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História Vulneráveis (hiatus) - As inquietações de Inuyasha


Escrita por: Okaasan

Notas do Autor


Oi, pessoal.

No capítulo anterior, o espírito de Gai revela a Shurato que Miroku é uma das vidas do Rei Yasha. Sesshoumaru experimenta momentos de alegria e leveza ao lado de Rin. Inuyasha vai almoçar na casa de Sango, que é 'capturada' pelo marido e ambos têm um momento de luxúria e prazer, enquanto o hanyou distraído come de forma desregrada.

Estava na dúvida se escrevia com um #POV, então resolvi arriscar... Veremos como fica este capítulo meio grandinho, narrado em primeira pessoa.

A imagem do Mi caído não me pertence, créditos ao fanartista.

Boa leitura! :)

Capítulo 15 - As inquietações de Inuyasha


Fanfic / Fanfiction Vulneráveis (hiatus) - As inquietações de Inuyasha

ѼѼѼ

 

POV Inuyasha

 

Esse dia foi louco.

Enquanto Kagome não chega, vou me deitar aqui ao lado do poço. Gosto muito de ver as estrelas, elas me trazem uma recordação meio triste, mas que não sai do meu coração: o dia em que aquele maldito Sesshoumaru me enganou, me mostrando a Mu Onna disfarçada de Izayoi, a minha mamãe.

Foi terrivelmente bom vê-la de novo depois de mais de duzentos anos de sua morte, apesar de ter sido uma ilusão. Eu sentia tanta falta do olhar de amor que ela tinha só para mim. Do sorriso espontâneo, do som do riso dela quando eu fazia alguma trapalhada. Se a minha alma se partisse naquela noite, eu morreria feliz, pois nada me fazia tão bem quanto o abraço da mamãe.

Sempre que vejo o céu estrelado, não consigo deixar de pensar que ela pode estar ali, escondida atrás de uma das estrelas, soprando os beijos que ela depositava na mão branca de dedos pequenos e mandava para mim, quando eu saía de casa para ir brincar nas árvores.

Hoje eu tenho certeza de que ela iria amar Kagome. A minha Kagome, a humana que ama um hanyou.

Ela adoraria saber que tem no mundo uma mulher jovem e maravilhosa que arriscou a vida por mim, desistiu do conforto que tinha em sua terra esquisita e vai se casar comigo.

Eu amo a chata da Kagome. Ela me irrita com aqueles “Osuwari”, com suas ideias piradas e teimosias. A última maluquice dela foi pedir ao idiota do Sesshoumaru um canino dele como pagamento das aulas de médica que ela vai dar para a pirralhinha dele.

Bem... Não tão pirralhinha, ela já vai fazer dezesseis anos. Como é uma humana, já não posso dizer que ela é uma criança; bem, a carinha dela é de criança, mas os seios já cresceram. Rin é uma humana diferente: conseguiu fazer o imbecil do Sesshoumaru mudar um pouco. Acho que, de certa forma, ela purificou o coração dele. Pagou a língua, o otário. Vivia ofendendo a mim e ao nosso pai porque amamos mulheres humanas; agora, anda igual a um cachorro atrás da menina Rin.

Fico me perguntando: como ela aguenta? Ele é grosseiro, irônico e arrogante. Bom, eu também sou assim, mas nem tanto. Ele é insuportável. Eu detesto o Sesshoumaru. Bem... Acho que não chego a detestá-lo de verdade. Afinal, mesmo sendo quem é, é meu único irmão. E eu não gosto de ser ingrato, ele nos ajudou várias vezes quando estávamos lutando contra Naraku. Mas não quer dizer que eu tenha vontade de ficar perto dele. Isso, não. Nem entendo o porquê daquela doida da Kagome chamá-lo de cunhado. Miroku é muito mais irmão para mim do que ele. E, falando em Miroku...

Meu peito voltou a doer. Aquele vagabundo me machucou hoje. Estou bem preocupado com ele.

Depois que ele se ofereceu para mim e pegou em minha bunda, de manhã, perdi a cabeça; o golpeei com uma boa pancada e o levei de volta para casa. Sango tinha feito um monte de comida gostosa e disse que ia cuidar dele lá dentro. Ah, eu me fartei. A comida de Sango é muito, muito boa. Só que eu fiquei confuso; ela sumiu para lá, começou a gemer e disse que tinha batido o dedinho do pé na cama (isso dói pra caramba, eu entendo). E aquela maldita não parava de gemer, pensei que ela tivesse quebrado o pé. Até disse para ela não fazer barulho, pois eu estava com tanta raiva daquele Miroku que não queria vê-lo acordado falando coisas pervertidas. Os gemidos eram bem abafados, mas meus ouvidos são fantásticos e captam qualquer ruidozinho por menor que seja. Infelizmente, não teve jeito: Sango gemeu tanto que acordou o imbecil, que passou a gemer também! Acho que ele deve ter ficado cheio de dor no local onde lhe dei a pancada, pois estava com a respiração ruidosa. Depois, ouvi-o dizendo um “ahhh, ahhh, Saaangoooo!” um pouco mais alto e aí tudo ficou em silêncio. Com certeza, ele estava com muita dor e queria ajuda dela para se levantar da cama. Não senti nem um pouquinho de pena.

Passados alguns minutos, os dois vieram se sentar comigo à mesa, a pele meio úmida como se tivessem acabado de sair do banho. Sango estava vermelha como o meu quimono e gaguejava para falar; já o safado do Miroku tinha um sorrisinho cínico na cara. Será que aconteceu alguma outra coisa e não descobri? Bom, deixe para lá.

Aí, eles enfim fizeram sua refeição e eu me lembrei que havia prometido ao Miroku que iríamos treinar juntos. Ele concordou; chamei a Sango, ela ficou ressabiada. Na verdade, acho que ela já estava pressentindo que algo daria errado.

— Mas treinar, Miroku? Treinar para que?

— Amor, eu me sinto desestimulado com essa vidinha pacata. Ultimamente, tudo o que tenho feito é exorcismos e rezas pelos aldeões. Você continua em forma, exterminando youkais, mas eu... Eu sou patético sem a Kaz-.

— Não fale essas bobagens, amor! É claro que você continua forte... — interrompeu-o ela, incomodada. Miroku pegou sua mão e a beijou, retrucando:

— Por favor, me entenda. É uma necessidade minha, anjo meu.

— Lute com a gente, Sango — disse eu, para convencê-la. Sango seria uma ótima parceira de treinos, por ser muito ágil e competitiva. Ela não aceitou participar, mas acabou concordando, meio contrariada, e resolveu ir conosco.

— Inuyasha, quando quiser... Estou pronto — disse Miroku, depois da sesta.

— Para onde vamos?

— Quer ir para perto do lago? — perguntou ele. Sango deu uma sugestão melhor:

— Tem uma charneca aqui pertinho, Inu. Aquela, Miroku. A área é meio deserta e tem sombra.

— Bem lembrado, meu amor. E aí, Inu, vamos?

— Claro! — respondi, muito confiante. — Se prepare, porque eu vou pegar pesado, para me vingar da palhaçada que você me aprontou hoje!

— Mas o que você fez com ele, Miroku? — questionou Sango, intrigada, e senti o rosto queimar de constrangimento. — Não, não... Nem me conte. Inuyasha chegou a ficar vermelho.

O monge riu.

— Não foi nada, amor... É que o Inu não sabe brincar, só isso...

Em poucos minutos, nós três chegamos à tal charneca. O terreno tinha pouco mato, era bem adequado para o nosso propósito. Sango se sentou sob um pé de laranja lima e deu um sorriso gentil para seu homem, ao que ele lhe devolveu com o mesmo sentimento.

Uma coisa é certa: Eu só não tenho inveja do amor de Miroku e Sango porque também vivo um amor incrível com a Kagome.

— Pode vir, Inuyasha! — exclamou Miroku, com um olhar desafiador. — Não tenha piedade!

— Claro que não vou ter! — afirmei, avançando contra ele com a Tessaiga transformada. Mas, óbvio, eu não iria usar a Ferida do Vento contra ele, de forma alguma. Não sou covarde. O hematoma continuava ali em sua têmpora; com certeza o Miroku estava sentindo dor de cabeça e não quis nos contar para não preocupar a Sango.

Ele se defendeu muito bem com o báculo. Investi de novo. E de novo. E mais uma vez.

— Não vai usar seus pergaminhos?

— Vou, se você me atacar direito, Inuyasha. Você parece estar brincando — retrucou ele.

— Então toma! — gritei enquanto me impulsionava com violência em sua direção. Miroku susteve o báculo por um longo tempo, enquanto eu o pressionava com a Tessaiga. Nossos rostos ficaram próximos e eu notei o quanto estava sendo difícil para ele.

— Qual é o problema, Inuyasha? — disse ele, com um quê de malícia na voz. Lá vinha besteira. — Você parece tão hesitante. Nem parece o assanhadinho que queria meu corpo sensual mais cedo.

Mas que filho da p***, estava me provocando para que eu o atacasse com raiva! Mas eu não vou cair nessa. A coitada da Sango ficou roxa.

— Cale a boca, seu indecente! — disse a ele, tentando não me irritar.

— Indecente, eu? — riu Miroku, tirando um ofuda das vestes discretamente. — Ora, eu sou apenas um servo de Buda que sabe o que fazer com uma mulher na hora do amor! E, se você quiser... Te ensino na prática, cachorrão.

Estranhei que Sango ainda não houvesse caído morta, pois seu rosto já estava ficando azul. Um segundo de distração e ouvi ele lançando o pergaminho contra mim. Espertinho.

Houriki!

Sankou Tessou! — e esfalecei o ofuda antes que ele me tocasse. — Você não vai me distrair de novo, seu pervertido.

Miroku piscou para mim:

— Veremos, cachorrão sedutor.

— Não me chame assim, bastardo! — gritei enfurecido. Miroku tem o dom de me tirar do sério facilmente. Sango agora parecia mais tranquila ao ver que era apenas provocação da parte dele, mas ainda estava com vergonha. Ataquei com a Tessaiga; ele interceptou meu golpe com o báculo.

— Este humilde monge Miroku pede perdão por constrangê-lo, meu amigo... Mas é que eu me sinto muito atraído por esse seu bumbum rijo, firme e redondinho!

— EU VOU TE MATAR, DESGRAÇADO!

De canto de olho, notei que Sango já não tinha mais onde enfiar a cara vermelha.

— Hummmm, vai me matar? — fez ele, muito afetado. — Só se for de prazer, querido! Então venha, estou doidinho por você!

— VAI TOMAR NO MEIO DO SEU...

Houriki! — gritou Miroku, me atacando com outro ofuda, que quase pega na Tessaiga.

Esse maldito está enfraquecido, mas, ainda assim, consegue me desestabilizar. Ele conhece meus pontos fracos. Vou acabar com a festa. Vamos ver se ele se esquiva do meu golpe...

Kaze no...

— INUYASHA! NÃO! — bradou Sango, apavorada, já se levantando para correr até nós.

— Deixe ele, Sango! — gritou Miroku para ela.

— … Kizu!

Uma explosão de energia sinistra destruiu o solo da charneca árida. Vi Sango deitada no chão; ela não fora atingida, ainda bem. Mas em meio a tanta fumaça não consegui encontrar Miroku e baixei a guarda, preocupado de verdade. Subitamente, levei um chute na lateral do corpo e a Tessaiga caiu de minha mão. E, antes que eu pudesse recuperá-la, um Miroku arranhado, sujo e com o nariz sangrando me derrubou, ficando por cima de mim.

— Estou bem, Sango! — gritou ele, enquanto socava meu rosto e sorria. Ele ficou doido? Sabe que não tem chance contra mim no corpo-a-corpo. Sou muito mais forte!

Melhor seria eu tirá-lo de cima de mim e parar com aquela bagunça, antes que ele se machucasse de verdade. Mas, se era surra que ele queria, então surra iria levar. Soquei-o de volta, com mais agilidade, enquanto o subjugava sob meu corpo. Mesmo tendo-o prendido, ele ainda me batia. Não era tão forte, mas devo admitir que ele se esforçou bastante. Seu nariz continuava a sangrar.

Contudo, Miroku foi se cansando e passou a apenas tentar se defender dos meus socos. Seus reflexos estavam lentos, ele parecia acabado. Eu ia me levantar, quando o ouvi dizendo, fracamente:

— Inuyasha... Pare... Eu perdi.

— Eu sei que você perdeu a luta, idiota — respondi, seco.

— Não só a luta... — retrucou ele, com certa dificuldade. — Já é a segunda vez que você monta em cima de mim sem motivo, seu safadinho. Confessa, vai. Você está doido para fazer coisas pervertidas comigo, não está? Perdi a luta e, pelo que estou vendo, vou perder as pregas...

Aquilo me enfureceu tanto que voltei a socá-lo com toda força, enquanto o xingava e o amaldiçoava de todos os xingamentos que eu conhecia. Porém, notei que seu corpo começou a esquentar e ele parou de se esquivar. De repente, Miroku abriu os olhos e eu fiquei espantado de verdade.

Seus olhos estavam incandescentes e com um brilho que não era nada natural. Entre o dedo indicador e o médio, um ofuda que reluzia como uma lâmina de katana.

Então, era esse o plano dele? Deixar que eu me aproximasse para tentar me selar com o pergaminho?

Houriki...!

E, então, fui arremessado longe, muito longe, após levar um golpe pontiagudo abaixo do ombro, em meio a um clarão que me deixou cego por uns instantes. Nem os golpes que já tomei de Sesshoumaru haviam sido tão intensos e violentos quanto este. A dor foi horrível.

Mas, como meu corpo é especial, não cheguei a perder a consciência, ao contrário do Miroku, que permaneceu deitado no chão, inerte; o cheiro do sangue dele estava me deixando nervosíssimo. A essa hora, a fumaça causada pela Ferida do Vento já tinha se dispersado e eu vi, mais adiante, Sango caída, cheia de arranhões, com dificuldade para se erguer.

Ela fora atingida por algo que, definitivamente, não foi a Ferida do Vento.

Como Sango estava relativamente mais perto de mim do que Miroku, fui até ela primeiro. Tremia, segurando o ombro, rosto com expressão de dor. Levantei-a do solo.

— I-Inuyasha... O que você fez?! — fez ela, muito assustada. — E-eu estava tentando enxergar alguma coisa depois da Ferida do Vento, mas tinha muita fumaça e, do nada, tudo explodiu...

— Eu não fiz nada! — exclamei, me defendendo. — Foi o Miroku! Me atacou com um pergaminho, uma energia saiu dele e quase me nocauteou! E eu acho que ele está ferido! Consegue andar? — ela fez que sim com a cabeça e se soltou dos meus braços, nervosa.

Meio vacilantes nos passos, Sango e eu fomos até Miroku. Ela, ao vê-lo, começou a chorar muito, se atirando no chão e o abraçando.

A visão dele foi assustadora até para mim.

Miroku sangrava pelo nariz e boca e sua pele estava pálida como a morte; os olhos entreabertos, revirados para cima. Seu rosto estava cheio de hematomas. Fiquei de joelhos ao lado de Sango que, trêmula, checava seus sinais vitais. Sim, estava vivo, apesar da respiração superficial e dos batimentos não tão fortes de seu coração.

Meu peito doía bastante ainda e, ao tossir, senti que sangue também me subia garganta acima. Não consegui evitá-lo; uma grande golfada de sangue escapou da minha boca. Sango olhou para mim e ficou ainda mais angustiada.

— Inuyasha, pelos deuses! Me diga o que aconteceu para ele e você ficarem assim! — gritou ela, já entrando em desespero.

— Já disse que não sei, maldita! — retruquei nervoso, não com o meu sangramento e sim com o dele. E o infeliz não voltava a si!

— Pois deveria saber! A última coisa que vi foi você esmurrando ele! Por que tentou matá-lo? — gritou de novo, me olhando com mágoa.

— Cale essa boca, Sango! Você acha que eu seria covarde a ponto de atacar um humano desarmado?!

— Mas era o que você estava fazendo!

— Não seja idiota! — berrei para aquela taijiya teimosa, sentindo um aperto no coração. Realmente eu tinha exagerado com ele... — Eu jamais atacaria Miroku para matar! Esse filho da p*** é mais que um simples amigo para mim, sua estúpida! Eu morreria por ele!

Aí, não sei o que deu nela: colocou o marido no chão e se atirou sobre mim, soluçando alto. Me deu uma vergonha...

— Inu, me perdoa! Eu... Eu fiquei com tanto medo de você ter querido se vingar das besteiras que ele falou...

— S-Sango, esquece isso — repliquei, corando e me afastando dela. — Melhor me largar, senão você vai se sujar mais ainda com o meu sangue.

O que eu acho mais interessante na Sango é a forma prática que ela tem para resolver as coisas. Respirou fundo, engoliu o choro e tentou erguer o Miroku. Levantou-se com ele às turras; vi que ela iria acabar caindo com ele e rapidamente o tomei dela, colocando-o sobre meu ombro bom. Isso doeu bastante, mas dava para suportar. Sango tentou me impedir, mas acabou pisando em falso e caindo. Estendi a mão livre para ela conseguir se levantar de novo. Fomos andando lentamente para a casa da colina, ensanguentados e trôpegos como sobreviventes de uma guerra; ela mancava ligeiramente.

— Inu... Você vai ficar bem? — murmurou ela, assim que entramos na moradia. Deitei o Miroku no chão e fiquei sentado, ao seu lado, esperando ele acordar.

— Keh! Até amanhã essa ferida cicatriza. Não se importe comigo. Cuide dele.

Ela me encarou com os olhos marejados mais uma vez.

— Vou pegar panos limpos...

E se levantou, sumindo dentro da casa. Eu estava me sentindo bem mal, mas não diria isso a ela. Por volta de cinco minutos depois, Sango voltava com uma bacia e panos limpos para nós. Então, Miroku começou a tossir e expelir mais sangue pela boca; ergui sua cabeça para que não se engasgasse, ao passo que Sango começou a chamar por ele, morta de ansiedade. Ele abriu os olhos devagar, parecendo confuso. Que ótimo, ele acordou! Acho que eu ficaria louco de remorso se ele morresse por minha causa.

— Sango... Inuyasha... O... O que aconteceu?

— Graças a Deus, você acordou, meu amor! — murmurou a exterminadora, emocionada, com a mão dele entre as suas. Me levantei, cuidando para disfarçar as dores que sentia.

— Ele já está bom, Sango. Vou embora. Já está anoitecendo e Kagome deve estar quase chegando.

— Mas, Inuyasha, você também está ferido — aparteou ela, ao que ignorei. Miroku já estava estupefato no chão, ao olhar para nossos quimonos ensanguentados e a ferida no meu ombro; sua expressão era de pavor.

— F-fui eu...?

Sango e eu trocamos olhares nervosos. Ele começou a tremer.

— Quem feriu vocês... fui eu? FUI EU?! — indagou ele, a voz um tanto aguda. Parecia chocado, prestes a ter uma crise de nervos.

Caramba, que situação difícil!

— Amor... Olhe, foi... — gaguejou Sango.

— Fomos nós dois, Miroku — menti, interrompendo-a. — Seus poderes e os meus se descontrolaram e explodiram, por isso a gente se machucou, tá bom? Agora que você está acordado, já posso ir emb-

— O que foi que eu fiz, meu Buda? — gritou ele, chorando desconsolado e gemendo com dores. Teve outra golfada de sangue e ficou ainda mais nervoso, notando que também não estava nada bem. — O que está acontecendo comigo?!

Sango tentou abraçá-lo, mas ele a afastou de si, desesperado, dizendo coisas desconexas sobre o Buraco do Vento, sobre ele ser o causador da morte dos dois, apavorando mais a mulher.

— Amor, pelos deuses, se controle! A Kazaana não voltou!

— Mas vai voltar! Vai nos destruir, Sango! Terei o destino de meu pai! Fique longe de mim! — exclamava ele, trêmulo. — Saia daqui! Saia, Inuyasha! Eu sou um perigo para vocês!

— Miroku, não! — soluçava Sango, agarrada à roupa dele. Por fim, eu tive de tomar uma atitude drástica.

— Largue ele, Sango. Eu vou resolver isso.

— Mas resolver como?! Ele está ficando fora de si!

— Eu sei o que fazer! Agora saia daí e deixe ele comigo.

Empurrei Sango para o lado e avancei sobre Miroku, que tentou me afastar de perto. Só que, como estava muito fraco, não conseguiu, enquanto implorava com voz estridente para a gente sair de perto dele.

Então, depois de ver que o lado esquerdo do rosto dele não estava tão ferido, acertei um tapa daquele lado; ele caiu e Sango gritou, furiosa.

— INUYASHA! O que pensa que está fazendo?!

— Cale a boca, Sango. Olhe para ele agora!

Ela correu para acudi-lo e notou que agora seu rosto estava sereno. Ele voltara a si.

— Obrigado, Inuyasha — murmurou ele, cansado.

— Keh! Agora vê se mantém a cabeça no lugar! — retruquei, enquanto ajudava Sango a colocá-lo sentado. — Você não é o único assustado por aqui. Não faça mais isso com a Sango.

Ela olhou para mim, surpresa. Bom, até eu fiquei meio surpreso também. Nunca fui muito de dar demonstrações de cuidado por ninguém, mas, se eu dissesse que não me preocupava também com a exterminadora, estaria mentindo. Aquilo fora demais para todos nós, mas a Sango é mulher. Por mais forte e imbatível que seja, não sai da minha cabeça que ela é, assim como Kagome, dona de um coração muito sensível.

— Me perdoe, meu amor — balbuciou ele. — Me perdoe também, Inuyasha... Eu... Estou tão cansado...

— Espero que fiquem bem — disse eu, ignorando o pedido de desculpas. — Vou embora.

— Espere pelo menos eu limpar seu ferimento, Inuyasha — disse ela, segurando de leve o meu quimono.

— Não precisa...

— Precisa, sim, Inuyasha — falou o monge, com cara de sono e bem menos pálido agora. — Kagome-sama vai ficar nervosa se te encontrar dessa forma. E... Eu preciso ver o que aconteceu. Tire a roupa dele, amor.

— Melhor não, Miroku... — ia dizendo eu, quando Sango abriu meu quimono sem aviso e expôs meu ferimento: um corte médio pouco acima do meu peitoral. Miroku arregalou os olhos, espantado.

— Mas isso é um corte de... espada! Eu estava desarmado, Inuyasha! O que aconteceu de verdade? Me explique!

— Fique quieto para eu limpá-lo — Sango ralhou comigo, limpando aquela ferida com um pano úmido. Doeu um bocado. — Com o emplastro de ervas que eu tenho aqui, vai levar menos tempo para cicatrizar.

— Você não vai cuidar do Miroku primeiro não? — perguntei meio irritado e envergonhado.

— Não se incomode tanto comigo, acho que não estou tão mal assim — respondeu ele. — Sinto dores na barriga, como se tivesse sido golpeado com força. E... É só.

— Tem certeza de que é só, meu amor? — perguntou Sango, enquanto colocava uma meleca esverdeada e fria no meu corte.

— É, Sango... Só isso. Eu já me acostumei a essas carícias do Inuyasha... — respondeu ele, meio zombeteiro, tocando no maxilar que eu havia socado mais cedo.

— Eu vou cuidar dos seus ferimentos, Miroku — disse ela, gentil, enquanto terminava o curativo em mim e consertava meu quimono. Ufa.

— Vai cuidar de mim, minha deusa? — perguntou ele, já fazendo dengo.

— Claro que sim... — respondeu Sango, já abrindo a roupa dele à procura de alguma ferida. Meu rosto queimou de vergonha daquilo, porque a expressão de Miroku já não era mais inocente.

— Hummm. Vou adorar ser cuidado por você, minha deusa — afirmou ele, arqueando uma sobrancelha. — E vou recompensá-la... Vou cuidar de você de volta, como quem cuida de uma flor.

Ok, aquilo foi demais. Fiquei muito envergonhado e Sango também. Ela fechou a cara, mas não respondeu à provocação que, infelizmente, eu havia entendido.

— Err... Bem, já que está tudo bem por aqui, vou saindo.

— Inuyasha, você não me respondeu sobre esse corte... — ia dizendo Miroku, mas o interrompi.

— Vai descansar, Miroku. Depois a gente conversa. Amanhã eu preciso levar Kagome à fazenda de Sesshoumaru.

— Inu, obrigada por tudo — disse Sango. — Não sei o que seria de nós se você não estivesse por perto...

— Que Buda possa te recompensar — murmurou Miroku, já sério de novo. — Obrigado mesmo, meu amigo.

— Keh! Já me demorei muito por aqui! — exclamei, já dando as costas e saindo sem olhar para trás.

Saltando o mais rápido que podia, fui até ao lago me lavar, tomando cuidado para não estragar o curativo da Sango. O meu quimono de pele de rato de fogo é muito bom; absorve o sangue. Uma hora depois do nosso treinamento malfadado, a roupa estava limpa. Fiquei por alguns minutos deixando a água relaxar meu corpo até sentir que toda a tensão do dia tinha se esvaído de mim. Que dia estranho!

Após sair do lago, me deitei por aproximadamente quarenta minutos na grama verde, descansando os membros doloridos, e voltei para a casa de Miroku, apenas para ver como eles estavam. Já bem perto do cômodo onde era o quarto deles, apurei os ouvidos: no meio do silêncio, o som de um ressonar tranquilo. Um dos dois estava dormindo. Desisti de chamar.

Então, saí e vim para o Poço esperar Kagome. Estava cheio de saudades dela...

Estava quase pegando no sono, sentado e exausto, quando ouvi um barulho vindo lá de dentro. A minha Kagome acabava de chegar, cheia de bolsas, mochilas, sacolas. Mal ela saíra e eu me atirei contra ela, girando-a no ar e ignorando a dor da ferida. Enchi seu rosto e seus lábios de beijos. Ela me olhava espantada, mas igualmente feliz. Recostei com jeito sua cabeça sob meu queixo, aspirando o cheiro bom dos cabelos dela.

Por um acaso, olhei para cima: uma estrela cintilou no céu. Meu coração se aqueceu.

Mamãe, eu sei que você está aí soprando um beijinho para mim.

E sei também que você está satisfeita por ver que eu, Inuyasha, o hanyou desprezado pelos humanos no passado, vivo feliz ao lado da minha Kagome e dos meus insubstituíveis amigos Miroku e Sango. Os humanos mais especiais do mundo inteiro.

 

ѼѼѼ

 

 


Notas Finais


Antes que estranhem a violência entre Miroku e Inuyasha... O que mais tem na série são eles se acertando com sopapos. Creio que não ficou tão bizarro assim...

Obrigada a todos que têm lido e comentado a fic. E para quem sentiu falta dele, do nosso divo da meia-lua... #SesshyFazendeiro no próximo capítulo! #TodasComemora :D

~TheOkaasan


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