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História Wednesday - Clãs Rivais


Escrita por: LordTemplar

Notas do Autor


Bom, antes de qualquer coisa, bem vindo ao primeiro capítulo de uma série que terá em média uns 24 capítulos, essa fic será totalmente baseada na mitologia Nórdica e história dos povos germânicos na alta idade média, será uma narrativa como vocês devem ter visto na sinopse de como Odin o pai de todos se tornou no grande deus do vasto panteão nórdico, ou melhor ainda, como estamos falando de alta idade média, podem esperar nos capítulos futuros outros deuses e interações, apenas posso dizer isso.

Este primeiro capítulo vai ser muito mais uma introdução a minha história do que o relato dos mitos na minha visão, o segundo capítulo vai sair em poucos dias e vai ter muito, mas muuuuito mais ação, então espero que gostem ^^

Capítulo 1 - Clãs Rivais


– Acho que estamos seguros aqui, Vili, por favor, acenda o fogo com a lenha que seu irmão Wiho trouxe, Odin, veja se há nas redondezas algo para comermos, mas se ver algo suspeito, corra imediatamente

Falou meu pai a mim e a meus outros dois irmãos, estávamos juntamente com minha mãe numa escura e úmida gruta tentando sobreviver para não sermos percebidos, meu pai parecia estar bastante preocupado e ofegante, meus irmãos mais novos olhavam confusos para ele e para minha mãe, que a cada minuto olhava para fora da gruta para ver se alguém ou algo passava por ali. Peguei então meu arco, três setas e minha espada para caçar alguma coisa ou coletar algumas bagas, mas antes de dar o primeiro passo minha mãe segurou meu braço.

– Tome cuidado meu filho, bem... Você sabe.

Toquei sua mão e gentilmente a soltei de meu braço.

– Tudo bem mãe, não posso morrer quando estão todos dependendo de mim para sobreviver.

Dei as costas e me pus para sair da gruta, quando saí da boca da caverna me deparei novamente com o sombrio mundo em que me encontrava, um gélido vento cortante me embalou, eu estava na base de um vale entre imensas montanhas com picos congelados, escassas coníferas cresciam ali, mas a vegetação predominante naquela terra são turfas, líquens e musgos, ou seja, um enorme descampado recoberto de montanhas e mais montanhas, era uma terra pobre, mas seria aceitável de viver nela, se não fosse seus habitantes.

– Tsc! Melhor eu ir rápido na minha caçada!

Um pequeno riacho percorria e erodia o fundo daquele vale, resolvi seguir então o curso daquele fio de água, cedo ou tarde algum animal passaria por ali. Coloquei uma seta no arco e segui andando lenta e calmamente meu caminho, precisava tomar cuidado para não assustar minha caça, mas precisava ser cauteloso também para não ser caçado, estava em uma terra hostil permeada de um clã caótico e brutal, os Jotuns! Eles podem assumir vários tamanhos, mas geralmente são altos e grandes como árvores, ferozes e de natureza selvagem, os Jotuns dominam esse mundo, batizando ele com o nome do clã, Jotunheim ou Terra dos Jotuns, esse mundo é o principal inimigo do meu clã, os Aesir.

O sol começou a indicar que o dia estava acabando, o céu tomara um tom laranja formando um belo por do sol, estava quase desistindo de continuar a caçada quando vejo um arbusto a dez metros de distancia se mexer, ergui imediatamente meu arco e o apontei para o arbusto, precisava ser rápido, se fosse um animal, não perceberia que eu estava com o arco apontado e continuaria indiferente, mas se fosse um Jotun poderia ou sair do arbusto para me atacar, ou no pior dos casos, disparar um dardo contra mim sorrateiramente, em todas as possibilidades a melhor ação é disparar o arco, então foi isso exatamente o que eu fiz.

– Ai! Cacete! Ei seu maluco! – Quando a flecha atingiu o arbusto, um novo movimento agora mais brusco surge, e gritos de um homem podem ser ouvidos.

“Acertei alguém!”

Imediatamente coloquei meu arco no chão e saquei minha espada, andei lentamente em direção ao arbusto e gritei:

– Quem está aí?! Revele-se!

– Hihihihi! Se eu fosse você não faria isso Jotun!

“Ele me chamou de Jotun?! Como assim?!”

Quando quem professava aquelas palavras saiu do arbusto, tomei um susto, no primeiro instante meus olhos arregalaram e minha voz foi perdida, o que meus olhos viam era simplesmente ilógico, estava estático.

– Hum? Vejo que é a primeira vez que me vê, pois bem, meu nome é Ratatosk, muito prazer.

– Você é um rato?!

– SOU UM ESQUILO! NÃO SEJA RUDE!

Aquele ser tinha um tamanho de um ser humano normal, mas possuía pelos vermelhos por todo o corpo, tinha uma cauda felpuda e cabeça igual a de esquilos, diria que seria a versão gigante daqueles pequenos animais, mas ele era bípede e usava uma túnica fina e branca que cobria seu corpo, enquanto falava, ele carregava consigo um punhado de nozes em sua mão antropomorfizada de esquilo.

– O que é você?

Ratatosk deu um pequeno sorriso maléfico antes de falar, seus olhos inflamaram e ele me olhou com um olhar que me causou desconfiança.

– Sou um simples mensageiro que viaja no grande Freixo trazendo mensagem a meus dois clientes, e você Jotun? O que faz neste sereno entardecer?

Tomei folego e recuperei minha calma, aquela figura continuava estranha, mas pelo menos o choque inicial passou.

– Não sou um Jotun, meu nome é Odin, filho de Bórr, um Aesir!

– Oh! Um Aesir! O que faz aqui Odin, filho de Bórr?

– Estou caçando... A propósito, desculpe-me pela flecha, é melhor você tirar antes que infecione.

Ratatosk olhou para sua perna e viu o dardo perfurando sua carne e seu sangue jorrando do ferimento, certamente contrairia uma infecção caso não tratasse imediatamente o ferimento, ele então olhou novamente para mim e falou:

 – Tem bons olhos Odin, filho de Bórr, é um jovem que fará grandes feitos no futuro, mas agora tem um débito comigo,  a noite é perigosa e eu preciso repousar para descansar da minha ferida! Terá que me acompanhar e cuidar de mim!

As palavras de Ratatosk pesaram em minha mente, de fato estava em débito com ele, mas não podia ficar até o amanhecer, isso preocuparia minha família, já estou atrasado e não quero perder tempo, mesmo não tendo conseguido caçar nenhum animal, ou recolher nenhuma baga, é melhor voltar para minha gruta e acalentar meus familiares.

– Foi mal Ratatosk, mas não vou poder segui-lo, pagarei a dívida outro dia.

– Impossível! Precisa de comida não é?! Veja, te dou essas nozes!

No mesmo instante o meu estomago roncou, lembrei que não comi nada desde que sai da gruta para caçar, meus pais e irmãos também devem estar com fome, mas mesmo assim não posso demorar mais, a noite já dominou o dia e a lua ficou visível juntamente com as estrelas. Apesar de Ratatosk precisar de ajuda, meus familiares precisavam mais do que tudo de mim para protege-los, afinal, sou o que melhor pode defender minha família, meu pai já está ficando velho e meus irmãos ainda são crianças, precisava voltar de qualquer forma.

– Não tente me subornar Ratatosk, está decidido, irei voltar para o meu abrigo.

– Não me irrite moleque, pense bem em suas consequências antes de falar de mim! – Ratatosk olhou com desprezo para mim.

Não o respondi, preparei minha espada e olhei firme para ele, estava pronto para atacar e acertar as contas, se ele morresse ali, minha dívida acabaria, então resolvi dar uma estocada, mas quando estava prestes a realizar o ataque, acabo ouvindo o som de uma enorme rocha se desprendendo do penhasco.

“O QUÊ?!”

Quando olhei de volta para aquele esquilo antropomórfico, ele havia sumido, o local em que estava agora jazia vazio, aquele filho da mãe provavelmente fugiu quando eu estava prestes a atingi-lo, se não fosse o som daquela rocha Ratatosk teria um segundo ferimento causado por mim, porém de qualquer forma, precisava ser rápido, tinha que desviar da pedra que vinha rolando colina abaixo, ela era enorme e possuía no mínimo o triplo de meu tamanho, a velocidade que ganhara era incrível, também não a toa, um corpo massivo como aquele despencado do alto de um pico, me esmagaria facilmente se eu não desviasse faltando poucos segundos para morrer.

A enorme pedra quando atingiu o fundo do vale levantou a água do riacho e barrou a passagem, a água daquele riacho logo teve que se adaptar e desviar seu curso para continuar a ter sua água correndo. Olhei então para o cume da colina e tive uma visão surpreendente, uma enorme criatura humanoide descia correndo aquele vale, numa velocidade surpreendente, a medida que se aproximava, pude perceber que carregava um enorme porrete de madeira nas duas mãos, notei naquele mesmo momento do que se tratava aquela coisa.

– JOTUN!

Era um membro do clã dos Jotuns, esse era bem grande e parecia possuir o dobro de meu tamanho, saquei então no mesmo instante minha espada e me preparei para a batalha. Ele correu e desferiu um furioso golpe com sua clava de madeira, o ataque foi tão poderoso que mesmo eu desviando e dando um salto no último momento para trás, o vento deslocado me desequilibrou e eu tive de rolar para me defender de sua fúria.

– Vamos lá Aesir, mostre todo o seu potencial.

“Que força! Então essa é a verdadeira força de um membro do clã Jotun?!”

Minha mãe Bestla também pertencia a esse clã, mas era diferente de seus parentes, não tinha a mesma força e também não tinha o tamanho exagerado que muitos Jotuns adquirem, era atenciosa e serena, novamente o oposto do que esse clã inimigo costuma ser, logo, toda e qualquer informação que eu tive sobre os Jotuns foi quando fugia de um por ordens de meu pai ou quando o mesmo me contava aterradoras histórias, era um inimigo totalmente novo o que eu enfrentava neste caso, precisava ser cuidadoso.

– Tsc! Como sabe que eu sou um Aesir, Jotun?!

Ele deu um sorriso de canto e falou com uma voz maliciosa:

– É porque você fede a covardia, o cheiro dos Aesir.

Aquela fala me irritou, cerrei os dentes e apertei com força minha espada, aquele desgraçado ofendeu a honra de um guerreiro, brandi então minha espada e me joguei contra seu robusto corpo, planejava matá-lo com uma feral estocada, mas quando menos percebi sua enorme mão socou meu estomago, fiquei imediatamente sem ar e cuspi uma grande quantidade de sangue, o ataque foi tão forte que ele me levantou no ar com seu punho cerrado.

– GHAAA!

O ataque quase me fez perder a consciência, era como se uma montanha se acumulasse em seu punho e então todo o seu peso se acumulasse no meu estomago, a força com que o soco me inutilizou naquele momento foi tremenda, estava com a boca escancarada e com sangue escorrendo pela boca, quando ele retirou seu colossal punho da minha barriga, comecei a cair, aquele segundo parecia ser eterno, a dor parecia ser surreal e meus músculos não ousavam se mexer uma única vez, por fim, antes do Jotun me deixar cair no chão, ele me agarra pelos meus cabelos e me levanta para me olhar face a face. Cabelos estes que eram negros como a noite e batiam no meio das minhas costas, sendo eram bem compridos e lisos, dessa forma, quando o Jotun os pegou com uma de suas mãos, não teve dificuldade nenhuma em me levantar, eu anestesiado por outra dor, apenas pude ficar com estático, com um dos olhos fechados numa reação natural de aversão a dor.

– O que foi Aesir? Quer morrer?

Cuspi mais um pouco de sangue e o encarei, sabia que tinha poucas chances de sobrevivência, então perguntei seu nome, afim de saber qual o carrasco que me derrotaria.

– Qual... Ugh! Qual seu nome Jotun?! – Falei com certa dificuldade.

– Trudelmer, filho de Laufey, não que lhe faça diferença Aesir.

– S... Sou Odin... Arf... Arf... Filho... Filho de Bórr.

Meu fim estava próximo, queria apenas ver o rosto de minha família novamente, mas precisava aceitar meu destino, porém, antes de me matar, o gigante comentou algo que mudaria o curso das coisas.

– Você é filho de Bórr, não me espanta ser tão fraco, é filho do mais covarde dos Aesir!

 Meu coração inflou no mesmo momento, uma força misteriosa emergiu de mim, não podia aceitar aquele desaforo, não podia aceitar as calúnias contra minha família, lembrei que aquela batalha não era pela minha vida, era pela honra de meu clã!

Peguei minha espada e cortei meus cabelos, me desprendendo assim de meu algoz, Trudelmer ficou surpreso com minha ação, pensava que eu já havia me entregado a morte, dessa forma ele deixou de segurar meu cabelo agora cortado, aproveitei a chance e joguei minhas mechas em direção ao seu rosto, surpreendendo novamente o gigante, finalizei meu ataque cortando a lateral de sua barriga, o corte foi superficial, sua espessa pele o protegeu, mas foi suficiente para fazê-lo urrar de dor, pela primeira vez o Jotun recuou e eu pude reestruturar minha postura.

– UHAAAAA! SEU MERDA! VAI PAGAR CARO POR ISSO AESIR!

Posicionei minha espada em posição de ataque, precisava tomar toda a cautela do mundo, não podia me atirar e lançar ataques tolos, Trudelmer era muito mais forte, mais rápido e mais experiente que eu numa batalha, se eu quisesse sobreviver a esse massacre, precisaria usar a mente.

O Jotun correu e se lançou contra mim, iria me atacar furiosamente com sua clava, como eu estava perto da rocha que ele arremessara no começo da batalha, não pude saltar para trás, sobrando apenas a direita e a esquerda, foi nessa esquivada que percebi a fúria dele, pois o golpe de sua clava esmigalhou a rocha e despedaçou seu porrete de madeira, mostrando que era mais do que suficiente um único golpe para fazer meus ossos virarem migalhas e meus órgãos uma pasta vermelha, estava realmente lutando contra um monstro.

– AAAAAH!

Mais um estrondoso grito e Trudelmer se lançou contra mim, desta vez sem sua clava, apenas com seus punhos, tomado de raiva ele se dirigiu para me desferir um soco, deixando sua guarda aberta, aproveitei o momento e planejei perfurar sua mão com a ponta de minha espada, primeiro fixei bem os pés no chão para receber melhor o impacto, depois quando ele estava mais próximo, brandi minha espada conforme seu soco era desenhado no ar, consegui fazer com que sua mão fosse direto contra a ponta de minha espada, coroando a cena, eu estava atento a tudo, um único erro e algo fatal ocorreria comigo, mas quando estava quase conseguindo o acertar, o gigante me surpreende.

– O quê?!

Trudelmer nunca planejara me acertar com um soco, ele estava apenas esperando o momento certo para segurar minha espada e toma-la de mim, quando eu estava quase o atingindo, ele abriu sua mão e agarrou com força a ponta de minha espada, eu não conseguia fazer nada, não podia recuar, pois não dava para desvencilhar a espada de sua mão, também não dava para atacar, pois precisava de minhas mãos para controlar a enorme força que ele estava aplicando, em suma, estava sem ações, precisava ficar com minha arma, pois era a única forma de vencer aquele monstro, entretanto, Trudelmer me surpreende mais uma vez, eu em minha incapacidade, fiquei ali parado, enquanto ele usou sua enorme força e quebrou a espada com um soco de sua outra mão.

O movimento me surpreendeu, ele então prosseguiu seu ataque, agora que minha guarda estava aberta, desferiu um poderoso chute que pegou em cheio em meu peito, eu voei o que pareciam ser uns seis ou o sete metros no ar, quando parei de subir e comecei a entrar em queda livre projetei minhas pernas para absorver o impacto, Trudelmer apenas observava e quando eu finalmente caí no chão, falou:

– Parece que este é seu limite Odin filho de Bórr, então é este o ponto máximo que pode alcançar um Aesir? Puff! Confesso que até me surpreendi quando você me atacou jogando seu cabelo como distração e cortando minha barriga, se tivesse um pouco mais de força, poderia ter exposto minhas tripas para fora, mas no fim, um Aesir será sempre inferior a nós Jotuns!

Estava com o corpo esmigalhado, não tinha forças nem ambições para levantar, sabia que cairia de novo e de novo, dessa forma, restava apenas aceitar meu destino, fechei os olhos e então comecei a pensar nos meus familiares, em meus irmãos, na minha mãe e no meu pai, comecei a lembrar-me das histórias que ele me contava, na de meu avô, o primeiro Aesir e um famoso matador de gigantes, se me lembro bem, seu nome era Buri, o descongelado.


Notas Finais


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