Bakugou não hesitou minimamente em sair de casa correndo ao ouvir aquela ligação desesperada. Não se importou se havia deixado a porta aberta ou qualquer outra coisa. Apenas pegou as chaves do carro, dando partida e rumando para onde Midoriya tinha passado a localização.
Não sabia se era a raiva o cegando, mas os dedos apertavam forte o volante. A mandíbula doía de tamanha força que exercia sobre ela. Ele gostaria que Tomura estivesse em sua frente agora, para simplesmente ter o prazer de quebrá-lo na porrada. Estava pouco se fodendo.
Mas sua raiva se dissipou assim que o viu. Midoriya estava sentado no meio fio, com a cabeça entre os braços que estavam apoiados nos joelhos. Ainda chovia, mas ele não parecia se importar com aquele pormenor.
— Izuku! — abriu a porta de todo jeito, saindo no meio da chuva. Ao ser chamado, ele levantou a cabeça, olhando para o doutor. Sentiu um enorme alívio. — Meu Deus!
— Kacchan... — gemeu de dor quando foi abraçado forte. Seu corpo ainda doía, mas ter a sensação de aconchego que os braços fortes e quentes de Bakugou traziam, era como se qualquer dor exterior e interior fossem anuladas. — Você veio...
— Por que achou que não, merda?!?!
Segurou as bochechas grandes e repletas de sardas nas mãos. Pôde, então, parar para observar melhor o estado do seu garoto:
Izuku tinha ao redor dos olhos manchas roxas e fundas. O nariz parecia um pouco torto, então ele logo associou que estava quebrado, e não foi difícil confirmar quando viu o estado da blusa que antes era cinza, mas agora, vermelha pelo sangue. Os olhos vermelhos pelas possíveis lágrimas que ainda não tinham secado totalmente. Vendo aquele estado miserável, o coração de Bakugou doeu, pois ele sabia que aquelas feridas externas quase não se equiparavam ao que Izuku estaria sentindo em sua alma.
— Vamos para casa... — murmurou. Os olhos encheram de lágrimas.
Segurando também as lágrimas, o esverdeado concordou. Era bom rever Bakugou, mas sabia que aquilo era somente a ponta do iceberg.
— Você acha que a temperatura da água está boa? — o loiro indagou, colocando uma toalha e uma muda de roupa sobre a pia do banheiro. Midoriya, que estava sentado na tampa do vaso, concordou. — Não poderia ter ficado na chuva daquela forma. Quer pegar uma pneumonia?
— Sinto muito. — sussurrou, segurando o braço. Não queria sequer se mexer naquele momento. Também não tinha trocado muitas palavras com Katsuki desde que chegaram.
Bakugou suspirou, passando as mãos no rosto. Se xingou mentalmente, pois aquele não era o momento para dar sermões ao esverdeado. Sua única prioridade agora era cuidar daquele garoto que parecia tão frágil e quebrado.
— Vou fazer um chá para você enquanto toma banho...
Ele desconversou, indo para a porta. Mas antes de sair, teve sua blusa puxada.
— Fica... — Izuku mordeu os lábios, os olhos perdidos nos próprios pés. Sentia que se ficasse sozinho, Tomura poderia aparecer a qualquer momento. — Fica, por favor. Não me deixa sozinho...
O doutor prendeu a respiração. Com o coração doído, ele pensou que fazer o chá era o de menos no momento.
Ajoelhou na frente de Midoriya, segurando seu queixo sutilmente para poder olhá-lo nos olhos. Segurou a barra da camisa cinza, subindo minimamente. Antes olhou para o garoto como se pedisse permissão, que lhe foi concedida com um acenar tão mínimo que Bakugou questionou-se se realmente podia.
Mas ao passar o pano pela cabeça do outro, o que ele realmente se importou e o chocou, foram as demais manchas que Midoriya tinha pela pele. Caiu sentado no chão, olhando para aquilo e perguntando-se se realmente fora aquele verme nojento que havia feito aquilo com o garoto.
— Ele sempre me consumia com suas nojeiras... — soluçou. Tentou secar as lágrimas; fora em vão. — Eu tô com medo.
— Deku... — abraçou-o novamente, se autodestruindo por dentro. Ia, sem sombra de dúvidas, matar Tomura se o visse. — Eu estou aqui. Ele não vai te encostar um dedo sequer mais.
Bakugou sentiu que um abraço falaria por mais. Até porque, não sabia o que dizer, uma vez que não tinha passado por algo tão horrível e asqueroso. Apenas sentia uma descomunal vontade de acolher aquele garotos nos braços, amá-lo para sempre e não soltá-lo — pensamento que nunca abandonava de fato. Era um sentimento que do fundo do coração, gostaria que fosse recíproco.
Então o despiu quase de tudo sutilmente, deixando-o apena com a cueca. Acariciou e tocou aquele corpo com cuidado e sem malícia alguma. O colocou na banheira, entrando de roupa e tudo, pois o que queria passar ali era confiança e mostrar que realmente se importava com Midoriya.
Passou o sabonete com cuidado em toda a pele exposta, acariciando lentamente as cicatrizes de forma com que apenas naquele toque sutil, pudesse apagá-las da memória e da pele de Izuku. Lavou os cabelos esverdeados com seu shampoo preferido, de forma com que ele ficasse totalmente relaxado.
Midoriya, por outro lado, sentia receio em tudo aquilo. Por mais que soubesse que Bakugou nunca o machucaria, estava confiando nele naquele momento. Fechava os olhos e sentia as carícias lentas, mas tão dolorosas. Gostaria que estivessem daquele jeito em uma outra ocasião, da qual não envolvesse traumas relacionados ao homem cujo nome não gostava nem de se lembrar. Contudo, afastando aqueles pensamentos negativos, o esverdeado deixou-se ser banhado por aquele doutor, onde notava que toque algum era feito com maldade ou malícia, demonstrando a real vontade que ele tinha de cuidar de si.
Sentia-se protegido, ou melhor, amado.
— Chá de camomila. Você gosta?
— Gosto. Muito. — ele tirou o saco de ervilhas congeladas do nariz, levando a xícara até a boca.
Bakugou sentou-se a sua frente na bancada, também com uma xícara de chá. Ambos já estavam de banho tomado e roupas secas, vendo o céu desabar em forma de chuva do lado de fora. Não sabiam o que dizer, e temiam que as mínimas das palavras pudessem quebrar aquele momento que não era ruim, mas que também não era totalmente agradável, dada a situação.
De qualquer forma, não poderiam ficar calados para sempre.
— O nariz dói? — indagou o doutor.
— Sim, mas com as ervilhas já o sinto bem melhor.
— Um nariz quebrado pode ser curado normalmente em casa, se for em casos menos sérios. Colocando algo gelado em cima de quinze à vinte minutos, ele cura normal. Vou te dar alguns analgésicos, mas se não melhorar dentro de uma semana e meia, nós vamos ter que recorrer a um otorrinolaringologista.
— Otorrinolaringolologista. — fez uma careta, se embaralhando ao tentar pronunciar. — Como você diz isso rápido e consegue falar tão bem?
— É fácil — sorri — Otorrinolaringologista.
— Otorrinolaringolista. — vê o doutor sorrir, pondo o queixo na mão.
— Tenta devagar.
— Otorrinolaringolologista.
— Devagar.
— O-tor-ri-no-la-rin-go-lo-gis-ta. — soltou o ar, sibilando corretamente.
— Viu? Não é difícil. — Bakugou escondeu um sorriso atrás da xícara.
— Não ria!
— Não estou rindo!
— Eu não tenho culpa se minha língua não consegue dizer essas palavras difíceis... — vira o rosto, com as bochechas infladas.
— Você sabe qual é a maior palavra da língua portuguesa? — vê o outro negar — Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico
— O que é isso?!?! — Bakugou riu da expressão incrédula do esverdeado. — Pode repetir?
—Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico.É o nome da doença que ataca os pulmões, causada pela inalação de cinzas vulcânicas. É difícil, mas eu decorei.
— Faculdade de medicina exige decorar isso? — ainda estava embasbacado.
— Não sei, mas outro dia eu ouvi estudantes de cardiologia comentando sobre.
— Todos os dias que eu levanto, agradeço a Deus por ter escolhido amar Biologia simples.
Bakugou sorriu. Por um momento, agradeceu pelo clima estável e agradável que se estabeleceu entre ambos.
— Seu Zé Droguinha de Ciências Biológicas. — diz, gargalhando. Midoriya o acompanha.
— Eu não tenho culpa se é mais fácil que Exatas! — inflou as bochechas.
— Você me mata...! — negou, terminando o chá. Izuku o acompanhou, rindo.
Talvez falar sobre doenças difíceis de se pronunciar e faculdades não fosse uma forma tão ruim de distrair depois de uma noite tão conturbada.
— Onde você está me levando? — Midoriya perguntou, olhando pela janela.
— Ao psicólogo. — disse Katsuki, sem tirar os olhos da estrada. — Sinto muito em só dizer agora, mas depois de uma semana, acho que é o necessário.
— Ah — sua boca formou-se nas palavras exatas. Não foi contra, nem a favor. Até ele mesmo sentia que precisava de uma ajuda profissional. — Obrigado.
— Não me agradeça.
Bakugou vinha pensando em algo há muito tempo, mas estava com receio de dizer. Não era como se o que fosse propor, houvesse a possibilidade de Izuku recusar, certo?
— Podemos ir ver sua mãe depois da terapia. O que acha?
— Sério? — os olhos verdes brilharam e Bakugou sorriu de lado, percebendo o quão infundado fora seu medo.
— Sim. Sinto que é o mínimo que posso fazer por você depois de tanta agitação.
— Estou feliz! — foi um sorriso tão radiante, que o doutor tremeu. — Obrigado, de novo. Você está me ajudando tanto que sequer sei como retribuir.
— Não precisa me agradecer por nada, você sabe. — deu de ombros, parando o carro em frente a clínica. — Você sabe onde sua mãe está internada, certo?
— Sim. Não é muito longe daqui, pelo que olhei em algumas placas. — tirou o cinto. Recebeu o olhar ígneo e um manear de cabeça, como se ele dissesse "quer que eu te acompanhe?" — E não precisa me acompanhar. Agradeço, mas de agora em diante eu quero uma vida nova.
Então Katsuki soube que o que quer que acontecesse quando ele entrasse naquela clínica, sairia de lá diferente e enfrentaria as intempéries da vida de peito aberto.
Ou, pelo menos, tentaria.
— Tô te falando, cabelo de merda, ele me ligou aos prantos de noite. Cheguei lá correndo, e ele tinha a porra de um nariz quebrado e hematomas por todo o corpo. — Bakugou murmurou, sugando o líquido da latinha de refrigerante pelo canudinho. Olhou para a entrada da clínica. Já estava esperando Izuku.
— Você está dizendo que o marido dele espancou ele? — a voz de Kirishima soou do outro lado da linha.
— Sim, estou. E pare de usar o termo "marido", porque Izuku não é mais nada daquele bosta. De preferência, sempre que for se referir a Tomura, use "feioso".
— Bom, é uma boa evidência, então. Mas ainda assim, não é lá uma grande prova, sabe? É a palavra de Midoriya contra a de Shigaraki, que com certeza irá negar envolvimento nas agressões. De qualquer forma, serão dois lados opostos onde de maneira alguma o juiz vai acreditar.
— Então o que vamos fazer? — balançou a latinha.
— É preciso fazer com que o feioso admita o crime. É clichê, mas não vejo outra alternativa senão essa. Se você tivesse me dito essa bosta antes, poderíamos ter feito um Corpo de delito. Era de uma ajuda absurda. — após ouvir aquilo, Bakugou redireciona seu olhar para a entrada. Viu Midoriya sair, olhando para os lados, talvez o procurando. — Vamos nos encontrar na cafeteria da esquina do hospital para acertarmos melhor. Leve ele e providencie um advogado.
— Certo, obrigado. Preciso desligar, ele acabou de sair da terapia. — ouve um "terapia?", e logo trata de responder. — Sim, Eiji. Ele voltou com o psicológico fodido demais, tanto que tinha até mesmo medo de ficar em um cômodo sozinho, porque sentia que Tomura poderia aparecer do nada. É o mínimo que posso fazer por ele. Até mais.
Bakugou atravessou a rua, parando ao lado de Izuku. Era engraçado como ele não parecia ter crescido nada desde o fundamental.
— Quem era? — perguntou, vendo o doutor desligar. Bakugou deu de ombros, e Midoriya perguntou-se se não estava sendo intrometido demais.
— Eijirou, um amigo meu. Acho que você ainda não conhece ele. — parou de mastigar o canudinho.
— Você vai matar as tartaruguinhas por usar esse tipo de coisa inútil sendo que você tem boca para virar a latinha. — riu anasalado ao ver Bakugou fazer um muxoxo.
— Desculpe, eu realmente não pensei nas tartaruguinhas. Vamos?
Entraram no carro, rumando para a clínica onde Inko estava internada. Bakugou não sabia o caminho, então seguia o que Izuku falava.
No percurso, Izuku olhava para a janela em completo silêncio. Pensou em como sua mãe estaria, e em como sua vida estava caminhando. Conversar com a psicóloga tinha sido, de certa forma, aliviante, pois fora como se um peso descomunal saísse de seus ombros. Embora ainda estivesse sob prescrição médica para ficar em casa por mais dois dias — o nariz estava incrivelmente melhor —, ele sentia que precisava trabalhar para distrair a cabeça.
Sempre que fechava os olhos ou permitia-se pensar um pouco mais no episódio em que colocou a prova sua vida lutando contra Tomura, um enorme medo o consumia. Tinha medo porque aquele dissimulado sabia onde ele trabalhava. Sabia onde ia.
Mas sentia que com Bakugou poderia tudo. Estava feliz em tê-lo conhecido e reencontrado. Voltar a conversar com o loiro de uma forma tão inesperada suscitou em proporções gigantescas em sua vida. Todas elas, inquestionavelmente, de uma forma boa. Sabia que um pouco daquela coragem que tivera no outro dia fora proveniente da vontade de viver pelas pessoas que considerava importante. Pensar nisso e pensar que felizmente estava ali para contar história, acalentava seu coração. Era um sentimento de gratidão.
— Posso colocar uma música?
— Claro. Meu carro, seu carro. — disse.
Então Midoriya levou a mão ao botão do aparelho, ligando-o. Não foi direto na rádio, já que havia um pendrive plugado, mostrando que tocariam as músicas que ali estavam.
Logo, Snap Out Of It de Arctic Monkeys soou, invadindo aquele pequeno espaço. Quebrou o silêncio. "Saia dessa" moldou-se na cicatriz do pulso esquerdo de Izuku.
— Que música boa. — falou Izuku, guiando para mais uma rua onde o doutor tinha que virar.
— Eu adoro ela e a banda também. — cantou um verso, ao qual Midoriya sentiu que fora para ele. — Quero agarrar ambos os seus ombros e sacudir, amor. Saia dessa (saia dessa) — balançou a cabeça. — Eu estarei aqui esperando pacientemente você sair dessa (sair dessa).
Izuku escondeu um sorriso. Algo dentro dele estremeceu, assim como sempre acontecia quando estava com Katsuki. Era aquela reação interessante e embaraçosa.
— Irei procurar mais a respeito. — balançava a cabeça conforme escutava a música.
Em poucos minutos, eles logo chegaram a clínica. A entrada constituída de uma grande porta marrom claro, com arbustos de flores vermelhas e amarelas ao lado de fora. O chão composto por pisos em paralelepípedos.
— Bom dia, eu gostaria de conversar com a paciente Inko Midoriya. Sou o filho dela. — a recepcionista concordou, procurando no sistema. Bakugou olhou em volta, surpreso com o ar agradável que aquele local tinha.
— Ela fica no quarto 301, mas agora está no momento de lazer, no jardim. Sua consulta começa daqui meia hora. — o esverdeado agradeceu, segurando a mão de Bakugou e andando pelos corredores.
Segurar a mão doutor fora um passo, visto que eles mal trocavam contatos físicos durante a semana que se passou (com exceção do dia em que fora banhado pelo loiro). A mão de Izuku gélida como sempre segurando a calente de Katsuki. Uma nuance boa.
Ao chegarem no jardim, eles olharam em volta, procurando a mulher. Embora Bakugou não fizesse ideia de quem pudesse ser a mãe de Deku, imaginava que a cor verde característica proveniente de seus cabelos também fizesse parte de Inko — o que, mais tarde, viu que estava certo.
— Mãe! — Izuku exclamou, extremamente entusiasmado. O sorriso estava grande.
— Izuku? Meu amor? — a mulher muito incrédula se levantou da grama, acolhendo o corpo do filho nos braços. Um abraço deveras apertado. — Quanto tempo não o vejo! — recebeu um estalado beijo na bochecha rechonchuda.
Bakugou ficou de lado, olhando para a cena. Colocou as mãos nos bolsos, sorrindo terno e sutil. Os Midoriya trocavam carinhosos abraços e beijos, matando a saudade de sabe-se-lá quantos dias ou meses, então Katsuki não queria atrapalhar um momento que parecia tão especial para ambos.
— Você engordou um pouquinho, amor. — Inko apertou as gordurinhas quase inexistentes de Izuku. O esverdeado gargalhou. — Quem está te alimentando tão bem?
— Acho que sou eu, senhora. — Katsuki sorriu, se aproximando. A mulher o olha questionadora.
— Quem é você? — segura as mãos do filho. — Onde está Tomura?
— Ah, mãe, esse é o Katsuki. Um amigo meu. — Bakugou quis ignorar a pontada gelada que passou por seu coração, então apertou a mão da mulher. Izuku então ainda o considerava um "amigo"? — E o Tomura? Bem... Nós terminamos.
— Oh! Ainda bem. Eu nunca fui com a cara dele.
— Por que nunca disse, mamãe? — uma gota de suor desceu por sua espinha. O doutor indagou-se se a mulher sabia sobre o que o filho passava. — Nós terminamos porque...
— Eu sei o que ele fazia com você, amor. — Inko disse, suspirando. Sentou-se na grama, levando Izuku junto. O loiro não demorou a sentar-se ao lado deles.
— Como soube?
Izuku queria evitar a tristeza que o atingiu, mas fora impossível. Bakugou, calado, observava e ouvia tudo.
— Sempre que meu Izuku vinha me ver, ele estava com uma marca nova — tomou o braço esquerdo do filho. Subiu a manga do casaco, acariciando com o polegar as marcas mais ressaltadas dali. — Não era normal, mas eu também não disse nada.
— Está tudo bem, mamãe. — sibilou, com a voz trêmula. Segurou a mão da mãe, beijando-a. Quis desconversar no mesmo minuto, mas Inko abordaria aquele assunto mais tarde. Ele sabia. — Como está o tratamento?
— Maravilhoso! Estou há um ano limpa e eles dizem que em menos de dois meses estarei completamente curada.
— Um ano? Mas geralmente não demora menos, se me permite perguntar? — Katsuki perguntou. A Midoriya direcionou seu olhar para os outros pacientes que também estavam no jardim.
— Bem, sim. Mas eu sentia vontade de beber e acabava cedendo. Como eu tinha algum dinheiro que Izuku sempre me cedia, subornava os guardas para conseguir algo alcoólico que suprisse minha vontade. — dizsse de uma vez, mas estava realmente triste. Não gostava de pensar muito naquilo. — Mas quando Izuku vinha me visitar, eu via o quanto ele se esforçava para me ver bem, então decidi não colocar uma gota sequer de álcool na boca. Nunca mais.
— Entendo. É realmente difícil. — levou os joelhos até o peito. — Parabéns pela evolução, dona Inko.
— Obrigada, Katsuki. Não teria conseguido se não fosse meu filho, que nunca desistiu de mim.
— Estou orgulhoso de você. De verdade. — o Midoriya mais novo murmurou, olhando para os olhos igualmente verdes da mãe. — A senhora vai conseguir ir até o fim.
— Obrigada, amor. — ambos trocaram sorrisos. — Ah, e Katsuki, você faz algo da vida?
— Sou neurologista.
Embora ele e Midoriya tivessem sido amigos antes, Bakugou nunca se apresentou a Inko de fato, então não estranhou a mulher não saber sobre si.
— Oh, que boa profissão! — levantou a postura. — Meu Izuku nunca foi muito amante disso, sabe? Ele sempre preferiu a natureza.
— De fato, Inko. Mas temo em dizer que eu posso salvar vidas com a medicina, mas tantas outras profissões salvam almas. Isso, é algo que eu admiro muito.
Inko viu o olhar que Izuku e Katsuki trocaram. De forma muda, eles conversavam pelos olhos. A mulher admirou aquilo. Quando viu que a mão de Bakugou se esgueirou para a do filho, não teve dúvidas ao entender que aquele sentimento ia muito além de amizade.
Então, durante o tempo restante para Inko entrar na próxima consulta, os três ficaram ali conversando sobre banalidades e gargalhando sobre piadas ou comentários bobos.
Embora o coração de Midoriya tivesse batido dolorido quando sua mãe fora chamada para a sessão, eles se despediram. Primeiro Bakugou, que alegou que ia na frente para que pudesse usar o banheiro. Os Midoriya trocaram beijos, um longo e apertado abraço.
Izuku ia sair quando sua mãe segurou sua mão, fazendo com que ele virasse para ela. Nos olhos verdes, um orgulho absoluto fez-se presente.
— Ele é uma pessoa incrível — Deku não precisou de muitas palavras mais para entender. Franziu os lábios, choroso. — Estou feliz que tenha encontrado alguém que esteja disposto a cuidar de você, meu amor.
O garoto concordou, afundando a cabeça no ombro dela novamente, soltando algumas poucas lágrimas de emoção. Com aquele novo recomeço, ele sentia que podia vencer o mundo. Sua mãe tinha a incrível capacidade de ler o que quer que estivesse pensando. Isso, por breves momentos, deixou ele feliz. Izuku sabia que não contaria nada a ela sobre ele e Bakugou no momento. Foi quando disse a ela que era gay, mas Inko soltou um "Já sabia há muito tempo. Eu te amo mesmo assim, e você sabe disso".
Foi quase impossível desfazer aquele abraço quente e gostoso, pois era como se estivesse voltando para casa.
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