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História We Between The Universe - XXII - Falsas Esperanças.


Escrita por: RussianDoll

Notas do Autor


Por favor me digam que tá todo mundo tão animado com o penúltimo capítulo quanto eu
É O PENÚLTIMO CAPÍTULO, OLHA SÓ
Cara, chegamos tão longe... Tô emocionada. Amo vcs <3

Capítulo 22 - XXII - Falsas Esperanças.


Fanfic / Fanfiction We Between The Universe - XXII - Falsas Esperanças.

   “Por que eles ainda não voltaram?!” A garota mais nova grita em plenos pulmões, por cima de todo aquele som de armas sendo disparadas e granadas explodindo, o som de gente morrendo e sendo ferido.

 É o som da guerra.

 O som da pátria tentando destruir os seus inimigos.

 Karen soca a mandíbula de um soldado com tanta força que ela tem medo de que a arranque para fora do resto do crânio sem querer. Seus dentes voam longe. Ele morde a própria língua com os que sobraram e esguicha uma linha longa de sangue quente pela boca, sendo ejetado direto para o chão. Há feridos para todos os lados, caídos como se fossem grandes pedras jogadas ali de qualquer jeito, sem nenhuma importância. Veículos destruídos e pegando fogo são vistos de monte como um ferro-velho no meio de um incêndio. No meio de tanta violência acontecendo, a jovem Zor-El já nem mais vê os limites de controle para sua força exagerada. Seus socos quebram ossos. Seus chutes abrem fendas no chão.

 Karen já não sabe mais o que está fazendo.

 “Devemos ir buscá-los?” A Powergirl murmura assim que se aproxima de sua mãe alienígena. O sangue espirrado em seu rosto bonito não provem dela mesma.

 As duas kryptonianas ficam de costas uma para a outra, cuidando de suas respectivas retaguardas. Estão ambas de uniforme sujo, cabelo e pele cobertos de fuligem, de terra e de sangue. Com a visão de calor, Kara corta em duas uma metralhadora direto das mãos de um soldado, que se assusta e grita alto. As balas são derrubadas ao chão.

 A Supergirl estufa o peito e assopra três homens que correm em sua direção, os quais caem para trás, completamente desnorteados. Ela se vira para Karen, limpando com a mão também suja o sangue que mancha o rosto da outra mulher loira;

“Não podemos abandonar nossa posição, garota. Vamos ter que aguentar mais um pouco!”

 

 

 

 [S]

 

 

 Eobard Thawne, o Flash Reverso.

 Alex ainda não conhece esse homem intimidante de traje amarelo e preto, que na frente de onde ela está caída, no chão, segura Barry Allen pela raiz dos cabelos de uma forma bem dolorida.

 Nunca nem ouviu sequer falar dele.

 Por isso, apesar de toda a sua aura realmente assustadora que a deixa meio desconfortável, em um todo, acaba que Eobard apenas não mete medo em Alex Danvers. De verdade. As Lendas parecem meio tensas, mas ela... Ela só vê mais um adversário novo, e nada além disso.

 Um obstáculo no caminho para a vitória. Mais alguém para atrapalhar seus planos.

 A mulher de cabelos vermelhos simplesmente acha que já lidou com situações piores na vida, antes.

 Afinal, ela nem ao menos sabia até então que ele existia, e ainda não sabe das histórias doentias que cercam o homem que matou a mãe de Barry com suas próprias mãos – é quase como todos os outros heróis e vilões aos quais teve contato nesses últimos dias problemáticos, os seres que são tão poderosos que ela até se surpreendeu de não terem tentado (e conseguido) apagar todo o multiverso há vários anos atrás.

 E pensar que ela já poderia ter simplesmente deixado de existir há tanto tempo assim...

 Por um momento, Alex até que pensa profundamente sobre isso. Sobre os seres com poderes de níveis divinos que habitam os outros universos.

 Sobre sua verdadeira ignorância perante eles.

 Ela compara sua irmã, a mesma do seu universo, com essa Kara mais jovem, a que veio da outra Terra. Alex até mesmo repara que sua Kara pode apenas não ter sido forte o bastante, no final de tudo isso. Ela imagina que, por sua irmã não ter enfrentado os mesmos desafios multiversais que sua versão mais nova, talvez signifique que aquela Kara que cresceu ao seu lado não fosse fisicamente (e talvez também nem mentalmente) forte o bastante para aguentar a invasão daxamita, não tanto quanto a Kara da Terra-38 poderia ser ao explorar todo o seu potencial kryptoniano.

 Alex reconhece sua própria ignorância parente à essa situação toda, de outros universos e seres poderosos. É até engraçado.

 Seu mundo sempre foi tão... Centrado e pequeno. Uma coisa só, em uma só camada. Ela nunca viu mais do que aquilo que conhecia, porque o mais até mesmo parecia não existir. Heróis para ela eram somente Kara e Karen, J’onn, Clark e, no máximo e deixando de fora vários fatores que contribuem para ela não o creditar, o desaparecido Mon-El, antigo escudeiro de Kara.

 Isso era tudo. Alienígenas, e só.

 Mas agora... Há pessoas que podem mudar o curso da história, viajar no tempo e apagar universos inteiros sem esforço algum. Pessoas que podem distorcer e moldar a realidade ao seu bem entender. Pessoas tão incríveis que ela nem imaginou que pudessem existir, porque sempre pareceu loucura pensar mais além do que ela conhecia. Seria impossível.

 E, portanto, por sua falta de conhecimento, Alex ainda não sabe o quão perigosas essas podem vir a ser, o quão longe eles vão no quesito de força e de poder.

 O quão perigoso que Eobard pode vir a ser.

 Mas é olhando nos olhos de Sara, que estão preocupados e tensos, que Alex tem uma vaga noção do perigo que os aguarda. E ela não sabe o que sentir sobre isso.

 “Thawne... Você deveria ter desaparecido! A Terra-1 se foi, você deveria... Deveria ter sumido junto dela!” Sara Lance se põe de pé de modo bem rápido, apoiando as mãos no chão e dobrando os joelhos. Em algum momento, sua roupa branca acabou suja de terra e de poeira, mas isso não é importante agora.

 Porque, sabe, há um velocista doido esperando para poder matá-la.

 Séria, a capitã aperta os olhos azuis como um predador altamente perigoso que enfrenta um de sua mesma espécie, até mesmo tão problemático quanto ela. O ar úmido combina com a tensão estabelecida no espaço físico entre ela e o velocista. Suas mãos se fecham em punhos fortes que quase machucam suas articulações. Sua mandíbula trava tanto até que o osso ranja. Suas sobrancelhas se tencionam e ela comprime os lábios grossos.

 Está pronta para a batalha, para o que der e vier. Matar ou morrer. Ela olha para Thawne, o marca como sua próxima vitima com toda a determinação que pode ter.

 Sara não o deixará sair daqui vivo.

 O velocista está com a parte superior do rosto coberta por sua máscara, todas as moléculas de seu corpo mediano vibrando de uma forma tão intensa que se torna impossível para a visão humana enxergar qualquer coisa além de um borrão amarelo e preto. Parece um canal de televisão que realmente não pega. No entanto, ele ainda segura Barry com a mão direita bem apertada em suas mechas castanhas e curtas, e não parece que vai soltá-lo tão cedo assim.

 Thawne se diverte ao ter a vida de seu maior inimigo em suas meras mãos humanas.

 O velocista de amarelo acaba por rir, fazendo um som vindo do fundo da garganta que é altamente debochado. Como causa ódio em Sara, que vira a cabeça e aperta os olhos...

 A voz de Eobard é meio abstrata como toda a sua figura problemática e desfocada, como se não estivesse lá. Se assemelha à apenas uma distorção sonora que some junto do ar, ecoando nas paredes escuras e mórbidas daquela pequena cela de prisioneiros. Desacelerando como um motor que vai eventualmente parar, Thawne vai se estabilizando até que já não vibre mais. Sua silhueta é concreta e visível, agora.

 Com a mão disponível, a que não carrega Barry, ele puxa a máscara para que seu cabelo loiro, escuro como mel, apareça para todos poderem ver. Essa é sua verdadeira face. Seu queixo é quadrado, e seus olhos como pedras de gelo, são frios e assustadores.

 No chão, de onde está, Alex Danvers coloca a mão em cima da pistola presa no coldre em sua cintura. Ela prepara seu alvo, guardando na mente o rosto do homem que sabe que vai matar. Os olhos escuros, quentes e cheios de adrenalina. Um tiro, uma chance e uma morte.

 Ela pode fazer isso.

 “Eu deveria ter desaparecido, senhorita Lance? Não, não mesmo. Imagino que você esteja familiarizada com viagens multiversais e, como sabe, eu também estou. Então, quando a Terra-1 começou a desaparecer... Isso me afetou primeiro. Era como... Passar por uma neblina. Correr sobre a água. Eu senti o mundo se desfazendo aos meus pés antes que qualquer um notasse que estávamos sumindo. Então, obviamente, a opção mais inteligente foi me unir aos que causavam isso, e depois que eu matei o Barry Allen da Terra deles, o Novo Reich precisava de um novo velocista – e quem melhor do que o meta-humano mais inteligente de todos para se tornar parte disso tudo, de uma dominação global?”  

 Sara engole em seco e enche os pulmões de ar úmido, completamente enojada pelo desenrolar da história narrada pelo velocista de amarelo, que se diverte bastante, como se contasse uma historinha para um bando de crianças agitadas. Thawne sempre foi um mau caráter, de fato, mas para chegar a esse ponto...

 Tem que ser um verdadeiro filho da puta.

 “Você se aliou aos malditos nazistas só para sobreviver?!” A mulher loira grita de uma vez quando não pode mais se controlar, sua voz ecoa no cômodo inteiro. Preferiria morrer outra vez do que se unir a esses monstros.

 Mas isso apenas arranca mais um risinho encardido de Thawne, que parece se deliciar bastante com essa situação toda. Só que Sara... Sara está perto de perder o controle. Alex, como todos ali no cômodo, pode sentir isso, essa mudança de clima. É palpável no ar, visível em sua linguagem corporal endurecida como rocha.

 Sara vai perder o controle.

 Todos sabem disso.

 “De inicio, o Führer também foi contra a minha adição ao time. Mas veja, quem ganha a confiança de Oliver Queen na primeira vez que se veem, não é mesmo?” Ele faz de propósito, menciona o amigo de Sara para a deixar desnorteada, mexer com suas emoções mais íntimas.

 E ele sabe que funciona.

 “...Oliver é... O Führer?” A capitã Lance murmura consigo mesma, em total e completa... Descrença. Descrença é a palavra que melhor a descreve agora, não há outra que mais possa encaixar tão bem quanto uma luva.

 O Arqueiro-Verde, Oliver Queen, é agora o líder da Alemanha nazista? Ele é um genocida ganancioso por poder? Seu peito aperta de modo que até mesmo dói, e seguido disso sua boca é inundada por um gosto ruim, como se comesse alguma uma comida amarga de que não gosta. Ela sente as mãos suarem frio, os dedos ficarem gelados. Quer vomitar. Isso é apenas insano.

 Sua história com Oliver é confusa e até meio imoral, mas ela o considera um amigo próximo – afinal, já passaram por maus bocados juntos (foi na vida de vigilante como Canário Negro que Sara morreu, e ainda por causa disso, que ressuscitou). E agora, Oliver, mesmo que de outro mundo, é o líder de tudo aquilo de ruim que a humanidade tem a oferecer; é ele quem escolhe quem vive e quem morre somente porque não se encaixam com seus padrões ideais e supostamente perfeitos.

 É um monstro.

 Com isso, Sara até mesmo meio fica perturbada quando esse pequeno choque de realidade que a atinge com tudo, como uma bofetada dolorida bem no meio do rosto. Essas versões destorcidas, essas pessoas da Terra-X... Eles são demoníacos. Seus amigos e familiares convertidos em criaturas facistas e sádicas... Apenas não é fácil.

 E isso tem parar.

 Precisa que parar.

 Sara engole em seco, a saliva de gosto ruim desce por sua garganta como se fosse um bolo enorme de espinhos pontudos e venenosos, que infectam todo o seu sistema por dentro. Ela precisa de foco agora, e ela sabe disso. Precisa salvar Barry das mãos desse homem degenerado que é Eobard Thawne, precisa salvá-lo também desses monstros da Terra-X. Os segundos estão passando, os minutos estão se acumulando e quase não há mais tempo para pensar direito. Eles precisam tirar Barry da base logo, antes que o plano de fuga dê errado.

 E Eobard é o único obstáculo no seu caminho.

 Com sua visão periférica, a capitã vê Mick Rory aprontando seu lança-chamas. A Vixen, também, lentamente muda de posição. Alex tira sua arma do coldre.

 Sara sabe o que fazer.

 “Oliver Queen era o Führer.” O velocista corrige seu pensamento, levantando um dedo esperto, novamente atraindo a atenção de todos na sala para si próprio. Ele meio que gosta de ser o centro das atenções.

 “Sua esposa, a general Zor-El, o matou quando ele começou a fazer decisões estúpidas que comprometeriam a pátria e o Reich. Crack! Quebrou seu pescoço com as próprias mãos. Ela gosta de fazer isso assim, diz que se sente no controle e no poder. E por causa disso, Kara é agora a nossa Führer. Não há ninguém melhor qualificado para tal posição. Aquela mulher é pior do que o antigo líder. E vocês... Vocês não têm chance contra ela.”

 É a vez de Sara sorrir debochada.

 “Mas contra você nós temos.”

 E o resto é rápido de mais para notar. Acontece em um último segundo.

 Mick levanta já com seu lança-chamas laranja e pesado em mãos, aponta a arma para Eobard com um sorriso doido nos lábios e, totalmente decidido, aperta o gatilho sem hesitar por nem um segundo sequer. Da ponta de sua arma, é desenrolado uma língua de fogo que esquenta todo aquele ar úmido, acabando com a escuridão com seu brilho alaranjado como se fosse uma pequena versão do próprio sol. Amaya, por sua vez, rela no pingente de seu totem Anansi para ganhar a vitalidade de um leão, a figura azulada do animal gigantesco se cria ao redor dela até que some, dando a impressão de ter sido absorvido por sua pele morena. A mulher, então, avança para cima de Thawne com as mãos levantadas, pulando no velocista como uma verdadeira felina faria ao abater sua caça na savana.

 É rápido. Rápido mesmo.

 Mas não é tão rápido assim. 

 Eobard vibra suas moléculas sem problema algum, no momento em que se vê sendo ameaçado pelos heróis. Tanto, que, quando raios vermelhos e finos se formam ao seu redor com se fossem arames, ele utiliza sua própria Força de Aceleração para tornar-se rápido de mais para ser percebido, dando impressão de ter parado no tempo.

 Os heróis na sala vão ficando lentos e endurecidos até que congelem em suas posições, sejam elas quais forem. O Flash Reverso solta o derrotado Barry Allen, sorri de lado, empurra a Vixen ainda no ar, desvia da parede de fogo que cresce em sua direção e soca Mick no queixo, tudo num segundo só. O mundo ao seu redor se move numa velocidade extremamente lenta pelo seu ponto de vista, e ele tira vantagem disso. Chega a ser injusto com os outros quatro, um inimigo mais veloz do que a velocidade da luz.

 O velocista de amarelo vai sem problemas até a Canário Branco, que parece estar no começando alguma reação complicada, mas que ainda não foi completada. E, com a mão direita bem fechada, ele a esmurra na costela esquerda. Os ossos inferiores rapidamente se partem com o impacto de seus dedos.

 Conforme a costela de Sara quebra como míseros palitos de dente perante a força aplicada no golpe do velocista amarelo, o tempo ao redor de Eobard volta a funcionar corretamente, como se colocasse de volta a engrenagem faltando num relógio.

 Sara é arremessada longe, onde bate numa parede de pedra escura e escorrega inutilmente até o chão, como um peso morto. Sua região abdominal está dolorida como se tivesse sido atropelada por um caminhão exageradamente grande, ou recebido uma bala de canhão no meio do corpo. Quando ela vomita sangue em sua roupa branca, a Canário Branco percebe que está com sérios problemas.

 Eobard para na sua frente e levanta a mão direita, que começa a vibrar loucamente.

 “É engraçado, foram tantas as vezes em que eu quis te matar, senhorita Lance” ele então agacha, engrossa a voz que vira quase um sussurro. Ameaçadoramente, vai aproximando sua mão de Sara, que em momento algum, deixa transparecer seu medo. Não dará a ele o gosto de vê-la temer a morte. “e agora, tudo que eu tenho que fazer é apenas-”

 Um disparo de arma o impede de continuar.

 Sara sente um líquido quente e grosso, nojento, escorrer por seu rosto todo como se jogassem um balde de calda de groselha em sua cara. Entrou em sua boca, e tem um gosto metálico bem familiar.

 Sangue.

 Um som de ar sendo cortado passa perigosamente perto de seu ouvido, por muito pouco não arrancando um pedaço de sua orelha – e quando ela olha para o chão após ouvir um som de moeda caindo, ao lado de sua mão, está um projetil amassado, completamente embebido em sangue fresco e... Massa cinzenta. Ela olha para o próprio corpo, respingado de sangue e massa encefálica como uma obra de arte macabra. Mas nada disso é dela. Então, a capitã olha para frente, e o que vê quase a faz vomitar todo o conteúdo em seu estômago.

 Thawne está com o rosto lavado de sangue, um buraco enorme vara o meio de seu crânio de um lado para o outro, deixando visível toda a falta de conteúdo ali dentro – até porque, grande parte de seu cérebro está, agora, no colo de Sara Lance. O resto da massa encefálica escorre por onde a ferida está aberta. O líquido vermelho, meio escuro, vaza do buraco da bala e por suas narinas, escorrendo até o queixo.

 E Eobard caí de lado, morto antes mesmo de chegar no chão. Uma poça de sangue se forma ao redor de sua cabeça detonada.

 Alex Danvers está logo atrás empunhando sua pistola com apenas uma mão, o cano saindo fumaça como uma chaminé.

 “Muito lento, filho da puta.”

 Em passos rápidos, a diretora se aproxima da capitã quase encolhida para dentro da parede de pedra escura, que agora, foi repintada com o sangue da cabeça de Eobard. Quando Alex para ao lado do corpo do velocista morto, ainda quente e ensopado de sangue, tudo que ela faz é apenas o olhar com o mais profundo desprezo;

 “Ele falava de mais.” E, por fim, oferece uma mão amigável à Sara, que ainda está em choque – e com o corpo doendo. “Vamos logo, só temos cinco minutos até Lena vir nos buscar.”

 

 

 [S]

 

 

 “Mãe!”

 Karen aponta para o céu carregado onde, por entre as nuvens densas que não permitem aquela Terra condenada a ser feliz, uma nave monstruosa vem se aproximando numa velocidade incrível. Como é a única coisa com algum resquício de cor no meio daquele céu cinzento e cadavérico, é fácil de notar o pontinho de esperança que vai chegando perto. Vem abrindo caminho pelas nuvens pesadas, e como os outros estão batalhando numa praça pública (ou quase isso, na verdade esse lugar parece mais um campo de concentração), a nave precisa desviar dos prédios grandes e cinzentos que parecem colaborar para o clima de distopia sem esperança funcionar corretamente. E funciona.

 A nave em questão é a Waverider, obviamente.

 É a Waverider, e nada dos outros, nada de Alex e nada nem de Barry.

 A nave para em cima do campo de guerra e em muito pouco tempo, antes de que os nazistas pudessem sequer revidar com seus tiros e bombas, põe para fora seus enormes canhões de plasma e atira contra os soldados da SS que parecem não acabar mais. A poeira sobe assim que os tiros alcançam o chão e tudo vira uma neblina amarronzada com cheiro de sangue, de pólvora e de suor. Kara cobre os olhos e a boca com os antebraços, para não sufocar com a barreira de poeira que tenta de qualquer forma lhe tirar o ar.

 Aparentemente tudo é mortífero nessa Terra.

 Quando aqueles paredões enormes de sujeira abaixam e o resto do mundo finalmente é revelado, somente o time A conseguiu se manter de pé até o final da batalha. Alguns estão machucados, todos estão sujos, mas ao menos estão vivos e isso que importa ao final de tudo. Eles conseguiram. Conseguiram de verdade.

 “KARA!” A Supergirl se vira ao ouvir seu nome gritado por aquela voz bem familiar. E quando os vê ali, se arrastando em sua direção, ela sorri grande.

 Estão vivos. Eles conseguiram.

 Mick Rory carrega um Barry desacordado no ombro, Amaya manca de uma perna e Alex apoiou o braço de Sara em seu ombro, a Canário Branco em questão está ensanguentada dos pés até a cabeça, mas eles estão vivos. Vivos e com Barry. Vivos e bem, na medida do possível. A missão deu certo. É o fim. Está tudo bem. Estão todos bem. O multiverso vai ficar bem! Todos vão ficar bem!

 Todos... Vão ficar bem.

 Uma pequena bolinha prateada rola desavisada até a bota de Kara. Não é nada, veio do nada e não faz nada.

 Não tem coisa alguma em sua superfície, nenhum relevo e nenhuma escritura ou imagem. É simples, inofensiva como apenas um pedaço de papel pode ser. Parece um enfeite de Natal. A bolinha bate no calcanhar da Supergirl, que se vira, olha para baixo e então a nota ali, parada, apenas aquela coisinha do tamanho de uma bola de basebol, que brilha como um maldito diamante inteiro. Kara se agacha e então, curiosa, a pega com uma só mão. Ela não pesa muito, é fácil de erguer mesmo para um humano magrelo. Kara a trás para perto do rosto, a examina bem e até tenta ver através da bolinha, mas seu interior é revestido por chumbo e a kryptoniana não consegue enxergar através desse elemento químico em questão.

 Sua sobrancelha se ergue em puro desentendimento.

 Passa a bola de uma mão para a outra, a estuda e olha ao redor do campo de batalha completamente detonado, tentando entender de onde raios foi que isso veio. Mas não há nada, nem uma dica ou uma pista. É como se tivesse simplesmente surgido ali, o que é impossível.

 Espera... Será que é impossível?

 “Mas o que é que isso faz...?”

 Kara sente a bolinha vibrar, como uma notificação de mensagem num celular.

 Ela, então, emite um som, um grito agudo, alto e irritante e que não para mais.

 Um som que parece um guizo dentro do ouvido sensível de Kara, que quase faz seus tímpanos explodirem. Sua cabeça parece que vai desmontar, como se seu cérebro estivesse vibrando numa frequência insana, seguindo o som daquela bolinha. A Supergirl deixa a bolinha prateada cair no chão quando ela mesma cai de costas, se contorcendo, tentando fazer aquilo parar. Ela se encolhe em posição fetal enquanto tenta tapar os ouvidos com as mãos, mas acaba apenas se arranhando ao redor das orelhas por conta do desespero. Em algum momento, linhas de sangue começaram a escorrer de seus ouvidos. Lágrimas se formaram em seus olhos.

 Kara grita, grita alto, até quase ficar rouca, mas som algum parece superar aquela bolinha maldita, que só faz aumentar a intensidade do agudo.

E não é só ela que sofre as consequências.

 As Lendas, Oliver, Alex e especialmente Karen, todos estão caídos no chão, encolhidos, urrando de dor e protegendo os ouvidos que parecem que irão explodir em algum momento. Seus cérebros parecem próximos de derreter e os tímpanos vibram sem parar.

 Um par de botas negras pousam bem na frente do rosto de Kara, quebrando o que parecia ser um capacete da SS. A Supergirl, sofrendo, olha para cima como pode. Sua visão começa a desfocar. Mas no meio da dor dilacerante que atravessa sua cabeça como uma flecha, quase apagando, é que ela vê aquela máscara cinza com detalhes em vermelho. Os dois ‘S’ em seu peito. Sua capa que lhe abraça como se fizesse parte de seu corpo.

 Mas... Aquela maldita máscara é tão familiar que lhe dá nojo. É apenas isso que gravou em sua memória desde a última vez em que se encontraram.

 É ela.

 É a Overgirl.

 “Eu disse para vocês ficarem longe daqui.” A Führer murmura com desgosto, mas Kara não escuta seu monólogo – está ocupada de mais chorando de dor para o fazer. Então, a alienígena de sotaque alemão levanta a perna e direita, num só golpe certeiro, desfere seu pé no rosto da Supergirl.

 Para Kara, tudo ficou preto.


Notas Finais


O próximo é o último capítulo da primeira temporada, e olha, vai quebrar o coração de vocês, vai pegar os cacos e passar por cima e depois ainda queimar e cheirar as cinzas
Pra cês verem o nível da tristeza
Mas a luta final vai ser do caralho pelo menos kk



Aliás, terceira temporada da série volta amanhã e eu não tô preparada pra ver essa merda de triângulo amoroso ridículo entre Karahell e Imra (meu nenê, amo ela do fundo do meu coração <3) e Lena e James nessa relação escrota do caralho quando obviamente Supercorp se ama e Imra idolatra a Kara
Ai
Essa série ainda vai ser a minha morte

Tipo as três mortes do último capítulo kk

PS: Alex matando o Flash Reverso é meu novo espírito animal


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