~No capítulo anterior ~
Fiquei boiando nesses pensamentos retardados até pegar no sono. Antes de dormir, senti uma mãozinha me abraçando e vi uma cabeçinha branca apoiada no meu pescoço...
Será que foi só imaginação?
*Near*
Acordei com a estranha sensação de estar sendo observado. Abri rapidamente os olhos e percebi que estava sozinho na cama. Alguém estava sentado no chão me encarando e tentou disfarçar. Mas eu sei o que eu vi.
- Acordou bela adormecida? Você já perdeu o café, ta quase na hora do almoço.
Olhei pro relógio. Eram 11:45. Senti algo estranho na boca. Droga,será que eu...
- Você dormiu com o dedo na boca, sim. Quem diria né, o top da Wammy's, um chupador de dedo! O mundo precisa saber disso.
Escondi os olhos com a franja. Estavam ardendo muito e meu rosto estava molhado. Se eu falasse alguma coisa, minha voz iria me trair.
- Vai estar em todos os jornais: ''Chupinha, sucessor do grande L!'' Imagina que coméd.. Ah,qual é...
Ele viu. Com certeza ele me viu chorando.
- Ei. - A voz dele estava bem perto de mim.
Levantei os olhos. Mello me oferecia um boneco.
- Esse boneco é aquele que eu quebrei ontem. Mandei o Watari concertar pra você. Eu sei que é o único desse tipo que você tem. Sei também que é o seu favorito. Agora pega logo antes que eu mude de ideia.
Peguei o brinquedo com as mãos tremendo. Era verdade. Aquele era o meu favorito. Depois que o Mello quebrou, eu passei um tempão chorando sozinho.
Quando ele virou de costas pra mim eu o abracei pela cintura. Não sei por que eu fiz aquilo. É errado demonstrar minhas emoções em público. Mas me deu vontade, então eu o abracei com mais força. Ele ficou parado e em silêncio. Foi perfeito.
*Mello*
Ah...Que merda eu fui me meter. Fiz o moleque chorar. Ok, ponto positivo. Devolvi o boneco pra ele. Ponto negativo. Ele está me abraçando e eu não estou fazendo nada pra impedir. 348778754654 pontos negativos. Estamos com sérios problemas Mello.
- Vai brincar Near.
Finalmente a criatura me soltou. Ele sentou na cama de costas pra mim com o boneco nas mãos, limpando os olhos na manga do pijama.
- Obrigada pelo boneco.
- De nada. Da próxima vez eu não devolvo.
Ele riu. Cara, eu tenho que admitir, foi uma risadinha muito fofa. Tipo quando eu faço cócegas no Matt, com a diferença que nós não estamos nos espancando.
- Almoço! - Watari entrou trazendo dois pratos cheios de panquecas. Dessa vez nem me dei ao trabalho de tentar fugir. Até porquê eu nem queria... PERAI O QUE?
- Não vai comer, Mello?
- Que? Ah, não, eu já comi chocolate antes de você acordar. Pode comer o meu.
- Eu não disse que queria o seu...
- Eu sei que você quer.
Enquanto aquela criança era o exemplo da pureza, eu era o exemplo da maldade. Até com essas frases eu consegui pensar merda.
- Mello. Sabia que quando a gente pensa muito em alguma coisa é porque a gente realmente quer que aconteça?
CYBORG DESGRAÇADO ! FILHO DA MÃE LEITOR DE MENTES! NÃO ESTAMOS SEGUROS NEM DENTRO DAS NOSSAS CABEÇAS?
- Ta querendo dizer o que com isso, zumbi de túnica?
- Que você parece muito pensativo, só isso.
- Você está falando mais do que de costume.
- Mello, eu já terminei de comer, põe os pratos ali no chão que depois o Watari vem pegar.
- Não quero.
- Põe ali Mello.
- Não to a fim.
- O que te custa?
- Sei lá.
- Mello!
- Near!
- Para com isso. Põe ali, sério.
- Pede por favor.
- Por favor!
- Melhorou.
Rindo da cara do branquinho, coloquei os pratos no lugar. Ele sentou no chão e começou a montar um quebra-cabeça. Sentei do lado dele. Eu estava entediado.
- Mello, pode por favor parar de me cutucar?
- Não estou te cutucando. Meu dedo só está encostando no seu rosto.
- Para por favor.
- Não.
- Para.
- Me obrigue.
- Que inferno Mello, já pedi pra você parar!
Eu consegui! Fiz o cyborg demonstrar uma emoção! Ele olhou pra mim com a maior cara de demônio.
- Okay, parei. Mas Watari vai saber que você falou uma palavra feia.
- Inferno não é feio.
- É sim.
- Ta, agora me deixa em paz aqui por favor.
Eu corrompi o santo. Ele está lentamente passando pro lado do mal.
- MUAHAHAHAHAHA.
- Mello...?
- Ah, foi mal. Pode continuar aí.
Meu plano diabólico estava dando resultados. Agora era só pensar no próximo passo. Passei o resto da tarde olhando o albino montar uns 30 quebra-cabeças e tive uma ideia. Ta certo que eu queria fazer aquilo faz um tempo e como não tinha ninguém nos vigiando... Era a oportunidade perfeita,mas... Vamos Mello, ser mau requer alguns sacrifícios. Neste caso seria a minha sanidade. Mas o resultado valeria a pena. Near vai perder completamente a inocência.
- MUAHAHAHAHA.
- Já chega Mello, está realmente me assustando.
- Jantar! - Watari entrou trazendo algumas torradas e manteiga. Assim que ele saiu, deixei Near comer tudo sozinho.
- Estava gosto, Nate?
- Sim. Obrigada.
Que coisinha mais fofinha de educadinha meu deus!
...
MELLO O QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO?
* Ficha caindo*
O QUE? COMO ASSIM? IMPOSSÍVEL! ...
Bom, negar não resolve a situação. Respira Mihael.
De qualquer maneira, é hora de iniciar meu plano diabólico. Admito que eu também estava nervoso. Near estava sentado no chão de costas pra mim, montando seu 31º quebra-cabeça. Peguei ele no colo e sentei na cama.
- M-me solta Mello!
- Eu quero testar uma coisa.
Coloquei minha mão por dentro de sua camiseta. Ele deu um pulo violento. Foi muito engraçado.
- Tira a mão de mim...
Subi até meus dedos atingirem seu pescoço. Como eu pensava, ele tremeu e se arrepiou.
- Calma, Near. Nem fiz nada ainda...
Minha mão foi descendo, descendo, descendo até parar no elástico da calça de seu pijama.
- S-se...Vo-você...
- Particularmente eu adoro você gaguejando desse jeito, Near. Respira fundo, relaxa.
- S-se você fizer a-alguma coisa eu grito.
- Então grita. - sussurrei em seu ouvido. - Grita que eu quero ouvir, Nate.
Desci minha mão e comecei a massageá-lo. Será que eu estava pondo muita força? Era lindo ver aqueles olhinhos fechados com força e os dentinhos levemente serrados. Ele apertava meus joelhos com as mãozinhas.
- E então? Não vai gritar?
Ele mordia o lábio inferior com os dentinhos. Dava uns gemidinhos muito baixos.
- Awn...
- Não se controle, Nate.
Ouvi um barulho de chave. Soltei Near e me sentei do outro lado do quarto. Em dez segundos entrou um velho caquético chamado Watari, respirando como se tivesse corrido uma maratona.
- Near? Está...tudo bem?
Lógico que está tudo bem. Ele só teve uma vontade involuntária e espontânea de gemer enlouquecidamente. Afinal, quem nunca tem isso de vez em quando?
- Ele está ótimo Watari. E eu também estou, obrigada por perguntar.
- Eu tive uma...intuição. Tem certeza que está tudo bem mesmo, Near?
Ele nem conseguia falar. Só balançou a cabeça pra cima e pra baixo em resposta. Acho que peguei pesado com ele. Afinal, é só uma criança.
- Tudo bem então. Se precisar de algo, é só gritar.
Assim que ele trancou a porta, Near virou de costas pra mim. Fui até ele e o olhei nos olhos.
- Você está bem?
- Estou.
-Tá doendo muito?
- Não. Estou ótimo. - Pela sua cara era óbvio que não estava.
- Vem, eu faço a dor passar...
- NÃO! EU JÁ DISSE QUE ESTOU BEM! - Ele começou a chorar muito. Que droga. Eu odiava aquele albino, mas me odiava ainda mais por tê-lo feito ficar triste. De novo.
Ouvi um barulho na porta. Watari entrou rapidamente, deixou uma bolsa de água quente (aquelas bolsas térmicas) no chão e saiu trancando a porta. Mais uma prova que cyborgs-leitores-de-mentes estão entre nós. Peguei a bolsa e coloquei em cima da cama. Me ajoelhei e olhei pra Near.
- Me desculpa Near. Eu prometo que nunca mais encosto em você se você não quiser. Só me deixa parar a dor agora e depois você pode me bater se quiser. Eu deixo você comer todas as minhas barras de chocolate. Olha pra mim e você vai saber que eu estou falando a verdade.
Ele me olhou, e nossos olhos cheios de lágrimas se encontraram. SIM, EU ESTAVA CHORANDO E FODA-SE A LÓGICA! Ele sentou na cama e olhou para a parede oposta. Eu interpretei aquilo com um sim. Peguei a bolsa de água quente e coloquei nas suas coxas. Ele fechou os olhos.
- Ta melhorando? - Abracei seus ombros.
- Aham.
Near ficou ali paradão por uma meia hora, até que abriu os olhos.
- Mello, eu estou com sono.
Tirei a bolsa dele e coloquei em cima de uma cadeira. Peguei Near no colo e comecei a embalar como um bebê.
Porra, o que eu estou fazendo?
Ele me olhou. Estava muito corado.
- Olhar pra você te deixa com vergonha, né? Tudo bem, eu olho pro outro lado.
Virei o rosto e continuei balançando por uns dez minutos. Olhei discretamente. Ele já estava chupando o dedinho. O deitei na cama sem fazer barulho e pensei comigo mesmo: Quem foi o filho da mãe que jogou essa macumba pesada pra mim? Agora eu estou completamente apaixonado pela maldita albina...
PERAI O QUE?
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