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História Volatile - De volta


Escrita por: makkachin

Capítulo 8 - De volta


Bakugo deixou o jantar sem nem falar com mais ninguém. Depois que saiu do banheiro, ele se despediu do Senhor Uraraka, e partiu, porque a festa já estava chegando ao fim, pois não teria mais nada depois. Ele saiu pela rua sem muito rumo, porque não queria pensar em mais nada antes de ir pra casa, mas para sua surpresa apareceu alguém correndo atrás dele.

“Bakugo, por favor, espere.”

Aquela era uma voz que ele não queria ouvir. Os passos de Deku ao correr pela calçada soaram pelo ar, e Bakugo não pode continuar andando. Ele se virou e olhou para Deku, que apenas freou sua corrida quando chegou perto de Bakugo.

“O que eu fiz?” Ele pediu, e em seu rosto realmente havia confusão, e indecisão. Bakugo não queria ser confrontado por aquele rosto querendo algo mais, porque ele não estava no mais forte de sua mente no momento.

“Eu…” Bakugo começou a falar, mas a verdade é que não tinha como ele dizer tantas coisas quando os dois sequer eram algo. Não teria sentido ele abrir seu coração, especialmente quando Deku não era nada demais para ele.

Deku chegou mais perto. “Foi o que você viu entre mim e Ochako?” Ele pediu.

Bakugo não quis falar no primeiro momento, mas acabou abrindo a boca, sem olhar diretamente para Deku. Seu olhar foi para longe.

“Não teve como não ver você e a filha do chefe junto. E eu ouvi falar que vocês já foram alguma coisa antes, e eu não quero me envolver com alguém assim. Muito menos por que o Senhor Uraraka é meu chefe, e eu não quero problemas.” Ao terminar, Bakugo olhou para Deku, e viu nos olhos do outro a confusão sendo clareada.

“Nós não temos mais nada,” Deku sacudiu a cabeça. E chegou ainda mais perto. “Já estivemos juntos, mas agora somos só amigos. E sim, ela foi o motivo de eu conseguir um emprego com o Senhor Uraraka, mas ele sabe que eu não tenho interesse nela, e ela não tem interesse em mim. Talvez alguém pode ter pensado assim, porque nós somos próximos, mas ninguém mais próximo a nós tem confusão quanto a isso.”

E com a verdade sendo contada, Bakugo podia sentir seu coração mais leve. Não era nem porque o caminho estava livre para Deku, mas sim porque ele não tinha mais aquelas informações pairando sobre sua cabeça.

“Quer dizer que vocês não tem nada um com o outro?” Ele pediu.

“Só amizade,” respondeu Deku. “Não tem porque cortar sua conversa comigo só por isso, mesmo que não tenha interesse em nada mais.”

E um silêncio ficou entre eles naquele momento.

“E se eu tiver interesse?” Bakugo deixou a pergunta no ar.

Deku sorriu. “Se você tem interesse por mim, então é só correr atrás. Porque eu não vou ficar indo pelos cantos procurando por um homem que me quer e então me ignora sem nem falar comigo. Não preciso de vai e volta na minha vida.” A voz de Deku era bem severa, mas não dura demais.

Aquela era sua verdade, sua prerrogativa, e assim iria agir. Bakugo, mesmo tendo errado, admirava a forma de Deku de encarar as coisas, e querer conversar ao invés de fugir da verdade que foi o que Bakugo fez. Não que tivesse errado. O que ele menos queria era se envolver em uma confusão, mas agora parecia que não tinha mais nada a se enrolar com isso, e quem fez o drama todo foi o próprio Bakugo, mesmo sem querer.

“Eu acho que…” ele começou, mas a voz de Ochako soou pelo ar.

“Deku, você vem comigo?” Ela chamou, quase como se não quisesse interromper, mas a maior parte dos convidados também estava deixando a festa no momento.

O olhar de Deku ficou entre um e outro, mas era certo que sua prioridade era Ochako, especialmente depois de Bakugo ter fugido dele mais de uma vez.

“Eu já vou,” ele falou, e se virou para Bakugo de novo. “Pense no que você quer, e depois conversamos. Você tem meu número. Me liga quando estiver com a cabeça pronta,” Deku disse, e mandou um sorriso pelo ar, antes de dar a volta e ir na direção de Ochako, que estava olhando para os dois com curiosidade no rosto.

Bakugo fez uma leve reverência com a cabeça como forma de respeito, e depois viu os dois irem embora de limousine. Ele ficou ali por um momento, pensando nas coisas que fez e disse, e nas decisões não-acertadas que teve. Agiu por instinto em um momento que deveria ter apenas buscado a verdade, mas pelo menos não fez erros piores. Agora teria que trabalhar a sua cabeça e pensar bem em como poderia conquistar Deku mais uma vez, mas aquilo não seria impossível.

Ele foi para casa de trem, pensando no que deveria fazer.

---

O treino continuou nos próximos dias, e Bakugo entrou em sua rotina sem problemas. Ele também ia passando ainda mais tempo no centro, e quase todos os seus dias ali estava com Kirishima, o Senhor Aizawa e Yagi. A primeira luta estava marcada, e logo chegaria, por isso ele tinha que estar pronto para esses torneios de acesso. Eles aconteciam ao longo de uma semana, onde teria que lutar quatro ou cinco vezes--apenas no MMA com os maiores lutadores é que eles faziam aquelas lutas de gala em um dia apenas.

No resto dos campeonatos ele precisava dar a cara à tapa, sem medo. E estava treinando para isso.

“Quando você aparecer na frente de um oponente, precisa estar pronto para deixar suas emoções de lado e pensar no momento final de cada golpe. Vários deles podem vir de seus reflexos, e de sua forma de encontrar uma brecha, mas é preciso usar a cabeça,” dizia Yagi enquanto Bakugo socava as luvas do professor. Ele tinha que se concentrar em acertar o lugar certo todas as vezes, sem pestanejar ou pensar muito, porque todo aquele pensamento que ele tinha que fazer precisava ser realizado em instantes, meros milésimos de segundo.

“E quando tiver que lutar para um nocaute, não lute apenas por isso. Pense no estado físico de quem está à sua frente, analise como seu oponente se move, como ele respira, pense em todos os pontos fracos que você pode encontrar, mas lembre que ele também vai para seus pontos fracos,” continuou Yagi, enquanto Bakugo socava e socava.

Yagi segurou uma das mãos dele para Bakugo parar por um momento.

“Lembre que metade da luta ocorre na sua cabeça, mas aquela que os juízes veem está apenas no ringue.”

Aquela frase não fez todo sentido num primeiro momento, e Yagi percebeu aquilo, por isso fez uma pausa com Bakugo.

“É importante que você sempre tente vencer seu oponente, na sua cabeça e fora dela. Mas a sua luta interna, seus anseios e desejos, sempre estarão ali dentro, e ninguém vai se importar com eles. Os juízes vão avaliar um resultado, se precisar da participação deles. Mas quem faz a luta é você no momento. Se tem como pensar e lutar, pense rápido e aja. Não deixe para mais tarde, use sua estratégia de treino, não tem como criar do nada. Pense em tudo o possível e ataque, mas lembre que você tem que ter um olho no prêmio e outro na presa.”

Eram tantas palavras que Bakugo ficou um momento sem pensar direito. E então as coisas começaram a se encaixar. Não adiantava nada ele apenas pensar em tudo que iria fazer e nunca fazer, da mesma forma como ele não poderia apenas agir sem pensar--que foi o que ele fez com Deku. Agiu antes de considerar qualquer outra coisa, quando na verdade aquilo não era um momento de vida ou morte. Quando havia tempo ele sempre tinha que pensar, como nos intervalos da luta e decidir sua estratégia ali. Pois quando soasse o gongo para voltar ao ringue, ele não poderia se deixar agir apenas por emoção, mas também não poderia se perder em estratégia.

“A chave do sucesso é equilíbrio, pode parecer simples, mas é a verdade,” completou Yagi. E Bakugo assentiu.

Naquela tarde em um dos intervalos ele mandou uma mensagem para Deku, pedindo se tinha uma noite livre para os dois jantarem juntos. Ele não ficou esperando uma resposta, porque tinha que ir treinar, mas quando voltou ao seu telefone, havia uma resposta ali na tela.

[Deku] Qualquer noite dessa semana eu estou livre. Qual é o seu plano?

[Bakugo] Pode ser na sexta-feira? Vou ter folga neste Sábado pois Domingo eu volto a treinar antes do torneio.

[Deku] Que horas você quer e onde nos encontramos?

[Bakugo] Assim que eu pensar em um lugar eu te aviso?

[Deku] Pode ser.

E assim, da forma mais fácil, eles tinham marcado um encontro. Mesmo sem perceber, Bakugo começou a sorrir enquanto guardava suas coisas para pegar o trem para casa.

“Alguém tem um encontro amoroso pela frente?” Comentou Kirishima ao olhar para Bakugo, que apenas sacudiu a cabeça. Kirishima continuou. “Não tem problema, porque eu também tenho um, com a Mina.” O sorriso de Kirishima era enorme.

“Se cuida com ela, porque tem cara de que pode te comer por inteiro e ainda usar os ossos para palitar os dentes,” disse Bakugo, e Kirishima riu.

“Ah, mas que maneira de ir pro outro lado, hein?”

Bakugo sacudiu a cabeça ao sair dali, indo em direção à estação de trem. No caminho de casa ele ficou a pensar em que lugar poderia levar Deku, e pesquisou em seu telefone alguns restaurantes que fossem interessantes. Claro que Tóquio tinha uma infinidade de coisas para se ver, e se fazer, por isso era até difícil escolher.

Foi aí que Bakugo pensou, e se convidasse Deku para sua casa? Fazer um jantar a dois não era má ideia, e ainda deixava eles à vontade, porque Bakugo não ia negar, já tinha passado a hora de se levar pelo corpo de alguém. Agora, se Deku iria querer era outra coisa.

[Bakugo] Eu tenho uma proposta pra você, não sei se vai aceitar. E não tem pressão quanto a isso também.

Ele teve que esperar um pouco pela resposta de Deku. Ela apenas chegou quando Bakugo desceu na estação próxima de casa, e foi caminhando.

[Deku] Qual a sua ideia?

[Bakugo] O que você acha que ir jantar comigo lá em casa? Eu posso fazer a sua comida preferida, se me disser o que é, a gente pode conversar com privacidade e ter uma noite pra nós. O que você quiser fazer…

A resposta de Deku demorou alguns minutos, o tempo de Bakugo chegar na sua rua, que não era longe da estação.

[Deku] Você me quer sozinho com você, já percebi.

[Bakugo] E seu confirmar sua suspeita?

[Deku] Não tem nada de mal. Mas eu não fico dando pra qualquer um no primeiro encontro, isso precisa ser dito.

E então Bakugo riu daquela resposta, pelo menos para si.

[Bakugo] Eu vejo que você tem bastante confiança.

[Deku] Bom, se tem um lutador musculoso e forte atrás de mim, não tem porque não ser confiante. E eu sei dos meus talentos.

[Bakugo] E vai deixar eu descobrir quais são eles?

[Deku] Não posso confirmar nada. Mas se você me surpreender bastante com seu jantar, eu posso abrir uma exceção.

[Bakugo] Então podemos confirmar o nosso jantar aqui em casa?

[Deku] Podemos. Mas fique sabendo que só vou porque você insistiu.

[Bakugo] Vamos ver quem vai insistir no final da noite. Estou curioso.

[Deku] Eu também.

E da forma mais simples, a conversa deles retornou ao mesmo nível de antes, como se não tivesse tropeçado no meio do caminho. A verdade é que, quando havia química, não precisava forçar nada. As coisas aconteciam com naturalidade, e aconteciam da forma que deveria ser. Bakugo queria poder viver aquela noite com Deku o mais rápido possível, e só tinha que descobrir tudo que deveria fazer para que Deku caísse em seu feitiço. Porque ele sentia que já estava gamado.

E tinha sido rápido.

 



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