro! - Asami se separou e de repente seu corpo ficou frio sem Korra - eu me empolguei…

— Nós vamos ter mais tempo - Korra disse segurando suas mãos - talvez eu posso entregar a minha carta pra você…

— Você me escreveu uma carta?

— Você não é a única apaixonada.

Korra sorriu e Asami a puxou para outro beijo, sem pensar na primeira advertência. Duas batidas fortes na porta fizeram as duas pularem.

— Korra, Asami, vocês estão aí?

Elas se olharam, Asami arregalou os olhos quando viu que seu batom estava todo em Korra e Korra fez os mesmo quando viu a boca toda borrada de Asami.

— Estamos indo! - Korra gritou enquanto Asami limpava sua boca com lenços da sua mesa.

Depois de alguns segundos as duas já estavam mais apresentáveis. Elas não falaram nada, se olharam como se não estivessem prestes a enfrentar uma guerra, na verdade parecia que o peso tinha desaparecido. Tudo foi tão natural e certo, talvez o futuro não fosse tão incerto, talvez ele já estava nos braços de Asami.

Korra abriu a porta para achar um Mako meio irritado.

— O que aconteceu? Nós precisamos de vocês duas.

— Eu precisava falar com Korra em privado, assunto pessoal.

— Péssimo timing!

Asami suspiro exasperada. Ela também achava o timing dele péssimo.

— Bom, não vamos perder mais tempo discutindo - Korra disse.

Ela fez um sinal para o corredor e Mako, depois de olhar estranho pras duas, se virou para voltar pra sala. Asami e Korra andavam lado a lado. Mako olhava de relance pras duas.

— Quem vai contar pra ele? - Korra sussurrou para Asami.

Asami riu baixo e olhou pra Korra, apertando sua mão na dela.