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História Guerreiro Das Neves (Sendo Reescrita) - O começo (SENDO REESCRITO)


Escrita por: Kosef

Capítulo 5 - O começo (SENDO REESCRITO)


Uma tropa de soldados se aproximou das montanhas. Quando chegaram ao vale, de imediato um deles ergueu a sua mão em ordem para que todos descessem. Todos os cavaleiros, vassalos e seus relatores obedeceram as ordens do homem. Quinze dos vinte cavaleiros foram se afastando e fizeram a guarda da região, garantindo que ninguém além deles se aproximasse.

Enquanto os outros cinco ficaram ao lado do general, ergueram a bandeira, mostrando uma espada e uma coroa, trabalhados em um tecido vermelho escuro na bandeira, um azul marinho nas bordas e os desenhos em dourado.

Os relatores deram início às suas anotações, e os vassalos cuidavam dos cavalos. Tudo estava em ordem, quando um sujeito inesperado interrompe a inspeção.

- Saiam da frente. - ordenou Henrique aos sentinelas, quando havia chegado ao vale.

- Chegou atrasado. Como sempre. - disse Sillas, um dos homens que estava perto do grande mastro.

- Não estou aqui para cerimônias nem reuniões de corruptos. Muito menos pra ouvir merda de patentes menores. - respondeu Henrique, num tôm grave.

- Ora seu... - ia se aproximando de Henrique com os braços duros, quando foi parado por um dos cavaleiros. Sua mão apareceu em frente ao peito de Sillas, e o impediu que prosseguisse.

- Não estamos aqui para brigas, Sillas. Se controle.

- ... Sim, Lorde Bettulier.

Bettulier era um homem vivido, com um rosto sem expressão, um cabelo grande e negro que alcançavam os ombros, com uma barba espessa que cobria a face, e os olhos verdes, que davam à ele uma reputação de galanteador.

- Bettulier, o que faz aqui? Pensei que sairiam mais tarde, para as apresentações da corte.

- Recebemos um alerta de um homem que chegou esgotado no gabinete. - respondeu Sillas. - E pelo modo que ele falava não parecia estar mentindo.

- Sobre o que?

- Kirian Kitame. - disse com um sorrisinho de lado.

- O quê? - Henrique ficou pasmo quando ouviu aquele nome.

- E por que você está aqui, Henrique? - perguntou Bettulier. - Não lembro de ter convocado nenhum capitão das dez primeiras divisões.

- E-Eu estou aqui para saber o motivo dos quais não estão na Cúpula Dourada. Toda vez que um oficial superior visita uma cidade é obrigação que ele antes passe para deixar seus cumprimentos à hierarquia maior.

- Eu sei muito bem disso. - respondeu Bettulier. - A propósito, nós já fomos dar nossos "cumprimentos" as maioridades da cidade.

- E quanto ao homem que Sillas disse?

- O que tem ele? - perguntou Sillas.

- Quem era o tal homem?

- Um barman. Uns 53 anos, calvo e de estatura média. Não aparentava ter muitos bens em seu nome. E com certeza tinha um ótimo motivo pra descrever tudo aquilo.

- Bom, e o que encontraram? - perguntou Henrique aos homens.

- Um arrependimento antigo. - respondeu Bettulier.

- Lorde Bettulier... - disse Sillas, em um tôm baixo para ninguém em especial.

- Do que estão falando?

Bettulier ergueu sua mão em sinal para um de seus cavaleiros. E em acato a ordem, um dos homens levantou uma corneta a soprou-a produzindo um som estridente. Logo que o som da corneta ecoou pela montanha, todos os que estavam presentes começaram a se preparar para se retirar, exceto Henrique, Bettulier e seu acompanhante.

- Assim teremos mais privacidade. - disse Bettulier. - Eu preciso de mais algum tempo pra te explicar algumas coisas, então vamos à cavalo, depois que todos saírem.

- Não entendo. Se quisesse poderíamos ir na frente da cavalaria. Seria melhor.

- Não é disso que estou falando.

Henrique ficou desconfiado, mas não hesitou em nenhum momento. Tinha conhecimento sobre a reputação autoritária de Bettulier, e sabia que ele não exitaria em limpar qualquer um que desafiasse sua integridade. Porquê apesar de ser um dos homens mais respeitados dentro de todas as divisões, Henrique não se continha perto de Bettulier, o único homem acima dele.

Henrique era um rapaz de 27 anos, com cabelos loiros e olhos levemente azulados. Com 1,85 de altura, era claramente um cavalheiro que toda dama desejava. Mas não perto de Bettulier. Assim pelo menos, Bettulier queria que fosse. E foi graças a essa arrogância que Bettulier conseguiu seu lugar na corte. Junto com a sua reputação.

Henrique suspirou fundo, mais fundo que podia, até que sua garganta congelasse, e ficou em silêncio, apenas esperando o que estava por vir.

- Essa sua armadura branca, com um brasão da espada e coroa não foi te dada à toa, sabe disso não é, meu rapaz?

- É claro. - respondeu Henrique.

- Bom então sugiro que a zele. Assim como está fazendo. - Bettulier foi se aproximando vagarosamente. - À partir de hoje, você será o meu braço direito. - disse, com um sorriso estampado no rosto carrancudo.

Sillas ficou pasmo. Um garoto de 23 anos, com cabelos vermelhos, olhos castanhos cor de mel e salpicado de sardas, tinha seu sonho rasgado em sua frente. Durante toda sua vida Sillas se espelhou em Bettulier, que à partir de certa idade o considerava como pai. Mas como um bom clichê, Sillas tinha perdido seu lugar para o "irmão mais velho".

- Então, quero te dar meus cumprimentos aqui mesmo. Sem muita cerimônia, pois não quero que você corra nenhum risco.

- E-Eu não sei o que dizer... um "estou honrado em assumir este importante papel" é tudo que me vêm à cabeça...

- Humpf, está ótimo. Como eu disse, sem cerimônias.

Bettulier se aproximou de Henrique, e em um gesto amigável, pôs sua mão sobre o seu ombro.

- Agora, vamos voltar. Temos ainda algumas coisas à discutir. - disse Bettulier.

- Sim... Senhor. - concordou, meio envergonhado, Henrique.

Enquanto Henrique montava em seu lusitano, Sillas se preparou para montar em seu corcel, mas resolveu ficar apenas parado em cima dele. Enquanto Bettulier e Henrique prosseguiam caminho, ele seguiu por outro.

No trajeto, Sillas passou por uma humilde serralheria, onde se recordou um pouco de seu passado.

Era uma criança "satisfeita", o suficiente para não viver nas ruas. Seus pais trabalhavam na serralheria que foi de sua sua família por várias gerações. Não era uma das fontes mais lucrativas, mas era suficiente para matar a fome de seus velhos e seus dois irmãos mais novos. Um garotinho catarrento e uma garotinha linda, com olhos verdes e cabelos ruivos. Ambos ajudavam nos deveres domésticos, enquanto Sillas ajudava na serralheria. Não era forte o suficiente para erguer uma tora, mas podia juntar os cepos que caiam pra fora da serra, e a limpar o grande galpão.

Não demorou muito para que seu 12° aniversário chegasse. Seus pais prepararam um banquete especial na noite do tão esperado dia. E quando foram cantar os parabéns, uma batida na porta de sua casa os assustou e foram forçados a interromper a comemoração para atendê-la.

Quando seu pai abriu a porta, um homem rechonchudo solicitou que o pai o seguisse, pois os cavaleiros estavam a sua procura.

O velho de Sillas relutou por alguns segundos, mas em seguida foi seguindo o "guarda", pois viu a espada embainhada em sua cintura, e não queria correr o risco de vê-la fora da bainha.

Enquanto o pai saía, Sillas e os dois caçulas ficaram dentro de casa, tentando acalmar a mãe desesperada e confusa. A comemoração ia ser feita logo que o pôr-do-sol chegasse, e como ela foi desfeita, a noite havia chegado. A pequena aldeia em que Sillas morava era calma e serena. Mas naquela noite, houve uma mudança drástica na rotina. Cavalos começaram a sair dos currais, desesperados e bagunçando as carroças de feno. Os porcos gruniam nos chiqueiros, mais alto que no abate. E as pessoas desentendidas da situação, tentavam buscar uma maneira de resolver as coisas.

Até que uma tropa de cavaleiros chegou a vila, desmontando de seus cavalos e invadindo as poucas casas da pequena aldeia. E um por um, os homens eram arrastados de seus aposentos, alguns por bem, outros por mau. Sem entender o que estava acontecendo, Sillas se aproximou de um dos homens e perguntou:

- Senhor, por que vocês estão fazendo isso?

O homem, em resposta, cuspiu no chão e montou em seu cavalo, após ter colocado um dos habitantes numa carroça de escravos.

Sillas, curioso, resolveu ver por sí mesmo do que se tratava. Então se aproximou de um dos homens de dentro da carroça. E foi quando um dos cavaleiros pegou-o pelos braços e colocou-o ao chão. O cavaleiro então ergueu a sua viseira, e Sillas viu que era seu pai. O seu velho tinha sido recrutado à força para servir o exército naquela noite, e antes de ir para as frentes de batalha, ajudou a "recrutar" todos os homens de Sobward.

Naquela noite, Sillas não dormiu. Passou o tempo inteiro acordado pensando no que fariam, como passariam com seu pai ausente, e quando seu velho voltaria pra casa. E mesmo depois de três anos, nunca ouviram falar de seu pai. De nenhum dos que foram recrutados.

As coisas então começaram a piorar. A serralheria não ia tão bem, graças a má administração, que era feita pela velha de Sillas. Ela era uma mulher competente e levaria o negócio pra frente. Se não fossem a má clientela e os ladrões que roubavam as suas ferramentas. A velha de Sillas obrigou-se a vender a serralheria para um conhecido, não tão gentil, mas que pelo menos amenizaria a situação.

Enfim, a velha de Sillas resolveu arrumar a vida em outro lugar. Passando de cidade a cidade, e de pousada a pousada, até se fixar em um lugar.

E finalmente, depois de ter gasto quase um terço das economias com pousadas e mantimentos, a sua velha encontrou um abrigo, dentro das muralhas do castelo. Um casebre em baixo das vielas que ligavam ruas da área nobre do reino até as periferias.

Mesmo com o preço extorsivo do aluguel, Sillas e sua família sobreviveram algum tempo na casa, até sua velha decidir que não poderiam sobreviver de suas economias pra sempre, e procurar um emprego.

Por sorte, eles encontraram uma velha senhora que precisava de alguns servos pra trabalharem em sua pequena mansão, na parte calma da cidade. Uma vaga para sua mãe, e para os irmãos mais novos. Mas Sillas tinha ficado de lado.

Depois de algum tempo, ele decidiu procurar "sozinho", mas graças a sua bondosa senhora, ele conheceu boa parte da cidade. Até que pode, definitivamente, se virar sozinho.

Sillas se apaixonou à primeira vista pelas batalhas com espadas de madeira que haviam toda tarde na praça perto de sua casa, e toda tarde antes de retornar, ele passava para admirar os combates.

Todos os dias eram pessoas e combates diferentes, cada uma com uma técnica diferente da anterior.

Até que, Sillas tomou um pouco de coragem, e foi falar com os combatentes. Os homens diziam que para ser um verdadeiro duelista, era preciso ter idade, pois não era para crianças manejar uma espada.

Até que um certo homem viu o empenho do garoto em ficar ali todos os dias, e resolveu falar com o garoto.

- Ei, garoto, você gosta de ver esses homens treinarem?

- Hã? Si-Sim, eu gosto...

- Você gostaria de aprender?

- E-Eu, sim, gostaria... Mas eu não posso.

- E por que não?

- Porque eu sou muito novo.

- Não comigo. Vou te ensinar. Quer aprender?

- Sim!

O homem continuou a conversar com o garoto, e descobriu onde ele morava. Quando a noite chegou, Sillas foi acompanhado pelo homem até a sua casa, onde ele conheceu a sua família, e ouviu os seus problemas. O homem então propôs uma solução.

Ele resolveria todos os problemas da família de Sillas, se eles trabalhassem para ele. E depois de muito pensarem, aceitaram a proposta. Desde então, Sillas servia o homem de bom grado, sem questionar ou perguntar sobre sua família.

Quando finalmente chegou em frente a cúpula dourada, viu que os cavalos de Bettulier e Henrique já estavam sob os cuidados de um vassalo.

Sillas desceu de seu cavalo, entregou-o para o vassalo e seguiu caminho a dentro da sede.


Dayson acordou.

- "O que é isso?" - sussurrou, sentindo seu corpo balançando.

- Dormiu bem, princesa? - disse Kirian, que até então carregava Dayson nas costas.

- "Vai se foder. Tire essa merda da minha cabeça." - respondeu em voz baixa.

- Ainda não chegamos. Assim que passarmos o portão você desce. - respondeu Kirian, em um tôm alegre. - Mas mudando de assunto, por que você ta com essa vozinha baixa? Não dormiu bem?

- "Aaah... por quê você não vai pro inferno..." - disse com uma voz de cansaço.

- Porque ainda não chegamos lá. Você vai comigo, não se preocupe.

E de repente, Dayson é jogado ao chão. - Ai!. - exclamou Dayson. E quando viu, a máscara que cobria a sua cabeça foi retirada, e o brilho do sol quase o cegou. Logo que seus olhos foram se acostumando com o brilho repentino, Kirian se agachou em seu lado e disse:

- Antes de nós entrarmos, eu quero te mostrar uma coisa. Uma pequena demonstração.

Kirian se levantou, deixando Dayson deitado, já acorrentado, ao lado de alguns caixotes perto da entrada do forte, e foi se aproximando da porta principal. Mas quando chegou próximo a porta, dois homens se aproximaram, e no mesmo instante, a espada já estava dentro do peito de um, enquanto o outro, da esquerda, foi arremessado por uma esfera negra que saiu em fração de segundos das mãos de Kirian. Quando ele terminou de matar o homem com a espada, uma essência vermelha saiu do corpo do infeliz, percorreu a espada e entrou na pele de Kirian. Logo que terminou, voltou para Dayson e disse:

- Bom, agora você sabe um pouco mais sobre mim.

- O que foi aquilo?

- Bom, é meio complicado de explicar aqui, é melhor deixar pra depois.

E deu um murro na cara de Dayson, fazendo-o desacordar novamente.

Kirian ergueu novamente Dayson sobre os ombros e foi entrando no forte. Ao passar pelo pátio principal, foi recebido por uma vasta multidão de olhares ao seu redor. Vários dos membros estavam matando tempo, conversando e cuidando do lugar, enquanto olhavam para Kirian, um dos melhores (se não o melhor) membros do Legado, carregando um corpo.

Kirian passou por todos eles, sem olhar pro rosto de ninguém. Até que chegou no salão do líder. Era parecida mais com uma gruta, ou ravina, que só se destacava por ter alguns candelabros pelas paredes, algo estanho, para iluminar o lugar.

Logo que viu o líder se aproximando, com mais alguns ao seu lado, Kirian largou Dayson no chão como um saco de batatas.

- Enfim chegou. São e salvo. - disse Meravil, líder do Legado. Um homem de cabelos longos e cinzas, um pouco menor que Kirian, mas mesmo assim era respeitado.

- Salvo. Talvez. Mas são. Não tenho como confirmar. - disse alegremente Kirian.

- Ora. - respondeu Meravil. - Se o meu melhor homem não voltasse são, o que seria de mim? O mínimo que posso esperar é que esteja com a mente... em ordem.

- E estou, de fato. Não há razões para se preocupar com minha sanidade. Por hora, o que mais importa é o quê está dentro desse saco.

- Há! - exclamou Meravil. - Então você conseguiu. Mas fico um pouco desapontado, Kirian. Achei que o traria vivo.

Kirian deu um pontapé em Dayson.

- Vai se foder, filho da puta! - gritou Dayson, abafado pelo saco que cobria seu corpo, e pelo que estava em baixo deste, cobrindo sua face.

- Há, perfeito. Muito melhor vivo. Bom, meu caro, espero que tenha aproveitado bem sua viagem de volta. - Meravil falava à Kirian, enquanto se aproximava gentilmente. - Eu mesmo mandei preparar seus aposentos para o seu retorno. Ele agora deve estar aquecido pela lareira. Um banho quente espera por você, e seu banquete está servido ao lado de seu repouso. Espero que descanse bem, pois amanhã, teremos a melhor parte. E é totalmente indispensável que você esteja presente.

- Oh, teve tanto trabalho assim por minha causa? Não sei nem o que dizer. - disse Kirian, num tôm levemente sarcástico.

- Um "obrigado" já bastaria. - respondeu Meravil.

- Perda de tempo. - disse, sorrindo.

- Você e suas piadas! Você é mesmo o melhor, Kirian! - exclamava Meravil.

Kirian virou-se e carregou Dayson nos ombros novamente, até chegar em uma espécie de jaula, com barras feitas de ferro cintilante, um tipo de aço brilhante.

Logo que chegaram lá, Kirian tirou os farrapos de Dayson e o jogou dentro da jaula.

- Então. Não é o lugar mais confortável do mundo mas dá pra passar a noite. - disse Kirian, enrolando os sacos e jogando-os num canto.

- Até onde você quer chegar?

- Paciência é uma virtude. Nunca te disseram isso?

- Não.

- Pois é. Paciência é uma virtude, Dayson.

- Qual é esse propósito? O que vocês querem de mim?

- Eu nada. - disse descaradamente Kirian.

- Então por quê me trouxe aqui?

- Não sou eu quem dita as regras. Bom, deixa eu te contar.

Dayson olhava para Kirian com os olhos sem expressão.

- Senta que lá vem a história! - anunciou Kirian. - Meravil é o líder e ele quer a sua essência mágica. Acabou.

Dayson não sabia se xingava ou ria. Mas no fim:

- Por que a minha essência? O que eu tenho que vocês querem tanto?

- Sua essência é única. - respondeu Kirian. - Você é o único sobrevivente do seu clã, e por isso a sua magia não precisa ser compartilhada. Caso você ainda tivesse a sua vida perfeita, a essência que emana dentro de você seria compartilhada com todos os membros de seu clã. E como eles estão todos mortos, a sua essência é imensurávelmente mais forte. Você deveria saber disso.

- Eu sei. Mas e o...

- Eles vão retirar essa força dentro de você. A essência não necessariamente é a magia. Ela pode ser usada em todos os tipos de magia. E o seu, mesmo que seja comum, é poderoso.

Dayson forçou-se a ficar calado.

- Então, amanhã, vai ser o dia que eles vão tentar tirar "isso" de você. - Kirian ia se retirando do corredor, onde a jaula de Dayson estava. - Mas eu garanto, Dayson, que a partir de amanhã você nunca mais será o mesmo. Será o começo.

Depois da breve conversa, o lugar ficou completamente vazio. O som havia se extinguindo daquele corredor, e a única fonte de vida, vinha de uma pequena janela, bem ao longe dos olhos de Dayson, mas que davam para sentir o ar e o som dos grilos.

Quando menos percebeu, já havia amanhecido. Estava um frio de congelar os ossos, as plantas estavam cobertas pelo orvalho, e os membros se esquentando em volta de suas lareiras.

Kirian tinha acabado de levantar. Estava nu da cintura pra cima, vestido apenas com um pequeno calção azul escuro. Logo que se arrumou, saiu de seu quarto e foi ver como estava seu "prisioneiro".

Dayson estava sentado, no fundo da jaula com a fronte baixa. Kirian pensou em acordá-lo, mas sabia que seria um dia longo e cansativo para ambos, então deixou que descansasse por mais um tempo.

Algumas horas se passaram, mas Dayson continuava dormindo. Kirian resolveu acordá-lo com algumas batidas na grade de ferro, e mesmo assim não obteve resposta. Até que se tocou do que estava acontecendo.

Correu imediatamente para a gruta, atropelando todos que estivessem em seu caminho. Até que chegou no local, e viu Dayson amarrado, deitado perto dos homens de Meravil.

- O quê significa isso? - perguntou aos homens.

- Nada de mais, Meravil apenas decidiu adiantar o sacrifício.

- Não sou um dos homens que você está costumado a trabalhar, bastardo. - respondeu Kirian. - Esse púlpito não foi feito por mero acaso.

- Humpf. Está contradizendo as ordens de Meravil? Se ponhe em seu lugar!

- Estou em meu lugar. - Kirian o derrubou com um leve puxão pelos pés. - É acima de vocês.

- Calma, calma, meu príncipe. - disse Meravil, quando chegou no local. - Vamos deixar nossos companheiros em paz, que tal?

- Primeiro me responda: o que significa isso?

- Humpf. Nós precisávamos fazer algumas mudanças. Eu decidi que quanto antes eu tivesse a essência, seria melhor para todos. Eu não pretendo perder pra ele. Você entende, não é Kirian?

Kirian permaneceu em silêncio com o rosto representando sua raiva.

- Claro que sim...

Kirian sacou sua espada, e cortou as talas que prendiam Dayson. O mesmo levantou e atacou um dos homens de Meravil.

- Kirian... O que você está fazendo? - perguntou Meravil, enquanto apresentava um sorriso macabro.

- O meu papel. - disse, sorrindo de volta.

Meravil, revoltado, partiu pra cima de Kirian, emanando um tipo de magia por entre as mãos. Ao chegar perto o suficiente, tentou acertar o rosto de Kirian com os punhos serrados e envoltos por uma camada mágica, que parecia com uma magia elementar de ar.

Mas Kirian desviou do rápido ataque, e atacou novamente, mais rápido ainda, virando de lado e acertando a barriga de Meravil com o calcanhar, fazendo ele voar e se encontrar com uma das paredes de pedra.

Enquanto Meravil tentava se recompor, Dayson já havia acabado com todos os seus homens, e estava totalmente disposto a terminar o que tinha começado. Dayson se aproximou devagarosamente, com sua espada elementar em mãos. Mas Meravil se recompôs depressa, e atacou quando teve oportunidade.

- Tormenta dos ventos! - e um pequeno furacão foi formado e arremessou Dayson a uma distância considerável.

Ao efetuar o ataque, Meravil foi envolvido em um manto de vento, seus cabelos ficaram mais claros e seus olhos passaram de verdes para brancos.

Meravil olhou diretamente para Kirian, e foi em sua direção. Em um piscar de olhos, Meravil lançou Kirian contra uma das paredes com uma força estrondosa, que fez com que o mesmo rugisse de dor.

Então olhou para Dayson, e resolveu atacá-lo. Mas suas pernas não se mexiam. Foi quando olhou para as suas pernas, e viu que estava preso por uma grossa camada de gelo, dos pés até o joelho, que iam subindo rapidamente pelo resto de seu corpo. Meravil agonizava a cada centímetro em que a camada fria se espalhava, e por mais que ele tentasse não conseguia escapar, quanto mais ele se mexia, mais lento o gelo ia cobrindo seu corpo.

- Maldito... Maldito, seja... Você... E Kirian... - ressoou suas últimas palavras, antes que fosse totalmente coberto.

- Suma. - e o punho esquerdo de Dayson se fechou, e em um instante, o que restava de Meravil eram apenas migalhas espalhadas pelo chão. Seu corpo havia se desintegrado.

Do outro lado da gruta, Kirian se levantava, se recompondo do ataque de Meravil. E aos poucos ia se aproximando de Dayson, enquanto o mesmo andava sobre os restos que havia no chão. E ao se aproximar a uma certa distância de Kirian, Dayson fez seu movimento. Lançou um raio de gelo, e Kirian revidou, lançando um trovão de fogo, que criou uma enorme bola de magia, que foi aumentando até abrir uma cratera na parte superior da gruta, abrindo um buraco para que os dois saíssem.

E não houve tempo para admirarem a linda vista que havia se formado. Fora da gruta, um vasto campo de relva verde se estendia, sendo acariciado pelo vento.

Sons de lâminas se encontrando faziam com que o som do vento fosse abafado. A cada segundo, Dayson atacava Kirian com sua espada elementar, enquanto Kirian revidava. Mas Dayson estava suficientemente esgotado para a batalha, e não sabia bem o que estava fazendo. Tudo que ele queria era ir embora.

- Estou vendo que não está nas melhores condições, Dayson. - fez notar Kirian, no meio da batalha. - Faça um favor pra você mesmo e pare.

Dayson apenas continuava a atacar. Até que Kirian se cansou, e fez Dayson rolar vários metros para trás com um soco no meio da sua cara. Mas mesmo assim, Dayson não se deteve. E continuou a atacar. Até que, em um de seus ataques, conseguiu derrubar o chapéu de Kirian com um ataque da espada.

Kirian parou. E recolheu seu chapéu.

- Ninguém, nesses últimos 15 anos, conseguiu tirar esse chapéu. Você provou ser melhor do que eu pensava. - Kirian jogou sua espada, seu chapéu e sua capa pra trás. - Então acho que você está pronto para ver isso.

Kirian foi envolto em uma enorme neblina negra, que fez com que ele fosse completamente transformado. Em um momento, era um homem. Em outro, uma besta cuja qual Dayson jamais havia visto.



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