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História Wangxian - A viagem


Escrita por: Bao_Ren

Notas do Autor


Boa leitura <3

Capítulo 22 - A viagem


Fanfic / Fanfiction Wangxian - A viagem

 

  A viagem do Lago Qinghai para as margens do oceano distante não era uma viagem fácil ou para pessoas com pouca resistência. Aquilo ficou bem claro aos olhos de Sizhui a partir do momento em que decidiram tal caminho, alguns dias antes.

  Estabeleceram que iriam caminhando para chamar a menor atenção possível sobre o grupo e para também poupar os feridos, afinal ninguém sabia ao certo o que usar de magia para atravessar distâncias com frequência poderia causar em corpos machucados ou até mesmo nos dois grávidos do grupo.

  Sim, sênior Wei e SanduShengshou esperavam bebês por graças divinas e como era algo que ninguém sabia como seria até que os bebês nascessem, era consenso que o melhor seria fazer as coisas da maneira clássica humana padrão.

  A pé.

  E a viagem se seguiu dessa forma, rumo ao sul, lenta e constante.

 A faixa mágica de sua alteza, Xie Lian, Ruoye, se transformou em uma cama flutuante que carregava Zizhen e Jin Ling como se fosse uma tapete voador, dando tempo de ambos se recuperarem sem forçar as feridas, o que lhe aliviava a alma e o coração, por isso se mantinha sempre ao lado deles, no fim da micro caravana, não só para protegê-los de qualquer eventualidade, mas também para auxiliá-los em qualquer necessidade e Jingyi se mantinha mais a frente, atento as ordens e eventualidades de Hanguang-Jun.

  Zizhen estava mais tranquilo sobre a constante viagem, contudo Jin Ling era tão enérgico e agitado quanto o sênior Wei e Sizhui podia ver e sentir que logo ele arrumaria um jeito de fugir de Ruoye de qualquer maneira.

  Quando eles montavam acampamento, sempre tinha que forçar o menor a ficar quieto para não forçar os machucados que estavam melhorando a passos bem lentos. Sizhui não sabia mais o que fazer, na verdade. Como conter a tempestade quando ela era tão fluida como o vento em suas mãos?

— Porque está com essa cara de novo, A- Lin?

  A voz de Zizhen sou preocupada e ele continuou olhando para a frente fingindo não ouvir, contudo atento a tudo que rodeava seus maridos.

— Estou pensando em quem poderia ter articulado todo esse plano de nos trair, não só a mim, mas os dois líderes da seita Gusulan também. Se meu tio estivesse no Píer Lotus aquela noite aconteceria o mesmo com ele? Essas perguntas não me saem da cabeça. Tudo parece tão absurdo, eu até entendo o problema comigo no poder, mas porque o Hanguang-Jun? Não pode ser só por sermos... Humm... Corta mangas, pode?

  Ele apenas sussurrou a palavra ‘Corta mangas’ o que lhe fez sorrir um pouco e não foi o único. Tio Wen era o último da caravana, cuidando das costas de todos e como ele estava ao seu lado ainda que alguns passos distantes naquele momento, Sizhui pode ver o sorrisinho disfarçado dele.

  Sabia bem a relutância de A- Lin sobre aquele assunto e tio Wen também.

— Creio que isso foi apenas a desculpa usada e não o real motivo, alguém pensou bem e usou o que tinha disponível quando viu a possiblidade de não só usar isso contra nós, como também usar no momento mais apropriado. Acho que nosso noivado foi a desculpa perfeita para alguém que estava apenas esperando a ocasião exata de atacar – Zizhun jogava uma pedrinha para o alto e a pegava enquanto continuava deitado como se estivesse em uma grama e não sobre um tecido flutuante. Ele na verdade lhe parecia muito belo naquela posição relaxada, enquanto Jin Ling estava sentado e de braços cruzados, com o rosto pensativo e pouco satisfeito, como sempre – Não sei quem está puxando as cordas, mas tenho a sensação que ele não é um inimigo declarado e tão pouco se mostrou naquelas noites ruins. E ele nos conhece, com certeza.

— Também acho isso, assim como tio Yao, ele nos conhece – Jin Ling bufou – Que raiva! Atacar a mim tudo bem, mas isso foi completamente injusto com vocês! E depois aquele velho ainda... Ainda falou daquele jeito com o Jingyi e o Sizhui, eu só queria ter tido a oportunidade de esfregar a cara dele na lama!

— Isso é desrespeitoso, A- Lin.

  Disse olhando para o marido de forma tranquila, ele estreitou os olhos:

— Você não deve mais respeito aquele velho, Sizhui! Você é meu marido, você é um Jin agora, não um Lan, ele te agrediu, ele deu ordem de matar vocês, eu quero matá-lo! Jamais vou esquecer essa afronta com os meus maridos! Aquele... Aquele desgraçado!

  Não conseguiu não rir da fúria tigre gatinho dele e antes que percebesse, a pedra que o Zizhen brincava veio para cima da sua cabeça de forma veloz.

— Ei!

  Zizhen reclamou do roubo, Jin Ling lhe encarou com fúria nos olhos:

— Não se atreva a diminuir minha raiva, eu tenho direito e vou exigi-lo um dia! Se ele morrer antes, tio Wei vai ressuscitá-lo para que eu possa matá-lo com minhas próprias mãos, e isso não está em discussão!

— Desculpe, desculpe.

  Disse se curvando e tentando não rir de novo.

  Aquele instinto de proteção dele era uma das coisas mais graciosas que sentia do marido mais novo. Jin Ling tinha aquela possessividade que lhe parecia muito fofa e que ele queria ter sobre si pelo resto da vida.

  Ele queria ter os três maridos ao seu redor pelo resto da sua existência nesse mundo. Fato. Não importava como eles tinham chegado naquela situação, tudo que lhe importava agora era que os amava e era amado por eles. Eles se amavam, eles eram uma única unidade indissolvível.

  Eles estavam casados.

— Cabeça quente!

  Zizhen reclamou cutucando a cabeça do Jin Ling que resmungou e se deitou dando as costas para eles. Sizhui suspirou. O que podia fazer para distrair o marido? O que poderia fazer...?

 

■□■□■□

 

— E então como é isso? Você fica aqui mesmo no mundo mortal e tudo bem?

— Não há problemas, na verdade, eu tenho um templo e quando é necessário eu volto, também passo muitos dias com o San Lang na cidade Fantasma e tem sido divertido.

— Isso deve ser mesmo legal!

— É sim.

  Risadinhas se seguiram a conversa do sênior Wei com sua alteza Xie Lian e Jingyi evitou rolar os olhos. Achava aqueles dois faladores demais, mas quem ele era para julgar? Quando estava animado também falava em excesso.

— Jin Ling está agitado, fique de olho nele.

  A voz de Hanguang-Jun soou baixa e séria como sempre atraindo sua atenção imediata.

  Ele estava há algum tempo caminhando ao lado dele na frente do grupo e gostava daquilo, em toda a sua vida no Recanto das nuvens nunca houve oportunidade de realmente ficar perto do seu mestre e líder como agora, porque Hanguang-Jun era sempre muito ocupado e muito distante. Ele os ensinava e era tolerante embora as fofocas dissessem que não e Jingyi o admirava acima dos céus, mas ainda assim não pensava em quanto a segunda jade do Lan era humana e acessível.

  Até que ele tinha ido atrás deles e salvado ele e seus maridos da Torre da Carpa. Naquela noite pode ver o outro lado de Hanguang-Jun. O lado que também tem limites e o lado que se preocupava mais com eles do que com simples discípulos.

  Sizhui sempre dizia que aquele homem era um pai e um irmão mais velho para si e agora Jingyi entendia completamente o sentimento.

— Sim, ele está e estamos de olho. Jin Ling está com raiva e quer vingança, eu também quero.

  Respondeu enquanto olhava furtivamente para trás e via Sizhui, Zizhen e Jin Ling conversando. O grupo deles era algo a se estranhar se um transeunte topasse com eles naquela estrada tortuosa.

  Eram pessoas fortemente armadas, vestidos com cores diferentes, posturas diferentes, humores diferentes e, contudo, caminhavam juntas para um mesmo lugar.

  Ele e Hanguang-Jun iam na frente silenciosos enquanto a direita deles, alguns passos atrás, ia sênior Wei e sua alteza conversando animadamente. A esquerda e ainda mais alguns passos atrás deles estava mestre ancião Shen Qingqiu com Luo Binghe tranquilos como se estivessem passeando em algum jardim. De fato, o ancião Qingqiu não parecia se enervar com nada desse mundo, ele segurava seu leque abanando com calma e serenidade, como se não fosse capaz de cortar um bosque com aquilo se estivesse lutando.

 No meio do grupo e ainda sozinho e silencioso, mas não um silêncio pacífico como o mestre ancião e sim em um silêncio sombrio, ia SanduShengshou. Não que ele não tivesse esse mesmo ar de fúria contida em todas as vezes que o viu, parecia que fazia parte do tio do Jin Ling, e também ele não era estupido com ninguém, sênior Wei com frequência ia chamá-lo ou fazia algum comentário e ele respondia, ainda que fosse cru ou seco. Mas em geral desde que começaram a viagem ele se mantinha mais calado do que uma estátua.

  Jingyi se sentia sempre estranho em ficar muito perto.

  A pessoa que mais conversava com ele era Jin Ling na verdade, e nessas horas ele podia até ver um sorriso nos lábios do líder do Píer Lótus, mas era mais raro do que a presença de Chuva de sangue cobrindo uma flor, Hua Cheng, entre eles.

  ZeWu-Jun sempre se mantinha a alguns passos de distância dele, nunca muito longe e era meio como Hanguang-Jun pairava em torno do sênior Wei, a grande diferença era que sênior Wei sempre sorria e trocava aqueles longos olhares com o Hanguang-Jun que podia lhe dar enjoo de tão doce e SanduShengshou mal olhava para ZeWu-Jun.

  Como se a primeira jade de Lan e a pessoa mais poderosa do mundo do cultivo deles fosse ninguém. Porém aquilo não parecia incomodar em nada ZeWu-Jun, na verdade ele constantemente dava sorrisinhos pequenos como se achasse tudo aquilo engraçado.

  Então estava seus maridos, Zizhen e Jin Ling sobre Ruoye e Sizhui ao lado deles cuidando para que não caíssem ou coisa assim e no fim do grupo o general fantasma caminhava atento e calmo.

  O rei dos demônios não estava ali, como sempre ele quase nunca estava com eles, mas bastava sua alteza perguntar ou chamar por ele que pronto, sua alteza do submundo se materializava perto do deus como se fosse uma sombra do outro.

  Talvez ele fosse. Jingyi nunca tinha prestado muita atenção sobre o mundo demoníaco de toda forma, sempre inclusive achava um exagero das histórias dos clãs sobre o patriarca Yiling, só de olhar o sênior Wei ficava claro que era um monte de mentiras exageradas, contudo o que ele sabia? O mundo era mais vasto e complexo do que poderia conceber e estava aprendendo isso nos últimos dias.

— Esqueça a vingança e faça com que Jin Ling também a esqueça. Ela devora a alma e destrói relacionamentos - Hanguang-Jun lhe olhou de canto de olhos e parecia mortalmente sério – Use de todos os artifícios possíveis.

  Jingyi sentiu sua pele queimar e abaixou os olhos totalmente sem graça, o que para chegar a esse ponto somente Hanguang-Jun poderia fazer.

  Ele queria dizer... O que ele achou que o mais velho queria dizer?

— Eu...

— Vingança não é boa, não quero isso para nenhum de vocês.

Jingyi assentiu suspirando por fim. O que ele podia dizer? Não importava o que tivesse acontecido, ele ainda era discípulo de Hanguang-Jun e seria até que o mais velho dissesse que ele estava pronto.

— Hanguang-Jun... Eu vou tentar.

  Prometeu sincero. O outro assentiu de leve.

— Bom.

  Então a pergunta que lhe devorava a alma saiu dos seus lábios antes que a contivesse:

— E o que acontece agora? O mestre tocou o sino, fomos declarados inimigos do clã. Ainda... Ainda somos Lan? Estamos tecnicamente mortos para Gusu.

  Hanguang-Jun guardou um longo tempo de silêncio e por fim assentiu singelo:

— Nós somos o que somos porque isso está gravado em nossa alma, somos Lan e nós seguimos o caminho correto, os princípios corretos. Minha alma está em paz, a sua está?

  Jingyi entendeu e sorriu.

— Sim.

— Então isso basta. O futuro aos deuses pertence, vamos viver um dia de cada vez.

— Obrigado, Hanguang-Jun!

— Humm.

 

■□■□■□

 

  Naquela noite Jingyi demorou para voltar para a tenda e Jin Ling começou a se preocupar. Ele e Zizhen já tinham tomado aquele banho de gato que estava lhe irritando até a morte, já que sua alteza disse que ainda não era boa hora para ele ou Zizhen tomarem banho de rio frio, mas a demora dele o deixava ainda mais nervoso.

  Estavam em terras estranhas, tudo poderia acontecer e...

— Até que enfim!

  A voz de Zizhen parecia tão aliviada quanto seu coração ao ver o marido entrar na tenda carregando... Um arco e aljavas!?

— Jingyi?

  Choque lhe definia.

— Onde o Sizhui está?

— Ele foi buscar comida – Zizhen explicou trocando um olhar perplexo consigo – E você, estava onde que sumiu por horas?

  A voz dele não tinha mais nem recriminação. O que ele trazia em mãos parecia o óbvio motivo e ainda assim Jingyi sorriu com ar de desculpas:

— Bem... Eu não pretendia demorar tanto, mas descobri que não é fácil fazer um arco descente. Aqui – E ele veio para Jin Ling lhe estendendo a arma – Veja se está bom.  

— Para mim?

  Jin Ling sentiu seus lábios tremerem e se conteve ao pegar o arco que era obviamente rústico, mas tinha sido lixado com capricho. A corda estava boa, elástica e resistente e parecia muito bom no âmbito geral.

  Sorriu e ergueu os olhos para Jingyi que parecia ansioso por sua avaliação:

— Você fez sozinho?

  Ele assentiu e sorriu de lado:

— Perguntei na verdade como se fazia e sênior Wei e sênior Luo me ajudaram, eles brigaram o tempo todo, mas foram de grande ajuda. Está usável?

  Ele sorriu e assentiu completamente comovido com o gesto:

— Sim.

   Jingyi suspirou aliviado:

— Que bom! Sei o quanto está chateado de ficar imóvel o dia todo e pensei que com o arco ao menos vai poder fazer algum exercício sem sair do lugar. Você é um ótimo arqueiro, A-Lin, é bom que não perca a prática.

— Jingyi...

  Ele queria pular no pescoço dele, mas não podia e também sabia que não seria muito decente tal comportamento. Então o marido se virou para Zizhen e tirou algo da manga estendendo para ele e Jin Ling pode ver que se tratava de um pincel.

— Aqui, eu também pedi papéis e tinta para sua alteza que tinha um pouco com ele – Jingyi tirou uma caixinha do porta aljavas e entregou com cuidado nas mãos do Zizhen – Meus maridos estão com tédio, é meu dever ajudá-los nisso. Eu seria um péssimo marido se não cuidasse de vocês.

— Mas é um bobo mesmo - Zizhen disse rindo baixo antes de pegar os presentes e colocar de lado esticando a mão em seguida – Venha, marido atencioso, minha vez de ser bom para você.

  Jingyi sorriu animado e quase se jogou sobre Zizhen que o puxou até ter o Lan com a cabeça em seu colo e passou a soltar e escovar os cabelos dele com os dedos cuidadosos. A cena era tão fofa que Jin Ling queria ficar ali para sempre vendo ambos daquele jeito. Era como a mais bonita pintura que seus olhos poderiam ver...

— Eu amo vocês.

  Disse baixo, singelo e ainda assim fervoroso. Dois pares de olhos cravaram-se sobre os seus e ele sentiu sua pele esquentar e baixou os olhos se sentindo completamente sem graça:

— O que, não posso dizer isso!?

— Você pode tudo, paixão, sempre.

    Jin Ling ficou tão pasmo com o adjetivo que ele o chamou que quando sentiu o corpo cair sobre o seu ainda que com cuidado e o prender na esteira, não conseguiu ter nenhuma reação além de choque.

  Jingyi as vezes era como um felino, rápido, silencioso e mortal.

— Você pode me dizer isso todos os dias, todas as horas, em todos os momentos que desejar, você é o dono do harém, se lembra?

  Ele abriu e fechou os lábios sem saber o que dizer e de certa forma intoxicado pela aproximação. A pele de Jingyi afetava completamente seus sentidos. Todos os seus instintos.

— Cuidado com ele, Jingyi.

  A voz de Sizhui soou e tirou um pouco da sua tontura ao encarar os olhos de Jingyi sobre os seus, os narizes quase se tocando e sua respiração praticamente rente a dele. Mas aquele felino mortal sorriu e falou desafiante:

— Diga a ele que você me quer ainda mais próximo, paixão. Diga - Jin Ling estremeceu, ofegou e incapaz de responder, fechou os olhos e em poucos instantes sentiu dentes roçarem em sua orelha e quase desmaiou ali mesmo – Diga que você quer ficar exausto e gastar toda essa energia acumulada em mim, hun? Diga, meu dono e senhor, A-Lin.

  Se um dia lhe dissessem que ia tremer inteiro com um homem sussurrando em seu ouvido ele teria rido até a morte, agora não parecia tão engraçado, parecia... Perturbador.

  E desejável.

— Cuidado com os movimentos, se certifique que A-Lin não tenha que se movimentar muito, vá com calma.

— Relaxa, Sizhui, eu vou cuidar bem do nosso jovem mestre.

  Jin Ling rolou os olhos e sentiu sua alma sair do corpo.

 Jingyi ia devorá-lo e ele não queria que o outro parasse.

  Ele tinha mesmo ficando louco, tinha mesmo!

  Ofegou e sentiu os lábios do outro tocar os seus e então ele parou e se afastou.

  Jin Ling abriu os olhos confusos e logo uma voz soou do lado de fora da tenda.

— Desculpe atrapalhar, meninos, mas temos de seguir viagem, agora, fiquem prontos.

 ZeWu-Jun parecia muito sério e por isso nem mesmo ele reclamou. Jingyi lhe ajudou a se sentar e beijou a sua testa antes de se erguer.

— Comam rápido. Temos de ir.

 

  ■□■□■□

 

  Wei Ying enrolou demais no rio e sabia bem disso, mas queria mais do que tomar banho, queria verificar se sua cintura tinha aumentado um pouquinho. Estava ansioso por aquilo, ainda mais por notar que Jiang Cheng já tinha engordado. Por que seu irmão teimoso estava começando a parecer um grávido e sua cintura ainda estava delgada?

  Era tão injusto!

  Suspirou e mergulhou mais fundo sabendo que outra vez estava exagerando, afinal ele tinha engravidado depois e sua gravidez era ‘mortal’, diferente do irritante do Jiang Cheng!

  Sabia que logo Lan Zhan ia vir buscá-lo e ele tinha que parar de enlouquecer para não o preocupar ainda mais. Seu marido estava cheio de preocupações na cabeça o suficiente...

  Então voltou a superfície e tomou um imenso susto. Na margem vazia até instantes antes, estava um homem de cabelos brancos embora seu rosto fosse jovem, sentado sobre uma pedra e o olhando indecifrável.  Outra vez desejou ter sua velha flauta junto de si e entendeu que tinha que fazer outra urgentemente.

— Não se preocupe, não pretendo matá-lo, hoje – O homem de longo manto purpura sorriu de canto e lhe encarou com os olhos como duas lascas de gelo – Sabe ao menos onde está, cultivador demoníaco?

— Em um rio e nu?

  Disse rindo irônico antes de dar de ombro.

  Ele o encarou mais fixo:

— Próximo da montanha Kulun. Lar antigo dos deuses, de onde a humanidade foi concebida, do local mais antigo e sagrado desse mundo, a montanha estava aqui quando o céu dos deuses foi estabelecido por isso sua presença nessa terra é um ultrage – Ele se ergueu e olhou para sua barriga estreitando os olhos – Essas criaturas que carrega dentro do seu corpo tocado por um poder profano, vão devastar esse mundo, mas claro que aquela deusa estúpida jamais se preocuparia com pequenas coisas que acontece fora do seu interesse.

— Espera, espera, você está xingando Baoshan Sanren? Sério isso? – Wei olhou para um lado e para outro e por fim negou desolado – Coitado de você.

  A provocação surtiu efeito e pode ver um poder vermelho sangue correr pelos dedos dele em fúria contida. Era um deus, só podia ser um deus...

— Não ouse falar esse nome diante de mim! Eu desci e me sujeitei a ter que falar com você em pessoa apenas para te dar um aviso. Mate essas coisas antes que nasçam! Ou terei que fazer e te destruir no processo.

  Wei deixou seu riso cair e o encarou de forma letal.

— Não sei quem você é e nem me importa, mas fale sobre meus bebês assim de novo e verá que eu sei ser bem cruel.

— Não seja tolo, Wei Wuxian, o que você deseja é uma blasfêmia. Você não pode esperar dar à luz a uma branca e vermelha e esperar que seriam crianças dóceis de uma família perfeita. Elas serão aberrações, do começo ao fim!

— Espera, são duas meninas?

  Wei arregalou os olhos e abraçou sua barriga. Duas meninas... duas meninas...

— De tudo o que eu disse o único fato que te importa é esse!? Elas serão maldições sobre esse mundo!

— Wow, duas meninas!

  Sorriu consigo mesmo e sentiu um tapa em seu rosto violento:

— Acorde, volte para o mundo real. Você dará luz a dois monstros que devorarão o mundo. Haverá pilhas de cadáveres por onde elas caminharem, haverá pragas e calamidades se ambas forem contrariadas. Corte o mal pela raiz enquanto ainda há tempo!

  Wei ergueu os olhos e sorriu quando o pescoço do deus foi puxado e arremessado longe de si por um Wen Ning feroz.

— Que indelicado da sua parte bater em uma pessoa grávida. Não lhe ensinaram boas maneiras?

  Então deu as costas para ele e se cobriu com seu manto arrumando seus cabelos enquanto Wen Ning prendia o deus no chão como se fosse uma rocha pesada demais para se mover e Wei soube que ele era fraco diante de mortos.

  Provavelmente era um deus de luz e com fraquezas de sombras.

  Interessante.

 

■□■□■□

 

  Xie Lian abriu os olhos aflitos!

— Manto vermelho!

— Volte a meditar, eu cuidei disso.

— San Lang! Mas... Mas...

  Ele olhou para o homem ao seu lado que apenas o curvou sobre a esteira da pequena tenda e beijou seu rosto com delicadeza:

— O general fantasma está com ele, nada vai acontecer, deixe que eles lidem com isso.

 Então uma das mãos se insinuaram por baixo do seu manto até alcançar uma de suas coxas e lhe fazer estremecer...

— O Wei... Ele...

— Ele vai lidar com isso, aquele dali é bem inteligente. Agora relaxe para mim, hun? Há possibilidades de que eles saiam daqui nos próximos momentos por causa desse evento, quero que suspire e me arranhe muito antes disso. Eu estou sem você o dia todo, Gege, estou com saudades...

  Xie Lian não podia fazer nada quando aquele homem lhe falava assim e porque ele confiava cegamente em San Lang, ele assentiu e ofegou quando o mais alto começou a despi-lo com avidez.

 

■□■□■□

 

— Bem, bem, me fale mais sobre as minhas meninas.

— Você é insano!?

  Wei riu e voltou a dar de ombros enquanto se agachava ao lado do deus que se debatia sobre um dos pés de Wen Ning em seu abdômen.

— Talvez, mas me deixou curioso, a propósito que divindade é você?

  Ele lhe olhou mortal e não respondeu, por fim parou de se mexer e disse entre os dentes:

— Mande o seu cão me soltar.

— Ele não é meu cão, ele é uma pessoa e meu amigo, se quer algo, peça você.

— Maldito o dia em que aquele cultivador burro lhe trouxe de volta dos mortos!

— Ui, essa machucou meus sentimentos – Respondeu arregalando os olhos e então se erguendo – Mas como eu percebi que está bem preocupado, eu vou te garantir que meus bebês jamais serão pragas ou coisa parecida. Elas são filhas de Hanguang-Jun, além de preciosas, são perfeitas e agraciadas. Seja o que você viu no futuro, ele não será real, nunca.

  O deus riu cínico e bufou. Wei tocou no ombro do seu antigo general que tirou a bota sobre o outro e se colocou a sua frente como um escudo:

— Mestre Wei, fique atrás de mim.

  O deus se ergueu e bateu no próprio manto como se quisesse limpá-lo de alguma mancha ofensiva:

— Se considere avisado, Wei Wuxian e saia dessas terras sagradas ainda essa noite, não quero ver seu rastro ao amanhecer. Leve essa desolação e aberrações para longe daqui.

  Nisso ele desapareceu em uma nevoa vermelha e Wei Ying suspirou.

Droga, outro problema...

— Mestre Wei?

— Vamos, Wen Ning, vamos avisar ao Lan Zhan que temos de ir – Então ele olhou nos olhos do amigo de longa data e disse seriamente – Não fale nada sobre esse assunto com ninguém. Esse deus está errado e não quero nenhuma ideia ruim sobre meus bebês, entendeu?

  O general concordou sem hesitar e ele suspirou.

  Qual era o problema de todo mundo, afinal!?

 

 

 

 


Notas Finais




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