História We Can Survive - É pra você...

Capitulo doze

Mikael On

 

 

      Assim que conseguimos matar todos os zumbis que nos cercavam, Flavio e Gaby nos contaram o que aconteceu com eles. E voltamos para o alojamento e contamos para os outros também, mas como já era de se esperar na parte em que contamos que eu e Alice ficamos juntos. Sozinhos. Em uma floresta. Sem mais ninguém. Bom ai caiu sobre nós uma chuva de olhares maliciosos e muitos “Huum”. Mas nós os ignoramos e ficamos nos olhando, eu simplesmente não conseguia parar de olhar aquela menina tão linda. O olho direito castanho e o esquerdo azul. Seu cabelo deslizando de sobre a orelha e escondendo seu rosto enquanto ela sorria. Olhando para mim! Para mim! Não consigo parar de relembrar essa cena e acabo deixando que um sorriso bobo me escape enquanto Fla não para de falar de ontem.

– Esta me escutando? – Ele me pergunta meio irritado.

– Ahn? Ah eu estou sim você falava de ontem ne?

– Não cara eu tava falando que vou rachar uma pedra com os dentes!

– Que? – Eu questiono espantado.

– Viu só como não tava prestando atenção em mim! Eu acabo de assumir que vou acabar com os meus dentes e você com esse sorriso bobo na cara.

–Foi mau cara eu tava pensando em umas coisas... – Pensando nela, nela.

– Ah sei bem que coisas são essas– Ele me encara com malicia.

– Ah não você também? Olha eu não to pensando na Lice ta?

– Eu não to pensando na Lice ta? – Ele fala imitando minha voz– Você acabou de se entregar eu nem tinha falado dela mano, e nossa já estão com apelidinhos, Lice– Ele repete o apelido rindo.

– Quer parar? Não tem graça!

– Ta parei... – Um silencio se instala entre nós.

– Mas diz ai ta afim dela? – Flavio pergunta quebrando esse silencio.

– Me diz você, não ta afim da Gaby? Não para de fala de ontem– Eu lhe pergunto tentando mudar de assunto.

– Cara é que tipo ela tem 16 e eu 22! Não da– É verdade– Ela e muito legal, mas é muito nova, ta mais para uma amiga.

– Certo... – Eu respondo distraído olhando para o portão onde Anna e Guilherme estavam de guarda.

– Mas não tente mudar de assunto, me fale sobre você e Lice– Ele fala a ultima palavra em tom de deboche.

– Ah cara eu gosto dela, mas parece que ela esta mais interessada na minha besta!

– Que besta?... – Fla questiona com um olhar malicioso.

– Seu otario você sabe muito bem do que eu estou falando– Eu falo lhe dando um soco no ombro de brincadeira.

– Ai caralho– Ele diz rindo– Mas enfim acho que você deve falar pra ela.

–Tenho vergonha... – Eu assumo.

– Disso eu sei ne cara todo mundo tem, mas mano se já se ligo que a gente ta no fim do mundo? Nada mais importa cara.

– Eu sei, eu sei, mas se ela só quiser amizade? – Eu questiono.

– Então espera mais um pouquinho, analisa o jeito dela e se você ver só um pingo de paixão vai nessa! – Ele fala tentando me incentivar.

– É o melhor a fazer mesmo, não vou sair falando essas coisas pra ela, parecendo estar desesperado.

– E você não esta? Olha faz bastante tempo que não te vejo com nenhuma namorada– Ele debocha.

– Não cara eu não to desesperado! – Eu falo irritado.

– Tem certeza? Sabe estamos no final do mundo, é necessário procriar... – Diz Flavio rindo da minha cara de ódio.

– Ah mano vai se ferra sai daqui!

– Ta haha eu vou procurar algo pra comer, estou com uma fome– Ele fala se direcionando para dentro da casa. Em seguida Alice e Gaby saem de dentro da mesma.

– Acho que vai ser legal, e daí você me ensina a atirar, já que aprendeu com seu tio... – Diz Gaby para Alice enquanto se direcionam para a varanda onde eu estou.

– A onde vão? – Eu pergunto me levantando com um sobressalto. Acho que pareci ansioso de mais.

– Bom dia Mikael. Nos vamos dar uma vasculhada pela cidade procurar armas ou qualquer coisa que sirva– Responde Gaby.

– Ah sim, mas... Não é perigoso? Querem que eu vá junto?

– Ah... Não precisa Mike, a gente sabe se cuidar– Responde Alice, Mike, ela me chamo de Mike!

– Huum Mike... Vou te dar 5 segundos para namorarem, estou te esperando no portão Lice– Fala Gaby provocando Alice, que fica vermelha. Que fofa!

– Aff... – Reclama Alice se escondendo em seus cabelos.

– Er... Bom não quer mesmo que eu vá com vocês? Poderia ir com a van daí, eu sei dirigir.

– Seria ótimo... – Alice é interrompida por Gaby.

– PAREM DE NAMORAR AI! VAMOS LOGO.

– Ah vai se ferra Gaby. Tchau Mike a gente se vê depois... Antes que a Gaby grite mais – Ela fala com um sorriso no rosto, enquanto sai da varanda, me deixando la.

– Tchau Lice...

 

Gaby On

 

       Assim que saímos do portão pra fora já comecei com o interrogatório programado para esse passeio.

– Você e o Mike formariam um ótimo casal, vocês combinam muito! – Eu começo.

– Ai meu Deus já falei que somos só amigos.

– Tenho certeza de que ele gosta de você– Eu falei.

– Claro que não– Diz Alice como sempre negando.

– Ta na cara, o jeito que ele te olha. Ele ate queria ir com a gente.

– Ah Gaby para, é obvio que não– Ela fala revirando os olhos.

– Ta...

 

                                                                                 ...Alguns Minutos Depois...

 

– Você gosta dele? – Eu pergunto enquanto estamos andando pela calçada, que agora esta vazia, só com alguns seres sem vida cambaleando até nós.

– E-eu? Claro que n-não... – Ela fala corando instantaneamente. Esta mentindo! Ela sempre fica vermelha quando mente.

– Ah que fofinho você ta vermelha. Para de mentir você sente algo por ele sim!

– J-já disse que não!

– Pode falar pra mim! O que você tem a perder? As coisas não são mais como antes... Não precisa se fechar tanto.

– E-eu sei mais é que... Eu acho quase impossível alguém gostar de mim– Fala Alice mudando de assunto.

– Eu também achava impossível que mortos andassem sobre a terra... E olha isso acabei de matar três a uns dez metros atrás– Ela ri e esboça um sorriso fraco.

– Ta eu admito eu to gostando um pouquinho sim... Mas só um pouquinho! – Finalmente ela admitiu!

– Ah meu Deus que fofa! – Ela fica mais vermelha ainda com a minha fala.

      Paramos em frente a uma loja de vídeo games, e Alice se atira na porta tentando ao maximo mudar de assunto.

– Vamos entrar aqui? Pode ter facas colecionáveis!

– Alice a prioridade são remédios e comida, podemos voltar aqui depois...

– É rapidinho...

– Ah ta bom! – Eu digo me virando para pegar o revolver que esta na minha mochila, quando escuto Alice batendo na porta de vidro da lojinha. Acima da porta havia uma placa preta com uma moldura dourada, escrito Play Games King, em letras coloridas, os vidros da loja estavam cobertos de poeiras com marcas de mãos ensanguentadas nelas, provavelmente zumbis. Em tão pouco tempo a rua já se tornou deserta, já aprendemos a usar armas e quase morri por não saber escalar uma arvore. Como a doença se alastrou rápido... Tantas pessoas já se foram em questão de umas noites. Dois zumbis se debatem contra a porta de vidro que Alice estava batendo.

– Eu pego o da esquerda– Eu falo guardando a minha arma e pegando a minha faca de cozinha que agora não serve só para cortar legumes.

– Ok.

     Alice abre a porta e eu disparo contra o zumbi que escolhi. Seu rosto ainda estava reconhecível, sangue escorria de sua boca e uma mordida no pescoço lhe aparecia por de baixo da blusa verde de seda rasgada, e ensanguentada. Cravo a faca em sua cabeça e ele cai instantaneamente.

– Ta vendo alguma arma? – Eu pergunto.

– Geralmente essas facas são guardadas nos fundos, são raras e colecionáveis, ou seja, tem de ser protegidas! – Diz Alice parecendo entender do assunto.

– Facas? Serio achei que fossem armas de fogo.

– Não – Ela ri –Se dermos sorte acharíamos uma em baixo do balcão de atendimento.

– Certo vou dar uma olhada... – Eu digo me direcionando para o balcão. Passamos alguns minutos vasculhando o lugar e não achamos nada alem, de jogos, computadores, mouses, vídeo games e bonecos de alguns jogos e desenhos como os Simpsons. Peguei uma bonequinha da Lisa pra mim...

– Ah meu Deus! – Grita Alice entusiasmada.

– O que foi?

– EU ACHEI, ELAS SÃO MARAVILHOSAS!– Ela esta realmente feliz.

– Serio? Aonde? –Eu pergunto me guiando pelo som da voz de Alice. Quando chego aonde ela esta, me deparo com uma cena um tanto cômica. Alice esta abraçando as facas, realmente bonitas. Duas delas eram verdes e uma era azul. Eram afiadas, mas chegavam a parecer ser de brinquedo. A azul era a menor e uma das facas verdes era a maior, todas elas tinham farpas nas extremidades. Por um segundo imaginei que se enfiasse isso na barriga de alguém tripas viriam junto.

– Perfeitas– Disse Alice.

– Realmente elas são interessantes. Quero uma!

– Ah fala serio...

– Ei eu te ajudei, mereço uma também!

– Ta pode ficar com essa aqui– Ela me da à faca verde. A menor. E eu agradeço com um aceno.

– Esta bem afiada ne? – Eu pergunto empunhando a arma dando golpes com ela no ar.

– Sim tome cuidado, vamos pegar as outras coisas? – Ela fala guardando a faca maior na mochila. Para quem será que ela ia dar em?

      Fomos a uma lojinha virando a esquina e ao lado dela tinha uma farmácia. Ótimo era o que precisávamos. Depois de saquearmos esses locais fomos andando silenciosamente para casa. Quando parei ao lado de uma loja de roupas para amarrar o sapato e percebo que as roupas ali dentro são lindíssimas.

– Alice.

– O que? – Ela pergunta alarmada.

– Já parou para pensar que dentro dessa loja caríssima, esta tudo de graça? Tudo ao nosso dispor. Podemos entrar e pegar o que quisermos!

– Fala serio Gaby, vamos saquear uma loja de roupas?

– Você me fez entrar naquela loja de nerds agora vamos entrar aqui!  

– Ah... Tudo bem– Ela fala desanimada– Vamos la.

– Nem acredito nisso! – Eu falo empolgada, as roupas que estão ali dentro eu nunca nem pensaria que poderia ter alguma delas e agora elas estão ai dando sopa. Não posso desperdiçar essa oportunidade.

      Entramos rapidamente na loja. Por sorte não tinha nenhum monstro. Fui direto atrás do balcão.

– O que esta fazendo ai? – Alice sussurra para mim.

– Pegando uma sacola vou levar bastante coisa ué.

– Ai meu Deus pra que isso? Ninguém mais liga pras roupas que vestimos– Fala Alice analisando alguns vestidos.

– Mas eu ligo ta? Deixa eu ser feliz!

– Aff.

    Saio pegando todas as roupas que me interessam, não da tempo de provar não terei esse luxo, por isso levo uns dois tamanhos de cada roupa para ver o que me serve em casa e as que não servirem eu dou para Alice.

– Ei, o que acha de pegarmos roupas pro ano novo? – Eu pergunto.

– Serio? Bom já estamos aqui mesmo.

– Você pega a roupa da Sofia e do Mikael seu futuro namoradinho – Eu falo a olhando maliciosamente– Eu pego do resto do povo.

– E quem disse que ele vai ser meu namorado? – Alice pergunta irritada.

– Eu– A respondo sem olhar em seus olhos.

      Praticamente rodei a loja toda atrás de uma roupa legal, matando alguns zumbis esmagados por caixas no chão. Até que achei um vestido que parecia ser colado no corpo, com uma cinta dourada na cintura, ele era todo branco e em sua saia alguns fios dourados foram bordados. Um arraso! Peguei um shorts branco para Anna e camisetas brancas para os meninos, sabia que Ana não ia querer usar um vestido.

– Eu não gostei de nada por aqui– Fala Alice.

– Ah mais vai levar algo sim!

– Não é necessário, nem sabemos se vamos estar vivas ate la.

– E antes disso tudo nós por acaso sabíamos? – Ela fica quieta com minha fala e escolhe o primeiro vestido que vê pela frente. Louca para sairmos de la.

    Estou tão feliz que parece que vou explodir, eu sei que vou sujar metade dessas roupas com sangue, mas não me importo, pelo menos são minhas. Talvez isso possa ser uma grande tolice da minha parte e eu realmente acho que é. Mas não me importo, ultimamente faço qualquer para me sentir melhor. Ate mesmo saquear uma loja de roupas caríssimas no meio de um apocalipse zumbi!

     Mas afinal, isso sempre me deixou muito feliz e pelo menos serve para tapar o buraco que há em meu peito desde que minha mãe sumiu, matei meu pai e meu irmão virou um psicopata. Eu posso estar sendo forte na frente das pessoas, mas toda noite eu choro, lembrando da minha mãe. Lembrando dos cuidados excessivos que meus pais tinham comigo. De todos nos jantando fora em um sábado qualquer. De coisas tão insignificantes para mim antes que hoje eu daria tudo para ter de volta.

    Pode parecer loucura ou idiotice, mas uma das coisas que eu mais queria agora era reclamar dos meus pais... Por que pelo menos eu teria pais...

   

Mikael On

    Já faz duas horas que elas saíram e ainda não voltaram, e eu to começando a ficar preocupado. Mas parece que só foi eu pensar nisso que as duas entraram no meu campo de vista, virando a esquina e seguindo pela nossa rua, e... Nossa a Gaby esta carregando uma sacola enorme cheia de roupas, meu Deus só a Gaby mesmo.

– Trouxe roupas novas! – Cantarolou Gaby.

– Oi pra você também– Diz Anna que estava de guarda comigo no portão.

– Nossa, sua ingrata eu trouxe uma pra você também! – Diz Gaby.

– Você sabe que eu te amo ne Gaby? – Responde Ana. Enquanto Gaby e Alice adentravam a propriedade, mas assim que me viu Alice parece ter se lembrado de algo e se aproxima de mim.

– Hein eu queria te encontra no lago depois... Er à tarde quando o sol estiver se pondo. Pode ser?

– Ah c-claro, p-pode ser... – Ela quer se encontrar comigo! Assim que eu confirmo nosso ENCONTRO, ela sai em direção para a casa com um sorriso bobo no rosto enquanto Ana e Gaby estão paradas à minha frente com sorrisos maliciosos no rosto.

– Então quer dizer que quando o sol estiver se pondo o Mike vai dar uns pegas na Lice em safadão! – Diz Ana me fazendo ficar um pouco vermelho.

– É ne... – Eu digo meio sem jeito.

– Bom eu vou provar as roupas até mais galera. Ah Mike eu vou pegar seu turno quando o sol se por ai você vai poder dar uns pegas na Lice ok?

– Para com essa merda meu Deus.

– Ui era só brincadeira– Diz Gaby com uma expressão ofendida no rosto.

 

                                                             ...Mais Tarde...

 

      Assim que começou a entardecer, Gaby apareceu com uma roupa diferente de quando entrou na propriedade cheia de sacolas na mão. Ela estava com uma leggin cuja lateral tinha uma faixa com um preto mais forte que brilhava, e estava com uma bota vermelha que ia ate a canela. E uma blusa preta com letras vermelhas, escrito be yourself.

             Não que eu fique reparando nela, mas trocar de roupa agora é uma coisa meio... Chamativa.

– Pode ir la com a Lice eu fico aqui– Disse Gaby pegando minha arma.

– Tudo bem, estou indo cuidado ai– Falo me direcionando para o lago. Mais que entusiasmado.

     Quando cheguei ao lago me deparei com flores azuis chamativas, uma cachoeira que desaguava no riacho a minha frente e uma borboleta que insistia em voar ao meu redor. Mas Alice não estava la, será que ela estava mentindo para mim? Estava tentando me enganar me levando ate la?

    Sinto alguém se aproximando atrás de mim e de repente mãos pequenas tentam agarrar meus ombros e eu levo um baita susto.

– Buu– Grita Alice tentando me dar um susto, e ela com certeza conseguiu.

– Meu Deus que susto!

– Haha – Ela ri– Então eu te chamei aqui por que quando eu e a Gaby saímos pela cidade eu encontrei uma coisa que é a sua cara, já que você gosta de verde...

– Nossa você lembrou... O que é? – Eu pergunto curioso.

– Vamos sentar naquele banquinho? – Ela fala se direcionando para o banco preto cheio de ferrugem que estava escondido atrás de um carvalho, que parecia estar ali há anos.

    Assim que sentamos Alice me olhou sorrindo e tirou de sua mochila uma faca realmente bonita, era toda verde e bem grande até.

– É pra você...

– Ah nossa obrigado... Não esperava por isso, ela é muito bonita. Obrigada mesmo...

– De nada– Ela fala dando risada, como sempre sorrindo pra mim, esse sorriso tão bonito. Encostando a cabeça no meu ombro, ela parecia estar começando a ficar vermelha.

_Continua_