8 de abril de 2018
Rony já estava farto de ver Gina sofrer. Ele estava muito irritado consigo mesmo, por só ter percebido depois de anos o que a irmã passava em casa.
Estava irritado com os pais, por serem tão misóginos com a garota. Eles eram irmãos gêmeos, ele deveria ter feito algo. Deveria ter sido um ombro amigo para a irmã, não a pessoa que ela desejava ser.
Por esse motivo, querendo compensar todas as outras vezes em que ele não notou os problemas bem abaixo do seu nariz, Rony ligou para Carlinhos. Seu irmão mais velho sempre foi muito sensato e inteligente, saberia exatamente como ajudá-lo. Pelo menos era o que Rony esperava.
– Quer que eu vá com você? – Hermione perguntou, enquanto guardava os livros no armário, no horário do almoço.
– Eu agradeço, Mione, mas acho que é algo que eu deveria fazer sozinho, entende? – Rony murmurou, encostado no armário ao lado.
– Sim, tudo bem – ela assentiu e segurou sua mão. – Você está fazendo a coisa certa.
– Eu espero – ele suspirou, hesitante.
– Ei... não fica assim – Hermione afagou a bochecha dele.
– Como não? Olha as fotos que vazaram dela, eu tinha certeza que alguma coisa estava errada quando aquele bastardo chegou com ela ontem à noite – retrucou Rony, sentindo uma raiva animal dentro de si. – Minha irmã não faria isso. Como acha que ela deve estar se sentindo com a escola inteira falando dela? Eu queria arrebentar a cara do Dino, aquele maldito.
Hermione mordeu os lábios, só poderia imaginar pelo o que Gina estava passando.
– Eu me sinto um idiota, Mione – ele resmungou. – Gina está sofrendo e todo esse tempo eu não percebi. Nunca parei para pensar que talvez ela não quisesse ser realmente perfeita em tudo ou que ela estava sobrecarregada... eu... eu estou tão envergonhado. Ela é minha irmã, minha gêmea, eu deveria sentir que algo não estava certo, não deveria?
– Ah, amor... – a namorada o abraçou firme. – Sei que está se sentido culpado, eu também me sinto péssima, convivo com Gina e nunca notei que ela está assim – Hermione se soltou dele e pegou sua mão novamente. – O que importa é que agora você está disposto a melhorar as coisas.
Rony assentiu, encabulado.
– Tenho certeza que você e Carlinhos vão descobrir uma forma de ajudá-la.
– Se dependesse de Carlinhos ele a levaria de casa – Rony respondeu, chateado. – Eu ouvi ele dizendo isso para meus pais antes de sair de casa. Eu não queria que ele levasse Gina, mas talvez seja o melhor para ela.
– Seus pais precisam entender que ela é um ser humano independente deles – comentou ela. – Talvez seja um mal necessário.
– Você está certa. Vou nessa. Combinei de encontrar Carlinhos meio dia – Rony beijou a testa de Hermione e saiu.
Ele dirigiu até um shopping que ficava perto do trabalho de Carlinhos – um centro de recuperação para animais silvestres. Carlinhos já estava sentado na praça de alimentação quando Rony chegou.
– Oi – Rony falou, sem jeito.
– Mano, oi – Carlinhos sorriu. – Já pedi nosso almoço. Você está sério, o que houve?
– Carlinhos, a gente precisa fazer alguma coisa – Rony falou, encarando o irmão.
– É sobre a Gina, não é? – O irmão perguntou, adotando uma feição preocupada. – O que aconteceu dessa vez?
– Eu sou um idiota, Carlinhos – Rony falou, passando a mão nos cabelos, frustrado. – Eu nunca parei para analisar o quanto o papai e a mamãe são chatos com ela.
– Se fossem só chatos, tudo bem – Carlinhos falou, nervoso. – Mas a Gina está vivendo praticamente numa prisão. Isso não está certo, Rony. Não mesmo.
– Eu sei, tá legal? – ele murmurou. – Estou me sentindo um merda.
A senha deles apitou e Carlinhos foi buscar os hambúrgueres.
– Não fale isso, pelo menos você agora acordou a tempo de ver o que nossos pais fazem com ela. Toda aquela merda de pressão psicológica – Carlinhos bufou, abrindo seu lanche com força demais.
– Ela passou uma noite fora de casa, esses dias – Rony contou, suspirando pesadamente. – Depois de brigar com papai e mamãe.
– Sério? – Carlinhos arregalou os olhos. – Na casa de Daphne?
– Não, ela e Daphne não se falam mais – Rony balançou a cabeça. – Na casa do Potter.
– Quem é? – Carlinhos questionou.
– Um garoto do time de lacrosse, acho que nunca falei com ele – Rony explicou, meio encabulado. – Mas parece estar fazendo bem para Gina. Ela está feliz e parece mesmo gostar dele.
– Eles estão ficando?
– Sinceramente, tenho minhas dúvidas – Rony calmamente explicou. – Gina não sabe mentir para mim. Mas não me importo, ele parece ser legal com ela.
– Hum – foi simplesmente o que Carlinhos pôde dizer. – Você estava muito perturbado quando chegou aqui. Aconteceu algo?
– Aconteceu – Rony se enrijeceu, ele sequer havia tocado no almoço. – Fizeram uma coisa terrível com Gina.
– O papai? – Carlinhos olhou assustado para Rony.
– Não diretamente, mas não me surpreenderia se fosse – Rony falou, desbloqueando o celular. – Saíram essas fotos de Gina.
Ele mostrou a foto pra Carlinhos, que arregalou os olhos.
– O que aconteceu com ela?
– Ontem o maldito do Dino trouxe ela desmaiada para casa, com papai e mamãe – Rony explicou, frustrado. – Eu estava com febre e não fui para a escola. Quando eu vi eles haviam chego em casa e Gina passou o resto da tarde dormindo, acordou no meio da madrugada e foi conversar comigo, sem saber o que tinha acontecido.
– Você acha... você acha que podem tê-la dopado? Ou sedado? – Carlinhos sussurrou e Rony anuiu com a cabeça.
– Pesquisei um pouco sobre isso e pode ser que Gina tenha sofrido um “Boa noite Cinderela”, ou algo do gênero – Rony explicou pacientemente. – Mas não tenho certeza. Não quero saber, na realidade.
– E no mesmo dia que ela desmaia misteriosamente, sai essas fotos dela – Carlinhos passou a mão nos cabelos, frustrado. – É uma coincidência incrível, não é?
– Essa é a questão – Rony falou, sentido muita raiva dentro de si. – Gina não está segura lá em casa, não mesmo.
– Eu imaginei que você falaria isso – o homem murmurou, inconformado, largando o lanche ao lado. – Eu também acho que o último lugar que ela deveria estar é em casa.
– Eu grudei nela desde que essas fotos vazaram. Ela está péssima, mal olha para o lado – Rony falou, sua voz em um fio. – Espero que o Potter seja capaz de animá-la um pouco, porque eu não sei como ela vai aguentar isso, Carlinhos. Você conhece a Gina, não existe pessoa mais certa que ela.
– Eu sei, ela jamais faria isso – ele assentiu, nervoso. – Coitada.
– Eu não quero nem ver o que nossos pais vão fazer quando voltarmos para casa. É por isso que ela precisa sair dela, eles não vão acreditar nela!
– Rony, essa história está muito mal contada – Carlinhos comentou. – Gina não pode ficar sozinha.
– Eu não irei deixá-la sozinha um segundo a partir de hoje – Rony garantiu.
– Mas e na escola? – Carlinhos questionou. – Ela desmaiou na escola, pode estar sofrendo um abuso agora mesmo.
– NÃO FALE ISSO – Rony praticamente gritou, colocando as mãos na cabeça. – Por favor, Carlinhos.
– Mas é verdade! – Carlinhos disse, rindo ironicamente. – Como você pode saber que ela está segura agora?
– Ela foi procurar Harry, agora no almoço. Ele certamente está com ela – Rony murmurou, coçando os olhos. – Pelo menos é o que eu espero. Eles são amigos, Potter não a deixaria sozinha em um momento desses.
– Realmente espero – Carlinhos sussurrou, pegando seu celular. – Vou mandar uma mensagem pra Gina, vou pedir para vir morar comigo. Ela não vai ficar mais naquela casa.
– Nem adianta tentar – Rony falou, revirando os olhos. – Papai moeu o celular dela hoje na parede de casa.
– Meu Deus – ele murmurou, guardando o celular no bolso. – Eu não reconheço nossos pais.
Rony assentiu, incomodado.
– Faz assim: chega em casa, fala pra Gina que se ela quiser, minha casa está aberta para ela.
– Ok, está bem – Rony concordou, mesmo que a contragosto. – Eu... eu não consigo comer. Essa história toda me deixou com o estômago embrulhado.
– É. Eu também – ele bufou, guardando os sanduíches no papel pardo. – Vou dar para alguém isso aqui.
Eles se levantaram e foram em direção à saída do shopping.
– Fala com a Gina e me avisa. Eu sei que ela não quer decepcionar nossos pais, mas está na hora de ela começar a pensar nela mesma.
– Você está coberto de razão – Rony concordou. – Eu a levo, qualquer coisa.
Os dois se abraçaram e depois Carlinhos apertou o ombro do irmão mais novo.
– Sei que está triste com isso, mas é o melhor para nossa irmãzinha – Carlinhos comentou.
– Eu sei – Rony sorriu fraco. – Cuidarei da nossa garotinha. Farei o que precisar para tirar ela de lá.
*~~~*~~~*
Ela precisava achar Harry. Tinha que achá-lo, não suportaria ficar sozinha naquela maldita escola. Não sabia em quem confiar, não sabia se ali estava segura. Ela já tinha preocupado Rony o suficiente durante a manhã, precisava dar um ar para ele. Por isso ela precisava achar Harry, ela não suportaria ficar sozinha. O medo de tudo se repetir era grande demais.
Correndo entre os alunos, o encontrou perto da sua moto. Ele estava sentado na mesma e não parecia nada legal.
– O que aconteceu? – Gina sussurrou, vendo os cortes no rosto de Harry e o olho ficando um pouco roxo.
– Nada – ele falou, enquanto Gina segurava seu rosto com as duas mãos. – Gina...
– Está vendo se o seu precioso Potter está bem, não é? – Dino chegou ali, cruzando os braços. – Quem mandou ir se intrometer com o Draco.
– Você jurou para mim que não iria, Harry – Gina o fitou chateada. – Você disse que não faria nada. Faz tipo, três horas.
– Viu, Gina? – Dino ergueu as sobrancelhas, as pessoas começando a prestar atenção no que acontecia ali. – Ele é só um merda, que vai estragar com sua vida. Não sei porque você ainda insiste nele.
– Cala a boca – Gina murmurou, tirando as mãos do rosto de Harry. Seus olhos se encheram de lágrimas repentinamente. – Eu não quero você perto de mim, perto de Harry. Por favor Dino, eu sei que você é melhor que isso. Seja lá o que for que meu pai tenha oferecido para você, você é mais do que isso.
– Ele não irá parar, você sabe, Gina – Harry murmurou, lançando um olhar mortal em direção a Dino. – Não até que você seja posse dele.
– Não é só eu que quero, Potter – Dino sorriu cínico. – Tenho certeza que Arthur faz muito bom gosto da nossa relação.
– É claro que meu pai está no meio disso – Gina murmurou, mordendo o lábio inferior. – Eu não vou ser mais coagida, Dino. Nem por você, nem por meu pai. Agora, se me dá licença, saia daqui.
– Gina... – o garoto começou a falar, mas foi interrompido.
– CALA A BOCA – Gina praticamente gritou, as lágrimas caindo copiosamente dos seus olhos. – Eu estou cansada de ser tratada como um objeto, como um jogo por vocês. Eu não aguento mais, porra!
Harry segurou a mão dela instintivamente.
– Eu não quero você perto de mim – Gina murmurou, apontando para Dino. – Não vai ter nada no mundo que me faça voltar para você, saiba disso.
Dino a olhava com ódio. Gina se virou para Harry e com toda a raiva do mundo, deu um tapa no rosto dele. Harry arregalou os olhos, sem esperar pelo ato.
– E você! Outro cretino! Falei para ficar longe disso – Gina dava de dedo no peito de Harry, que a encarava chocado demais para ter alguma reação. – Nunca mais faça isso, Harry Potter – ela murmurou, caindo no choro.
Então, ela viu seus pais na porta de entrada da escola. Com certeza querendo saber que alvoroço todo era aquele. Ao ver que era Gina, o centro das atenções, eles decidiram ir até ela.
– Só não te mato porque gosto demais de você – ela sussurrou para Harry.
Gina ouviu seu pai a chamar. Lançando um sorriso cínico para os pais, que estavam quase ali, ela ficou na ponta dos pés e selou os lábios nos de Harry, pela primeira vez publicamente, escutando os buchichos em volta deles se formando.
Quando ela se soltou de Harry, ele a encarou perplexo.
– Vadia – Dino rosnou. – Eu sabia que estava envolvida com esse desgraçado.
Harry fez menção de ir até Dino, mas Gina o segurou pelo braço.
– Ginevra Weasley! – seu pai falou irritado. A cara dele estava vermelha, parecia prestes a explodir. – Saia de perto desse marginal agora!
– Não! – Gina retrucou, sentindo uma súbita coragem.
– Dino, tire ela daí agora – Molly falou entredentes.
– Se você encostar nela, eu te mato – Harry se colocou na frente de Gina, olhando para Dino com raiva.
Dino bufou.
– Estou morrendo de medo de você, Potter – Dino falou, dando um passo a frente.
Parecia que a escola inteira estava assistindo aquilo.
– É para ter – Gina ameaçou, sem saber o porquê. – Aceite que nunca mais serei sua, Dino. Ouviu, papai? EU NUNCA MAIS VOU FICAR COM ESSE BABACA ASSEDIADOR.
Arthur arregalou os olhos, sobressaltado.
– Vem, Harry. Vamos embora dessa merda – Gina falou, pegando o capacete extra do guidão da moto.
– Só se for agora – Harry sorriu malicioso.
– Saia daí, agora mesmo! Eu te proíbo, Ginevra! – Arthur berrou.
– O senhor não manda mais em mim – Gina deu de ombros e colocou o capacete.
Ela subiu na moto e Harry acelerou para longe.
*~~~*~~~*
Harry não parou até chegar na S. Bundy Dr. Gina ainda tremia, então ele a ajudou a descer e tirou o capacete dela. Ela estava calada e parecia prestes a ter uma crise de choro. Ele a puxou pela mão até o último andar.
– Onde estamos? – ela balbuciou, sentando no chão.
– No meu esconderijo secreto – Harry brincou, passando o braço pelos ombros dela e a puxando para si.
– É bonita a vista daqui – Gina comentou. Ela parecia estar fazendo esforço para se manter calma.
– Está tudo bem se quiser chorar, Gina. Eu vou te abraçar até você se acalmar – Harry sussurrou, segurando a mão dela, com sua mão livre. – Vou ficar do seu lado até a última lágrima.
E então ela caiu no choro. Harry fez o que prometeu, a puxou para seu colo e ela chorou em seu peito. Ele afagou os cabelos dela, acariciou a mão, a abraçou até ela se acalmar. Gina chorou por quase uma hora. Harry entendia a dor, em partes. Gina estava acabada emocionalmente. Havia tanta dor que ela mal conseguia respirar. Tantas coisas se acumulando.
Ela estava agarrada a ele como se fosse o último resquício de vida dentro dela. A única pessoa que estava tentando mantê-la viva naquela droga de vida.
– Eu sinto tanto, bebê – Harry sussurrou, depois que ela parecia ter parado de chorar. – Só quero que saiba que não está sozinha. Eu nunca vou te deixar sozinha, eu prometo. Vou ficar do seu lado e cuidar de você.
– Ah, Harry – Gina choramingou. – Eu estou com tanta raiva que quero morrer.
Ela levantou o rosto e o fitou.
– É errado estar tão desesperada que estou com vontade de me jogar dessa merda de prédio? Só para nunca mais ter que sofrer?
A dor nos olhos dela o atingia como uma faca.
– Sei que pode parecer mentira – ele começou, afagando a bochecha dela. – Mas, eu já tive esse pensamento milhares de vezes. Eu já vim para cá algumas vezes decidido a acabar com toda a dor que eu estava sentindo.
– Sério? – Gina perguntou e ele assentiu, triste.
– Eu não me orgulho disso, Gina – Harry respondeu. – Eventualmente eu descobri que acabar com a minha vida só iria satisfazer aqueles que tentavam destruí-la.
Gina o fitou, sem saber o que falar.
– Além disso, eu achei uma maneira de tirar alguns pensamentos destrutivos da minha mente – ele contou.
– Como?
– Mentalizar as coisas pela qual vale a pena viver – replicou. – Na época, eu ainda tinha minha mãe. Tinha Sirius. Eu pensava no meu pai. E agora, eu também tenho você. Você é um dos maiores motivos pelos quais eu acho que vale a pena viver.
Os olhos de Gina brilharam com lágrimas, dessa vez de emoção.
– Não quero que se sinta pressionada, bebê – Harry sussurrou. – Mas você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Te conhecer foi, de certa forma, minha salvação. Eu estava prestes a desistir de tudo, de novo.
– Ah, Harry – Gina sorriu fraco e o abraçou. – Te conhecer foi com toda a certeza a única coisa boa que aconteceu na minha vida. A melhor coisa, também. Eu sou grata por nunca ter desistido.
Gina beijou os lábios dele com carinho.
– Obrigada por compartilhar isso comigo, sei o quanto é difícil para você se abrir – ela murmurou. – Agora estou me sentindo uma egoísta, meus problemas são tão insignificantes perto dos seus.
– Ei – Harry segurou o rosto dela. – Seus problemas não são insignificantes. Eles têm peso, eles te machucam e isso é relevante. Não se diminua.
– Você. Rony. Carlinhos. Meus sonhos – disse ela e Harry franziu o cenho. – São meus motivos pelo qual vale a pena a viver.
Harry abriu um sorriso largo e assentiu.
– Assim que se fala – ele deu um beijo rápido nos lábios dela. – Está afim de fumar?
– Depois de toda essa merda? Com certeza.
*~~~*~~~*
Gina chegou em casa decidida a ir embora. Harry disse que ela poderia ficar com ele até que tudo se resolvesse, mas ela negou. Sabia que seu irmão Carlinhos a receberia de portas abertas, pelo menos foi o que ouviu na conversa do outro dia.
Já era fim da tarde, mas, apenas o carro de Rony estava na garagem. Assim que ele escutou a irmã chegar, desceu as escadas rapidamente.
– Finalmente! – ele a abraçou assustado. – Hermione me contou o que houve! Por onde andou?
– Por aí – ela deu de ombros. – Eu vou embora dessa casa.
– Vai para onde? – ele questionou. – Falou com Carlinhos?
– Não falei com ele, mas vou ver se ele pode me receber, porque não fico aqui nem um minuto a mais – ela bufou. – Me ajuda com as malas?
Rony assentiu e Gina até estranhou.
– Escuta, eu falei com Carlinhos hoje, ele quer que você vá para lá – Rony contou. – Eu te levo.
– Ótimo – ela resmungou. – Desculpa por te deixar.
– Eu sei, mas você precisa – ele deu de ombros.
Rony pegou a mala e eles começaram a arrumar em silêncio. Rony queria perguntar sobre Harry, mas não queria forçar a irmã a nada.
– O que é isso? – Arthur perguntou da porta.
Eles nem tinham ouvido os pais chegarem.
– Estou indo embora – Gina avisou, sem se dar o trabalho de olhar para o pai.
– Você não vai morar com aquele marginal! Eu não criei filha para isso – ele segurou o braço dela, com força.
– Solta ela, pai – Rony falou, nervoso.
– Pois eu prefiro morar na rua, do que passar mais um dia nessa casa – Gina falou entredentes. – Só para que saibam, eu vou morar com Carlinhos – respondeu, tentando se soltar. – Mas sabe que morar com Harry não seria má opção?
– Você não vai sair dessa casa, Ginevra! – Molly disse, parecendo lívida de raiva. – Eu a proíbo.
– Não estou nem aí, vou-me embora igual! – Gina riu. – Cansei dessa vida que vocês me obrigam a ter!
– Você não ouse me desafiar – seu pai avisou. – Que cheiro é esse? Seus olhos estão vermelhos...
– É da maconha – ela deu de ombros. – Sabe que quando eu fumo, vocês são até mais fáceis de engolir?
Gina sentiu o rosto arder com o tapa que seu pai deu. Rony o empurrou com força e ele soltou de Gina.
– Sua vadia! Eu sabia que ia acabar assim – Arthur urrou. – Aquele desgraçado do Potter!
Gina tremia, seu rosto ardendo com o tapa.
– Não foi para isso que eu te criei! – Molly gritou com ela.
– Vocês me criaram para ser um fantoche! – Gina devolveu, gritando. – Eu cansei!
– Você não vai embora!
– Ela vai sim! – Rony protestou, pegando a mala de Gina. – Ela não vai mais sofrer na mão de vocês, eu cansei disso.
– Até você, Ronald? – Molly o encarou desgostosa. – Nós damos tudo a vocês, para isso...
– Foda-se! – Gina cantarolou. – Adeus. Esqueçam que eu existo.
– Você não é mais minha filha – Arthur a encarou com nojo. – Sua vadiazinha de merda.
Gina segurou as lágrimas e lançando um último olhar triste aos pais, saiu do quarto.
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