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História Waste The Night (hi·a·tus) - Eins.


Escrita por: cliffmytears

Capítulo 2 - Eins.


No início do ano letivo em 2007, quando estávamos no quinto ano, conhecemos Luke, o loiro magro que era muito inteligente e dividia amendoins de chocolate comigo e... Calum.

Calum Hood virou a pedra no meu sapato que eu tinha que suportar a muito custo, já que ele virou um dos melhores amigos de Mike e vivia em nossa casa; me perturbava tanto que se eu pudesse, o mataria com um lápis bem pontudo cravado em seu pescoço, mas eu era jovem demais para passar o resto da minha vida aprisionada por culpa daquele boboca. Mamãe - o modo como passei a chamar Karen após um tempo - fala que isso não passa de implicância e que todo esse ódio é amor reprimido. Qual é!? 

 A cada vez que ele me irritava, sentia ainda mais ódio e como consequência, eu sempre chorava. De raiva, claro. É comprovado cientificamente que uma garota de dez anos pode chorar de raiva ao ser irritada perenemente por um garoto melequento que fede à Doritos. E isso virava mais um motivo para o Sr. Melequento troçar ainda mais com a minha cara. Graças à Deus, Luke era um menino dos bonzinhos e nunca fazia as coisas que Calum fazia, quase sempre me protegia dos ataques diários que recebia do dito cujo-Hood e adorava ouvir as mesmas bandas que eu gostava, por conta disso, acabava passando mais tempo com Luke do que com meu queridíssimo irmão, deixando Mike fulminante e cheio de ciúmes, resultando em Luke sendo proibido de por os pés lá em casa por um bom tempo, o que deixou aquela lorpa do Hood um tanto quanto feliz e me deixou ainda mais pistola. 

 Mas tudo voltou às ordens depois de um tempo quando fomos todos ao parque e o boçal, conhecido como Calum Hood para muitos, me empurrou de uma altura de quase dois metros e me fez quebrar um dos braços e esfoliar algumas partes do corpo, deixando Michael um tanto chateado - e desesperado -, então eles brigaram e Michael o proibiu de ir lá para casa. E só assim tive a paz que sempre mereci e Luke tornou a frequentar nossa casa, sempre me incluindo nas coisas que Michael e ele faziam. Apesar de passar meu aniversário com gesso que ia até meu ombro e que coçava como o inferno naquele calor, tudo estava as mil maravilhas. Conheci James, uma americana que havia mudado a pouco tempo para Sydney e por sorte conseguiu se matricular em cima da hora em nossa escola. Ninguém foi falar com ela e aquilo partiu meu coração, então assim que o sinal do recreio tocou, puxei Luke com meu braço não-quebrado até o lugar que ela havia sentado, sentindo minhas bochechas mais vermelhas que o comum. 

 — Oi, sou a Cassey! — Me apresentei assim que parei em sua frente, vendo ela me encarar com aqueles olhos engraçados de lêmure, um tanto acanhada. — E esse aqui é meu amigo Luke, ele é bem alto para alguém do quinto ano, né? Você quer lanchar com a gente?

 Ela apenas afirmou com a cabeça e foi conosco até o refeitório para comprar nosso lanche. Durante o caminho, alertei sobre os garotos maus que exerciam o bullying pelos corredores e se achavam os superiores. De longe, mostrei Michael e o embuste chamado Calum, que jogavam basquete com quase todos os garotos de nossa sala no campo vago. Contei tintim por tintim sobre minha rivalidade sem nexo com o melhor amigo de meu irmão e ao passarmos por eles, Jamie vincou o cenho e murmurou um palavrão em outra língua para Calum. Fiquei horrorizada no momento por ela saber palavrões daquele tipo, mas depois ri demais porque a cara que Calum fez foi impagável. 

 — Que língua é essa? Latim? —  Perguntei empolgada enquanto seguíamos o fluxo de alunos em direção a nossa sala. — Você lançou uma maldição para o rosto de esquilo? 

 — Rosto de esquilo? Esse é nova. — Luke bagunçou meus cabelos, enquanto tentava proteger meu braço quebrado dos brutos que passavam sem cuidado algum ao nosso lado. — Já ouvi você chamar ele diversas coisas nada boas. 

 — É germano, aprendi com a minha avó. — James explicou, se esquivando dos veteranos do Ensino Médio. Me entusiasmei, pedindo para ela me ensinar aquilo, assim teria mais formas de xingar aquele boçal. — É algo bem pejorativo, só aprendi porque a avó xinga como um marinheiro às vezes. Pelo jeito essa sua rivalidade com aquele garoto é das brabas. 

 Rimos um tanto de vezes e entramos na nossa sala de aula. Arrastei James para a carteira vaga ao meu lado e ficamos batendo um papo, Luke estava contando sobre tudo o que fazemos durante a semana, de vez em quando falava sobre meus micos e ria um tanto alto, fazendo com que Jamie soltasse risos ainda mais altos chamando atenção de quase toda a sala para nós. Pelo canto de olho vi o bocó do Hood nos olhando com raiva enquanto Mike tagarelava em seu ouvido. 

 A partir desse dia, James - que eu comecei a chamar carinhosamente de Jamie - Luke e eu nos tornamos uma espécie de Clube dos Cinco, só que de três integrantes. Jamie, que comentou um dia que adorava desenhar e fazia isso com muito esmero, então pediu para desenhar várias coisas no gesso branco e sem graça que cobria meu braço inteiro; deixou tão bonitinho e colorido que perguntei para a mãe se eu poderia fazer uma escultura depois que eu retirasse e ela prontamente afirmou. 

 Após um tempo, parei de ser perturbada por Calum, quer dizer, às vezes recebia umas miradas furiosas do garoto, mas nada que tornou a me prejudicar como por exemplo: um novo braço quebrado. Foram os melhores meses que vivi. 

 E os outros meses que sucederam estavam ainda melhores, principalmente as férias de inverno. O entojado do Calum espalhou para meio mundo que passaria as férias na Inglaterra, eu estava antecipadamente comemorando muito alegre com as boas novas. Seria perfeito: Michael e eu, como antigamente. Mas novamente Calum Hood estragou meus planos ao convidar Mike para ir na sua viagem estúpida. Era o meu fim. Jamie passaria uns dias com a avó no país natal, Luke iria acampar com os irmãos e eu ficaria sozinha. 

 Passei a semana inteirinha antes da tal viagem chateada e ignorando Michael por aquela traição. Mas quando ele de fato se foi, fiquei triste  e choramingando pelos cantos, já que eu poderia ter aproveitado aquele tempo junto dele. Aproveitei o momento solo para ter aulas de culinária básica com mamãe; pesquisamos alguns pratos de outros países que poderíamos fazer em casa, aprendi a ligar o fogão à gás e parei de ter medo de ficar perto, ajudei a arrumar a casa e fomos à praia, aproveitando a última semana de férias. Mesmo estando frio na maior parte do dia, conseguimos pegar algumas horas de sol, que foram o suficiente para de deixar torrada por algum tempo. Me diverti tanto que sequer tive tempo para pensar em homicídio. Voltei para a escola mais animada e enérgica como de praxe. Aproveitei que estava com meus dois braços bons para abraçar Jamie e Luke, bem forte, porque puxa vida, morri de saudades deles. 

 Luke passou quase o período todo falando sobre os cangurus que viu e as aranhas gigantes que encontrou perto do acampamento. Disse que tiveram que voltar antes porque o irmão mais velho teve uma crise alérgica depois de encostar em uma planta venenosa e que tirou várias fotos dele e iria nos mostrar assim que nos reuníssemos no final de semana. Jamie contou que entrou em um chat estrangeiro no MSN e aprendeu vários palavrões em alemão arcaico e que a avó estava ainda mais doida que o normal. Falei tudo o que fiz durante as férias, feliz da vida porque agora eu sabia cozinhar o básico, mas que ainda tinha um tremendo medo de ligar o fogão sem supervisão. Vai que aquele treco explode? 

 Como James havia saído uma aula mais cedo, apenas Luke e eu fomos juntos, abraçados, já que estávamos partilhando segredos e não queríamos que alguém ouvisse. Ri alto assim que ele cochichou algo que ele fez durante as férias e só ele e Jack - seu outro irmão - sabem. E agora eu. Meu Deus, hilário demais! Dei-lhe um tapa involuntário durante minha crise de risos, que fez Luke rir e eu ri ainda mais porque na moral, a risadinha dele era muito engraçada. Levei um baita susto quando fui separada a força dos braços do loiro por Mike, que estava vermelho igual Clifford, fulminando o pobre Luke com os olhos. 

 — Meu Deus, Luke.. O que você pensa que está fazendo com a minha irmã? — O impeliu fortemente pelo peito com ambas as mãos, olhei aquilo em choque. O que diabos estava acontecendo? — Bem que o Cal me disse que você tava paquerando ela! Vou te arrebentar..

 Foi tudo muito rápido. Luke no chão e Michael sobre si enchendo-o de socos. Gritei desesperada por ajuda enquanto o boçal estava parado como uma múmia no meio da calçada, nem foi ajudar. Logo uns garotos mais velhos da escola vieram apartar aquilo, o pobre Luke com a cara cheia de sangue e meio aéreo. Tirei a caixa de lenços que eu sempre carregava na mochila e me ajoelhei diante de Luke, limpando toda a bagunça de sangue em seu rosto. Ficamos alí até nossos responsáveis chegarem; Mike sendo segurado como uma fera pelos sêniors um pouco distante de onde Luke e eu ficamos. Quando Karen chegou apenas olhou decepcionada para Michael e se aproximou de nós, perguntando tudo o que aconteceu. Contei entre soluços que Mike chegou como um selvagem e bateu no loiro depois de falar bobagens. Falei que foi uma péssima idéia ter o deixado ir na viagem estúpida do troglodita do Calum Hood e que Michael havia virado como ele; nunca mais queria falar com ele. E chorei ainda mais, tremendo como um Chihuahua. Luke, que estava com a cara toda machucada que me acalmou falando que estava tudo bem. 

 Mas não estava. 

 Como consequência de espancar um colega ainda nas dependências da escola, Michael foi suspenso por duas semanas; em casa, estava de castigo por tempo indeterminado. Depois de se desculpar pessoalmente com o Hemmings e confessar que foi Calum quem lhe encheu os miolos de falácias. O garoto não colocaria os pés em casa tão cedo, o que foi um acontecimento muito bom - apesar dos pesares -, se eu colidisse com Calum tão cedo, era realmente certo de que de fato um lápis fosse enterrado naquele pescoço de lontra. Estava triste demais com toda a situação, apesar de Luke dizer que estava tudo bem, mesmo com o rosto cheio de contusões.

O anos seguintes passaram com uma lentidão absurda. Logo estávamos praticamente com os pés na Escola Secundária. O clube dos três acabou virando um Clube dos Cinco, mesmo eu sendo contra o último integrante do grupo. Após a surra que Michael deu em Luke, meu irmão cortou praticamente todos os laços que tinha com o filho dos Hood e foram fazer as pazes só um ano depois do acontecimento. Calum reuniu todos nós e se desculpou; achei aquilo fácil demais e continuei sem acreditar facilmente no garoto, pois ele não me comprava com aquela máscara de bom moço que ele vestiu. 

 Calum ainda implicava comigo, às vezes. Logo quando ele e Michael fizeram as pazes, Calum foi passar a noite em nossa casa e ficou implicando comigo na frente de nossos pais, então soltei: "Agora não é um lápis que vai se cravar nesse seu pescoço de cágado. Eu aprendi a manusear facas, Hood."

 Depois disso, mamãe sempre me supervisionava na cozinha quando Calum ia lá pra casa, com medo que eu matasse aquela peste, foi muito engraçado.

 Recapitulando. 

 Nossos últimos momentos no nono ano foram ainda mais desgastantes, mas aproveitamos para relaxar na festa de quinze anos de Michael; era à fantasia e todo mundo se divertiu bastante. Logo o fim de 2011 chegou e estávamos na escola secundária. Os primeiros dias eram apenas revisões de conteúdos que estudamos no ano anterior e testes avaliativos. O mês estava praticamente acabando e com isso vinha meu tão esperado - apenas por Karen e Daryl - aniversário de  debutante. Depois de muita discussão, eles acabaram aprovando minha idéia de não fazer a festa espalhafatosa e sim uma pequena festa apenas com os amigos mais próximos, que abrangiam o total de seis pessoas, que eram Karen, Daryl, Luke, Jamie, Mike e eu, mas logo o carrapato do Calum foi incluído na lista e azedou meu humor, mas não contrariei ninguém.

A manhã do meu aniversário amanheceu ensolarada e quente demais para que qualquer ser humano normal acordasse se bom humor. Estava tão abafado que quase nem acreditei que eram 7 AM de um Domingo. Quem acorda cedo em final de semana? Me cobri até a cabeça com a coberta, mas mudei rapidamente de idéia ao quase sufocar embaixo de todo aquele calor. Péssima idéia. Desisti da imensa vontade de continuar dormindo e levantei, totalmente brava por aquele calor ter atrapalhado meu sono de beleza. Escolhi as roupas mais frescas do armário - pijamas de flanela - e entrei na ducha gelada. Fiquei um bom tempo alí embaixo e só saí quando os dedos dos meus pés pareciam maracujás de gaveta.

Aparentemente fui a única que acordou cedo daquele dia infernal, que mal havia amanhecido e já estava maçante. Enchi uma tigela com flocos açucarados de milho e fiquei comendo alí mesmo, encostada no balcão da cozinha. Quando o relógio marcou dez para às oito, Karen e Daryl desceram, se assustando com minha imagem nada bela e um pouco zangada por causa daquele calor todo, com os cantos da boca cheios de açúcar. 

 — Mãe. Pai. — Os cumprimentei, tirando-os do pequeno transe matinal. 

 — Bom dia, querida. — Daryl desejou ao beijar meus cabelos quase secos. Rosnei em resposta. Odiava dias quentes. — Parece que temos que levá-la ao veterinário tomar a vacina contra a raiva, amor.

Karen apenas riu alto, vindo em minha direção e me apertando em seus braços. — Feliz aniversário, Cass. Vejo que acordou animada, hein?! — Limpou minhas bochechas - que provavelmente também estavam cheias de açúcar - e deixou um beijinho carinhoso que me derretia toda no lugar. 

 — Obrigada mãe. — Por algum motivo minha voz saiu toda errada, um tanto melosa. Ugh. Forcei a garganta com o intuito de melhorar aquilo. — Muito calor. Meu humor estaria melhor se amanhecesse chovendo, assim haveria uma possibilidade do amigo do Mike não vir hoje. — Daryl soltou uma risadinha e Karen deu um peteleco em minha testa como repreensão e foi pegar as coisas para fazer café na máquina. 

 — Há coisas que nunca mudam... — Daryl cantarolou enquanto tirava um pote de compota, a garrafa de leite, o queijo e presunto da geladeira, arrumando metodicamente sobre a mesa em seguida. — O que esse garoto fez para receber esse ódio todo, meu bem? 

 — Ele me irrita constantemente desde que virou amiguinho do Mike. — Deixei a tigela suja dentro da bacia da pia e me estiquei para pegar o cesto de pães que ficava na parte de cima do armário. — Semana passada ele inventou para o irmão da entojada da Aleisha que eu tinha sapinho e o Michael só ficou rindo quando eu contei! — Coloquei o cesto sobre a mesa e abri outra porta, pegando quatro canecas. 

 — Pensamos que essa implicância que vocês tem um com o outro acabaria logo. — Daryl me ajudou a arrumar a distribuir tudo e logo Karen trouxe o copo cheio com café. 

 — Eu sei porque o Cal implica com você. — Levei um baita susto quando vi Mike todo arrumado alí na entrada da cozinha. Pensei que era a única que acordei cedo naquela casa, mas vejo que me enganei. Michael colocou um embrulho da padaria em minha frente e sorriu grande enquanto me abraçava de lado. — Só não conto porque é segredo de homem. Feliz aniversário, Hobbit — Beijou a lateral de minha cabeça e foi se sentar após receber uma gloriosa cotuvelada nas costelas. 

 Odiava dias quentes, mas odiava ainda mais aqueles apelidos demoníacos. 

 — Homem? Você nem tem pelo no sovaco ainda, Mike! — Daryl se engasgou após eu falar, soltando uma risada alta. Mexi as sobrancelhas, olhando divertida para meu irmão enquanto tirava do pacote o-que-quer-que-Michael-tenha-comprado para mim na padaria. — Você vai ver só o Hobbit quando eu te derrubar com um golpe que aprendi na última aula de Karatê, palhaço. 

 Por fim, o-que-quer-que-Michael-tenha-comprado era um cupcake bonitinho com uma vela pequena fixada na cobertura. Karen passou a caixa de fósforos para Michael e o mesmo riscou um dos palitinhos, acendendo a vela. Todos cantaram uma versão animada de "Parabéns", mas tudo foi para os ares quando Mike resolveu aumentar a música de felicitações e cantou aquela praga de "Com Quem Será?" colocando o nome do idiota do amigo dele como se ele fosse meu pretendente. Joguei uma bisnaguinha que acertou bem o meio de sua testa pela provocação e apaguei a vela, sem fazer qualquer pedido em específico. 

O café da manhã foi animado. Contei meus planos de como pretendia passar o resto do dia, que foi prontamente negado por Daryl, pois o mesmo fez um planejamento especial de aniversário, já que neguei a festa de debutante. 

 — Pai! — Reclamei com a boca cheia, recebendo um olhar de repreensão. Tratei de mastigar o resto do pão que estava comendo para debater. — Em dias quentes eu só sinto vontade de morrer e nada mais. Não tô em condições de sair hoje. 

 — Vamos Cass, aposto que vai ser divertido! — Karen me ofereceu aquele olhar de mãe onde você não consegue negar nada. Meu Deus. Preciso aprender isso.   

— Tudo bem.. — Cedi por fim, recebendo um sorriso gigante de todos. Como eu era a aniversariante do dia, fui liberada de limpar a louça do café, mas mesmo assim fiquei para ajudar, porque me agoniava ver o modo como Michael lavava a louça. Eu mesma tomei as rédeas da situação e lavei, enquanto Daryl secava e guardava, Mike limpava a mesa e Karen guardava os alimentos. Terminamos tudo rapidamente e enquanto meus pais subiam para tomar banho, me joguei no sofá e liguei a tevê em algum canal de animação. 

 Eles desceram algum tempo depois. Eu estava quase dormindo no sofá, porque a sala estava fresquinha e ainda estava cansada demais da última semana de aulas. Fui obrigada a subir até o quarto e trocar de roupa. Vesti uma camiseta gigante preta com o nome de alguma das minhas bandas favoritas, um short de corrida e meu inseparável Converse preto. Coloquei um boné branco que eu tinha plena certeza que era de Luke na cabeça e desci novamente, encontrando todos prontos para saírem. Nosso primeiro destino foi o Zoo. Karen tirou diversas fotos minhas ao lado das girafas amigáveis com a máquina instantânea. Fotos minhas com Mike. Fotos minhas com Daryl e não satisfeita com o tanto de fotos tiradas, pediu para alguém tirar mais algumas outras fotos com todo mundo reunido. 

Almoçamos na minha rede de junkfood favorita, ganhei até uma coroa e a sobremesa foi por conta da casa. Saí do estabelecimento me sentindo estufada e ainda mais cheia de preguiça. Nossa última parada foi o parque no centro da cidade. Ficamos um bom tempo conversando aproveitando a brisa fresca da tarde enquanto descansávamos e só tivemos corajem de levantar da grama quando a mãe começou a distribuir tapas em nossos traseiros enquanto nos chamava de preguiças, falando que em breve meus amigos estariam em casa para comemorarmos meu aniversário. 

Levantamos a muito custo e seguimos para casa, o que foi difícil já que ficamos presos em um pequeno congestionamento. Quando Daryl entrou em nossa rua, avistei um carro chique parado na entrada da nossa garagem, até estranhei, porque ninguém do nosso grupo de parentes tinha um carro daqueles, mas ao passo que nos aproximamos mais, pude ver o grande laço vermelho sobre lataria. Franzi o cenho, olhando para Daryl e Karen, mas eles pareciam ainda mais surpresos que eu. 

Assim que Daryl estacionou, Karen saiu rapidamente e correu até o outro carro, pegando uma espécie de cartão. Ainda estava um tanto amortecida pela preguiça, então estava tentando criar coragem para sair do carro também. Vi quando Karen começou a ficar  com o pescoço e o rosto rosado de raiva ao ler o que quer que tivesse escrito lá e logo olhar diretamente em minha direção, mudando a feição raivosa para uma assustada. O pai, Mike e eu ainda ficamos um tempo ali dentro, olhando o que eu julgava ser como o "Cavalo de Troia" em forma de carro. Michael foi o primeiro a desistir de ficar olhando para o carro novinho e saiu, abriu a porta do meu lado e me arrastou para dentro de casa, já que por mim eu ficaria vegetando lá dentro por um bom tempo. 

Encontramos Karen caminhando de um lado para o outro, nervosa, enquanto falava ao telefone. Fui puxada escada acima, ainda em estado lânguido até o quarto de Mike e lá ficamos até Luke e Jamie chegarem. Só isso para espantar aquela preguiça dos infernos. Corri para meu quarto, tomei um novo banho para tirar aquela nhaca de suor que adquiri durante o dia e tornei a vestir o pijama de flanela de mais cedo.

Quando retornei para o quarto onde nossos amigos estavam, Calum já se encontrava lá, então a esperança de que ele não aparecesse se quebrou. Me deitei ao lado de Luke com as pernas para fora da cama e logo Jamie se juntou à nos enquanto Mike estava sentado no chão e o Hood na cadeira da escrivaninha. 

— De quem é aquele carrão lá fora? — Luke quebrou o silêncio. Fiz uma pequena careta ao olhar para ele e tornei a olhar o teto. 

 — Não fazemos a mínima idéia, mas acho que a mãe sabe de alguma coisa pela maneira que ficou rosa de raiva depois que leu alguma coisa que estava sobre o carro. — Dei de ombros. Ficamos em silêncio novamente e eu estava quase dormindo quando Luke encostou a cabeça na minha. — Trouxe um presente para você. — Segredou. Abri os olhos lentamente e o olhei com as sobrancelhas franzidas. — Eu sei que não queria, mas minha mãe falou que é muito feio ir nas festas dos outros e não levar algo. — Mentira. 

 — O que é? — Perguntei curiosa, hipnotizada pelos cristais azulados que o garoto tinha no lugar dos olhos. Luke beliscou a ponta de meu nariz e me chamou de curiosa, passando a conversar com Jamie sobre o cachorro gigante que os pais dela adotaram. Fiquei quietinha de olhos fechados. Jamie supôs que eu caí no dono e exigiu que todos falassem baixo para não me acordarem, quase dei risada quando Calum continuou falando alto e Jamie provavelmente jogou algo bem pesado na cabeça dele, porque fez um barulho alto quando caiu no chão e o Hood choramingou, a chamando de selvagem. Continuei imóvel por um bom tempo até Daryl finalmente nos chamar, já que as pizzas haviam acabado de serem entregues. 

Fui "acordada" como uma princesa. Luke acariciou minha bochecha e falou bem carinhoso que eu precisava acordar e descer. Queria ficar de corpo mole por mais tempo, mas abri os olhos com lentidão e soltei um bocejo falso, sorrindo preguiçosa, com as bochechas ardendo por ter Luke tão perto. Ele me ajudou a levantar da cama, mas estava tão cansada de andar o dia todo pelo nosso passeio que pedi para ser carregada na canguta, sendo prontamente aceitada. 

Luke me levou com cuidado até a sala, comigo grudada igual um filhote de macaco em suas costas, com o rosto grudado em seu pescoço cheiroso e os braços rodeados em seus ombros. Michael nos olhou confuso e Jamie fez um joinha com ambas as mãos, com um sorriso gigante no rosto. Luke me deixou no espaço livre ao lado de Jamie e se sentou no chão, próximo aos meus pés. Antes que atacássemos as pizzas que estavam sobre a mesa de centro, Daryl pediu para que todos cantassem a músiquinha inconveniente de feliz aniversário, mas neguei, afirmando que a de mais cedo havia sido o suficiente. Na verdade queria evitar a parte demoníaca que Mike cantaria após a primeiro. Mas mesmo assim eles cantaram e ficaram batendo palmas mas consegui interromper Michael a tempo antes dele começar a outra. Peguei duas fatias da de queijo e fiz uma espécie de sanduíche, dando uma mordida generosa e todos ficaram me encarando assustados e o único que riu foi Luke, fazendo o mesmo que eu com a pizza cheia de nachos em seguida. 

Quando nos demos por satisfeitos, guardamos o restante do lanche na geladeira e organizamos a sala, já que colocaríamos os colchões de ar e dormiríamos alí depois. James, Karen e eu subimos até os quartos para pegarmos cobertas e algo para forrar o lugar onde iríamos dormir. 

 — Joguei um cubo mágico na cabeça do Calum hoje. — Jamie soltou do nada enquanto esperávamos Karen terminar de organizar as cobertas. Karen a olhou assustada e eu caí no riso, esticando a mão para tocar um hi-fi com Jamie. — Não me olha assim, Sra. Clifford! A Cassey tava dormindo e ele ficou falando alto de propósito depois que eu pedi pra eles falarem baixinho. 

Depois que Karen a aconselhou a nunca mais jogar algo na cabeça dos outros, nós descemos novamente até a sala onde os colchões já estavam cheios. Esperamos Karen organizar nosso "ninho" e deitamos na seguinte ordem após colocar um filme no aparelho dvd: Jamie no canto, eu, Luke, Michael e Calum. 

Dormi logo no começo do filme, mas fui a primeira a acordar. O sol ainda nem havia nascido e não tínhamos aula nesse dia, me virei para o lado e encontrei Luke ressonando baixinho, com seu nariz arrebitado apontando para o teto. Levei o dedo até seu rosto e arrumei a franja loira que estava revirada para todas as direções, contornei suas sobrancelhas loiras e seu nariz bonitinho e logo suas pálpebras tremeram e seus olhos me encararam com apenas uma fina linha de azul envolta das meninas-do-olho, quase totalmente dilatadas. Cobriu a boca quando bocejou e se aproximou um pouco mais, encostando a cabeça na minha. 

 — Está acordada a muito tempo? — Murmurou rouco, segurando minha mão que estava em seu rosto. Neguei com a cabeça, incapaz de falar alguma coisa depois de ser pega no flagra. — Posso fazer uma coisa? — Tornou a perguntar e aproximou o rosto do meu após eu novamente afirmar. 

 Fechei os olhos após sentir sua respiração tocar minha bochecha, senti meu rosto todo queimar quando Luke acariciou meu nariz com o seu, acabando por apertar sua mão, com o coração acelerado. Pensei que morreria quando seus lábios selaram os meus. Ofeguei surpresa quando Luke acariciou meu lábio com a língua e começou a massagear minha boca. Mergulhei os dedos em seus cabelos loiros e lhe cedi espaço, retribuindo melhor o beijo, acariciando sua nuca. Terminamos aquilo com pequeno selinhos e logo meu rosto inteiro foi alvo de seus beijos. 

 — Bom dia, Cassidy. — Murmurou sorridente, deixando um beijinho em meu queixo. Sorri junto, um tanto afetada antes de o responder adequadamente. 

Depois disso, levantamos de fininho e fomos até a cozinha. Luke me ajudou a arrumar as coisas para o café da manhã e coou o café, de vez em quando me roubando beijinhos. Logo Daryl e Karen desceram e se surpreenderam em ver a mesa com o café pronto, acabamos comendo juntos e deixamos os dorminhocos para trás. 

Antes de saírem, avisaram que à noite conversaríamos sobre algo sério e eu quase tremi de nervoso, com o rosto quente pensando que eles perceberam que Luke e eu nos beijamos. Ficamos um pouco à toa até Michael e os outros dois finalmente acordarem e invadirem a cozinha para tomarem café da manhã. Decidimos as tarefas de cada um enquanto eles ainda comiam: Mike e Calum cuidariam da cozinha, enquanto Jamie, Luke e eu guardaríamos tudo e arrumaríamos a sala. Jamie falou que só terminaria se sorver o resto do café e já iria até a sala no ajudar. 

Dobramos todas as cobertas e lençóis usados e organizamos os travesseiros sobre o sofá. Jamie apareceu quando Luke estava esvaziando os colchões. Deixei ambos com a tarefa de guardar os cochões nas caixas e subi com as cobertas e travesseiros até os quartos, deixei meus travesseiros e minhas cobertas usadas sobre a cama e deixei o restante sobre a cama de Mike. Quando voltei até a sala, tudo estava organizado e apenas Michael estava jogado sobre o sofá e avisou que foram juntos para casa. Dei de ombros e deitei no outro sofá, prestando atenção no anime que passava na tevê. 

 Logo a noite chegou, assim como Karen e Daryl. Nos pediram total atenção no que iriam falar e ficamos calados, apenas esperando. Karen revelou que o carro que ainda permanecia na nossa entrada era meu e foi enviado pelo Sr. Wycliffe - meu pai biológico -. Fiquei em choque ouvindo tudo o que me contaram. Como aquele cara tinha a cara de pau de me mandar um carro depois de tudo que me fez e depois de tantos anos? Me agarrei a Mike enquanto Daryl explicava que ontem conversaram com o tal advogado que trabalhava para os Wycliffe e ele negou a devolução do carro. Me senti ainda mais raivosa e um pouco temerosa por tentarem me levar embora. Karen logo negou aquela hipótese e me senti aliviada. 

— Podemos ficar com o carro então. — Me encontrei dizendo, os vendo me olhar assustados. — Michael e eu estamos guardando dinheiro para comprar um carro desde ano retrasado. Demoraríamos um tempo até conseguirmos comprar um carro bom, agora temos um carro e falta só tirar a carta provisória de direção.. — Comentei, vendo Karen me olhar aflita do outro lado. — Não é como se eu fosse abandonar minha família pelas pessoas que me abandonaram, mãe. Eles deram o carro e não aceitam a devolução. Michael e eu podemos usá-lo depois de ter autorização.  



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