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História We Are Young - Lágrimas de diamante


Escrita por: comradetori e vickyskywalker

Notas do Autor


Olá! Gente, ok, eu estava escrevendo super entusiasmada e, repentinamente, minha mãe me diz que estou de castigo kkkkkk (cada k é uma lágrima). Enfim, consegui escrever este capítulo e devo dizer que foi muito difícil para mim escrevê-lo, tanto que derrubei uma lágrima ou outra...
Ah, e só agradeço aos comentários, fico feliz que estejam gostando da história e por entenderem os probleminhas que me dificultam escrever. Muito obrigada!
Quanto ao capítulo, algo um pouco pesado para a manhã, e espero que não me odeiem por isso.

Bonne lecture et au revoir, mon amie!

Capítulo 34 - Lágrimas de diamante


Capítulo 13 – Lágrimas de diamante

 

É difícil dizer o que foi mais difícil para Maria: se separar de Edmundo, ter de lidar com os soldados telmarinos ou encarar o próprio Miraz.

Acordou num lugar pequeno e sujo. Os tijolos de lá estavam desgastados e alguns haviam caído. O lugar fedia, não havia uma boa iluminação e estava totalmente imundo.

O vestido de Maria estava sujo, mas era melhor do que ela mesma ter de tocar naquela sujeira. Tentou se levantar e se lembrar do que havia acontecido, mas falhou em fazer os dois.

Depois de algumas tentativas, Maria conseguiu se levantar. Notou que sua perna direita e seu braço também direito doíam absurdamente e então lembrou o que havia acontecido. Edmundo pulando, ela lutando e, em seguida, perdendo. Bufou de raiva, não suportava saber que perdeu uma luta, ainda mais contra os telmarinos, mas seu coração estava aliviado por saber que Edmundo estava a salvo.

Caminhou mancando até uma janela que estava protegida por grades. De lá, tinha uma visão direta para o pátio, e desejou não ter visto nada daquilo, não ter visto o sangue e os corpos sem vida dos guerreiros que lutaram na madrugada anterior.

Sua garganta se fechou com a tristeza, e ela deixou algumas lágrimas escaparem, limpando-as em seguida. Voltou a analisar o local em que estava, não era difícil de deduzir que era uma prisão. Ninguém manteria aquele lugar nojento e sujo de propósito.

No canto esquerdo, havia uma porta cheia de grades, feita de ferro e reforçada por aço. Um soldado montava guarda do lado de fora, pois Maria ouviu resmungos de cansaço.

Se aproximou lentamente da porta da cela e segurou as grades, analisando o corredor a sua frente, Estava mal iluminado, mas aina assim melhor do que a cela, que não tinha iluminação alguma. Tossiu com o ar pesado daquele lugar, chamando a atenção do guarda que estava do lado de fora.

 

– Ah, então já está acordada. – O guarda sorriu cruel, e um calafrio percorreu a espinha de Maria. – Decidimos esperar que acordasse, seria menos cruel e mais… satisfatório.

Com aquilo, Maria deu dois passos para trás, aterrorizada. Ela ainda tinha seus poderes, apesar de não estar na posse de sua espada, mas estava fraca demais para usá-los. Resumidamente, não tinha nenhuma defesa contra aquele guarda.

Ele abriu a porta da cela e pegou Maria pelo braço, especificamente o machucado e atingido pela flecha, que permaneceu ali. Apertou com força enquanto caminhavam entre as celas, subindo degraus em direção ao salão principal do castelo.

A força que ele exercia sobre o braço machucado dela fez com que ela suprimisse vários gritos e gemidos de dor, não demonstraria fraqueza na frente do inimigo.

Ela passou por vários corredores, viu que a iluminação em todo o castelo era baixa, e o castelo em si era assustador. As paredes feitas de pedras escuras davam um ar tenebroso aos corredores e escadarias silenciosas, tudo tão diferente de Cair Paravel.

O contraste é indescritível.

Então, pararam em frente a uma porta feita de carvalho e decorada com mais aço, sem detalhes de ouro ou esmeraldas como era comum em Cair Paravel. O telmarino nem bateu a porta e adentrou a sala, balançando Maria como se ela fosse um pedaço de carne.

– Majestade, pediu para que eu lhe avisasse quando ela despertasse. – Ele disse, a jogando no chão. Maria ficou de joelhos ali, seus olhos não acostumados com a iluminação daquela sala a traíram e ficaram embaçados, não a ajudando a perceber aonde estava.

– Sim, eu disse avisar, não trazer! – Gritou um homem cheio de rugas, moreno e de barba negra, parecia ser um cavanhaque. Seu cabelo era raspado, e seus olhos eram cruéis. – Está bem, quanto mais cedo começarmos com isso, mais rápido terminamos.

O homem deu alguns passos e estava logo na frente de Maria. A encarava com superioridade, com repulsa e ódio. Então, ela viu algo que não tinha notado antes: uma coroa.

Aquele homem era Miraz.

– A famosa guardiã de Nárnia… A garota que protege quatro reis… Está aqui, agora, inofensiva, quase se curvando perante mim. – Ele disse, lhe lançando um olhar de deboche. – O destino é irônico, não?

Maria o fuzilou, não com ódio, mas sim com nojo. Só olhando por segundos nos olhos daquele homem, já pôde entender que tipo de homem ele era. Maligno, ambicioso, ganancioso, cruel e fraco. Fraco por se deixar levar pelo desejo e ódio, fraco por achar que a violência é a garantia de um reino submisso, fraco por achar que é forte quando, no final, é um covarde.

– O destino não é algo que planejamos, mas certamente favorece aqueles que são inocentes perante a Magia Profunda, perante a Aslam! – Ela exclamou e recebeu uma bofetada de Miraz. Maria ficou encarando os tronos daquela sala, mas não ousou virar o rosto e encarar o telmarino.

– Não existe Magia Profunda, assim como não existe Aslam. São apenas historinhas de crianças. – Miraz disse com raiva. – O seu povo é estúpido em pensar que existe salvação. Podem ter derrotado uma bruxinha de neve antes, mas os tempos são outros. Nárnia está sob o meu comando, parece que vocês chegaram tarde demais.

Miraz se abaixou e pegou o rosto de Maria, apertando-o.

– Farei contigo o que gente como você merece, pessoas que se julgam deuses, superiores a nós. Verá que não passa de uma garota comum que tem delírios como qualquer outro.

Antes que Maria pudesse responder, Miraz se afastou e assentiu para o guarda que ainda estava atrás dela. Ele sorriu cruelmente e se virou para Maria.

Ela não sabia o que aconteceria, mas certamente não esperava aquilo. O guarda a derrubou no chão e, primeiro, chutou suas costas. Chutou repetidas vezes no mesmo lugar, e depois partiu para o estômago dela. Chutou com mais força, e ali Maria não segurou alguns gritos de dor. Cuspiu sangue, sujando o chão duro do salão.

O guarda a virou e sentou em cima de seu estômago. Pegou seu pescoço e apertou com força com uma mão, enquanto começou a socar o rosto de Maria com a outra.

Sangue escorria do nariz dela, e isso pareceu divertir Miraz ainda mais. A essa hora, ela esqueceu da posição que tinha de manter, esqueceu de tudo por um único momento, de quem era e de onde tinha vindo, de quem tinha de honrar, de tudo. Maria começou a chorar e gemer de dor, soluçando a cada soco que recebia. O telmarino não tinha pressa, fazia o serviço lentamente. Parecia se divertir ainda mais com as lágrimas que ela derrubada.

Porém, Miraz jura de pés juntos que viu as lágrimas de Maria brilharem. Elas reluziam, tendo mais luz que toda a iluminação daquela sala. Não sabia o que era aquilo e porque estava acontecendo, mas soube que conseguiu cegar o soldado que a agredia.

– Está certo, hora de parar. – Miraz disse, ainda admirado com as lágrimas de Maria. – Ei, vocês aí, façam o que combinamos.

Ele chamou outro soldado, que levantou o corpo de Maria. Seu choro cessava aos poucos, mas ainda assim derramava lágrimas que pareciam ser diamantes.

Enquanto um a segurava, outros dois vieram, equipados com espadas, dessa vez. Maria nem se importava mais com o que estava acontecendo. Ela só queria sair dali.

Então, sentiu o guarda que lhe segurava rasgar a parte de trás de seu vestido e se desesperou. Os outros dois guardas começaram a puxar algo que estava ali, algo que ela sabia muito bem o que era – as suas asas.

Com certa dificuldade, os soldados conseguiram puxar as lindas asas de Maria para fora. Estavam tão magníficas quanto antes, pintadas num azul claro que se tornava mais forte nas pontas.

Os soldados olharam para Miraz, esperando a confirmação, que foi dada pelo mesmo. Em seguida, tiraram suas espadas da bainha e Maria entendeu o que eles iriam fazer.

– Não! Não, por favor, não! – Ela gritou, gritou o máximo que sua garganta permitiu. – Eu imploro, não faça isso!

Os soldados pareceram levar seu pedido em consideração, mas Miraz fez o contrário, apenas se divertindo com aquilo.

– Agora! – Ele ralhou com os guardas.

Maria voltou a chorar de novo e, mais uma vez, suas lágrimas pareciam diamantes. Nem aquilo tocou o coração de gelo de Miraz, o homem sorria cruelmente, apenas a espera dos gritos de dor da narniana.

Então, os soldados voltaram a esticar as asas que haviam se retraído. Maria continuou gritando, pedindo por misericórdia, mas sabia que não resultaria.

Foi quando sentiu a lâmina da espada descer pela asa direita que não conseguiu segurar mais nada. Chorava, berrava, clamando por um pouco de compaixão dos telmarinos. Nada resultou. A espada agora cortava a asa esquerda.

Miraz ria, achando que aquela ação desumana era, no mínimo, divertida. O tirano apenas provava a sua covardia e barbaridade.

A guardiã então pensou se ela morreria ali, porque estava sentindo uma dor quase libitina tomar conta de seu ser. Seu coração era destroçado continuamente, sua mente estava vazia e em ruínas. Não conseguia pensar em nada nem raciocinar direito.

Quando a espada avançava ainda mais, Maria ficava mais desolada, dolorida e mortificada. Nunca se sentiu tão só em toda a sua vida, nem quando perdeu seus pais para a morte. Pela primeira vez, sentiu medo de voltar para casa – isso se ela conseguisse sair viva daquele castelo –, pois voltaria com nada senão a humilhação. Contudo, a ideia de reencontrar seus pais e sua irmã no paraíso parecia ser a única coisa boa de tudo aquilo.

A dor era tanta que não haviam mais lágrimas para Maria derrubar, mas mesmo assim ela urrava com o sofrimento. Perguntou-se aonde estava Aslam para lhe salvar, como ele sempre fez, como ela sempre achou que faria. Mas ele não estava lá, não a salvaria.

Queria agarrar as memórias boas, como as que passou ao lado dos Pevensie, mas percebeu que talvez nunca mais fosse vê-los. Céus, ela estava quase morta! Não se despediria de seus amigos, de Edmundo!

As espadas então desceram, e as asas de Maria caíram no chão. Seus joelhos finalmente cederam e ela caiu ao lado de sua asa direita. Sangue. Havia muito sangue no chão, tanto que ela parecia estar imersa nele.

– Deixem-na na entrada da floresta, duvido que vá sobreviver de qualquer jeito. – Miraz ordenou, mas as vozes estavam distantes, Maria não conseguia ouvi-lo muito bem. Sua vista estava embaçada pelas lágrimas e pela dor.

Os soldados a levantaram, segurando firmemente seus braços. Miraz se aproximou dela com um sorrisinho de satisfação, seus olhos pareciam queimar de tanta felicidade. Ele nem se deu conta do crime hediondo que cometera não só a Maria, mas a Magia Profunda e toda a Nárnia.

– Adeus, Guardiã. Faça bom proveito da morte. – Foi a última coisa que Miraz lhe disse, em seguida se virando, dispensando a presença dela ou dos soldados.

Maria foi arrastada pelos corredores e escadarias mais uma vez, desta vez indo para o lado de fora do castelo. Não havia absolutamente ninguém nas ruas, todos estavam aterrorizados com a tirania de Miraz. Porém, ela não foi capaz de analisar o reino, pois ainda tinha a vista embaçada e sentia que iria apagar a qualquer momento.

Foi uma longa caminhada para a entrada da floresta. Lá, chovia e trovejava, mas Maria sabia que estava mais perto do Monte de Aslam que nunca. Assim que os guardas a deixassem lá, ela tinha de arranjar uma forma de chegar lá. No entanto, estava muito fraca para qualquer coisa, quase morta, como já disse. Não conseguiria fazer isso.

Os guardas a jogaram no chão de forma não muito agradável. Riram, observando o ferimento nas costas de Maria e foram embora, fazendo piadinhas e se glorificando.

Finalmente sozinha, Maria fez um esforço para não apagar. Fechou os olhos, sentindo os pingos de chuva atingirem seu rosto, e eles pareciam limpar o sangue que saía de seus ferimentos. Aquela chuva, na verdade, parecia limpar a sua alma.

– Minha criança… – Murmurou uma voz. Uma voz que Maria conhecia muito bem. Abriu rapidamente os olhos, virou-se com dificuldade para um lado e ali o viu. Majestoso como antes, ainda maior, seu pelo parecia um raio de sol no meio de tanta chuva, ou melhor, no meio de tanta tempestade. Seus olhos, dourados, lhe passavam uma sensação de calma e serenidade.

– Aslam! – Ela exclamou feliz. – Aslam, você está aqui!

– Sei que foi difícil para ti, querida, mas Nárnia inteira se renovará. – Aslam disse, régio, calmo. – Infelizmente, não há tempo para conversas. Temos de chegar no Monte o mais rápido possível.

Maria entendeu de imediato o que o Grande Gato quis dizer, mas não sabia se conseguiria se levantar, estava muito fraca. Porém, ao olhar nos olhos sábios do Leão, algo se acendeu dentro dela: a chama da esperança.

Lentamente, conseguiu se levantar, e receou subir na garupa do Leão, já que estava sangrando muito.

– Não tenhas medo, minha criança. És uma leoa, agora.  – Ele a tranquilizou. Maria então subiu, se agarrando na juba majestosa de Aslam.

O Grande Gato começou a correr pela floresta, em direção do Monte, e ela soube então que tudo estaria bem, pois ele estava de volta e, principalmente, estava com ela. Aslam sempre esteve, e sempre estará ao seu lado.

Então algumas memórias vieram à tona, a atingindo com força.

– Sabe o que é engraçado? – Ela perguntou ao Leão, com tom risonho.

– Diga. – Aslam respondeu.

– Você não se importa com a maneira que eu falo contigo. Os outros te tratam de maneira tão nobre, e eu te trato como um velho amigo! – Exclamou, soltando uma risada nasalada.

– E quem disse que não somos? – Respondeu o Leão, com seu olhar intimidante e enigmático.

Maria sorriu e apertou seus braços ao redor do pescoço de Aslam. Seu velho amigo, a quem confiaria a vida, ele estava lá para salvá-la, afinal.

 



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